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quinta-feira, 15 de março de 2012

El Espiritu del Fuego


Por Riviane Damásio

Otoño de 1961, día 09 del mes de Octubre, Barcelona España.

Era media mañana  de un día claro, los paisajes estaban verdosos y el clima ameno y aun mismo oscilando en los altos y bajos del día, no ultrapasaba los 27 grados  e invitaba a la gente del lugar  a un espectáculo más de la vida! el presagio era de la felicidad cotidiana…

En una plaza de la ciudad, Plaza de Quemadero, cerca de ocho hombres en sus diferentes papeles, cumplían, con sus emociones casi imperceptibles, ordenes de la autoridad religiosa local, que condenaba al fuego inquisidor, cerca de 300 libros que “renegaban” la fe vigente en el poder  y estaban intactos, diseminar sus ideas apócrifas por el país. Los libros hablaban de moral, de fe, de fenómenos espirituales, de ciencia, de mediúmnidad, de una nueva doctrina (que según algunos supuestamente podría virar la cabeza de los hombres) y hablaban de Dios.

El mirar del padre de la comitiva quemó por unos instantes los ojos de un hombre entre  los muchos que lo miraban de aquella multitud enfurecida que asistía al improbable espectáculo. El hombre desvió la mirada del religioso  y posó en la cruz que el cargaba en sus manos  y que sarcásticamente  simbolizaba otra quema de ideas cometida  hacia 1961 años antes y pensó: ¿Hasta cuándo nos repetiremos?

El escribiente de  las actas del caluroso espectáculo se colocó cautelosamente en una posición apartada del fuego, que era alimentado por tres sirvientes de la  aduana sudorosa por el calor y por la energía de indignación que venía del pueblo que gritaba sus pareceres a aquella arremetida de inquisición.

En breve el humo de los fuegos se iba esparciendo en el aire, recordando a todos que era la hora de volver. No sin antes, muchos revisar en los escombros de la violencia  y cargar consigo páginas amarillentas, más salvadas del espíritu del fuego.

Verano del 2012, día 11 del mes de Marzo, Río de Janeiro, Brasil.

Al final de la tarde de un domingo soleado de fin de verano, pocas nubes en el cielo, la temperatura  excedía los 31 grados y la gente del lugar ya caminaba en dirección a los bares, playas y otras direcciones. 
El preludio era de una noche estrellada.

En una casa espirita de la ciudad, cerca de tres mujeres, equipadas  de sus autoridades  de bibliotecarias del local, son sus facciones impasibles, colocaban en una estantería de hierro  muchos libros romanceados donados por un colaborador. En los lugares de destaque y más accesibles de las estanterías, ellos fueron colocados en orden cronológico y adhesivos blancos con letras rojas fueron colocados señalizando los autores.  En la última estantería, casi en el suelo, traducciones  de aquellos libros quemados en España, se agrupaban  en buen estado, sin embargo polvorientos  y prodigados  por las miradas  de los que pasaban por allá. Y era como si hiciesen eco  en el local  de la constatación de que el fuego no consigue destruir ideas, más si el espíritu destruidor de la ignorancia del hombre puede apagarlas.

El Espíritu del Fuego solo habita en el carácter del hombre encarnado, que hace de él, el hierro que forzosamente formula convicciones.

Puede nuestro fuego interior quemar apenas la inercia, incongruencias, paradigmas  y falacias…

Que nuestro fuego espiritual siga encendido para iluminar mentes  y su calor sea acogedor y seguro.


Clique aqui para a versão em português.
Tradução: Mercedes Cruz

segunda-feira, 12 de março de 2012

O Espírito do Fogo


Por Riviane Damásio


Outono de 1861, dia 09 do mês de outubro, Barcelona, Espanha.

Meio da manhã de um dia claro, as paisagens estavam verdejantes e o clima tão ameno que mesmo oscilando nos altos e baixos do dia, não ultrapassava 27 graus e convidava a gente do lugar a mais um espetáculo de vida! O prenúncio era de felicidade cotidiana...


Numa praça da cidade, Praça de Quemadero, cerca de oito homens em seus diferentes papéis, cumpriam, com suas emoções quase imperceptíveis, ordens da autoridade religiosa local, que condenava ao fogo inquisidor, cerca de 300 livros que “renegavam” a fé vigente no poder e poderiam se intactos, disseminar suas idéias apócrifas pelo país. Os livros falavam de moral, de fé, de fenômenos espirituais, de ciência, de mediunidade, de uma nova doutrina (que segundo alguns, supostamente poderia virar a cabeça dos homens) e falavam de Deus.


O olhar do padre da comitiva queimou por alguns instantes os olhos de um homem dentre os muitos que o miravam daquela multidão enfurecida que assistia ao improvável espetáculo. O homem desviou o olhar do religioso e pousou na cruz que ele carregava em suas mãos e que sarcasticamente simbolizava outra queima de idéias cometida há 1861 anos antes e pensou: Até quando nos repetiremos?


O escrevente da ata do caloroso espetáculo se colocou cautelosamente numa posição afastada do fogo, que era alimentado por três serventes da alfândega suados pelo calor e pela energia de indignação que vinha do povo que gritava seus “abaixos” àquele arremedo de inquisição.


Aos poucos a fumaça dos fogões vai se espalhando no ar, lembrando a todos que já era hora de voltar. Não sem antes, muitos revirarem os escombros da violência e carregarem consigo páginas amarelecidas, mas salvas do espírito do fogo.


Verão de 2012, dia 11 do mês de Março, Rio de Janeiro, Brasil.


Final da tarde de um domingo ensolarado de fim de verão, poucas nuvens no céu, a temperatura não excedia os 31 graus e a gente do lugar já caminhava em direção aos bares, praias e outras direções. O prenúncio era de noite estrelada.


Numa casa espírita da cidade, cerca de três mulheres, munidas de suas autoridades de bibliotecárias do local, com suas feições impassíveis, arrumavam na estante de ferro muitos livros romanceados doados por um colaborador. Nos lugares de destaque e mais acessíveis das prateleiras, eles foram arrumados em ordem cronológica e adesivos brancos com letras vermelhas foram colados sinalizando os autores. Na última prateleira, quase no chão, traduções daqueles livros queimados na Espanha, se agrupavam em bom estado, mas empoeirados e poupados dos olhares dos que passavam por lá. E era como se ecoasse no local a constatação de que o fogo não consegue destruir idéias, mas o espírito destruidor da ignorância do homem pode abafá-las.


O Espírito do Fogo só habita no caráter do homem encarnado, que faz dele, o ferro que forçosamente formata convicções.


Possa nosso fogo interior queimar apenas a inércia, incongruências, paradigmas e falácias...


Que nosso fogo espiritual siga aceso para iluminar mentes e seu calor seja acolhedor e seguro.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Auto de Fé em Barcelona


A Espanha foi praticamente o último foco de resistência da Inquisição Católica. Quando já na segunda metade do século XIX, os tribunais do Santo Ofício não mais podiam condenar as pessoas ao suplício das fogueiras, buscou-se ao menos utilizá-las para que consumissem as idéias libertadoras surgidas naqueles tempos.

Em 1861, o livreiro francês Maurício Lachâtre que a essa época residia em Barcelona, solicitou a seu compatriota Allan Kardec - o codificador do Espiritismo -, o envio de certo número de obras espíritas para venda e divulgação naquela cidade. Kardec lhe enviara cerca de 300 volumes, entre livros e brochuras de conteúdo espírita ou mediúnico.

O material solicitado chegara à Espanha dentro da mais completa legalidade, e seu destinatário pagara à alfândega todos os direitos de entrada para que lhe entregassem sua encomenda, porém, antes que o Sr. Lachâtre pudesse recebê-la, fora entregue uma relação das obras ao bispo de Barcelona porque na Espanha a autoridade eclesiástica ainda mantinha o poder de policiar e censurar as obras escritas que entravam no país.

Ao retornar de Madri e tomando conhecimento da relação dos livros, o bispo ordenou que os mesmos fossem apreendidos e queimados em praça pública pela mão do carrasco. A execução da sentença foi marcada para 9 de outubro de 1861. “A Igreja Católica é universal, e sendo esses livros contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles passem a perverter a moral e a religião de outros países”. Essas foram as justificativas do bispo para manter sua arbitrária decisão, uma vez que por intermédio do cônsul francês em Barcelona Kardec havia reclamado que as obras lhe fossem devolvidas já que não eram bem-vindas na Espanha.

Em consulta a seu guia espiritual Kardec obteve as seguintes respostas:

Pergunta (à Verdade) _ Não ignorais, sem dúvida, o que acaba de passar-se em Barcelona, com algumas obras espíritas. Quererás ter a bondade de dizer-me se convirá prosseguir na reclamação para restituição delas?

Resposta – Por direito, pode reclamá-las e conseguirias que te fossem restituídas, se te dirigisses ao Ministro de Estrangeiros da França. Mas, ao meu parecer, desse auto-de-fé resultará maior bem do que o que adviria da leitura de alguns volumes. A perda material nada é, a par da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da Doutrina.

As considerações do Espírito Verdade prosseguem, contudo passemos à segunda indagação do codificador tendo em vista não nos alongarmos em demasia nesse artigo.

P. _ Convirá que eu escreva a respeito um artigo para o próximo número da Revista? (a Revista Espírita)
R. _Espera o auto-de-fé.

O Registro da História

“Aos nove dias de outubro de mil oitocentos e sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, na esplanada da cidade de Barcelona, no lugar em que são executados os criminosos condenados à pena última, por ordem do bispo dessa cidade foram queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber:

A Revista Espírita, diretor Allan Kardec, A Revista Espiritualista, diretor, Piérart, O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, O Livro dos Médiuns pelo mesmo, O que é o Espiritismo pelo mesmo, Fragmento de Sonata, ditado pelo Espírito de Mozart, carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo Doutor Grand, A História de Joana d’ Arc por ela mesma, ditada a Mile. Ermance Dufaux, e A Realidade dos Espíritos Demonstrada pela Escrita Direta, pelo Barão de Guidenstubbé."

“Uma multidão incalculável aglomerava-se nos passeios, e cobria a esplanada em que ardia a fogueira. Quando o fogo consumiu os trezentos volumes e brochuras espíritas, o padre e os seus ajudantes se retiraram cobertos pelos apupos e as maldições dos numerosos assistentes, que gritavam: Abaixo a Inquisição! Em seguida muitas pessoas se acercaram da fogueira e apanharam cinzas”.

O registro histórico mostra que de fato as idéias espíritas foram bastante propagadas na Espanha após o auto-de-fé em Barcelona.

É evidente que nos dias de hoje a Igreja Católica tem uma posição menos radical com relação a outras religiões. Os homens muitas vezes por seus interesses escusos, ignorância, ou mesmo por simples má vontade, conseguem retardar o progresso da humanidade, todavia, jamais poderão tolher-lhe a marcha, porque Jesus permanece firme no comando da Terra.

Nos tempos de maior atividade da Inquisição, o auto-de-fé era na verdade a cerimônia no qual os acusados pelo Santo Ofício tinham a derradeira oportunidade de se arrependerem. Os que tinham a condenação confirmada saiam da jurisdição eclesiástica e passavam à justiça comum, que promovia as execuções. Nota do autor.

Fonte: Recanto das Letras