sábado, 13 de agosto de 2011

O Espiritismo não morreu com Kardec

Por NEFCA*

O Espiritismo não morreu com Kardec...mas, também, não prosseguiu no Brasil após ele...

Para compreender esta acepção é necessário um pensamento simples: o de que o Espiritismo foi concebido como ciência e como filosofia. E como ciência e filosofia, ele possui método.

A ciência é algo que deve ser permanentemente exercitada. No conceito cientifico se pesquisa, se investiga, se afere, se confere. Uma informação qualquer em uma ciência somente é válida após extensos testes e verificações para avaliação da verdade. Se é assim com toda ciência, não seria diferente com o Espiritismo. Qualquer informação, para ser considerada válida no Espiritsmo, necessita ser AFERIDA. E para aferir, Kardec estabeleceu um método, que, por todos os critérios possíveis, ainda é o melhor - mesmo porque não existe e ninguém inventou nenhum outro: o CUEE- Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos.

Sem o CUEE, sem essa confirmação, sem aferição, não podemos dizer que uma informação é verdadeira. O problema no Brasil em especifico - e agora se alastrando pelo resto do mundo - é que muita gente abdicou da verdade, pois não se preocupa em aceitar qualquer informação sem essa confirmação. Leva-se em conta as emoções do momento e a "fama" de um ou outro autor.

Contudo, qualquer pessoa sabe que uma ciência só avança quando seus axiomas são provados. Como o método de aferição do Espiritismo não é aplicado no Brasil e ainda como os avanços cientificos de outras áreas são ignorados pela maioria dos espiritas, então, no Brasil, o Espiritismo parou. E parou em um período paradoxalmente ANTERIOR a Kardec - dentro do religiosismo cego que aceita tudo sem questionar.

Já o aspecto filosófico deve ser sempre exercitado, estimulado. O pensamento, o modo de pensar espírita deve extrapolar nas áreas de comportamento humano visando o beneficio moral individual - e consequentemente coletivo (já que o coletivo começa no individuo). Infelizmente, se abdicou disso também no Brasil.

O exercicio da filosofia no meio espirita brasileiro se limita a reprodução de textos de autores famosos, de citações do Evangelho Segundo o Espiritismo. E quando se pensa que ele parte para alavancar novos horizontes, começam as digressões que fogem de qualquer lógica prevista na codificação e mesmo no bom senso, resultando em obras que mais se parecem com livros de auto-ajuda.

Então, filosoficamente também o Espiritismo no Brasil se estagnou nas exigências de um mercado editorial comercial ávido por "mensagens bonitas", mas nulas de conteudo doutrinário e real.

Quando alguém afirma que algumas pessoas defendem a codificação e que isso paralisa o Espiritismo, pratica a falácia de que é justamente a codificação que nos incita à avançar. E é um real avanço, pois se baseia na BUSCA PELA VERDADE.

O espírita deve, segundo a codificação, investigar, pesquisar, raciocinar, inquirir, ir campo, divulgar corretamente e não permitir de forma nenhuma que inverdades prevaleçam. Que avanço seria esse defendido por grupos majoritários que se baseia em coisas que não se podem comprovar nem mesmo pelo método do CUEE ou pela ciência? Onde há avanço na falta de verificação das informações?

Onde há avanço no fanatismo cego que leva a maior parte do movimento espirita a abandonar exatamente o texto que nos pede para buscar a verdade, em troca de seguir fascinadamente um ou outro autor individual, que supostamente psicografa livros também de um único espírito?

Onde existe a verdade sem aferição?

E fica a grande dúvida - qual é a grande resistência à se verificar se uma informação é verdadeira ou não? Qual o grande motivo que impele pessoas a aceitarem coisas sem questionarem, apenas levando em conta nomes de autores famosos e que jamais buscaram essa mesma verdade?

O Espiritismo não morreu com Kardec. O Espiritismo está vivo. Mais vivo nos corações de todos aqueles que o levam a sério e que buscam o que é certo e correto. Foi para isso que nasceu a codificação espírita.

*NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas

Um comentário:

  1. Perfeita análise, sem dúvida. Mas o movimento espírita parece fazer questão de enterrar a doutrina numa cova rasa. Se não, vejamos: Uma das maiores patuscadas que se tem notícia na história do Espiritismo virou livro. Faz tempo, desde as crianças índigos, que não vejo bobagem tão grande. Começou num jornal, foi espalhado feito doença em um e-mail e agora sairá em livro: O fim do mundo por Chico Xavier!
    Escrevi sobre isso em meu blog e convido todos à leitura: http://noticiasespiritas.blogspot.com/2011/08/e-patuscada-virou-livro.html

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