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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Contradição de Roustaing consigo mesmo


Por Nazareno Tourinho

Quem quiser se divertir, sóbria ou delirantemente, com os dislates e disparates da obra de J.B. Roustaing, encontrará em Os Quatro Evangelhos um coquetel de “revelações” fantasiosas, que tanto inclui flagrantes obviedades (“Tudo em a natureza é magnetismo. Tudo é atração produzida por esse agente universal.” – página 194 no Volume I na 6ª edição da FEB), quanto, conforme já vimos no texto anterior, pitorescas absurdidades (“Os Espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Messias na terra reuniram em torno de Maria fluídos apropriados, que lhe operaram a distensão do abdômen e o intumesceram. Ainda pela ação dos fluídos empregados, o mênstruo parou durante o tempo preciso de uma gestação, contribuindo esse fato para a aparência da gravidez.” – p. 195).

O pior, porém, nos escritos massudos e hipnóticos do antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux, são os seus desastrosos deslizes doutrinários de conteúdo filosófico, que manifestam contradição com os postulados de Kardec.

Eis um exemplo disso. Lê-se à página 289 de Os Quatro Evangelhos (prosseguimos citando o Volume I): 

“O Espírito, na origem de sua formação, como essência espiritual, princípio da inteligência, sai do todo universal.”

Veja o leitor, aqui, a contradição de Roustaing com Kardec em um dos pontos fundamentais de nossa filosofia (depois ficam os dirigentes da FEB espalhando por aí que tal divergência reside em “questões secundárias”). A Codificação ensina que os Espíritos são criados pela vontade de Deus (resposta à pergunta nº 81 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS), o que é muito diferente de sair do todo universal.

Veja ainda o leitor, a seguir, a contradição de Roustaing consigo próprio. Ele defende que Jesus evoluiu em linha reta sem nunca ter animado um corpo como o nosso, que em essência não passa de um aglomerado de elementos materiais. No entanto, escreve ao fim da mencionada página:

“O princípio inteligente se desenvolve ao mesmo tempo que a matéria e com ela progride, passando da inércia à vida.”

Deixemos de lado, contudo, estes problemas sutis e transcendentes, que alimentam inúteis especulações teóricas, sem o menor proveito para a consciência do ser humano, ainda desprovida de faculdades que lhe permitam penetrar nos magnos mistérios da sua gênese existencial. Ao invés de ficarmos com os Espíritos pseudossábios autores da mistificação rustenista, fiquemos com os Espíritos lúcidos que nos deram a codificação kardequiana, confessando, com palavras de comovente honestidade, nada saberem como nem quando Deus nos criou (resposta à pergunta nº 78 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS).  É justamente esta lucidez e honestidade que tornam os Espíritos orientadores de Kardec mais confiáveis do que os Espíritos enganadores de Roustaing.

Atentemos para o detalhe de que os Espíritos autores da obra de Roustaing, talvez pertencentes a uma falange de padres jesuítas desencarnados, no fundo almejam comprometer a nossa filosofia com as ideias católicas do pecado original e dos anjos decaídos, expulsos do luminoso paraíso celeste para as trevas deste mundo, os quais somente se salvariam com a graça divina administrada por eles através dos sacramentos.

De acordo com o pensamento roustainguista o nosso planeta não é uma escola de aprimoramento da alma, é uma sucursal do Inferno. Segundo a obra de Roustaing, a encarnação e a reencarnação constituem um castigo e não uma lei natural para TODOS os seres inteligentes, inclusive para aqueles capazes de evoluir em linha reta, como declara a mensagem kardequiana (RESPOSTA à pergunta nº 133 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS).

Só encarna pela primeira vez – garantem os “guias” de Roustaing – quem, descuidando-se das beatitudes angelicais nas esferas fluídicas, cai em desgraça pelo erro. Diz o Volume 1 de Os Quatro Evangelhos na página 311:

“Qualquer que seja a causa da queda, orgulho, inveja ou ateísmo, os que caem, tornando-se por isso Espíritos de trevas, são precipitados nos tenebrosos lugares da encarnação humana, conforme o grau de culpabilidade, nas condições impostas pela necessidade de expiar e progredir.” (Os grifos nos termos “tenebrosos lugares da encarnação humana” são dos autores, não nossos!)

Para que não reste dúvida a esse respeito, eis o arremate à página 317:

“Não; a encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo, já o dissemos.”

Julgue agora o leitor se os atuais dirigentes da Federação Espírita Brasileira têm razão quando afirmam que as divergências entre Roustaing e Kardec prendem-se a questões secundárias, não afetando a Doutrina.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ortodoxia Espírita: o que é?

Por Randy*

1) O que é "ortodoxia"?
O conceito de ortodoxia é etimológico: conformidade com as bases fundamentais de uma ciência ou filosofia. No caso do Espiritismo, a ortodoxia significa entender a codificação compilada por Kardec como base única e fundamental para compreensão da Doutrina Espírita e sendo coerente com a metodologia espírita para aquisição e aceitação de novas informações ou conhecimentos. Essa metodologia implica na aplicação do CUEE - Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (cuja estrutura está designada no Evangelho Segundo o Espiritismo), na aceitação de conclusões científicas acadêmicas inequívocas ou na aplicação de qualquer outro método de aferição de verdade que possua método científico. A função da ortodoxia no meio espírita é, sobretudo, destruir quaisquer resquícios de misticismo e/ou mercantilismo sobre valores doutrinário, trazendo o Espiritismo de volta ao seu caminho cientifico e filosófico.

2) O que é um "ortodoxo"?
"Ortodoxo" é a expressão que designa popularmente e em nível informal todo espírita que considera que a ortodoxia é o caminho mais coerente, ou seja, um defensor da pureza doutrinária cientifica e filosófica do Espiritismo. É apenas uma expressão que visa demarcar posições em ambientes de confronto ideológico. Nem todo defensor da pureza doutrinária necessita ou se utiliza desta expressão para designar seu pensamento. Via de regra, o ortodoxo, ou seja, o individuo que defende os preceitos codificados, é o real seguidor da Doutrina Espírita. Em resumo: ortodoxo e espírita são a mesma coisa.

3) Os ortodoxos são um grupo à parte no movimento espírita?
Há diversas e incontáveis pessoas que aceitam os princípios da pureza doutrinária como reais e que procuram combater o misticismo no meio espírita. Qualquer pessoa pode ser um destes e se desejar, utilizar para si a classificação de "ortodoxo". Como esse nível de convicção é individual, não se pode dizer que exista um "Movimento Ortodoxo", mas "pessoas ortodoxas" que eventualmente podem ou não se associarem para promoverem ações comuns de maior ou menor contundência.

4) Os ortodoxos consideram o Espiritismo uma religião?
Sendo coerentes com os princípios conceituais da codificação espírita e como nela o Espiritismo se fundamente unicamente como ciência e filosofia, e ainda como os caracteres de uma religião universalmente aceitos se distanciam largamente do ideal e prática espíritas, então os ortodoxos não consideram o Espiritismo uma religião.

5) Os ortodoxos aceitam outros autores espíritas?
Por uma questão de conceito doutrinário, o simples fato de se iniciar uma análise a partir do nome de um autor já contradiz o Livro dos Médiuns, que nos indica a análise de conteúdo, independente de quem seja a autoria . Por principio, a classificação é do conteúdo de uma obra, portanto, e esse conteúdo só pode ser considerado espírita - e consequentemente verossímil - se, ao trazer informações que não estão contidas na codificação ou informações novas, esta obra houver sido submetida aos critérios de aferição de verdade: CUEE, metodologia cientifica ou estiver de acordo com conclusão científica acadêmica inequívoca.

6) Isso significa que autores como Chico Xavier e Divaldo Franco não são espíritas?
Todas as vezes em que esse tipo de indagação se inicia - mais uma vez - pelo nome do autor, ela já indica pressupostos equivocados. O nome do autor não importa para o Espiritismo e sim o conteúdo de suas obras. O apego a nomes é irracional, anti-doutrinário e pode indicar princípios de idolatria personalista, algo absolutamente indesejável. Portanto, a própria pergunta, vinda desta forma, indica vício conceitual, ou seja, parte de uma compreensão incompleta ou equivocada do que vem a ser o Espiritismo. Espírita ou não espírita é o conteúdo de uma obra e não seu autor. No caso citado, há conteúdo doutrinário em algumas obras destes autores tanto quanto existe contradição anti-doutrinária em outras tantas obras destes mesmos autores. Onde há conteúdo doutrinário, ou seja, concordância com a codificação, não é necessária aplicação do CUEE ou outros métodos já descritos. Mas, quando não existe concordância com a codificação e os seus autores não submeteram suas obras a esse tipo de análise crítica, então não podemos aceitar tais obras como verdadeiramente espíritas. Por principio ainda, não há médiuns intocáveis ou perfeitos e portanto, Chico Xavier foi um autor que cometeu diversos equívocos, tantos quantos quaisquer outros que não tenham possuído a objetividade de submeter seus escritos ao que a codificação determina.

7) Algumas pessoas acusam os ortodoxos de promoverem a estagnação do Espiritismo ao rejeitar novas informações. O que pensar disso?
Há duas posturas em relação ao pensamento ortodoxo: desinformação e má fé. Em muitos casos a desinformação já vem recheada de má fé. Por uma questão de lógica doutrinária, os ortodoxos são, na verdade, os únicos que defendem os avanços no Espiritismo. Isso se deve ao fato de que a codificação deixa muito clara que o Espiritismo deve acompanhar a ciência e promover também suas próprias investigações, mas sempre utilizando metodologia racional e crítica. Se a codificação espírita informa que devemos avançar na busca de conhecimento e se os ortodoxos defendem esta mesma codificação, então, por consequência óbvia, os ortodoxos são os maiores interessados na ampliação de conhecimentos e busca de informações novas no meio espírita. O que os ortodoxos combatem é a aceitação irrefletida e sem nenhum viés cientifico de todo tipo de inverdade que é jogada no meio espírita como se realidade fosse. Os ortodoxos recusam qualquer "novidade" que não tenha sido analisada, confrontada pelo CUEE ou investigada com metodologia cientifica. A grande questão é que, de fato, desconhecemos grande número de autores e editoras que aplicam este principio. Nesse caso, o que seria "novidade" para uma pessoa, é um engodo místico para o ortodoxo. Grande parte das "novidades" na verdade atende ao interesse comercial de editoras e de seus defensores, sendo facilmente digeridas pelo grande público porque já foram criadas exatamente para fácil aceitação irrefletida.

8) Nesse caso, os ortodoxos estimulam a investigação cientifica?
O ortodoxo, ou qualquer pessoa que defenda a pureza doutrinária, é o individuo que não abdica do controle científico das informações de natureza espiritual. Algumas destas pessoas procuram se associar para reiniciarem a aplicação do CUEE e de pesquisas cientificas, bem como estimular o meio acadêmico a fazer o mesmo. Infelizmente, o religiosismo e o misticismo reinantes no meio espírita afugentam os cientistas e estruturas institucionais, já que nem nem religiões e nem misticismo possuem qualquer fundamento cientifico - e no caso do misticismo - nenhum viés de seriedade.

9) Quem é um "místico"?
Místico é todo sujeito que aceita proposições supostamente espirituais ou "sobrenaturais" sem submetê-las a qualquer tipo de análise ou aferição metodológica/cientifica de verdade. Existem dois tipos de místicos: aqueles que convictamente o são e aqueles que só o são por condicionamento cultural. No caso do Brasil, dado o intenso sincretismo e o império da maior religião mística do Ocidente, o catolicismo, há uma cultura que privilegia o "mágico e o sensacional". Sendo assim, há uma intensa mistura de conceitos espíritas com anti-conceitos católicos. E como a prática da maior parte das casas espíritas em nosso país é de natureza equivocadamente religiosa, não há interesse ou prática de reeducar o individuo condicionado pelo catolicismo e ele continua mantendo-se entre os dois mundos. Já o místico intencional procura se abrigar em instituições espiritualistas ou desenvolve suas próprias práticas irrefletidas e procura trazê-las para o meio espírita. Via de regra são bem sucedidos neste intento. Neste ultimo caso, o agravante é que o místico procura adaptar o Espiritismo aos seus interesses pessoais ou limitações de ordem moral ou intelectual. Tais pessoas não possuem interesse na coerência doutrinária espírita e combatem, muitas vezes, quem assim procede.

10) Os ortodoxos são inimigos dos místicos?
Por principio, defensores da pureza doutrinária não podem manter pessoas como inimigas. Mas, podem manter intenso combate às idéias que equivocadamente tais pessoas carregam para si e tentam difundir.

11) Tem sido dito que ortodoxo não pratica a caridade e não fala em amor. Isso é verdade?
A prática da caridade e a elevação amorosa são valores individuais e conforme orientação da codificação, devem ser aplicados com discrição e humildade. Ninguém pode medir o nível de amorosidade de outrem ou consegue policiar sua prática caridosa. Grande parte dos ortodoxos, e outros defensores da pureza doutrinária, considera que a pregação moral externada por discurso é o caminho mais fácil para a hipocrisia, pois moral não se prega - se exemplifica. Não podemos e nem temos autoridade para dizer como o outro deve agir. Podemos é estimular a elevação moral de todos começando pela nossa, sem discurso, sem o apelo a textos ou mensagens supostamente "cristãs" e de fácil digestão. A observação atenta indica que o individuo que prega moral e policia moralmente o comportamento alheio não é capaz de sustentar moralmente seu próprio comportamento. Isso é bastante observados nos críticos da ortodoxia: alegam ausência de prática moral dos ortodoxos por meio de impiedosos ataques de cunho pessoal, que incluem ofensas, sarcasmo e exposição de suas vidas particulares. Por um principio doutrinário espírita, o melhor e mais eficaz crítico é justamente aquele que se impõe pelo seu elevado exemplo nas atitudes e comedimento nas palavras. E ainda assim, o mais eficaz crítico se atém às idéias e jamais situa-se sobre um ou outro individuo defensor da pureza doutrinária.

12) Os ortodoxos concordam em tudo entre si?
A ortodoxia, ou a defesa da pureza doutrinária, é um referencial de posturas e não uma instituição fechada. A única coisa em comum e fundamental na ortodoxia é o que está contido no item 2. Mediante o acatamento da necessidade de metodologia cientifica, do CUEE e visão critica, os assuntos doutrinários são abordados com intensa liberdade. Qualquer um que fundamente com honestidade intelectual suas idéias mantendo como base a codificação e textos coerentes com ela ou aferidos, é livre para pensar o que desejar sobre Doutrina Espírita ao se considerar um ortodoxo. Sendo assim, ortodoxos podem, sim, discordar uns dos outros em diversos pontos de entendimento doutrinário. Isso é o exercício da Filosofia Espírita.

13) Alguns ortodoxos são considerados muito rudes no trato com o próximo. O que respondem sobre isso?
Como dito, a ortodoxia é um referencial de posturas. E como também foi dito, não existe patrulhamento moral no Espiritismo. Existem ortodoxos que estabelecem como estratégia de ação o choque cultural e o discurso objetivo e impessoal. Portanto, tanto há no meio ortodoxo quem seja, por isso, considerado frio, como há, de fato quem seja frio ou rude. São atributos de pessoas - não de idéias. Contudo, como, por principio, a codificação nos impele a análise do conteúdo e não da forma (exceto quando a forma quer se tornar mais importante que o conteúdo), há pessoas que supõem que o espírita é o sujeito que fala manso, baixo e chama a todos de "meu irmão" em público. Tais pessoas consideram-se ofendidas quando são tratadas de forma analítica e impessoal e em muitos casos, reagem de forma indignada. Porém, o Evangelho Segundo o Espiritismo nos indica que esperamos do outro uma atitude moralmente elevada, mas não agimos nós mesmos com a mesma elevação de atitude que esperamos. Isso se chama "melindre" e representa uma desestrutura de ordem psicológica ou mesmo moral deste mesmo indivíduo.

14) Mas, quando os ortodoxos defendem a pureza doutrinária, não deveriam ser exemplos de atitude amorosa, visível para todos?
Este tipo de crítica é conhecida e representa um baixo nível de padrão intelectual de retórica. Os ortodoxos não se definem como espíritas perfeitos, tampouco como espíritos puros. E não assumem para si qualidades morais que não possuem. A evolução moral é de natureza íntima, mas parte de uma compreensão ampla da realidade intelectual. Conforme determina a codificação, a evolução moral decorre da evolução intelectual e essa mesma codificação determina que isso segue etapas para se alcançar uma elevação ao nível de perfeição. O ortodoxo assume o que ele é e não vai simular atitudes para admiração externa sem que esteja evoluído para tanto.

0 que defendemos é que o caráter consolador da Doutrina Espírita reside exatamente na sua capacidade de esclarecimento. Nosso compromisso é ampliar essa capacidade de conhecimento de todos - bem como também ampliar a base de conhecimento sobre a realidade universal.

A partir do cumprimento dessa missão de fornecer mecanismos para que as pessoas trabalhem sua evolução moral baseado no conhecimento, a caminhada moral é de cada um. A crítica, no caso, é mais um exemplo de como o crítico não consegue ser melhor do que o criticado, pois pessoas moralmente elevadas não tecem criticas morais sobre ninguém, tampouco patrulham o comportamento alheio. Notoriamente acrescentamos que os espíritos relatores da codificação também não possuem linguagem melíflua ou cheia de dedos para com os leitores. Aliás, as admoestações duras são frequentes.

*Moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Divaldo apóia Ramatis... Mas, e daí?

Há muito tempo estamos aguardando para falar sobre esse assunto. No entanto, como alguns ramatisistas vêm se utilizando da declaração do citado médium datada de 15 de agosto de 2004 para dar credibilidade ao espírito Ramatis, resolvemos fazer algumas considerações. O áudio da palestra pode ser ouvido acessando Divaldo fala sobre Ramatis.

A princípio, ficamos verdadeiramente surpresos quando soubemos, quase que imediatamente, que o conhecido médium Divaldo Pereira Franco havia proferido, em público, considerações elogiosas acerca do espírito Ramatis. Afinal, Divaldo sempre se apresentou como fiel defensor do Espiritismo e da Codificação Kardeciana, assim como psicografou livros de um dos maiores expoentes da pureza doutrinária, o cearense Vianna de Carvalho.

Com certeza, seu trabalho de divulgação é notável, temos de reconhecer. Porém, assim como todos nós, o médium Divaldo tem o direito a ter suas opiniões, nem sempre todas elas, contudo, abalisadas pela Doutrina. O que não se pode, por isso, é tomar suas opiniões como se representassem o posicionamento do Espiritismo ou mesmo fosse um reflexo indefectível da Verdade. Nos últimos tempos, aliás, Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas. Muitas delas, inclusive, receberam sinais de desagrado tanto de espíritas como dos próprios ramatisistas, como poderemos nos certificar neste nosso artigo.

Inicialmente, não poderíamos deixar de colocar as coisas como elas devem verdadeiramente ser. Em termos de divulgação e entendimento doutrinário, a primeira e a última palavra deva ser a da Codificação Espírita, acima de toda e qualquer opinião individual, seja de um espírito ou de um indivíduo encarnado. Concomitantemente à Doutrina, a Ciência material, naquilo que ela estuda e aborda, também deve ser levada em consideração, tal qual explicou o Codificador:

"...O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará."

Portanto, é importante ressaltar que o posicionamento espírita acompanha o progresso científico, e não opiniões isoladas de médiuns ou de espíritos. Esta é uma questão capital nesta nossa análise.

Da mesma forma, notamos que se tem dado aos médiuns, especialmente no Movimento Espírita Brasileiro, uma autoridade e notoriedade que eles jamais tiveram à época de Kardec e na própria Codificação, por exemplo. Claro que se pode ser, ao mesmo tempo, um grande conhecedor da Doutrina e médium, mas o que a grande maioria leva unicamente em consideração, infelizmente, é a mediunidade (ostensiva) do indivíduo, como se isso, por si só, o elevasse à condição de ser superior, inatacável e acima do Bem e do Mal. Esta é uma visão equivocada, oriunda do desconhecimento acerca do papel do médium e também de um certo misticismo atávico, onde o médium é tido como possuidor de "poderes sobrenaturais" ou uma espécie de intercessor ou "pistolão" espiritual, pronto a interceder em favor de seus seguidores e admiradores, haja vista o número de pessoas que seguem alguns desses medianeiros em verdadeiras caravanas. O interesse, neste caso, passa a não ser mais o conhecimento espírita, mas uma ostensiva idolatria à figura do médium em si.

Assim sendo, é evidentemente errôneo formarmos uma opinião baseados tão-somente no que disse o médium "X" ou "Y", abandonando a Codificação Espírita e a Ciência, assim como a razão, a lógica e o bom-senso. Isso é abdicar da razão e fé raciocinada, postura totalmente em oposição àquilo que o Espiritismo ensina.

As Polêmicas

Como dissemos no início, o médium Divaldo Franco tem se envolvido em inúmeras polêmicas, algumas delas ferindo tanto posicionamentos da própria Doutrina como dos ramatisistas, que listaremos e comentaremos a seguir.

Apometria

Como pudemos desenvolver no tópico "O Que Está por trás da Apometria", Ramatis e os ramatisistas se se colocam como maiores incentivadores da Apometria. No entanto, a posição de Divaldo é diametralmente oposta:

"Apometria não é Espiritismo"

Autor: Divaldo Pereira Franco

Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apômetra, eu sou espírita o que posso dizer é que a apometria, segundo os apômetras, não é espiritismo. Porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de O Livro dos Médiuns. Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas segundo os livros que tem sido publicados, a apometria, segundo a presunção de alguns, é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado. Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX e a apometria é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado. Tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto". (...) Então, se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir."(Leia o texto na íntegra em http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=91)

Crianças Índigo e Cristal

Já no meio espírita, Divaldo recebeu duras críticas por seu apoio à tese das existência das chamadas "crianças índigo" e "cristal", originária de uma estranha seita "new age". Em oposição a esse posicionamento e baseados nas obras da Codificação e nas orientações de Allan Kardec, vários estudiosos, tais como Paulo Henrique Figueiredo, Franklin Santana Santos, Dora Incontri, Heloisa Pires, Rita Foelker, Alessandro Bigheto, lançaram artigos e documentos em conjunto em que afirmam provar que esta teoria não sobrevive ao crivo da razão e da análise científica.

Ainda segundo o escritor e dirigente espírita Richard Simonetti, da cidade de Bauru-SP, essas crianças seriam, ao invés de espíritos evoluídos, como afirma Divaldo, "uma geração de espiritos perturbados, com subdesenvolvimento moral, comprometidos com graves desvios de existências anteriores. Não podem ser identificados como espiritos missionários porque detestam a disciplina e assumem postura que contrariam elementares princípios de civilidade".

Já a pedagoga Dora Incontri afirma que tudo não passa de uma mistificação grosseira, oriunda das mensagens de um espírito chamado Kryon, que a tradução brasileira mudou para "médium Kryon", que se afirma extra-terrestre e o espírito mais próximo de Deus. Uma grande grande mistificação com fins comerciais, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum critério científico. Segundo ainda a pedagoga espírita, "espíritas embarcam gostosamente na idéia. Por que? Alguns certamente o fizeram de boa fé, outros com claros interesses financeiros, porque se trata de uma tema vendável, na linha da auto-ajuda descompromissada, aquela que agrada ao leitor, por trazer receitinhas prontas de como tratar um filho índigo - e muitos podem se iludir no orgulho de ter um filho de aura azul, predestinado a mudar o mundo, um mutante genético".

O Fim dos Tempos

Como bem sabemos, Ramatis defende a tese da existência de um astro que, devido a sua aproximação com nosso planeta, iria provocar, até o ano 2000, a elevação abrupta do eixo terrestre e consequentes cataclismas globais que viriam a dizimar boa parte da humanidade. Embora Divaldo Franco tenha defendido o espírito Ramatis, o mesmo não parece corroborar tais previsões apocalípticas em entrevista ao jornal "O Paraná", muito pelo contrário:

O Paraná: "Muitos acreditam no final dos tempos, a partir da virada para o próximo milênio. Como o Espiritismo encara isso?"

Divaldo: "Como uma superstição. Normalmente, através da história, a mudança de século sempre trouxe, particularmente na idade média, o fantasma do horror. Baseado em que, nessa mudança, a Terra se deslocaria do eixo, haveria uma erupção de epidemias, de terremotos, maremotos, de fenômenos sísmicos e, na virada do milênio, foi ainda mais apavorante, por causa desse mesmo critério supersticioso. Em todo o Evangelho, nos 27 livros que o constituem, não há nenhuma referência ao novo milênio. As observações, a respeito do "fim do mundo", estão no Apocalipse de João, quando ele dirá, através de metáforas e de imagens, de uma concepção de um estado alterado de consciência, que vê a transformação que se operaria na Humanidade. Mais tarde poderíamos colher outros resultados também no chamado sermão profético de Jesus, que está no evangelista Marcos, capítulo 13, versículo 1 e seguintes, quando Jesus saía do templo de Jerusalém e os discípulos, muito emocionados, dizem: - "Senhor, vede que pedras, vede que templo". E Jesus lhes redargue: - "Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada". Foram para o Getsêmani, no Horto das Oliveiras, e ali os amigos disseram: "Conta-nos quais serão os sinais que antecederão a isso". Ele narra uma série de fenômenos que certamente atingiriam a Terra. Aconteceu que, realmente, no ano 70, Tito teve a oportunidade de derrubar o templo de Jerusalém, que não foi mais reerguido, e no ano 150, na segunda diáspora dos hebreus, praticamente Jerusalém foi destituída da Terra, somente voltando a ter cidadania quando a ONU reconheceu o Estado de Israel com os direitos que, aliás, lhe são credenciados e que ele merece. Mas as doutrinas religiosas, com o respeito que nos merecem, que sempre se caracterizaram pelo Deus-temor ao invés do Deus-amor, por manterem as pessoas na ignorância e intimidá-las, ao invés de libertá-las pelo esclarecimento, estabeleceram que o fim do mundo seria desastroso, seria cruel, como se não vivêssemos perpetuamente num mundo desastroso e cruel, cheio de acidentes, de vulcões, de terremotos, de maremotos, de guerras, de pestes, etc. Para nós, espíritas, o fim do mundo será o fim do mundo moral negativo, quando nós iremos combater os adversários piores, que são os que estão dentro de nós: as paixões dissolventes; os atavismos de natureza instintiva agressiva; a crueldade; o egoísmo e, por conseqüência, todos veremos uma mudança da face da Terra, quando nós, cidadãos, nos resolvamos por libertar-nos em definitivo das nossas velhas amarras ao ego e das justificativas por mecanismos de fuga. Então o homem do futuro será um homem mais feliz, sem dúvida. Haverá uma mudança também da justiça social. Haverá justiça social na Terra, porque nós, as criaturas, compreenderemos os nossos direitos, mas acima de tudo, os nossos deveres, deveres esses como fatores decisivos aos nossos direitos. Daí, a nossa visão apocalíptica do fim dos tempos é a visão da transformação moral em que esses tempos de calamidade passarão a ser peças de museu, que o futuro encarará com uma certa compaixão, como nós encaramos períodos do passado que nos inspiram certo repúdio e piedade pela ignorância, então, que vicejava naquelas épocas". (Fonte: http://www.mundoespirita.com.br/antigo/jornal/set6-1.htm)

A Umbanda e os Pretos Velhos

Sabemos que o movimento ramatisista possui muita simpatia pela Umbanda, sendo que inúmeros médiuns umbandistas têm alegado receber mensagens de Ramatis. Divaldo Franco, contudo, declarou o seguinte recentemente, causando espécie em muitos umbandistas e ramatisistas também:

"... Na cultura brasileira, remanescente do africanismo, há uma postura muito pieguista, que é a do preto velho. E muitas pessoas acham que é sintoma de boa mediunidade ser intrumento de preto velho. Quando lhe explicamos que não há pretos velhos, nem brancos velhos, que todos são Espíritos, ficam muito magoadas, dizendo que nós, espíritas, não gostamos de pretos velhos. E lhes explicamos que não é o gostar ou não gostar. Se tivessem lido em 'O Livro dos Médiuns', 'O Laboratório do Mundo Espiritual', saberiam que se a entidade mantém determinadas características do mundo físico, é porque se trata de um ser atrasado. Imagine o Espírito que manquejava na Terra, porque teve uma perna amputada, ter de aparecer somente com a perna amputada. Ele pode aparecer conforme queira, para fazer-se identificar, não que seja o seu estado espiritual. Quando, ao retornar à Pátria da Verdade, com os conhecimentos das suas múltiplas reencarnações anteriores, pode apresentar-se conforme lhe aprouver.

Então, a questão do preto velho é um fenômeno de natureza animista africanista, de natureza piegas. Porque nós achamos que o fato de ter sido preto e velho, tem que ser Espírito bom, e não é. Pois houve muito preto velho escravo que era mau, tão cruel quanto o branco, insidioso e venal. E também houve e há muito branco velho que é venal, é indigno e corrompido. O fato de ter sido branco ou preto não quer dizer que seja um Espírito bom.

Cabe ao médium ter cuidado com esses atavismos, e quando esses Espíritos vierem falando errado, ou mantendo os cacoetes característicos das reencarnações passadas, aclarar-lhes quanto à desnecessidade disso. Porque se, em verdade, o preto velho quer falar em nagô, que fale em nagô, mas que não fale um enrolado que não é coisa nenhuma. Ou, se a entidade foi alemã na Terra e não logre falar o idioma do médium, que fale alemão, mas que não fale um falso alemão para impressionar. O médium só poderá falar o idioma no qual ele já reencarnou em alguma experiência passada. Desde que não há milagres nem sobrenatural, o médium é um instrumento. Sendo a mediunidade um fenômeno orgânico, o Espírito desencarnado vai utilizar o que encontre arquivado no psiquismo do médium, para que isto venha à baila." (Extrato de um ensaio do médium Divaldo Pereira Franco, que tem como título "Consciência")

Aliás, é bom que se diga que a visão de Ramatis varia de médium para médium. Enquanto que para o Ramatís de Hercilio Maes a Umbanda é culto fetichista, para o Ramatís de Norberto Peixoto é a religião do terceiro milênio...

Rituais

Segundo Ramatis, "rituais, mantras, etc. são meios de se alcançar o 'Cristo Planetário'", espírito superior até a Jesus. ("Mensagens do Astral", pág. 302) Assim sendo, para Ramatis, rituais podem nos colocar em comunicação até mesmo com espíritos bastante adiantados. Para Divaldo, contudo, rituais não se justificam:

O Paraná: "Existem rituais no Espiritismo?"

Divaldo: "O Espiritismo, inicialmente, é o resultado de uma investigação científica, por isso mesmo dizemos que o Espiritismo é ciência, não uma ciência convencional, porque o material com que labora não obedece às leis das doutrinas físicas. Trabalhando com o espírito imortal, está sempre na dependência das suas reações psicológicas, das suas atitudes emocionais. Essa investigação científica, que é resultado da observação, ofereceu uma visão filosófica, e nessa proposta filosófica, o Espiritismo responde aos quesitos que perturbam o pensamento filosófico. Por efeito, tem uma ética moral. Nessa ética moral surge uma vertente religiosa, não do ponto de vista de uma religião constituída, que se caracteriza por um misticismo, por paramentos, por sacerdócio organizado, pelas expressões seitistas, ou que se permita caracterizar por uma forma ou fórmula de culto externo. É, portanto, uma doutrina destituída de toda e qualquer apresentação visual que tenha por meta impressionar. É uma Doutrina que leva o indivíduo a uma auto-reflexão a respeito da vida e das suas responsabilidades perante a consciência cósmica."

Divaldo e Sai Baba

É conhecida, já de muito tempo, a admiração de Divaldo Franco pelo guru indiano Sathya Sai Baba. O médium baiano, assim como fez com Ramatis, rasgou-se em elogios a Sai Baba, afirmando ser o mesmo um dos seres mais evoluídos da Terra e digno de toda confiança e apreço. Divaldo chegou a relatar que, estando ele em um país distante, foi acometido por uma crise de angina no quarto do hotel, e Sai Baba teria se materializado (!) e o tratado ali mesmo, tal qual um médico. Mais tarde, na Índia, segundo Divaldo, os dois se encontraram e assim que se viram Sai Baba sorriu para Divaldo, e lhe disse logo: - "Que bom, meu filho! Este, já é o nosso segundo encontro!" Depois disso, Divaldo relatou ter visto intensa luminosidade espiritual e sentido uma intensa paz ao encontrar o indiano.

Apesar dessa elevada opinião de Divaldo Franco sobre o citado guru, o que muitos no Brasil ainda não sabem, no entanto, é que Sai Baba andou envolvido em inúmeros escândalos, inclusive com acusações de participação em assassinatos, pedofilia e fraude em seus espetáculos de materialização, conforme veremos em detalhes.

Os Truques de Sai Baba

Abaixo, podemos ver alguns vídeos em que Sai Baba é flagrado executando truques de mágica, que afirma serem de "materialização".

http://www.youtube.com/watch?v=Yblhsr1O4IQ

http://www.youtube.com/watch?v=oahdsgm_QCA

O parapsicólogo Wellington Zangari comenta sobre estudos científicos realizados com Sai Baba:

“Haraldsson e Wiseman apresentaram juntos, em 1994, na Convenção da Parapsychological Association, um estudo que fizeram com Sai Baba. Eu estive lá e assisti com interesse a apresentação, sobretudo porque foi acompanhada de um vídeo do estudo. Submeteram o alegado paranormal a alguns controles simples, como ter suas mãos colocadas dentro de sacos plásticos fechados por elásticos. Nenhum fenômeno ocorreu enquanto houve esse tipo de controle. A conclusão do trabalho aponta para a possibilidade de fraude.”

Acusações vindas de toda parte

Diversas instituições mundo afora, como a UNESCO, o Departamento de Estado Norte Americano, a BBC e o jornal "Times" de Londres, o jornais "Telegraph" e "The Guardian", além de outras importantes instituições midiáticas da União Européia, Escandinávia, Canadá e Austrália, já fizeram trabalhos investigativos sobre Sai Baba. Os documentários 'The Secret Swami' (2004) da BBC, e 'Seduced by Sai Baba', produzido por uma emissora dinamarquesa em 2002, já foram vistos por milhões de pessoas em diversos países e contêm diversos testemunhos de pessoas que se disseram enganadas e violentadas fisica e emocionalmente pelo guru indiano. Sai Baba e seus simpatizantes alegam, contudo, que tal cobertura é mero sensacionalismo. Antigos devotos (entre eles importantes ex-líderes, como o milionário Isaak Tigrett) afirmam que uma série de fatos estranhos ocorreram, incluindo assassinatos a sangue frio cometidos pela polícia no quarto de Sai Baba em 6 de junho de 1993. Seus ex-seguidores afirmam que, ameaçados pela mídia indiana e pela influência política de Sai Baba e seu multimilionário império, não tiveram outra alternativa senão fazer as denúncias a meios de comunicação não-indianos.

Há, inclusive, uma petição pública para investigações oficiais de Sathya Sai Baba e de sua organização a nivel mundial.

Já no endereço http://saibabaexposed.blogspot.com é possível ler, na íntegra, a reportagem investigativa levada a cabo pelo respeitado jornal inglês "The Guardian", contendo denúncias de abuso sexual contra meninos.

Conclusão

Pudemos ver que um médium é um indivíduo que também pode se enganar e emitir opiniões completamente equivocadas. No caso específico de Divaldo Franco, o mesmo, inadvertidamente e sem ter colhido os elementos suficientes que lhe dessem a segurança de uma análise precisa, fez considerações elogiosas a uma entidade espiritual cujos ditados colidem frontalmente com os postulados da Doutrina Espírita e com as opiniões do próprio Divaldo acerca de temas importantes. Talvez na ânsia de agradar aos seus simpatizantes e colher a simpatia dos mesmos, Divaldo, que parece jamais ter lido os livros ditados por Ramatis, chegou a afirmar tratar-se de nobre entidade. Da mesma maneira, Divaldo parece ter se equivocado em relação ao guru Sai Baba, tendo inclusive relatado uma materialização do mesmo em seu quarto, algo que provavelmente nem deve ter ocorrido, o que é bastante grave, em nossa opinião. Em ambos os casos, o desencarnado Ramatis e o encarnado Sai Baba falam de amor, de caridade, de Deus - palavras estas fáceis de pronunciar, mas que servem tão-somente de nuvem de fumaça para acobertar interesses inconfessáveis.

Portanto, a lição que aprendemos é que não devemos nos fiar na opinião deste ou daquele, mas sim aprofundarmos conhecimentos, confrontando as opiniões e submetendo-as às informações da Doutrina Espírita, da Ciência e da mais severa lógica num estudo atento e imparcial. O próprio Codificador, mesmo sendo um homem de extensa cultura, não olvidou tais cuidados, sugerindo, inclusive, a utilização de um Método de Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE) que pode ser encontrado no 9º parágrafo do ítem II da Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), e na parte final do ítem XXVIII do cap. XXXI do Livro dos Médiuns (LM), que transcrevemos abaixo:

“Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros.” (definição contida no ESE).

“A melhor garantia de que um princípio é a expressão da verdade se encontra em ser ensinado e revelado por diferentes Espíritos, com o concurso de médiuns diversos, desconhecidos uns dos outros e em lugares vários, e em ser, ao demais, confirmado pela razão e sancionado pela adesão do maior número.” (definição contida no LM).

Se o prezado médium Divaldo Franco tivesse seguido tal critério, talvez não tivesse incorrido em análises tão precipitadas. O argumento que o mesmo se utiliza, na sua palestra em questão, colocando-o na boca de Kardec, é que Ramatis pode ser aceito porque "o que importa é o conteúdo moral". O critério kardeciano jamais foi só esse. Confiram:

"Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há 300 para publicidade, e apenas 100 de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes". (Allan Kardec, Revista Espírita, 1863, maio.)

Podemos ver que, dentre 3000 mensagens de uma moral irreprochável, Kardec só aceitou 100 como dignas de publicidade e publicação.

Para finalizar, disponibilizamos uma lista de estudiosos espíritas que se colocaram contrários ao conteúdo dos ditados do espírito Ramatis após terem analisado detidamente seus livros confrontando-os com os da Doutrina Espírita:

1) Herculano Pires - jornalista, filósofo, educador e escritor espírita brasileiro, com várias obras publicadas;

2) Deolindo Amorim - jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro. Colaborou no Jornal do Commercio e em praticamente toda a imprensa espírita do país;

3) Carlos Imbassahy - advogado, jornalista, escritor e espírita brasileiro;

4) Ary Lex - médico, escritor e dirigente da FEESP por muitos anos;

5) Celso Martins - jornalista, professor de Biologia e Física, palestrante e escritor espírita com mais de 30 obras publicadas;

6) Sérgio Aleixo - professor de Português e Literatura, expositor e escritor, atualmente presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro (ADE-RJ);

7) Jorge Rizzini - médium e escritor consagrado, tem fama de ter sido o guardião dos conceitos espíritas (http://geocities.ws/meutrabalho2005/#RAMATIS);

8) Américo Domingos Nunes Filho - pediatra, escritor, conferencista e pesquisador espírita brasileiro;

9) Nazareno Tourinho - escritor, articulista e imortal da Academia Paraense de Letras; (http://www.espirito.org.br/portal/artigos/correio-fraterno/hora-de-ferir-os-pes.html)

10) Iso Jorge - Médico psiquiatra, professor, escritor e articulista espírita;

11) Dulcídio Dibo - Professor universitário, versado em Astronomia, expositor e autor de diversas obras doutrinárias;

12) José Passini - Possui Licenciatura em Letras, Mestrado em Língua Portuguesa e Doutorado em Linguística, é Presidente do Instituto Jesus, obra de amparo ao menor carenciado; presidente da Aliança Municipal Espírita, por duas vezes; presidente do Centro Espírita União, Humildade e Caridade e Membro da equipe do programa Opinião Espírita (Rádio e Televisão) e do Departamento de Evangelização da Criança da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora;

13) Cirso Santiago - jornalista e editor do Jornal Correio Fraterno do ABC;

14) Gélio Lacerda - Advogado e escritor, ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.

Fonte: Blog Ramatis, Sábio ou Pseudosábio?
Publicado com a autorização do Blog citado.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os Espíritos da Codificação e o Vácuo Quântico

Título original: Os Espíritos sábios que ditaram a Doutrina Espírita a Kardec já conheciam o vácuo quântico em 1857?

Por Wladimyr Sanchez

A primeira edição de "O Livro dos Espíritos" publicada em 18 de abril de 1857, em Paris, por Allan Kardec, foi produto de ditados que ele obteve de uma plêiade de Espíritos Sábios iniciados em maio de 1855 e encerrados em abril de 1856. Desta data até fevereiro de 1857, ou seja, durante dez meses, esses ditados foram colocados na forma de uma brochura, analisados e revisados pela própria plêiade que os ditou, porque Kardec havia produzido algumas desconformidades ao interpretar os princípios da Doutrina, que eram novos, em sua maioria. A autorização para que Kardec os publicasse, na forma de livro, foi dada pelos próprios autores da obra.

Depois de receber o sinal verde para publicar o "O Livro dos Espíritos", Kardec tratou de convencer um editor a fazê-lo, fato que ocorreu no início de março de 1857. Desta forma, em 18 de abril de 1857, a primeira edição de "O Livro dos Espíritos" foi colocada a venda para o público parisiense, depois de uma pequena mas fulminante publicidade a respeito, fato que despertou muita curiosidade pela obra, não só pelo público em geral mas também pela classe dos cientistas, filósofos e religiosos. No seu frontispício trás a legenda: LE LIVRE DES ESPRITS, contenant LE PRINCIPLES DE LA DOCTRINE SPIRITE, sur la nature des esprits, leur manifestation e leurs rapports avec les hommes; les lois morales, la vie presente, la vie future, e l'avenir de l'humanité; ECRIT SOUS LA DICTÉE ET PUBLIÉ PAR L'ORDE D'ESPRITS SUPÉRIEURS, PAR ALLAN KARDEC. A tradução para o português é: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, contendo OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, sobre a natureza dos Espíritos, suas manifestações e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade; escrito sob o ditado e publicado por ordem de Espíritos Superiores, por Allan Kardec.

Assim é que na questão 16 da primeira edição de "O Livro dos Espíritos", de 18 de abril de 1857, os Espíritos Sábios comunicantes assim se expressam a Kardec, sobre o espaço universal: "O espaço universal é infinito, dir-se-ia sem bordas. Se supusermos um limite para o espaço, qualquer distância que o pensamento possa conceber, a razão dirá sempre que além desse limite haverá alguma coisa e assim sucessivamente, de lugar em lugar, até o infinito; então essa qualquer coisa mesmo que se chamasse vácuo absoluto seria ainda espaço".

Até pouco tempo a Física considerava vácuo como sendo um espaço, imaginário ou real, não ocupado por coisa alguma, vazio, onde a pressão era inferior a uma unidade chamada atmosfera, que mede a pressão exercida por uma camada gasosa.

Com o desenvolvimento da Mecânica Quântica, nos últimos 20 anos, concluiu-se sobre como o processo da inflação cósmica explica de modo natural porque o nosso Universo é tão grande e tão uniforme, como atualmente o observamos. A inflação cósmica também achatou a geometria do espaço-tempo até o grau que hoje observamos no cosmo. A idéia básica a inflação cósmica é simples: no início da história do Universo, logo após o Big-Bang, de repente ele se expandiu imensamente em tamanho, daí o nome de inflação, por analogia ao sentido que essa palavra tem na economia. Para evoluir até um Universo semelhante ao nosso, com as propriedades que vemos, o Universo primordial teve que se expandir pelo menos umas 1028 vezes (significa o número 1 seguido de 28 zeros). Para se ter uma idéia da vastidão desse número, convém notar que o tamanho do Universo atualmente observável é de aproximadamente 1028 centímetros. Portanto, a inflação cósmica foi como inflar um pequeno pedregulho até o tamanho de todo o nosso Universo observável, ou até mais, e tudo numa minúscula fração de segundo. Essa expansão extremamente rápida ocorreu quando a densidade energética do Universo (também chamada fluído cósmico universal, pelos Espíritos) foi dominada pela densidade de energia do vácuo. Quando a densidade energética do Universo é dominada pela energia do vácuo, a pressão negativa impõe um ritmo de expansão cada vez maior. Essa expansão acelerada pode inflar o nosso Universo na enorme medida necessária para explicar não apenas as suas propriedades, mas também como os Espíritos puderam habitá-lo.

À primeira vista, o conceito de densidade de energia do vácuo parece uma contradição. Costumávamos pensar no vácuo como sendo completamente vazio. Como pode uma coisa supostamente vazia ter energia, e muito menos dominar a densidade energética de todo o Universo? No nível fundamental, o vácuo tem que obedecer a uma descrição quântica, significando com isso que, afinal, o vácuo não é realmente vazio. O vácuo é regido pelo chamado Princípio da Incerteza de Heisenberg, que atua sobre a natureza ondulatória da realidade física nas pequenas escalas dimensionais e levou à possibilidade da energia do vácuo.

Considere um elétron, por exemplo. O Princípio da Incerteza de Heisenberg mostra que não podemos medir simultaneamente o momentum da partícula (seu movimento) e a posição que ela ocupa no espaço, com o mesmo grau de exatidão. Assim, esse Princípio da Incerteza acaba tendo conseqüências importantes para o conceito de vácuo. Do ponto de vista da Mecânica Quântica, o vácuo não pode ser realmente vazio. Imaginemos uma região do espaço universal vazia, como nos exemplifica a questão 16 de "O Livro dos Espíritos", primeira edição de 1857. Em virtude do Princípio da Incerteza, esse espaço, aparentemente vazio é repleto de partículas, que pulsam brevemente, ao ganhar vida e morrer. A energia necessária para criar essas partículas é tomada de empréstimo do vácuo e prontamente devolvida a ele, quando as partículas se aniquilam e, em seguida, tornam a desaparecer no "nada". Elas são chamadas de partículas virtuais porque não possuem vida real. Vivem de um tempo emprestado e sempre se aniquilam logo depois de seu aparecimento espontâneo no vácuo. Por causa dessa criação espontânea, o espaço que corresponde ao vácuo, que deveria ser deserto, fica repleto dessas partículas virtuais de matéria, como se fossem fantasmas que aparecem e desaparecem, repentinamente. E, essas partículas virtuais podem dotar o vácuo de uma densidade energética efetiva que, de outro modo, ele não a possuiria. Portanto, a Mecânica Quântica leva-nos, naturalmente, ao conceito de que o espaço vazio possui, na realidade, densidade energética, confirmando o que os Espíritos comunicaram inicialmente a Kardec, e que se encontra reforçado na questão 36, da segunda edição de "O Livro dos Espíritos", publicada em 18 de março de 1860, a saber:

P. 36 - "O vazio absoluto existe em alguma parte do espaço universal"?
- "Não, nada é vazio; o que te parece vazio está ocupado por uma matéria que te escapa aos teus sentidos e instrumentos."

(*) WLADIMYR SANCHEZ, é físico formado pela USP, engenheiro mecânico formado pela Universidade Mackenzie, engenheiro nuclear, formado em Oak Ridge, USA, engenheiro civil, pela UNESP. É Mestre e Doutor em Ciências, pela USP e PhD em Gerenciamento de Recursos Hídricos, pelo MIT, USA, Presidente do Instituto de Pesquisa e Ensino da Cultura Espírita - IPECE.