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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Principais Fatores que Impedem o Desenvolvimento da Ideia Espírita

Por Humberto Mariotti

Porque se Mantém Vigente o Velho Mundo Espiritual e Social

O mundo contemporâneo é um mundo adequado ao tipo de sensibilidade que responde aos interesses das instituições atuais, mantidas por aqueles que participam “interessadamente” deste mundo “estanque” do presente. Existem acordos gerais consistentes em não permitir a transformação dos organismos sociais, sejam estes filosóficos ou religiosos. Por exemplo, em religião só se admite o que diz a Igreja visto que, no atual estado de coisas, ela é a verdade e nenhum outro princípio religioso é permitido, já que a verdade religiosa, para a situação social contemporânea, é a católica (atualmente também um pouco a protestante).

Se aparece um pensador ou escola que apresente ao mundo de hoje um novo tipo de religião, é de imediato rechaçado e perseguido por ser atentatório à “única verdade religiosa” que é a que representa o dogma, uma vez que, para a ordem atual, o dogma é tão sustentável quanto a lei da gravidade e, por essa razão, o homem religioso-dogmático fala de Deus trino, do Inferno, do diabo etc., como se estivesse tratando de questões tão reais e positivas como a eletricidade. Para comprovar o que afirmamos, basta falar com qualquer membro da Igreja e constataremos a anquilose mental (1) em que se encontra.

Todavia, qual ê a causa essencial desta situação neste mundo “estanque” do presente? Cremos que tudo isso ocorre em razão do que esses dogmas representam para os interesses materiais da sociedade, uma vez que apóiam espiritual e psicologicamente a ordem geral e particular do atual estado de coisas.

Uma ideia de Deus como a que apresenta o conceito espírita determinaria um grande estremecimento na ordem eclesiástica e derrubaria tudo quanto agora se conhece no seio da Igreja, como “sistema de hierarquia”. De modo que o mais conveniente é manter de pé esse “sistema” e não a verdade religiosa que o Espiritismo revela ao pensamento do homem. Por esse motivo a ideia espírita, tanto para a Igreja como para a presente ordem espiritual e social, é um perigo e uma ameaça para as velhas instituições eclesiásticas, que durarão até que as forças do progresso não as substituam por uma nova visão do Universo.

No mundo contemporâneo o avanço da verdade, em todos os aspectos, está paralisado pelos interesses comuns das velhas instituições sociais. Vem daí que a evolução, ao ser detida em seu processo normal, se torna violenta até converter-se em revolução agressiva.

A causa do extremismo comunista tem sua origem neste fenômeno repressivo da evolução, já que a transformação das estruturas sociais são necessárias em virtude da própria evolução do indivíduo e também porque o que deveria operar-se insensivelmente se vê na necessidade de ocorrer violentamente. Por tal motivo, em Allan Kardec lê-se a reflexão seguinte:

“Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.” (2)

Pois muito bem: todos sabemos que estamos vivendo em uma época de total transformação. Os sistemas e valores seculares deverão ceder ante o novo espírito da humanidade. Entretanto, o mundo atual se aferra às velhas instituições, tratando de convencer o homem que tudo já foi oferecido definitivamente e que as estruturas atuais são inamovíveis e imutáveis. Mas esta atitude dos que assim sentem, ao mundo é antinatural, dando com isso origem à violência revolucionária.

Esta é a causa pela qual o comunismo nega a Deus e a toda ideia transcendente do homem e da história, apresentando-nos um Estado totalmente naturalista, baseado no que se denomina “Materialismo Histórico”. A força revolucionária do comunismo passa por cima de toda concepção ideológica espiritual por considerá-la um sustentáculo da propriedade privada. Mas se os que dizem representar a democracia facilitassem o curso da evolução, esse fenômeno de violência que vemos na tática comunista seria interrompido sem dúvida alguma, uma vez que a modificação das coisas se daria com naturalidade e sem alterações bruscas nem dolorosas.

Pelo que vemos podemos dizer que o comunismo é a consequência da repressão da evolução natural por parte dos que pretendem manter o estado atual do mundo. O próprio Espiritismo, que não emprega a violência para a propagação de seus ideais, sofre também a reação da velha ordem, pois que sua concepção religiosa e filosófica determina modificações radicais nesse aspecto. E aqueles que vivem como altos hierarcas, ocupando suntuosas posições no temporal e espiritual, tão pouco podem aceitar o Espiritismo como uma ideia amiga e como expressão da verdade. A respeito, vejamos o que diz “O Livro dos Espíritos”, na questão 798:

O Espiritismo se tornará crença comum ou ficará sendo partilhado como crença apenas por algumas pessoas?
— Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-los, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.

Nos parágrafos transcritos encontra-se a causa da tergiversação que se faz em torno da ideia espírita, desfigurando-a ante a opinião pública, a qual lamentavelmente é guiada e governada pelos que representam a antiga ordem do mundo. Por tal motivo o poder material atual nunca admitirá o Cristo tal como ele era, aceitando, em contrapartida, um Cristo-Deus vinculado a um representante terreno. E este tipo de Cristo-Deus é o único real para o poder oficial; os demais são heréticos ou, quando não, inspirados por Satanás, até mesmo o Cristo de amor e de verdade que a filosofia espírita nos apresenta.

Mas, para que exista um monarca religioso na Terra, é necessário aceitar um tipo de Cristo como o que nos apresenta o dogma. Para que haja involução e imutabilidade espiritual e social, é preciso negar a pluralidade de existências; e para que nosso planeta seja o centro do universo, como ainda o aceitam os escolásticos e ortodoxos, é necessário negar a pluralidade dos mundos habitados. Sem estas duas pluralidades o Universo, o Ser e a História permanecerão fixos e a antiga ordem não correrá o risco de ser alterada em nenhum ponto de vista.

Por esse motivo, o Espiritismo explode como um vulcão, resultando disso como que uma constrição através da qual se manifestam as forças reprimidas da evolução, ainda que desfiguradas pela violência. Daí sucede que toda ideia evolucionista é ocultada e não se lhe dá acesso nas universidades nem nos grandes órgãos de publicidade pois, para a cultura contemporânea só e aceitável aquilo que não afete o dogma nem a sociedade presente, já que estas duas instituições deverão manter-se indefinidamente tal como são, uma vez que representam os grandes interesses dos poderosos, os quais sem solução de continuidade, transmitem de família a família os bens e benefícios que os povos produzem para todos em geral.

A velha ordem do mundo é o fato determinante do estado caótico em que vivem os povos de nossa época. Quando as leis de evolução sofrem reação, alteram-se os cursos naturais do progresso e sobreveem as mais terríveis catástrofes, as guerras e os procedimentos chamados totalitários e imperialistas. Enquanto a velha ordem não se decida a evoluir com o espírito do homem e da humanidade, haverá comoções sociais e revoluções violentas. É necessário que a velha ordem reconheça que deve promover a evolução da religião e da sociedade e, com elas, todas as estruturas materiais e espirituais.

Enquanto existir um organismo mundial que pretenda representar a verdade divina, os valores religiosos e filosóficos do Espiritismo serão considerados ilegais, errôneos e inspirados pelo demônio. A massa de crentes, educada e conduzida por esse organismo eclesiástico mundial, como é lógico, levá-lo-á mais em conta do que a palavra dos que divulgam as verdades espíritas. Dir-se-á o contrário de tudo quanto o Espiritismo é e representa. Dir-se-á que os espíritas conversam com os mortos e que este ato é herético e sacrílego, já que para a Igreja os mortos são intocáveis, pertencem-lhe e são de sua absoluta incumbência. E a massa de crentes acreditará antes em seus pastores religiosos do que nos espíritas, no que respeita à verdadeira situação que ocupam os mortos na vida do mais além.

A Igreja e os agora denominados “irmãos separados” (3) sabem impressionar bem os seus fiéis no que se refere aos mortos. Para eles são seres totalmente distanciados da Terra e recolhidos alhures, na ultratumba. Daí este conceito carente de toda base filosófica: “os mortos não falam nem se comunicam com os vivos” o que é arma indispensável na prédica antiespírita que realizam. Argumentam, ante os fiéis, que os mortos só podem comunicar-se com os vivos no seio da Igreja, pois que fora dela, não têm nenhuma relação com o homem como indivíduo, nem com a sociedade como instituição histórica e espiritual. E, desta forma, o Espiritismo é apresentado como “coisa repugnante” ante os que vivem mental e espiritualmente dentro da velha ordem, supondo que não passa de necromancia praticada por pessoas alienadas e cultores da magia negra.

Eis aqui, pois, onde se situa a origem da resistência que o Espiritismo encontra na cultura contemporânea. Mas não nos esqueçamos de que toda “cultura” só merece aprovação quando não diverge do dogma e da sociedade presente. E também assim ocorre relativamente à democracia: esta é apenas “democrática” quando as liberdades que outorga não afetam o dogma e os interesses do sociedade. Mas, nem bem as liberdades concedidas denunciam os fenômenos contraditórios da ordem imperante, a democracia retira a livre expressão de pensamento por considerá-la atentatória à estabilidade social e religiosa. E passa, então, a ser julgada comunista.

Mas, por que o Espiritismo, como movimento social, goza da liberdade em quase todos os países de caráter cristão? A resposta é fácil: o Espiritismo é tolerado em sua ação porque tende a aliviar a situação das massas trabalhadoras que os referidos países cristãos não se decidem solucionar. Pois, enquanto o Espiritismo secunda o Estado nesta tarefa de auxiliar aos indigentes e trabalhadores, mas sem entrar na análise da origem da miséria social, será bem visto, especialmente nos países chamados subdesenvolvidos. Entretanto, nem bem o Espiritismo inicie uma investigação de visu (4) no que respeita à origem da pobreza e da miséria que sofrem os povos, reclamando uma solução ante tão pavoroso problema, e a ideia espírita passará a ser perseguida, proibida e até mesmo qualificada de comunista. Pois que, ao fazer uma análise dos fenômenos sociais, bem como a do homem e do pauperismo em todos os aspectos, o Espiritismo se colocaria contra o dogma e a sociedade. Se duvidarmos, recordemos o episódio da crucificação de Jesus.

Tenha-se presente que a ideia espírita forma no homem uma nova mentalidade, por meio da mais pura essência cristã da verdade e da justiça. Se bem que seja certo que a escola espírita ensina a tolerância, isto não impede que o homem espírita faça uso do sentido crítico no que respeita ao curso normal ou anormal da evolução e do progresso. E, este sentido crítico, não obstante a prática da tolerância, é o que impulsionará o espírita a refletir sobre os diversos fatos sociais e espirituais, para verificar que fatores favorecem ou não seu desenvolvimento.

De maneira que as condições unilaterais que caracterizam a ordem atual não são as mais adequadas para o conhecimento da verdade, nem para um normal desenvolvimento da evolução e do progresso. Enquanto a cultura contemporânea só considerar como direitos sociais o conhecimento oficial, isto é, o que respeita ao dogma e sociedade antigos, a ideia espírita deverá desenvolver-se à margem da cultura do Estado, pois que, em caso de ser adotada pela Universidade como verdade real e demonstrada, seria recusada e rechaçada pelos interesses do dogma e da sociedade atuais, cujas bases se consideram as únicas reais e válidas.

Não obstante, por que motivo o mundo está em plena comoção espiritual e social? Assim se encontra porque o processo histórico da evolução não pode ser detido pelos interesses terrenos de classes e castas que se arremetem obstinadamente contra a lei do progresso. E o que deveria realizar-se, sobre a base da compreensão e da paz, se realiza por meio de ásperas lutas, entre o passado e o futuro. A cultura oficial, o “realismo católico” e o “realismo socialista”, bem como o “realismo oficial” combatem o Espiritismo e isto tendo em vista a nova dimensão que ele descobre no Ser, na História e no Universo.

Tanto para o “materialismo ateu” como para o “espiritualismo eclesiástico”, o Espiritismo não é uma verdade, já que sua visão difere tanto de um como de outro. E porque não enxergamos como “materialistas ateus” e “espiritualistas dogmáticos”, ambos se unem na negação dos princípios espíritas. Pois tanto em um como em outro setor existe uma mentalidade de classe social que vê neles fatores inadequados para a manutenção de suas respectivas posições ideológicas. Daí, pois, que o Espiritismo, através de seu movimento, deveria organizar-se mediante a união internacional dos espíritas, sobre a base dos postulados kardecistas. Esta união internacional lhe daria um poder espiritual e social, com o que se lhe abriria espaço para caminhar por entre a cultura contemporânea, cujo único interesse consiste em manter de pé o dogma e a sociedade presentes.

Visto que o Espiritismo, por ser a verdade, não se mescla com nenhuma doutrina de nosso tempo; sua visão do mundo é completamente distinta tanto do capitalismo e do comunismo quanto do catolicismo, uma vez que cria um novo tipo humano, isto é, o Novo Homem, sobre a base firme da evolução, a qual dará nascimento ao mesmo tempo a uma nova ordem social onde o amor e a verdade, cristãos, serão seus mais sólidos alicerces.

Buenos Aires, abril de 1968.

NOTAS

(1) O mesmo que ancilose: falta de movimento em alguma articulação, rigidez de ideias.
(2) “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec. Comentário à questão 783.
(3) “Irmãos Separados” é uma frase usada pelos católicos para se referirem aos cristãos adeptos das igrejas reformadas ou protestantes.
(4) “De visu” é uma expressão latina que significa “de vista”. Aplica-se à pessoa que presenciou o fato, à testemunha ocular, denominada testemunha “de visu”.

Fonte: RIE - Revista Internacional de Espiritismo, Matão-SP.

Humberto Mariotti (1905-1982), poeta, escritor, jornalista, conferencista e intelectual espírita argentino. Presidiu a Confederação Espírita Argentina em 1935/1937 e 1963/1967. Esteve, junto com Manuel S. Porteiro, no Congresso Espírita Internacional de Barcelona (1934). Foi também vice-presidente da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA) em duas gestões. Escreveu, dentre outras obras: Dialéctica y Metapsíquica; Parapsicologia y Materialismo Histórico; El Alma de los Animales a Luz de la Filosofia Espírita; En Torno al Pensamiento Filosofico de J. Herculano Pires; Victor Hugo, el Poeta del Más Allá.

Retirado do site PENSE - http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1299.html

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ESE - Fora Da Igreja Não Há Salvação – Fora Da Caridade Não Há Salvação

Enquanto a máxima "Fora da caridade não há salvação" assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma "Fora da Igreja não há salvação" se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém numa fé especial, em dogmas particulares; é exclusivo e absoluto.

Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos que reciprocamente se consideram malditos na eternidade, embora sejam parentes e amigos esses sectários.

Desprezando a grande lei de igualdade perante o túmulo, ele os afasta uns dos outros, até no campo do repouso.

A máxima "Fora da caridade não há salvação" consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência.

Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros.

Com o dogma "Fora da Igreja não há salvação", anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

"Fora da verdade não há salvação" equivaleria ao "Fora da Igreja não há salvação" e seria igualmente exclusivo, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade.

Que homem se pode vangloriar de a possuir integral, quando o âmbito dos conhecimentos incessantemente se alarga e todos os dias se retificam as idéias?

A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo.

Ela somente pode aspirar a uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento.

Se Deus houvera feito da posse da verdade absoluta condição expressa da felicidade futura, teria proferido uma sentença de proscrição geral, ao passo que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, podem todos praticá-la.

O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: "Fora do Espiritismo não há salvação"; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: "Fora da verdade não há salvação", pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos.

Fonte:
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo XV
Fora da caridade não há salvação

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Dogma da Santíssima Trindade

Por Francinaldo Rafael

O termo dogma diz respeito ao conjunto de princípios fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa. Analisando as inovações e dogmas romanos, o Espírito Emmanuel (que em uma de suas reencarnações fora o padre Manoel de Nóbrega) afirma que a doutrina de Jesus, permanecendo encarcerada na cidade dos Césares pelo poder humano e passando por diversas reformas, perdeu a simplicidade encantadora das suas origens, transformando-se num edifício de pomposas superficialidades. Após a instituição do culto dos santos, surgiram imediatamente as primeiras experiências de altares e paramentos para as cerimônias eclesiásticas. Depois vieram os pontífices, o latim nos rituais, o culto das imagens, a adoração da hóstia, o celibato sacerdotal. Atualmente, grande parte das instituições são de origem humana, fora de quaisquer características divinas. Dentre os dogmas impostos, está o da trindade.

Apesar de alguns mais fanáticos afirmarem, a trindade não é bíblica. Não existe nos conceitos originais da Bíblia, Pai, Filho e Espírito Santo, em passagem nenhuma. O conceito sobre Jesus-Deus foi apresentado na ocasião do primeiro Concílio de Nicéia, quando os cristãos da época determinaram que Jesus era igual a Deus. No segundo Concílio, no ano de 381, confirmou-se a formulação definitiva do dogma da Santíssima Trindade, uma adaptação da Trimúrti da antiguidade oriental, que reunia nas doutrinas do bramanismo três deuses: Brama, Shiva e Vishnu. Para os cristãos católicos ficou a conceituação Deus-pai, Deus-filho e Deus-Espírito Santo.

Uma análise mais detalhada nas informações de Jesus citadas nos evangelhos, esse dogma cai por terra. O Mestre sempre afirmava que não era Deus. “Eu sou o filho do Homem“; “Eu venho em nome dAquele que me enviou“; “Eu sou o caminho da verdade e da vida“; “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, credes em mim também“. Antes da desencarnação exclamou em voz alta: “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito“. Quando ressurgiu para Maria de Magdala, que tentou abraçá-lo, falou: “Não me toques, mulher, porque ainda não estive com o meu Pai.” Preparando sua partida da Terra: “… E em seguida vou para Aquele que me enviou“. Algumas pessoas confundem seu enunciado “Eu e o Pai somos um” como sendo a mesma pessoa. A realidade é a Sua identificação com Deus e que Seus atos eram confirmados pelo Pai Divino.

Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, questionando aos Espíritos Superiores qual o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir de modelo e guia, obteve a resposta clara: Jesus. Mergulhando-se nos fatos, percebe-se claramente que Deus é o Pai, o Criador, a Causa primária de todas as coisas. Jesus é um de seus filhos, um entre os Espíritos Superiores do Universo. Com isso, Sua grandeza não diminui. Conquistou todos os degraus na escala da evolução e atingiu a condição de Espírito Puro.

Fonte: Jornal O Mossoroense