sábado, 7 de novembro de 2009

Cuidar do Corpo e do Espírito

Por Rita Foelker

Espírito e matéria têm sido considerado elementos opostos, antagônicos, inconciliáveis, por muitas doutrinas.

Geralmente se pensa que é preciso rebaixar a matéria para elevar o Espírito ou, vice-versa, que quando se dá importância para a matéria, o lado espiritual fica prejudicado.

Na questão 721 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec pergunta se é meritória a vida de mortificações do ascetismo e, qual a resposta? Perguntai a quem ela aproveita e tereis a resposta. (...) Submeter-se às privações no trabalho pelos outros é a verdadeira mortificação, de acordo com a caridade cristã.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO nos diz: Contentai-vos com as provas que Deus vos envia, e não aumenteis sua carga, às vezes, tão pesada; aceitá-las sem lamentações e com fé, é tudo que ele vos pede. (Cap. V, Item 26). E nos diz: Amai, pois, vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma.(Cap. XVII, Item 11)

Para o Espiritismo, não há conflito entre a matéria e o espírito: há convivência harmônica e necessária. Para ele, Deus, espírito e matéria são o princípio de tudo o que existe. O Espírito necessita da matéria para a sua evolução. Ambos são importantes e insubstituíveis.

A matéria que constitui o nosso corpo, ou a que forma os chamados bens materiais, é uma criação divina para nosso aprendizado. Tanto ela é útil, que a riqueza e a pobreza são provas pelas quais o Espírito costuma passar, e cada qual encerra lições distintas e preciosas.

As coisas materiais podem ser boas e úteis. O erro está em supervalorizá-las.

O problema aparece quando se busca a felicidade unicamente na satisfação da sensualidade e nos prazeres materiais, perecíveis, finitos, esquecendo-se de que a vida do Espírito é a verdadeira vida.

Aliás, este é um péssimo costume de nossa sociedade, o de valorizar mais as coisas que as pessoas. Ou valorizar as pessoas a partir das coisas que ostentam.

Porém, não é castigando nosso corpo ou nos despojando dos bens materiais que resolveremos este problema.

O essencial é ter equilíbrio. Dar a cada coisa o seu devido valor. Porque nos momentos de desequilíbrio, perde-se facilmente a noção do verdadeiro valor das coisas e das pessoas.

A melhor comparação que encontrei, até hoje, para ilustrar este equilíbrio, este bom senso em lidar com o mundo da matéria, é de Humberto Rohden, em "O Espírito da Filosofia Oriental" (Ed. Alvorada)

No Oriente, o mundo material é chamado de Maya. Diz Rohden: Para o profano, é Maya uma Circe sedutora, que o desvia de Deus; - para o iniciado, é ela uma Beatriz que conduz o homem a Deus. Para aquele, é o mundo uma espécie de parede opaca que oculta ao homem a Divindade: para este, é um límpido cristal, plenamente transparente, que polariza numa lente a luz dispersa, um prisma que refrange em beleza multicolor a luz incolor da Verdade absoluta.

Deus criou um Universo de beleza e abundância. Não o fez à toa, ou simplesmente para nos experimentar. É que esta beleza e esta abundância também expressam Sua infinita bondade para com Suas criaturas.

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