sábado, 10 de setembro de 2011

Chiquismo - a doença infantil do Espiritismo

Por Randolfo*

O título é uma paródia a uma grande obra de crítica ao esquerdismo em detrimento do socialismo. E também nem guarda real proporção, pois o Espiritismo não gera nenhuma doença - os espiritualistas que se dizem espíritas é que fazem isso.

Temos observado a derivação do movimento dito "espírita" no Brasil na direção contrária às recomendações da codificação e mesmo as particulares de Kardec. O Espiritismo no Brasil não se orienta, na prática, pelas obras codificadoras e sim pelas obras de um único autor - Chico Xavier.

Infelizmente, esse autor não prezou pelos aspectos cientificos ou filosoficos do Espiritismo, preferindo enveredar por um caminho roustanguista fácil, o do religiosismo místico. E como a FEB privilegiou esse autor que tão bem serviu aos seus propósitos (vide "Conscientização Espirita", de Gélio Lacerda).

Nós temos um companheiro que costuma dizer que o problema não é o que se lê e sim o que se faz com o que se lê. A derivação religiosista, visando implementar uma verdadeira instituição religiosa no meio espírita, é mais fácil de ser seguida e compreendida, pois não requer maiores reflexões, tanto como também não estimula investigações, aferições. Mas, a culpa é de quem lê e não compara com a codificação, pois a codificação tem "linguagem dificil", ou é "muito complicada", nos dizeres de muitos que se dizem "espíritas".

Foi instituida, então, uma ditadura no meio espírita - o "chiquismo". É uma ditadura, pois foi massificada e assimilada pela maiora e absolutamente quase não há foruns de debate sobre ela. Nota-se: em lugar NENHUM, seja congresso, seminário, simposio que sejam "espiritas", abre-se espaço para se questionar NENHUMA obra de Chico Xavier. Muito pelo contrário - quem contesta esse autor é segregado, atacado e humilhado.

Não há como deixar de avaliar que o chiquismo possui instrumentos próprios para sua manutenção: tem base literária, coerência com seus principios místico/religiosa e uma vasta rede de instituições, tanto como editoras e midia que o suporta.

Conforme verificamos que o eixo de compreensão do Espiritismo, segundo esse movimento, move-se exclusivamente na direção das obras de Chico Xavier e considerando o detrimento em que passa a se situar a codificação espirita, tanto quanto as clarissimas contradições existentes, eis que temos, agora, de fato, a instituição de uma religião. Mas, não se chama Espiritismo, pois não se torna uma religião o que não se é.

Inaugura-se no Brasil o "Chiquismo", uma religião sincrética, que por mera questão de marketing intelectual assume as feições do Espiritismo, sem o ser.

Nota-se que mesmo os autores que seguem essa tendência são sempre ofuscados pela pressão desse grupo, que substituiu Roustaing (que a maioria estranhamente alega nem conhecer...) por Chico Xavier. Kardec ficou absolutamente em segundo plano.

Nota-se como no meio espirita se homenageia o citado autor, como se lhe enchem de julgamentos morais, enquanto o codificador do Espiritismo jaz esquecido. Nunca é citado como exemplo moral (alguém mais notou isso?), nunca é citado como exemplo intelectual (também notou-se isso?). Aliás, Kardec nunca é citado como modelo de espírita. Para os chiquistas, modelo de espírita é quem contradisse o Espiritismo - Chico Xavier.

Nós, defensores do Espiritismo, precisamos amadurecer e aceitar os fatos: há uma religião, ela é majoritária e o culto à personalidade é prepondeante. E não se pode ignorar a comparação com os iniciantes anos do cristianismo: os ensinamentos de Jesus foram logo deturpados e ele, que não fundou religiao nenhuma, viu seu nome ser utilizado para desvios absolutos, que culminaram até na perda de vidas.

E hoje Kardec é utilizado apenas de fachada para agredir-se justamente quem defende seus ideais...

A realidade impõe aos espíritas (uma classe bem mais minoritária do que imaginamos) não o combate a essa seita chiquista, mas o esclarecimento ao nosso povo.

A função do Espiritismo é o esclarecimento. Nosso dever é prosseguir nisso. E como se faz? Divulgando a codificação e fazendo principalmente o que Chico Xavier nunca fez, nem tampouco seus defensores: BUSCAR A VERDADE.

Enquanto assistimos a essa nova seita afirmar que os dizeres desse autor são verdades absolutas, não assistimos à busca pela verdade, mas seremos cumplices se ficarmos parados.

A luta pelo propriedade da expressão "Espiritismo" não existe e nem pode existir. A luta pela verdade, sempre.

Queremos a verdade, queremos as obras mediunicas submetidas a aferição, queremos a investigação dos fenomenos espirituais, queremos fazer novas perguntas para obtermos novas e verdadeiras respostas dos espíritos superiores. Queremos o Espiritismo nos ESCLARECENDO e isso somente se dá por meio de informações fideldignas. O fanatismo em prol de uma unica pessoa, um unico espirito, um único autor continua possuindo as mesmas caracteristicas em todas as eras e momentos históricos. Quem seguia Hitler, por exemplo, o considerava infalível...

O Chiquismo não precisa ser combatido. É mais uma religião e nada mais, perdida no meio de tantas outras - e a mais inexpressiva, pelo número de pessoas que a adotam. Enquanto evangelicos, que eclodiram somente a partir dos anos 60 no Brasil, hoje são metade da população do país, o Chiquismo, essa doença infantil fruto da idolatria, que conta com a mesma idade, possui pífios 1% de nossa população. O Chiquismo, então, só possui importancia para os chiquistas - não para a imensa maioria do povo brasileiro.

Urge que façamos diferente e levemos o Espiritismo verdadeiro a esse povo, carente de esclarecimento e do consolo que só vem pela verdade.

*Randolfo é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut.

4 comentários:

  1. (continuação)

    "Nós, defensores do Espiritismo..."

    Meu Deus! Primeiro, quem o nomeou como defensor do Espiritismo? Que parâmetros utilizaste para estabelecer este conceito de defensor? O Espiritismo precisa de nossa caridade, com certeza. Emmanuel disse a Chico: "A maior caridade que podemos fazer pelo Espiritismo é a sua divulgação." E por mais que você queira discordar, Emmanuel se referia às obras de Kardec e não às dele.

    "Queremos a verdade, queremos as obras mediunicas submetidas a aferição, queremos a investigação dos fenomenos espirituais, queremos fazer novas perguntas para obtermos novas e verdadeiras respostas dos espíritos superiores."

    Surpreendentemente, concordamos com alguma coisa em seu artigo. Assim como Chico, buscamos a verdade e queremos que as obras mediunícas que inundam o mercado sejam aferidas, estudadas, ponderadas, antes de serem publicadas com o selo da FEB. O que as demais editoras publicam ou deixam de publicar é um problema delas e dos que escolhem lê-las. O uso que eles farão de sua criticidade é um assunto que cabe apenas a elas.

    Assim, encerro esta postagem lamentando imensamente que eu tenha sido o primeiro a vir em defesa de nosso querido Chico Xavier contra estas absurdas afirmações em um blog que ousa ser chamado O Blog dos Espíritas.

    Que Deus nos conceda muita compreensão e paciência, porque estamos precisando delas, todos nós.

    Que pelo menos sejamos capazes de aplicar um pouco mais O Evangelho segundo o Espiritismo em nossas vidas para fazer valer esta sagrada oportunidade de vida que nos foi concedida, concentrando-nos mais no amor que temos a oferecer do que na maledicência que somos tentados a espalhar, em nosso próprio prejuízo.

    Luz e paz,
    Patrick Menegaz

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  2. "Mas, a culpa é de quem lê e não compara com a codificação, pois a codificação tem "linguagem dificil", ou é "muito complicada", nos dizeres de muitos que se dizem "espíritas".

    Isto é culpa dos simpatizantes do Espiritismo, almas que ainda não despertaram para o estudo sério, dignas da nossa compreensão e estímulo ao estudo. Chico Xavier não possui poder sobre o livre-arbítrio dos outros. Logo, se elas sentem-se ainda mais à vontade para ler as obras de Chico e posteriormente estudarem as Obras de Kardec, melhor que sigam fortalecendo seu raciocínio e senso crítico até que se sintam preparadas para compreender a profunda mensagem científica racional do missionário Allan Kardec, que foi preparado deste seus tempos de escola com Pestalozzi para esta difícil missão. Cobrar dos outros atitudes que eles não estão prontos para realizar demonstra apenas sua infantilidade comportamental que quer que as coisas sejam do seu jeito e não como elas são, querendo passar por cima do tempo de cada um.

    "Não há como deixar de avaliar que o chiquismo possui instrumentos próprios para sua manutenção: tem base literária, coerência com seus principios místico/religiosa e uma vasta rede de instituições, tanto como editoras e midia que o suporta."

    Errado. A manutenção das novas lições trazidas a nós por Chico Xavier possui como respaldo obras que revelam o mesmo teor de diferentes médiums e espíritos, como Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Pereira Franco, Waldo Vieira, João Nunes Maia, Francisco do Espírito Santo Neto, entre outros, ensinamentos reafirmados por diversos espíritos, caracterizando o chamado Princípio da Universalidade dos Ensinamentos dos Espíritos. Já ouviu falar? Foi estabelecido por Kardec como base do Espiritismo. Espero que não finja "desconhecer" este princípio ou ter reservas em aplicá-lo porque os médiuns são brasileiros. Ficaria apenas pior para sua argumentação.

    "Nota-se como no meio espirita se homenageia o citado autor, como se lhe enchem de julgamentos morais, enquanto o codificador do Espiritismo jaz esquecido."

    Esquecido por quem??? Nunca encontrei um único centro espírita federado que não louvasse a Kardec como digno, moralizado e vitorioso missionário, Codificador do Espiritismo. E mais uma vez, mesmo que vários tivessem esquecido dele, nada disso teria culpa Chico ou os ensinamentos de suas obras.
    Mais uma vez, você foge do ponto de discutir afinal o que Chico fez de errado para colocar os holofotes nas atitudes de pessoas menos esclarecidas. Seria como se eu argumentasse que leite não presta porque há muitas pessoas que são alérgicas a leite. Não contribui e não acrescenta em nada na sua argumentação, aliás, apenas comprova a falta de preparo e de argumentos válidos para embasar que Chico era contra Kardec.

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  3. (continuação)
    "E como a FEB privilegiou esse autor que tão bem serviu aos seus propósitos (vide "Conscientização Espirita", de Gélio Lacerda)."

    O que a FEB faz ou deixa de fazer nenhuma relação tem com a qualidade da mensagem dos livros psicografados de Chico Xavier. Se você quer discutir a mensagem de Chico com sendo "não espírita", por que perdes tempo comentando sobre a FEB? Não aprendeste estudando O Livro dos Médiuns de que a mensagem é o cerne do estudo do verdadeiro espírita e não nomes ou títulos ou sociedades envolvidas? Onde está Kardec nas suas opiniões? Não estou encontrando-o a não ser como menção respeitosa em oposição a Chico, uma oposição que existe apenas na sua interpretação.

    "A derivação religiosista, visando implementar uma verdadeira instituição religiosa no meio espírita, é mais fácil de ser seguida e compreendida, pois não requer maiores reflexões, tanto como também não estimula investigações, aferições."

    "E como se faz? Divulgando a codificação e fazendo principalmente o que Chico Xavier nunca fez, nem tampouco seus defensores: BUSCAR A VERDADE."

    Chico uma vez perguntou a Emmanuel o que deveria estudar, e ele respondeu: "Leia O Livro dos Espíritos." Após terminar de ler, Chico perguntou novamente e a resposta foi: "Leia O Livro dos Espíritos." Após essa cena se repetir cinco vezes, Chico resolveu argumentar:

    "Emmanuel, eu já li O Livro dos Espíritos cinco vezes."
    "Então chegou a hora de estudá-lo."

    Em outra oportunidade, Emmanuel lhe disse:

    "Se alguma vez eu lhe disser algo que seja contra a obra kardequiana, abandona-me e siga com Kardec."

    Suas afirmações de que Chico era contrário a Kardec chegam a ser um disparate em face do que nos pregava as palavras de Emmanuel, conselhos que deveriam ser seguidos por todos nós para que aplicássemos o nosso tempo no estudo sério e não na tentativa de "brilhar" posando de pseudo-sábio para atacar os esforços de humildes servidores da caridade que vieram a este planeta. Chico dedicou sua vida à caridade. Um pouco fora de contexto, mas, comparado a ele, o que você tem feito da sua vida?

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  4. Olá Randolfo,

    Em defesa do que eu entendo por Espiritismo há mais de 17 anos plenos de estudos das Obras Básicas do missionário espírito Allan Kardec (porque ele tinha a missão e desempenhou-a com louvor), eu venho rebater as inconsistências gerais de seu artigo que expressa unicamente a sua compreensão sobre o assunto. Eis os pontos que exigem maior discernimento em seu texto:

    "O título é uma paródia a uma grande obra de crítica ao esquerdismo em detrimento do socialismo."

    Em O Livro dos Médiuns, ensinam-nos os espíritos que conhece-se um bom espírito por ser objetivo e não perder tempo com zombarias. Perdeste o direito ao respeito do seu leitor desde o começo ao abordar de forma zombeteira uma entidade por muitos querida, quando não havia necessidade nenhuma de usar este artifício para apresentar o seu ponto de vista.

    "Temos observado a derivação do movimento dito "espírita" no Brasil na direção contrária às recomendações da codificação e mesmo as particulares de Kardec. O Espiritismo no Brasil não se orienta, na prática, pelas obras codificadoras e sim pelas obras de um único autor - Chico Xavier."

    Percepção absolutamente deturpada. Como viajante pelo país, visitei diversos centros espíritas e em nenhum deles observei a tal "direção contrária". Todos os centros estudavam materias da FEB, distantes do Roustainguismo, e completementados sabiamente pelos esclarecimentos de várias obras de Chico, porque, caso tenhas esquecido, Kardec nos avisou que o próprio Espiritismo não estava completo e que novas verdades nos seriam reveladas com o tempo, tendo nós que tomar como cuidado apenas o uso da lógica racional, o preceito da universalidade dos ensinamentos dos espíritos e preservação das conquistas esclarecedoras kardequianas já a nós entregue.

    "Infelizmente, esse autor não prezou pelos aspectos cientificos ou filosoficos do Espiritismo, preferindo enveredar por um caminho roustanguista fácil, o do religiosismo místico."

    Eu me pergunto se conheceu e conviveu pessoalmente com Chico Xavier para conseguir fazer uma afirmação deste patamar. Seria interessante relembrar que os livros não são de autoria de Chico Xavier, mas dos espíritos com estilos próprios e individuais que se utilizaram de sua psicografia mediúnica.

    Sua afirmação de religiosismo místico comprova que não se prestou a estudar a série Nosso Lar, principalmente o livro Mecanismos da Mediunidade, repleto de considerações sobre a glândula pineal que recentemente médicos espíritas estão comprovando por laboratório. Sua aversão lhe impede de realizar qualquer argumentação contrária ao que não conheces. Se pelo menos você utilizasse algum argumento que julgas "não espírita" das obras de Chico Xavier, eu pelo menos poderia esclarecer-lhe os pontos verdadeiramente espíritas escondidos pela sua interpretação pessoal.

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