segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reencarnação como processo educativo

Por Ricardo Malta

A reencarnação, ao contrário do que vulgarmente se propaga, não é um processo punitivo. È, em verdade, um sistema educativo de evolução espiritual, regulado por Leis que foram instituídas por Deus. Portanto, o Espírito não retorna ao corpo físico no intuito de sofrer punições, a sua volta à vestimenta carnal faz parte da pedagogia divina.

A própria expiação, que o leigo confunde com punição, é na realidade o resultado da Lei de Causa e Efeito. Para melhor entender essa dinâmica, devemos nos utilizar de uma analogia: suponhamos que um adolescente, em virtude de sua desídia nos estudos (causa), se vê obrigado a repetir o ano escolar (efeito). Neste caso, podemos dizer que o colégio estará aplicando uma punição ao aluno? Não. Enquanto o estudante não atingir as metas estabelecidas pela instituição de ensino, ele jamais poderá progredir para o período ulterior. Não se trata de uma punição, mas faz parte de um processo pedagógico. Nesta situação especifica, só podemos culpar o próprio aluno pelo seu fracasso.

De modo semelhante, guardadas suas devidas proporções, ocorrem com as expiações. Deus não pune, Ele institui Leis que regulam o universo, cabendo ao transgressor arcar com a responsabilidade de suas ações.

Todavia, devemos ressaltar que reencarnação não é sinônimo de expiação. Mesmo não havendo faltas a serem reparadas, o Espírito poderá retornar ao educandário terrestre no intuito de auferir novos conhecimentos no campo intelecto-moral ou, em se tratando de Espíritos de escol, com o fim especifico de desempenhar tarefas que auxiliem no desenvolvimento evolutivo da humanidade. Portanto, além da expiação, podemos estabelecer que a reencarnação tem por objetivo o melhoramento progressivo da Humanidade. (L.E, q.167)

Contudo, mesmo não sendo conditio sine qua non para o processo de reencarnação, a expiação constitui um fator quase que unanimidade entre os Espíritos encarnados, isso se explica pela baixa condição evolutiva dos habitantes do orbe terrestre. Desta forma, havendo transgressões da legislação divina, de acordo com o mestre nazareno, de maneira nenhuma sairás dali [do orbe terrestre] enquanto não pagares o último ceitil (Mateus 5:26), ou seja, o infrator deverá retornar à esfera carnal até que restabeleça o equilíbrio natural das coisas, isto é, até que repare os seu erros de outrora.

A doutrina da reencarnação não é peculiar ao nosso tempo, trata-se de um ensinamento milenar, dos filósofos, das mais diversas culturas e tradições. Não faz parte de um dogma religioso, mas de uma Lei natural. Revela-se como a forma mais pura, lógica e coerente das verdades espirituais. Infelizmente, devido a influência de um sistema religioso medieval, comum as seitas dogmáticas ocidentais, o crente simplista não consegue se desassociar da idéia teológica da existência una subordinada ao salvacionismo gratuito. São, por sinal, esses mesmos grupos que, dogmatizados e fanatizados pela teologia dos castigos divinos e das penas eternas, buscam infiltrar, por ignorância ou má-fé, a falsa idéia de que a reencarnação é um processo de punição.

No que tange a ultrapassada concepção de Céu e Inferno, assinala Gabriel Delanne:

As antigas concepções do Céu e do Inferno caducaram, porque não mais se compreende a eternidade do sofrimento como punição de uma existência, que, em relação à imensidade do tempo, é menos de um segundo, assim como não se concebe a felicidade ociosa e beata, cuja monotonia seria um verdadeiro suplício.

Isso sim é punição! Como o erro cometido durante uma existência efêmera poderá acarretar a desproporcionalidade de uma penalidade eterna? Ilógico. Até mesmo o suposto Céu que, segundo a teologia igrejeira, deveria ser um lugar de alegria, torna-se um suplicio de ociosidade. A sã razão nos diz que a vida do Espírito é trabalho e progresso incessante!

Qual a filosofia espiritualista ou religião que consegue explicar racionalmente, pela teologia da existência única, por exemplo, as desigualdades sociais, as desigualdades de aptidões, a existência de crianças que já nascem com deficiências físicas e mentais, o motivo da dor e do sofrimento, a morte de um nascituro ou de criança de tenra idade, etc.? Nenhuma delas é capaz de responder essas e outras complexidades da vida humana. Só existe justiça divina com a reencarnação!

A respeito da moral Paligenésica, elucida, com razão, o metapsiquista Gustave Geley:

Se, no decurso da sua evolução, na série das suas vidas sucessivas, o ser é o produto de suas próprias ações e reações, segue-se que a sua inteligência, o seu caráter, as suas faculdades, os seus bons ou maus instintos são obra sua e cujas conseqüências terá de sofrer, infalivelmente.

Todos os seus atos, trabalhos, esforços, angústias, alegrias e sofrimentos, erros e culpas têm repercussão fatal e reação inevitável, numa ou noutra de suas existências.

Assim, não há qualquer necessidade de julgamento divino, nem de sanções sobrenaturais.


Muito longe de ser uma punição, é a doutrina das vidas sucessivas uma prova da misericórdia, da justiça e da bondade divina. As possibilidades se ampliam ao infinito, não existem deserdados ou abandonados às penas eternas, todos nós estamos subordinados ao determinismo do progresso, nada é por acaso, todo efeito tem uma causa de origem atual ou remota. Essa é a síntese da pedagogia divina.

3 comentários:

  1. Realmente, é o axioma de "Causa e Efeito" que conduz à compreensão da Justiça Divina, quando nos liberta da Lei de Talião do "olho por olho, dente por dente", e nos emancipa da condição de meros "fantoches" de uma divindade temperamental,vingativa e violenta, ou de coitadinhos vítimas do "destino cruel". Além da situação cômoda daquele que aposta que será salvo porque alguém deu a vida por ele, no caso Jesus! Artigo esclarecedor. Parabéns.

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  2. Análise muito boa!
    Fácil leitura e muito explicativo!

    Aguardo mais textos deste novo autor.

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  3. Estamos na Terra para evoluir, podemos escolher o caminho mais rápido e mais difícil para nós em vida: a porta estreita que Cristo deixou, cumprir os mandamentos que Cristo deixou, ou podemos escolher o caminho mais árduo, mais demorado, que é o após a morte, através da reencarnação. Enfim, o lívre arbítrio.

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