sexta-feira, 20 de maio de 2011

Origem da crença nos demônios

Por Allan Kardec

1. - Em todos os tempos os demônios representaram papel saliente nas diversas teogonias, e, posto que consideravelmente decaídos no conceito geral, a importância que se lhes atribui, ainda hoje, dá à questão uma tal ou qual gravidade, por tocar o fundo mesmo das crenças religiosas. Eis por que útil se torna examiná-la, com os desenvolvimentos que comporta.

A crença num poder superior é instintiva no homem. Encontramo-la, sob diferentes formas, em todas as idades do mundo. Mas, se hoje, dado o grau de cultura atingido, ainda se discute sobre a natureza e atributos desse poder, calcule-se que noções teria o homem a respeito, na infância da Humanidade.

2. - Como prova da sua inocência, o quadro dos homens primitivos extasiados ante a Natureza e admirando nela a bondade do Criador é, sem dúvida, muito poético, mas pouco real. De fato, quanto mais se aproxima do primitivo estado, mais o homem se escraviza ao instinto, como se verifica ainda hoje nos povos bárbaros e selvagens contemporâneos; o que mais o preocupa, ou, antes, o que exclusivamente o preocupa é a satisfação das necessidades materiais, mesmo porque não tem outras.

O único sentido que pode torná-lo acessível aos gozos puramente morais não se desenvolve senão gradual e morosamente; a alma tem também a sua infância, a sua adolescência e virilidade como o corpo humano; mas para compreender o abstrato, quantas evoluções não tem ela de experimentar na Humanidade! Por quantas existências não deve ela passar!

Sem nos remontarmos aos tempos primitivos, olhemos em torno a gente do campo e perscrutemos os sentimentos de admiração que nela despertam o esplendor do Sol nascente, do firmamento a estrelada abóbada, o trino dos pássaros, o murmúrio das ondas claras, o vergel florido dos prados. Para essa gente o Sol nasce por hábito, e uma vez que desprende o necessário calor para sazonar as searas, não tanto que as creste, está realizado tudo o que ela almejava; olha o céu para saber se bom ou mau tempo sobrevirá; que cantem ou não as aves, tanto se lhe dá, desde que não desbastem da seara os grãos; prefere às melodias do rouxinol, o cacarejar da galinhada e o grunhido dos porcos; o que deseja dos regatos cristalinos, ou lodosos, é que não sequem nem inundem; dos prados, que produzam boa erva, com ou sem flores.

Eis aí tudo o que essa gente almeja, ou, o que é mais, tudo o que da Natureza apreende, conquanto muito distanciada já dos primitivos homens.

3. - Se nos remontarmos a estes últimos, então, surpreendê-los-emos mais exclusivamente preocupados com a satisfação de necessidades materiais, resumindo o bem e o mal neste mundo somente no que concerne à satisfação ou prejuízo dessas necessidades.

Acreditando num poder extra-humano e porque o prejuízo material é sempre o que mais de perto lhes importa, atribuem-no a esse poder, do qual fazem, aliás, uma idéia muito vaga. E por nada conceberem fora do mundo visível e tangível, tal poder se lhes afigura identificado nos seres e coisas que os prejudicam.

Os animais nocivos não passam para eles de representantes naturais e diretos desse poder. Pela mesma razão, vêem nas coisas úteis a personificação do bem: dai, o culto votado a certas plantas e mesmo a objetos inanimados.

Mas o homem é comumente mais sensível ao mal que ao bem; este lhe parece temor suplanta o reconhecimento.

Durante muito tempo o homem não compreendeu senão o bem e o mal físicos; os sentimentos morais só mais tarde marcaram o progresso da inteligência humana, fazendo-lhe entrever na espiritualidade um poder extra-humano fora do mundo visível e das coisas materiais. Esta obra foi, seguramente, realizada por inteligências de escol, mas que não puderam exceder certos limites.

4. - Provada e patente a luta entre o bem e o mal, triunfante este muitas vezes sobre aquele, e não se podendo racionalmente admitir que o mal derivasse de um benéfico poder, concluiu-se pela existência de dois poderes rivais no governo do mundo. Daí nasceu a doutrina dos dois princípios, aliás lógica numa época em que o homem se encontrava incapaz de, raciocinando, penetrar a essência do Ser Supremo.

Como compreenderia, então, que o mal não passa de estado transitório do qual pode emanar o bem, conduzindo-o à felicidade pelo sofrimento e auxiliando-lhe o progresso? Os limites do seu horizonte moral, nada lhe permitindo ver para além do seu presente, no passado como no futuro, também não lhe permitia compreender que já houvesse progredido, que progrediria ainda individualmente, e muito menos que as vicissitudes da vida resultavam das imperfeições do ser espiritual nele residente, o qual preexiste e sobrevive ao corpo, na dependência de uma série de existências purificadoras até atingir a perfeição.

Para compreender como do mal pode resultar o bem é preciso considerar não uma, porém, muitas existências; é necessário apreender o conjunto do qual - e só do qual - resultam nítidas as causas e respectivos efeitos.

5. - O duplo princípio do bem e do mal foi, durante muitos séculos, e sob vários nomes, a base de todas as crenças religiosas. Vemo-lo assim sintetizado em Oromase e Arimane entre os persas, em Jeová e Satã entre os hebreus. Todavia, como todo soberano deve ter ministros, as religiões geralmente admitiram potências secundárias, ou bons e maus gênios. Os pagãos fizeram deles individualidades com a denominação genérica de deuses e deram-lhes atribuições especiais para o bem e para o mal, para os vícios e para as virtudes. Os cristãos e os muçulmanos herdaram dos hebreus os anjos e os demônios.

6. - A doutrina dos demônios tem, por conseguinte, origem na antiga crença dos dois princípios. Compete-nos examiná-la aqui tão-somente no ponto de vista cristão para ver se está de acordo com as noções mais exatas que possuímos hoje, dos atributos da Divindade.

Esses atributos são o ponto de partida, a base de todas as doutrinas religiosas; os dogmas, o culto, as cerimônias, os usos e a moral, tudo é relativo à idéia mais ou menos justa, mais ou menos elevada que se forma de Deus, desde o fetichismo até o Cristianismo. Se a essência de Deus continua a ser um mistério para as nossas inteligências, compreendemo-la no entanto melhor que nunca, mercê dos ensinamentos do Cristo. O Cristianismo racionalmente ensina-nos que: Deus é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições.

Foi por isso que algures dissemos - (1ª Parte cap. VI, "Doutrina das penas eternas") "Se se tirasse a menor parcela de um só dos seus atributos, não haveria mais Deus, por isso que poderia coexistir um ser mais perfeito." Estes atributos, na sua plenitude absoluta, são, pois, o critério de todas as religiões, estalão da verdade de cada um dos princípios que ensinam. E para que qualquer desses princípios seja verdadeiro, preciso é que não encerre um atentado às divinas perfeições. Vejamos se assim é, de fato, na doutrina vulgar dos demônios.

Os demônios segundo a Igreja

7 . Satanás, o chefe ou o rei dos demônios, não é, segundo a Igreja, uma personificação alegórica do mal, mas uma entidade real, praticando exclusivamente o mal, enquanto que Deus pratica exclusivamente o bem.

Tomemo-lo, pois, tal qual no-lo representam. Satanás existe de toda a eternidade, como Deus, ou ser-lhe-á posterior? Existindo de toda a eternidade é incriado, e, por conseqüência, igual a Deus. Este Deus, por sua vez, deixará de ser único, pois haverá um deus do mal. Mas se lhe for posterior? Neste caso passa a ser uma criatura de Deus. Como tal, só praticando o mal por incapaz de fazer o bem e tampouco de arrepender-se, Deus teria criado um ser votado exclusiva e eternamente ao mal. Não sendo o mal obra de Deus, seria contudo de uma das suas criaturas, e nem por isso deixava Deus de ser o autor, deixando igualmente de ser profundamente bom. O mesmo se dá, exatamente, em relação aos seres maus chamados demônios.

8. - Tal foi, por muito tempo, a crença neste sentido. Hoje dizem (1): "Deus, que é a bondade e santidade por excelência, não os havia criado perversos e maus. A mão paternal que se apraz imprimir em todas as suas obras o cunho de infinitas perfeições, cumulara-os de magníficos predicados. As qualidades eminentíssimas de sua natureza, juntara as liberalidades da sua graça; em tudo os fizera iguais aos Espíritos sublimes de glória e felicidade; subdivididos por todas as suas ordens e adstritos a todas as classes, eles tinham o mesmo fim e idênticos destinos. Foi seu chefe o mais belo dos arcanjos. Eles poderiam até ter alcançado a confirmação de justos para todo o sempre, e serem admitidos ao gozo da bem-aventurança dos céus. Este último favor, que deverá ser o complemento de todos os outros, constituía o prêmio da sua docilidade, mas dele desmereceram por insensata e audaciosa revolta."

(1) As citações seguintes são extraídas da pastoral de Monsenhor Gousset, cardeal-arcebispo de Reims, para a quaresma de 1865. Atentos ao mérito pessoal e à posição do autor, podemos considerá-las a última expressão da Igreja sobre a doutrina dos demônios.

"Qual foi o escolho da sua perseverança? Que verdade desconheceram? Que ato de adoração, de fé, recusaram a Deus? A Igreja e os anais das santas escrituras não no-lo dizem positivamente, mas certo parece que não aquiesceram à mediação do Filho de Deus, nem à exaltação da natureza humana em Jesus-Cristo."

"O Verbo Divino, criador de todas as coisas, é também o mediador e salvador único, na Terra como no Céu. O fim sobrenatural não foi dado aos anjos e aos homens senão na previsão de sua encarnação e méritos, pois não há proporção alguma entre a obra dos Espíritos eminentes e a recompensa, que é o próprio Deus. Nenhuma criatura poderia alcançar tal fim, sem esta maravilhosa e sublime intervenção da caridade. Ora, para preencher a distância infinita que separa a sua essência das suas obras, preciso fora reunisse à sua pessoa os dois extremos, associando à divindade as naturezas ou do anjo, ou do homem: e preferiu então a natureza humana. Esse plano, concebido de toda eternidade, foi manifestado aos anjos muito antes da sua execução: o Homem-Deus foi-lhes mostrado como Aquele que deveria confirmá-los na graça e guiá-los à glória, sob a condição de o adorarem durante a missão terrestre, e para todo o sempre no céu. Revelação inesperada, arrebatadora visão para corações generosos e gratos, mas - mistério profundo - humilhante para espíritos soberbos! Esse fim sobrenatural, essa glória imensa que lhes propunham não seria unicamente a recompensa de seus méritos pessoais. Nunca poderiam atribuir a si próprios os títulos dessa glória! Uni mediador entre Deus e eles! Que injúria à sua dignidade! E a preferência espontânea pela natureza humana? Que injustiça! que afronta aos seus direitos!"

"E chegarão eles a ver esta Humanidade, que lhes é tão inferior, deificada pela união com o Verbo, sentada à mão direita de Deus em trono resplandecente? Consentirão enfim que ela ofereça a Deus, eternamente, a homenagem da sua adoração?"

"Lúcifer e a terça parte dos anjos sucumbiram a tais pensamentos de inveja e de orgulho. S. Miguel e com ele muitos exclamaram: "Quem é semelhante a Deus? Ele é o dono de seus dons, o soberano Senhor de todas as coisas. Glória a Deus e ao Cordeiro, que tem de ser imolado à salvação do mundo." O chefe dos rebeldes, porém, esquecido de que a Deus devia a sua nobreza e prerrogativas, raiando pela temeridade, disse: "Sou eu quem ao céu subirá; fixarei residência acima dos astros; sentar-me-ei sobre o monte da aliança, nos flancos do Aquilão, dominarei as nuvens mais elevadas e serei semelhante ao Altíssimo." Os que de tais sentimentos partilharam, acolheram essas palavras com murmúrios de aprovação, e partidários houve em todas as hierarquias. A sua multidão, contudo, não os preserva do castigo."

9. - Esta doutrina suscita várias objeções:

1ª - Se Satã e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? Ainda se tivessem logrado uma tal eminência gradualmente, depois de haver percorrido a escala da perfeição, poderíamos conceber um triste retrocesso; não, porém, do modo por que no-los apresentam, isto é, perfeitos de origem.

A conclusão é esta: - Deus quis criar seres perfeitos, porquanto os favorecera com todos os dons, mas enganou-se: logo, segundo a Igreja, Deus não é infalível! (1)

(1) Esta doutrina monstruosa é corroborada por Moisés, quando diz (Gênese, cap. VI, vv. 6 e 7): "Ele se arrependeu de haver criado o homem na Terra e, penetrado da mais intima dor, disse: Exterminarei a criação da face da Terra; exterminarei tudo, desde o homem aos animais, desde os que rastejam sobre a terra até os pássaros do céu, porque me arrependo de os ter criado." Ora, um Deus que se arrepende do que fez não é perfeito nem infalível; portanto, não é Deus. E são estas as palavras que a Igreja proclama! Tampouco se percebe o que poderia haver de comum entre os animais e a perversidade dos homens, para que merecessem tal extermínio.

2ª - Pois que nem a Igreja e nem os sagrados anais explicam a causa da rebelião dos anjos para com Deus e apenas dão como problemática (quase certa) a relutância no reconhecimento da futura missão do Cristo, que valor - perguntamos -que valor pode ter o quadro tão preciso e detalhado da cena então ocorrente? A que fonte recorreram, para inferir se de fato foram pronunciadas palavras tão claras e até simples colóquios? De duas uma: ou a cena é verdadeira ou não é. No primeiro caso, não havendo dúvida alguma, por que a Igreja não resolve a questão? Mas se a Igreja e a História se calam se a coisa apenas parece certa, claro, não passa de hipótese, e acena descritiva é mero fruto da imaginação. (2)

(2) Encontra-se em Isaías, cap. XIV, Vv. 11 e seguintes: "Teu orgulho foi precipitado nos infernos; teu corpo morto baqueou par terra; tua cama verterá podridão, e vermes tua vestimenta. Como caíste do Céu, Lúcifer, tu que parecias tão brilhante ao romper do dia? Como foste arrojado sobre a Terra, tu que ferias as nações com teus golpes; que dizias de coração: Subirei aos céus, estabelecerei meu trono acima dos astros de Deus, sentar-me-ei acima das nuvens mais altas e serei igual ao Altíssimo! E todavia foste precipitado dessa glória no inferno, até o mais fundo dos abismos. Os que te virem, aproximando-se, encarar-te-ão, dizendo: "Será este o homem que turbou a Terra, que aterrou seus remos, que fez do mundo um deserto, que destruiu cidades e reteve acorrentados os que se lhe entregaram prisioneiros?" Estas palavras do profeta não se relerem à revolta dos anjos,' são, sim, uma alusão ao orgulho e à queda do rei de Babilônia, que retinha os judeus em cativeiro, como atestam os últimos versículos. O rei de Babilônia é alegoricamente designado por Lúcifer, mas não se faz aí qualquer menção da cena supra descrita. Essas palavras são do rei que as tinha no coração e se colocava por orgulho acima de Deus, cujo povo escravizara. A profecia da libertação do povo judeu, da rainha de Babilônia e do destroço dos assírios é, ao demais, o assunto exclusivo desse capítulo.

3ª- As palavras atribuídas a Lúcifer revelam uma ignorância admirável num arcanjo que, por sua natureza e grau atingido, não deve participar, quanto à organização do Universo, dos erros e dos prejuízos que os homens têm professado, até serem pela Ciência esclarecidos. Como poderia, então, dizer que fixaria residência acima dos astros, dominando as mais elevadas nuvens?!

É sempre a velha crença da Terra como centro do Universo, do céu como que formado de nuvens estendendo-se às estrelas, e da limitada região destas, que a Astronomia nos mostra disseminadas ao infinito no infinito espaço! Sabendo-se, como hoje se sabe, que as nuvens não se elevam a mais de duas léguas da superfície terráquea, e falando-se em dominá-las por mais alto, referindo-se a montanhas, preciso fora que a observação partisse da Terra, sendo ela, de fato, a morada dos anjos. Dado, porém, ser esta em região superior, inútil fora alçar-se acima das nuvens. Emprestar aos anjos uma linguagem tisnada de ignorância, é confessar que os homens contemporâneos são mais sábios que os anjos. A Igreja tem caminhado sempre erradamente, não levando em conta os progressos da Ciência.

10. - A resposta à primeira objeção acha-se na seguinte passagem:

"A escritura e a tradição denominam céu o lugar no qual se haviam colocado os anjos, no momento da sua criação. Mas esse não era o céu dos céus, o céu da visão beatifica, onde Deus se mostra de face aos seus eleitos, que o contemplam claramente e sem esforço, porque aí não há mais possibilidade nem perigo de pecado; a tentação e a dúvida são aí desconhecidas; a justiça, a paz e a alegria reinam imutáveis, a santidade e a glória imperecíveis. Era, portanto, outra região celeste, uma esfera luminosa e afortunada, essa em que permaneciam tão nobres criaturas favorecidas pelas divinas comunicações, que deveriam receber com fé e humildade até serem admitidas no conhecimento da sua realidade essência do próprio Deus."

Do que precede se infere que os anjos decaídos pertenciam a uma categoria menos elevada e perfeita, não tendo atingido ainda o lugar supremo em que o erro é impossível. Pois seja: mas, então, há manifesta contradição nesta afirmativa: - Deus em tudo os tinha criado semelhantes aos espíritos sublimes que, subdivididos em todas as ordens e adstritos a todas as classes, tinham o mesmo fim e idênticos destinos, e que seu chefe era o mais belo dos arcanjos. Ora, em tudo semelhantes aos outros, não lhes seriam inferiores em natureza; idênticos em categorias, não podiam permanecer em um lugar especial. Intacta subsiste, portanto, a objeção.

11. - E ainda há uma outra que é, certamente, a mais séria e a mais grave.

Dizem: - "Este plano (a intervenção do Cristo), concebido desde toda a eternidade, foi manifestado aos anjos muito antes da sua execução." Deus sabia, portanto, e de toda a eternidade, que os anjos, tanto quanto os homens, teriam necessidade dessa intervenção. Ainda mais: - o Deus onisciente sabia que alguns dentre esses anjos viriam a falir, arcando com a eterna condenação e arrastando a igual sorte uma parte da Humanidade. E assim, de caso pensado, previamente condenava o gênero humano, a sua própria criação. Deste raciocínio não há fugir, porquanto de outro modo teríamos que admitir a inconsciência divina, apregoando a não presciência de Deus. Para nós é impossível identificar uma tal criação com a soberana bondade. Em ambos os casos vemos a negação de atributos, sem a plenitude absoluta dos quais Deus não seria Deus.

12. - Admitindo a falibilidade dos anjos como a dos homens, a punição é conseqüência, aliás justa e natural, da falta; mas se admitirmos concomitantemente a possibilidade do resgate, a regeneração, a graça, após o arrependimento e a expiação, tudo se esclarece e se conforma com a bondade de Deus. Ele sabia que errariam, que seriam punidos, mas sabia igualmente que tal castigo temporário seria um meio de lhes fazer compreender o erro, revertendo alfim em benefício deles. Eis como se explicam as palavras do profeta Ezequiel: - "Deus não quer a morte, porém a salvação do pecador." (1)

(1) Vede 1ª' Parte, cap. VI, nº 25, citação de Ezequiel.

A inutilidade do arrependimento e a impossibilidade de regeneração, isso sim,importaria a negação da divina bondade. Admitida tal hipótese, poder-se-ia mesmo dizer, rigorosa e exatamente, que estes anjos desde a sua criação, visto Deus não poder ignorá-lo, foram votados à perpetuidade do mal, e predestinados a demônios para arrastarem os homens ao mal.

13. - Vejamos agora qual a sorte desses tais anjos e o que fazem:

"Mal apenas se manifestou a revolta na linguagem dos Espíritos, isto é, no arrojo dos seus pensamentos, foram eles banidos da celestial mansão e precipitados no abismo. Por estas palavras entendemos que foram arremessados a um lugar de suplícios no qual sofrem a pena de fogo, conforme o texto do Evangelho, que é a palavra mesma do Salvador. Ide, malditos, ao fogo eterno preparado pelo demônio e seus anjos. S. Pedro expressamente diz: que Deus os prendeu às cadeias e torturas infernais, sem que lá estejam, contudo, perpetuamente, visto como só no fim do mundo serão para sempre enclausurados com os réprobos. Presentemente, Deus ainda permite que ocupem lugar nesta criação, à qual pertencem, na ordem de coisas idênticas à sua existência, nas relações enfim que deviam ter com os homens, e das quais fazem o mais pernicioso abuso. Enquanto uns ficam na tenebrosa morada, servindo de instrumento da justiça divina contra as almas infelizes que seduziram, outros, em número infinito, formam legiões e residem nas camadas inferiores da atmosfera, percorrendo todo o globo. Envolvem-se em tudo que aqui se passa, tomando mesmo parte muito ativa nos acontecimentos terrenos."

Quanto ao que diz respeito às palavras do Cristo sobre o suplício do fogo eterno, já nos explanamos no cap. IV, "O Inferno".

14. - Por esta doutrina, apenas uma parte dos demônios está no inferno; a outra vaga em liberdade, envolvendo-se em tudo que aqui se passa, dando-se ao prazer de praticar o mal e isso até o fim do mundo, cuja época indeterminada não chegará tão cedo, provavelmente. Mas, por que uma tal distinção? Serão estes menos culpados? Certo que não, a menos que se não revezem, como se pode inferir destas palavras: "Enquanto uns ficam na tenebrosa morada, servindo de instrumento da justiça divina contra as almas infelizes que seduziram."

Suas ocupações consistem, pois, em martirizar as almas que seduziram. Assim, não se encarregam de punir faltas livre e voluntariamente cometidas, porém as que eles próprios provocaram. São ao mesmo tempo a causa do erro e o instrumento do castigo; e, coisa singular, que a justiça humana por imperfeita não admitiria - a vitima que sucumbe por fraqueza, em contingências alheias e porventura superiores à sua vontade, é tanto ou mais severamente punida do que o agente provocador que emprega astúcia e artifício, visto como essa vitima, deixando a Terra, vai para o inferno sofrer sem tréguas, nem favor, eternamente, enquanto que o causador da sua primeira falta, o agente provocador, goza de uma tal ou qual dilação e liberdade até o fim do mundo.

Como pode a justiça de Deus ser menos perfeita que a dos homens?

15. - Mas, ainda não é tudo: "Deus permite que ocupem lugar nesta criação, nas relações que com o homem deviam ter e das quais abusam perniciosamente." Deus podia ignorar, no entanto, o abuso que fariam de uma liberdade por ele mesmo concedida? Então, por que a concedeu? Mas nesse caso é com conhecimento de causa que Deus abandona suas criaturas à mercê delas mesmas, sabendo, pela sua onisciência, que vão sucumbir, tendo a sorte dos demônios. Não serão elas de si mesmas bastante fracas para falirem, sem a provocação de um inimigo tanto mais perigoso quanto invisível? Ainda se o castigo fora temporário e o culpado pudesse remir-se pela reparação!... Mas não: a condenação é irrevogável, eterna! Arrependimento, regeneração, lamentos, tudo supérfluo!

Os demônios não passam portanto de agentes provocadores e de antemão destinados a recrutar almas para o inferno, isto com a permissão de Deus, que antevia, ao criar estas almas, a sorte que as aguardava. Que se diria na Terra de um juiz que recorresse a tal expediente para abarrotar prisões? Estranha idéia que nos dão da Divindade, de um Deus cujos atributos essenciais são: - justiça e bondade soberanas!

E dizer-se que é em nome de Jesus, dAquele que só pregou amor, perdão e caridade, que tais doutrinas são ensinadas! Houve um tempo em que tais anomalias passavam despercebidas, porque não eram compreendidas nem sentidas; o homem, curvado ao jugo do despotismo, submetia-se à fé cega, abdicava da razão. Hoje, porém, que a hora da emancipação soou, esse homem compreende a justiça, e, desejando-a tanto na vida quanto na morte, exclama: - Não é, não pode ser tal, ou Deus não fora Deus.

16. - "O castigo segue por toda a parte os seres decaídos: o inferno está neles e com eles: nem paz nem repouso, transformadas em amargores as doçuras da esperança, que se lhes torna odiosa. A mão de Deus desferiu-lhes o castigo no ato mesmo de pecarem, e sua vontade galvanizou-se no mal.

"Tornados perversos, obstinam-se em o ser e sê-lo-ão para sempre.

"São, depois do pecado, o que é o homem depois da morte. A reabilitação dos que caíram torna-se também impossível; a sua perda é, desde então, irreparável, mantendo-se eles no seu orgulho perante Deus, no seu ódio contra o Cristo, na sua inveja contra a Humanidade.

"Não tendo podido apropriar-se da glória celeste pelo desmesurado da sua ambição, esforçam-se por implantar seu império na Terra, banindo dela o reino de Deus. O Verbo encarnado cumpriu, apesar disso, os seus desígnios para salvação e glória da Humanidade. Também por isso procuram por todos os meios promover a perda das almas pelo Cristo resgatadas: o artifício e a importunação, a mentira e a sedução, tudo põem em jogo para arrastá-las ao mal e consumar-lhes a perda.

"E como são infatigáveis e poderosos, a vida do homem com inimigos tais não pode deixar de ser uma luta sem tréguas, do berço ao túmulo.

"Efetivamente esses inimigos são os mesmos que, depois de terem introduzido o mal no mundo, chegaram a cobri-lo com as espessas trevas do erro e do vício; os mesmos que, por longos séculos, se fizeram adorar como deuses e que reinaram em absoluto sobre os povos da antigüidade; os mesmos, enfim, que ainda hoje exercem tirânica influência nas regiões idólatras, fomentando a desordem e o escândalo até no seio das sociedades cristãs. Para compreender todos os recursos de que dispõem ao serviço da malvadez, basta notar que nada perderam das prodigiosas faculdades que são o apanágio da natureza angélica. Certo, o futuro e sobretudo a ordem natural têm mistérios que Deus se reservou e que eles não podem penetrar; mas a sua inteligência é bem superior à nossa, porque percebem de um jacto os efeitos nas causas e vice-versa. Esta percepção permite-lhes predizer acontecimentos futuros que escapam às nossas conjeturas. A distância e variedade dos lugares desaparecem ante a sua agilidade. Mais prontos que o raio, mais rápidos que o pensamento, acham-se quase instantaneamente sobre diversos pontos do globo e podem descrever, a distância, os acontecimentos na mesma hora em que ocorrem.

"As leis pelas quais Deus rege o Universo não lhes são acessíveis, razão por que não podem derrogá-las, e, por conseguinte, predizer ou operar verdadeiros milagres; possuem no entanto a arte de imitar e falsificar, dentro de certos limites, as divinas obras; sabem quais os fenômenos resultantes da combinação dos elementos, predizem com maior ou menor êxito os que sobrevêm naturalmente, assim como os que por si mesmos podem produzir. Daí os numerosos oráculos, os extraordinários vaticínios que sagrados e profanos livros recolheram, baseando e acoroçoando tantas e tantas superstições.

"A sua substância simples e imaterial subtrai-os às nossas vistas; permanecem ao nosso lado sem que os vejamos, interessam-nos a alma sem que nos firam o ouvido. Acreditando obedecer aos nossos pensamentos, estamos no entanto, e muitas vezes, debaixo da sua funesta influência. As nossas disposições, ao contrário, são deles conhecidas pelas impressões que delas transparecem em nós, e atacam-nos ordinariamente pelo lado mais fraco. Para nos seduzirem com mais segurança, costumam servir-se de sugestões e engodos conformes com as nossas inclinações. Modificam a ação segundo as circunstâncias e os traços característicos de cada temperamento. Contudo, suas armas favoritas são a hipocrisia e a mentira."

17. - Afirmam que o castigo os segue por toda parte; que não sabem o que seja paz nem repouso. Esta asserção de modo algum destrói a observação que fizemos quanto ao privilégio dos que estão fora do inferno, e que reputamos tanto menos justificado por isso que podem fazer, e fazem, maior mal. É de crer que esses demônios extra-infernais não sejam tão felizes como os bons anjos, mas não se deverá ter em conta a sua relativa liberdade? Eles não possuirão a felicidade moral que a virtude defere, mas são incontestavelmente mais felizes que os seus comparsas do inferno flamífero. Depois, para o mau, sempre há um certo gozo na prática do mal, de mais a mais livremente. Perguntai ao criminoso o que prefere: se ficar na prisão, ou percorrer livremente os campos, agindo à vontade? Pois o caso é exatamente o mesmo.

Afirmam, outrossim, que o remorso os persegue sem tréguas nem misericórdia, esquecidos de que o remorso é o precursor imediato do arrependimento, quando não é o próprio arrependimento. "Tornados perversos, obstinam-se em o ser, e sê-lo-ão para sempre." Mas desde que se obstinam em ser perversos, é que não têm remorsos; do contrário, ao menor sentimento de pesar, renunciariam ao mal e pediriam perdão. Logo, o remorso não é para eles um castigo.

18. - "São, depois do pecado, o que é o homem depois da morte. A reabilitação dos que caíram torna-se, portanto, impossível."

Donde provém essa impossibilidade? Não se compreende que ela seja a conseqüência de sua similitude com o homem depois da morte, proposição que, ao demais, é muito ambígua.

Acaso provirá da própria vontade dos demônios? Porventura da vontade divina? No primeiro caso a pertinácia denota uma extrema perversidade, um endurecimento absoluto no mal, e nem mesmo se compreende que seres tão profundamente perversos pudessem jamais ter sido anjos de virtude, conservando por tempo indefinido, na convivência destes, todos os traços da sua péssima índole e natureza.

No segundo caso, ainda menos se compreende que Deus inflija como castigo a impossibilidade da reparação, após uma primeira falta. O Evangelho nada diz que com isso se pareça.

19. - "A sua perda é desde então irreparável, mantendo-se eles no seu orgulho perante Deus." E de que lhes serviria não manterem tal orgulho, uma vez que é inútil todo o arrependimento? O bem só poderia interessá-los se eles tivessem uma esperança de reabilitação, fosse qual fosse o seu preço. Assim não acontece, no entanto, e pois se perseveram no mal é porque lhes trancaram a porta da esperança. Mas por que lhes trancaria Deus essa porta? Para se vingar da ofensa decorrente da sua insubmissão. E, assim, para saciar o seu ressentimento contra alguns culpados, Deus prefere não somente vê-los sofrer, mas agravar o mal com mal maior; impelir à perdição eterna toda a Humanidade, quando por um simples ato de demência podia evitar tão grande desastre, aliás previsto de toda a eternidade!

Trata-se, no caso vertente, de um ato de demência, de uma graça pura e simples que pudesse transformar-se em estimulo do mal? Não, trata-se de um perdão condicional, subordinado a uma regeneração sincera e completa. Mas, ao invés de uma palavra de esperança e misericórdia, é como se Deus dissera: "Pereça toda a raça humana antes que minha vingança." E com semelhante doutrina ainda muita gente se admira de que haja incrédulos e ateus! E é assim que Jesus nos representa seu Pai? Ele que nos deu a lei expressa do esquecimento e do perdão das ofensas, que nos manda pagar o mal com o bem, que prescreve o amor dos nossos inimigos como a primeira das virtudes que nos conduzem ao céu, quereria desse modo que os homens fossem melhores, mais justos, mais indulgentes que o próprio Deus?
Os demônios segundo o Espiritismo

20. Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até ao anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

21. - Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que por apatia, negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüências; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento. "Submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para o mesmo, não progridem, ainda assim, contra a vontade." Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio.

Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.

22. - Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias.

E como Deus criou de toda a eternidade, segue-se que de toda a eternidade houve número suficiente para satisfazer às necessidades do governo universal. Deste modo uma só espécie de seres inteligentes, submetida à lei de progresso, satisfaz todos os fins da Criação.

Por fim, a unidade da Criação, aliada à idéia de uma origem comum, tendo o mesmo ponto de partida e trajetória, elevando-se pelo próprio mérito, corresponde melhor à justiça de Deus do que a criação de espécies diferentes, mais ou menos favorecidas de dotes naturais, que seriam outros tantos privilégios.

23. - A doutrina vulgar sobre a natureza dos anjos, dos demônios e das almas, não admitindo a lei do progresso, mas vendo todavia seres de diversos graus, concluiu que seriam produto de outras tantas criações especiais. E assim foi que chegou a fazer de Deus um pai parcial, tudo concedendo a alguns de seus filhos, e a outros impondo o mais rude trabalho. Não admira que por muito tempo os homens achassem justificação para tais preferências, quando eles próprios delas usavam em relação aos filhos, estabelecendo direitos de primogenitura e outros privilégios de nascimento. Podiam tais homens acreditar que andavam mais errados que Deus?

Hoje, porém, alargou-se o circulo das idéias: o homem vê mais claro e tem noções mais precisas de justiça; desejando-a para si e nem sempre encontrando-a na Terra, ele quer pelo menos encontrá-la mais perfeita no Céu.

E aqui está por que lhe repugna à razão toda e qualquer doutrina, na qual não resplenda a Justiça Divina na plenitude integral da sua pureza.

Fonte: O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo

¿Existió André Luiz?

Por Randy

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El famoso y supuesto autor espiritual André Luiz, que dispensa presentaciones, nos es presentado por Francisco Cándido Xavier como un espíritu inferior que, sin más ni menos, el movimiento espirita elevó a la categoría de espíritu puro.

Si, espíritu puro, pues a los espíritus puros es dado saber todo y André Luiz aparenta tener respuestas para todo. Más, solamente bajo su único punto de vista, sin consolidación ninguna con ningún tipo de medida o consolidación.

Y cuando una información no es medida y cuando no hay el menor interés en medirla, estamos obligados, por plena comprensión del contenido del Libro de los Médiums, a cuestionar la propia identidad del espíritu.

No hay pruebas – ningunas- de la identidad del espíritu. Extrañamente, cuando Kardec recopiló la codificación, los espíritus comunicantes hacia cuestión de identificarse - y con nombres que utilizaron encarnados y que eran plenamente conocidos. La lista es grande y extremadamente significativa. Claro que los nombres en si no dicen nada, más el conjunto de informaciones con identidad también auxilian después en la credibilidad de una información, es claro, medida por el CUEE.

Más… Quien era André Luis?... ¿Cuál era su importancia para la historia en la construcción del pensamiento filosófico? ¿Vamos a apelar - su importancia para la construcción del pensamiento cristiano? ¿Qué gran científico habría sido para mejorar la ciencia espirita? ¿Qué lastro intelecto moral poseía él para, aun mismo sin considerar el CUEE, le daría alguien crédito?

No lo sabemos. Lo que sabemos son las extrañas palabras de Waldo Vieira, co-autor de varios libros firmados por André Luiz, en el sentido de que Chico Xavier defraudado comunicaciones. Eso es grave y eso es muy serio. Tenemos aun comprobaciones de plagio de obras científicas en sites de análisis cético. Y tenemos pareceres de científicos destruyendo las fantasiosas teorías científicas de aquel supuesto autor espiritual.

¿Entonces, ese supuesto espíritu, realmente existió?

¿Qué pruebas tenemos de eso? ¿Basta la palabra de UM médium? ¿El mismo acusado de fraude por su pareja?

Surgieron leyendas de que sería un médico brasileño famoso. Hasta fueron pintados cuadros. ¿Más… donde está la comprobación? Si un Erasto llega a un médium y dicta un compendio de gloriosos axiomas científico/morales y dice: soy Erasto, por que el supuesto espíritu más leído del país nunca dijo: ¿Soy fulano?

Vamos a acordarnos de que ese mismo supuesto espíritu, según las propias palabras de su supuesto autor encarnado, acababa de salir del inexistente Umbral. Bien, si salió de allá, era inferior… Al final, aunque sea posible evolucionar en el plano espiritual, la reencarnación es compulsoria para esa evolución. ¿Entonces, un supuesto espíritu salió del Umbral y luego enseguida se vuelve un sabio con millares de seguidores encarnados?

¿De Donde habría salido, entonces, S. Agustín, S. Luis, Erasto?

Y ese mismo supuesto espíritu, salido del Umbral, dicta impiadosamente una nueva doctrina simulando ser Espiritismo y…las personas le siguen??? ¿Entonces, estamos siguiendo a imperfectos y los superiores son dejados a un lado?

Vamos a hacer otras indagaciones, todas sin respuesta:

-¿Por qué Francisco Xavier nunca recibió comunicación de un espíritu de la codificación?

-¿Por qué este mismo autor jamás recibió una sola comunicación de Kardec?

-¿Por qué jamás se leyó a partir de él una única comunicación del Espíritu de Verdad?

-¿Cuáles, de hecho, fueron las comunicaciones de espíritus de hecho superiores recibidos por este autor?

-¿Y por qué, al final de cuentas, las personas en general no intentan responder a esas preguntas sin pasión e idolatría?

¿Quién es entonces André Luiz? ¿Habrá existido? o fue apenas el fruto de animismo de su autor encarnado- acusado de fraude por su socio?

OBS: estamos totalmente abiertos a la contestación de estas ideas, desde que sean debidamente enviadas. Al final, son preguntas. Tal vez nosotros mismos desconocemos respuestas importantes. Vamos a ver… Siempre hay alguien que las responde. Cuando no es aquí**, son las mariquitas de otros lugares que no apartan los ojos de aquí por agitación personal.

*Randy é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut.
** O autor refere-se à citada comunidade do Orkut.

Roustaing crítica duramente Kardec

Por Gélio Lacerda da Silva

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En la edición de “Los Cuatro Evangelios”, de J. B. Roustaing, de 1920, impresa en Portugal, financiada por la Federación Espirita Brasileña, en el 1ª volumen, a lo largo de las 34 páginas (43 a la 76), a titulo de Prefacio, con el subtitulo “Respuesta al artículo de Allan Kardec (Revista, de junio de 1866)”, se lee la manifestación de "J. B. Roustaing, París 1882”, ofendiendo directamente a Kardec.

El aludido artículo de Kardec, publicado en la “Revista Espirita” de junio de 1886 (y no en 1867, como registra el “Prefacio”), a la que responde Roustaing, se refiere a la apreciación de Kardec sobre “Los Cuatro Evangelios” de Roustaing.

En la “Respuesta al artículo de Allan Kardec”, Roustaing manifiesta su inconformidad por Kardec no haber aceptado su obra, inclusive critica acerbamente a Kardec, como veremos en los trechos que siguen transcritos:

“Aplicando nuestro método de critica al artículo de Junio de 1866 ahí vamos a encontrar todo lo que exponemos para la consideración de los lectores a propósito de la introducción del “Evangelio Según el Espiritismo”. Todo está allá: el fondo, la forma, el ostracismo, la infalibilidad. Es la aplicación del sistema preconcebido que se hace a una obra más “bello entierro de primera clase” que se pudiera desear.” Pág. 47

Vea el lector: en cuanto al propio Roustaing reconoce que Kardec promovió el más “bello entierro de primera clase” de sus libros, los dirigentes de la Federación Espirita Brasileña insisten en estas afirmativas no verídicas:

“En su apreciación a la “Revelación de las Revelaciones”, por ocasión del aparecimiento de esta, Kardec dejo en cuarentena solamente la teoría en cuanto al cuerpo de Jesús, y aprobó todo lo demás”. (“("Enlaces doctrinal", Ismael Gómez Braga, tercera edición, FEB, de 1978, pág. 99).

“En ese mismo artículo, Kardec ni aprobó, ni desaprobó la obra de Roustaing;”. (“Introducción al estudio de la Doctrina Espirita”, la edición, FEB, 19466, pág. 149).

“Y si contrariase “El Libro de los Espíritus” (el propio Kardec dijo que no lo contrariaba), yo jamás lo aceptaría”. (Luciano de los Ángeles, en “Abertura”, Santos-Sp, Junio de 92, pág. 06).

Los roustainguistas febeanos intentan, a cualquier precio, engañar la buena fe de los espiritas transcribiendo este trecho de la apreciación de Kardec a “Los Cuatro Evangelios”, donde se tiene la impresión de que Kardec aprobó la obra de Roustaing, por juzgarla:

“considerable y con el mérito de no estar en contradicción, en cualquiera de sus puntos, con la doctrina enseñada en el “Libro de los Espíritus” y en el de los Mediums… (“Introducción al estudio de la Doctrina Espirita”, 1ª edición, FEB, 1946, pág. 149).

Más Kardec, a continuación, explico su declaración por encima, sobre la cual los roustainguistas se omiten por conveniencia (y deslealtad):

“Dijimos que el libro del Sr. Roustaing no se aparta de los principios del Libro de los Espíritus y de el de los Mediums. Nuestras observaciones son hechas sobre la aplicación, de esos mismos principios, a la interpretación de ciertos hechos”. (Revista Espirita”, Allan Kardec, junio/1866, págs. 188/190, EDICEL).

Adoptar principios idénticos a la interpretación de ciertos hechos no significa llegar a las mismas conclusiones.

Y la prueba de eso está en Kardec llegar a diversas conclusiones de las de Roustaing, aun en su crítica a los libros de Roustaing:

“Y así, por ejemplo, que da a Cristo, en vez de un cuerpo carnal, un cuerpo fluídico concretizado, con todas las apariencias de la materialidad y de hecho un agênere… Sin prejuzgar, diremos que ya fueron hechas objeciones serias a esa teoría y que, en nuestra opinión, los hechos pueden perfectamente ser explicados sin salir de las condiciones de la humanidad corporal”. (en “Revista Espirita” antes citada, págs. 88/190).

Y Kardec también acrecienta razones de orden moral en su refutación a la tesis roustanguista ahora comentada. (“La Génesis” Allan Kardec, Cap. XV, nº 66).

En la “Revista Espirita”, junio/1863, EDICEL, pags.163/166, Kardec, en su artículo “Del principio de la no retrogradación del Espíritu”, contesta otra teoría roustanguista de que la encarnación humana solo se da por castigo.

Uno se pregunta: ¿Se elogió la honestidad de Roustaing al reconocer que Kardec promovió el más “bello entierro de primera clase” de su obra o la inteligencia de febeanos roustainguistas afirmaron que Kardec “no fue ni a favor ni en contra…”?

Kardec, en el final de su critica a los tres volúmenes de “Los Cuatro Evangelios” de Roustaing, escribió: “Hallamos que ciertas partes son desarrolladas muy extensamente, sin provecho para la claridad. A nuestro ver, limitándose a lo estrictamente necesario la obra podría haber sido reducida a dos, o aun mismo a un solo volumen y habría ganado popularidad”. La FEB, entretanto, no pensó así y aumento para cuatro volúmenes la edición hecha a sus expensas, en Portugal, y aun acrecentó las treinta y cuatro páginas de la respuesta ofensiva de Roustaing a Kardec.

En su crítica a los libros de Roustaing, el Codificador del Espiritismo declaró que Roustaing resucitó el docetismo, doctrina surgida poco después de la muerte de Jesús, según, según la cual Jesús vivió en la Tierra, aparentemente, no revistiéndose de un cuerpo carnal sujeto a las contingencias de la vida humana.

La reacción de Roustaing vino violenta:

“El el periódico” La Vérite”, Philalétès habla de “Docetismo”. Allan Kardec se apoderó de esta expresión para aplicarla a nuestra obra.

“Vamos a responder a esa pretensión, a esa insinuación que, si no es intencionada. Si prueba que el autor del sistema preconcebido (¡Kardec!) no conocía la doctrina de los Docetas, pues que la consideraba semejante a la nuestra.

“La revelación fue hecha por los Espíritus Superiores, teniendo en vista la obra de los “Cuatro Evangelios” explicados en espíritu y verdad, está de conformidad con las modernos descubrimientos de la ciencia, con todas las aserciones de los investigadores que vamos a citar. Allan Kardec ignoraba ese hecho o el lo conocía superficialmente, así como no sabía bien lo que era el “Docetismo”. Pag.49
Se Observa que Roustaing llamó a Kardec ignorante por identificar las teorías de Roustaing con el Docetismo, según el “doctrina errónea, falsa y condenada”. Y acusó a Kardec, sin piedad, de apropiarse de la expresión de Philalétès sobre el Docetismo y aun dio a Kardec el titulo peyorativo de “autor del sistema preconcebido”.

Para no alargarnos en las ofensas a Kardec, que pululan en el extenso “prefacio”, citemos apenas este trecho más:

"Es este hombre (Roustaing), de corazón sencillo y espíritu humilde, que Allan Kardec acusa, sin duda inconscientemente, de hacer a Cristo encarnado por el espíritu de un “agênere” y, como el Sr. Philalétès, de cuyas palabras se apropió, de resucitar el “Docetismo”. Ni uno ni otro había leído a Roustaing, ambos eran ignorantes y no culpables, más transmitieron escritos erróneos, lo que constituyo una gran falta. (Nota de los discípulos franceses de Roustaing). “(pag.52)

En las ediciones de “Los Cuatro Evangelios” de Roustaing, que se sucedieron a la de 1920, l FEB, excluyó el “Prefacio” contundente a Kardec, más lamentablemente, nos cuesta decirlo, no lo hizo por respeto a la memoria de Kardec y si, tan solamente, para que, la FEB, no se ahorcase con su propia cuerda.

Estos son los motivos que llevaron a la Federación Espirita Brasileña a no publicar el citado “prefacio” altamente ofensivo a Kardec:

En el libro “Enlaces Doctrinarios” de Ismael Gomes Braga, edición FEB, siempre reeditado, cuyos conceptos allí expandidos reflejan el pensamiento de los directores de la Federación Espirita Brasileña, el “Docetismo” es retirado de los sótanos infestados del navío, donde fue colocado por Roustaing, e instalado en un camarote de 1ª clase.

Véase a continuación:

“El profesor de Escritura Sagrada, Arendzen, de una de las Universidades inglesas, en un estudio del Docetismo, anota un renacimiento de ideas docéticas en círculos espiritas, aunque- dice el-menos fantásticas y extravagantes que las del pasado. Si, nosotros confirmamos, la obra de Roustaing resucitó el pensamiento fundamental del Docetismo- el cuerpo fluídico de Jesús.

“Cumplido, por lo tanto, el Paracleto una de las facetas de su interminable programa esclarecedor y, realmente, sin cualquier extravagancia.” (3ª edición, pág. 148).

Ahí está, querido lector: la Federación Espirita Brasileña excluyó los comentarios insultantes a Kardec, no para reparar la memoria de este, que denigró, más si tan solo para salvar su propia piel, una vez que la FEB, hoy, como vimos antes, reconoce que, “Los Cuatro Evangelios” de Roustaing resucitaron del Docetismo conforme afirmó Allan Kardec!

Fuente: Concienciación Espirita.

Los Cuatro Evangelios, de J.B. Roustaing

Por Gélio Lacerda da Silva

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Nos `propusimos analizar partes de los libros de Jean Baptiste Roustaing titulado “Los cuatro Evangelios” , denominados también “Revelación de la Revelación” y “Espiritismo Cristiano”, editados por la Federación Espirita Brasileña y por ella adoptados para estudio, ininterrumpido, desde su fundación.

Anotar todos los conceptos anti doctrinarios de los cuatro gruesos volúmenes sería necesario escribir otros tantos libros.

A los títulos citados antes se suceden las palabras: “Seguidos de los mandamientos explicados en espíritu y verdad por los Evangelistas asistidos por los Apóstoles y Moisés”. Traducción de Guillon Ribeiro (ex - presidente de la FEB). Tenemos la 5 ª edición, 1971.

De inicio, una “Nota de la editora” enalteciendo las cualidades intelectuales del traductor Guillon Ribeiro que fue presidente de la Federación Espirita Brasileña durante 26 años consecutivos, desencarnado el 26 de Octubre de 1943.

En la hoja hay una “RECOMENDACION”:

“Para que el lector mejor pueda comprender y asimilar la enseñanza contenida en esta obra, es necesario que primeramente lea los siguientes obras de Allan Kardec:
“El Libro de los Espíritus”
“El Libro de los Mediums”
LA EDITORA.”

Se esclarece, desde ya, que Roustaing trasplantó para sus libros la terminología espirita de los libros de Kardec, motivo por el que la FEB hace esa recomendación. Tan solo, porque, con relación a la esencia de la doctrina espirita, Roustaing la modificó completamente, como más adelante se verá, introduciendo así el primer cisma en el Espiritismo.

En las páginas 9 a la 12, bajo el titulo “DOS PALABRAS”, el traductor se revela deslumbrado con la obra de Roustaing y se confiesa “Muy por debajo al encargo recibido”.

Aquí una pequeña muestra de "DOS PALABRAS", que ocupa cuatro páginas del libro:

“de ningún modo pretendemos realzar aquí, en dos palabras, el valor y la importancia verdaderamente extraordinaria de esta obra incomparable, única hasta hoy en el mundo, donde, día a día, a la medida que va siendo calmadamente estudiada y meditada, aumentará su grandiosidad y su profundidad. Para ello, tal vez no huiríamos de escribir, cuando no nos faltase la capacidad”.

Se nota la fascinación del traductor, juzgando escribir por lo menos un volumen, a titulo de prefacio a la obra de Roustaing, si no le faltase capacidad. Si realizase su intento, estaría apenas siguiendo el estilo prolijo de su maestro Roustaing, ya mencionado por Kardec, cuando este, en su crítica a “Los Cuatro evangelios” de Roustaing, afirmó que “la obra podría haber sido reducida a dos, o incluso a un solo volumen y habría ganado popularidad.” (Revista Espirita”. Edición, junio/1866)

Y acrecienta el traductor:

“En ella se encierra toda una revelación de verdades divinas que aun en ninguna otra ha sido dada a entrever al hombre. Ella nos pone ante los ojos, bañados en una claridad intensísima, que a veces aun nos ofusca los ojos tan poco acostumbrados a la luminosidad de las cosas espirituales, ese código de sabiduría que se ha de tornar el código único de los Hombres. Los Evangelios de Jesús. Suficientes para comprobar su valor inapreciable. "

El traductor, por cierto, conocía los libros de Kardec, más su fascinación por los libros de Roustaing da la medida exacta de lo poco o nada que para el representaba las enseñanzas de la Codificación Kardeciana. Ante “la claridad intensísima” de la obra roustainguistas, que le ofusco los ojos, vemos al traductor imitando a Pablo cuando, a la entrada de Damasco, quedó temporalmente ciego por la luminosidad de Jesús.

Concluyendo el resumen de las “Dos Palabras”:

“ Si, a pesar de esa asistencia y de esa misericordia, estamos muy por debajo del encargo recibido, como es nuestra convicción, que nos perdonen los que al leer esta traducción de la obra inmortal de los “Cuatro Evangelios explicados en espíritu y verdad”…”

Por cuestión de respeto, no diremos que la “verdad” roustanguista es una grosera mentira, más afirmamos, convencidos, y el lector constatará, que la verdad de Roustaing no es la verdad espirita.

Es curioso resaltar que, en los libros de Roustaing, el autor enaltece apasionadamente la obra. En el “Evangelio Según el Espiritismo”, de Allan Kardec, edición FEB, también traducido por Guillon Ribeiro, este no escribe siquiera una palabra sobre el libro. En lugar de eso, en la 77 edición, por ejemplo, se leen elogios de la Federación Espirita Brasileña a la traducción del traductor.

En su “Prefacio” en las paginas 57/67, Roustaing explica el porque de “Los Cuatro Evangelios”:

“Leí el Libro de los Espíritus. en las páginas de ese volumen encontré: una moral pura, una doctrina racional, de armonía con el espíritu y progreso de los tiempos modernos, consoladora para la razón humana; la explicación lógica y transcendente de la ley divina o natural, de las leyes de adoración, de trabajo, de reproducción, de destrucción, de sociedad, de progreso, de igualdad, de libertad, de justicia, de amor y caridad, de perfeccionamiento moral, de sufrimientos y gozos futuros.

“Enseguida, depare con explicaciones juiciosas acerca del alma en el estado de encarnación y en el de libertad; del fenómeno de la muerte, de la individualidad y de las condiciones de individualidad del alma después de la muerte; de lo que se llamó ángel y demonio; de los caminos y medios, de los agentes secretos u ostensivos de los que se sirve Dios para el funcionamiento, el desenvolvimiento, el progreso físico de los mundos; del progreso y desenvolvimiento físico, moral e intelectual de todas sus criaturas.

“Encontré una explicación racional de la pluralidad de los mundos; de la ley de renacimiento presidiendo, por el progreso incesante no solo de la materia como de la inteligencia, de la vida y de la armonía universal, en lo infinito y en la eternidad.

“Comprendí, más que nunca, ante la pluralidad de los mundos y de las humanidades, así como de sus jerarquías; de la pluralidad de las existencias y de la expectativa jerárquica, que los hombres, en nuestro planetas son de una inferioridad moral notoria; de una inferioridad intelectual acentuada relativamente a las leyes que están sujetos en la Tierra los diversos reinos de la Naturaleza y las leyes naturales a que obedecen los mundos y las humanidades superiores, por medio de las cuales aquellas leyes se conjugan en la unidad y en la solidaridad.
(- - -)

“Leí enseguida el Libro de los Mediums…, consulté la Historia,… Por ilustrar los libros de las dos revelaciones, el Antiguo y Nuevo Testamento…

"Mas, si por un lado la moral sublime de Cristo resplandeció mis ojos en toda su pureza, en todo su fulgor, como frotando de una fuente divina, por otro lado, todo permaneció oscuro, incomprensible e impenetrable a mi razón, en lo tocante a la revelación sobre el origen y la naturaleza espiritual de Jesús, sobre su posición espirita en relación a Dios y a nuestro planeta, sobre sus poderes y su autoridad.
“En cuanto a la revelación, sobre el origen, la naturaleza al mismo tiempo humana u extra-humana de Jesús, sobre el modo de cómo apareció en la Tierra, todo, como antes, se conservó igualmente oscuro, incomprensible e impenetrable a mi razón.

()

Como se ve, “Los Cuatro Evangelios” dieron dictados a Roustaing para atenderlo en sus dudas en cuanto al origen y naturaleza de Jesús. Los Espíritus mistificadores, con todo, fueron más allá de la expectativa de Roustaing; lo satisficieron con la teoría de un Jesús de naturaleza extra-humana, no engendrado por María, en fin, un agênere, resucitando la ideología docetista del cuerpo aparente de Jesús, surgida después de su muerte, que el apóstol Juan denunció de “Anticristo” (Juan, 1ª Ep. Univ., 4: 1ª3, y 2ª Ep., 1:7), y aun, en esos libros de Roustaing, la falange de espíritus embusteros contesta a varias enseñanzas espiritas contenidas en los libros de Allan Kardec.

Hay también, en el 1º volumen de “los Cuatro Evangelios” de Roustaing, una “Introducción” por el escrita, de la pág., 69 a la 126: son 58 páginas con repetidas referencias al “cuerpo fluídico” de Jesús o a su “naturaleza extra-humana”, y a la virginidad de María”, expresiones que se extienden, exhaustivamente a lo largo de los cuatro gruesos volúmenes.

El deslumbramiento de Roustaing por la tesis docetista “de que Jesús no vino en carne”, condenada por el apóstol Juan, es de tal monta que, mientras el Espiritismo dice “Fuera de la Caridad no hay Salvación”, Roustaing coloca como piedra angular de su doctrina “la naturaleza extra-humana de Jesús”. Si el espiritismo se preocupa con la esencia de las enseñanzas de Jesús, Roustaing se fascina con la teoría del Jesús de apenas “cuerpo fluídico”.

Retirado del libro “Concienciación Espirita”

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Roustaing Critica Duramente Kardec

Por Gélio Lacerda da Silva

Na edição de "Os Quatro Evangelhos", de J. B. Roustaing, de 1920, impressa em Portugal, financiada pela Federação Espírita Brasileira, no 1° volume, ao longo de 34 páginas (43 à 76), a título de "Prefácio ", com sub-título "Resposta ao artigo de Allan Kardec (Revista, de junho de 1866)", se lê a manifestação de "J. B. Roustaing, Paris 1882", ofendendo duramente Kardec.

O aludido artigo de Kardec, publicado na "Revista Espírita" de Junho de 1866 (e não 1867, como registra o "Prefácio"), a que responde Roustaing, refere-se à apreciação de Kardec sobre "Os Quatro Evangelhos" de Roustaing

Na "Resposta ao artigo de Allan Kardec", Roustaing manifesta sua inconformação por Kardec não ter aceito sua obra, inclusive critica acerbamente Kardec, como veremos nos trechos a seguir transcritos:

"Aplicando o nosso método de crítica ao artigo de Junho de 1866 aí vamos encontrar tudo o que apresentamos à consideração dos leitores a propósito da introdução do "Evangelho Segundo o Espiritismo". Tudo lá está: o fundo, a forma, o ostracismo, a infalibilidade. É a aplicação do sistema preconcebido a uma obra a que se faz desde logo o mais "belo enterro de primeira classe" que se pudera desejar." pág. 47

Veja o leitor: enquanto o próprio Roustaing reconhece que Kardec promoveu o mais "belo enterro de primeira classe" dos seus livros, os dirigentes da Federação Espírita Brasileira insistem nestas afirmativas inverídicas:

"Em sua apreciação à "Revelação da Revelação", por ocasião do aparecimento desta, Kardec deixou de quarentena somente a teoria quanto ao corpo de Jesus, e aprovou tudo o mais". ("Elos Doutrinários", Ismael Gomes Braga, 3a edição, FEB, 1978, pág. 99).

"Nesse mesmo artigo, Kardec nem aprovou nem reprovou a obra de Roustaing;". ("Introdução ao estudo da Doutrina Espírita", la edição, FEB, 1946, pág. 149).

"E se Roustaing contrariasse "O Livro dos Espíritos" (o próprio Kardec disse que não contrariava), eu jamais o aceitaria". (Luciano dos Anjos, in "Abertura", Santos-SP, Junho de 92, pág. 06).

Os roustainguistas febeanos tentam, a qualquer preço, ludibriar a boa fé dos espíritas transcrevendo este trecho da apreciação de Kardec a "Os Quatro Evangelhos", onde se tem a impressão de que Kardec aprovou a obra de Roustaing, por julgá-la:

"considerável e com o mérito de não estar em contradição, por qualquer de seus pontos, com a doutrina ensinada no "O Livro dos Espíritos" e no dos Médiuns..." ("Introdução ao estudo da Doutrina Espírita", lª edição, FEB, 1946, pág. 149).

Mas Kardec, a seguir, explicou sua declaração acima, sobre a qual os roustainguistas se omitem por conveniência (e deslealdade):

"Dissemos que o livro do Sr. Roustaing não se afasta dos princípios do Livro dos Espíritos e do dos Médiuns. Nossas observações são feitas sobre a aplicação, desses mesmos princípios, à interpretação de certos fatos". ("Revista Espírita", Allan Kardec, junho/1866, págs.188/190, EDICEL).

Adotar princípios idênticos à interpretação de certos fatos não significa chegar às mesmas conclusões.

E a prova disso está em Kardec chegar a conclusões diversas das de Roustaing, ainda em sua critica aos livros de Roustaing:

"E assim, por exemplo, que dá ao Cristo, em vez de um corpo carnal, um corpo fluídico concretizado, com todas as aparências da materialidade e de fato um agênere... Sem a prejulgar, diremos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem perfeitamente ser explicados sem sair das condições da humanidade corporal". (in "Revista Espírita" acima citada, págs. ] 88/190).

E Kardec também acrescenta razões de ordem moral na sua refutação à tese roustainguista ora comentada. ("A Gênese", Allan Kardec, Cap. XV, n° 66).

Na "Revista Espírita", junho/1863, EDICEL, págs.163/166, Kardec, no seu artigo "Do princípio da não retrogradação do Espírito", contesta outra teoria roustainguista de que a encarnação humana só se dá por castigo.

É de se perguntar: Louve-se a honestidade de Roustaing ao reconhecer que Kardec promoveu o mais "belo enterro de primeira classe" de sua obra ou a esperteza dos roustainguistas febeanos ao afirmarem que Kardec "não foi a favor nem contra... " ?

Kardec, no final de sua crítica aos três volumes de "Os Quatro Evangelhos" de Roustaing, escreveu: "Achamos que certas partes são desenvolvidas muito extensamente, sem proveito para a clareza. A nosso ver,limitando-se ao estritamente necessário a obra poderia ter sido reduzida a dois, ou mesmo a um só volume e teria ganho em popularidade". A FEB, entretanto, não pensou assim e aumentou para quatro volumes a edição feita à sua expensas, em Portugal, e ainda acrescentou-lhes as trinta e quatro páginas da resposta de Roustaing ofensiva a Kardec.

Na sua crítica aos livros de Roustaing, o Codificador do Espiritismo declarou que Roustaing ressuscitou o docetismo, doutrina surgida pouco depois da morte de Jesus, segundo a qual Jesus viveu na Terra, aparentemente, não se revestindo de um corpo carnal sujeito às contingências da vida humana.

A reação de Roustaing veio violenta:

"No jornal "La Vérité", Philalétès falara de "Docetismo". Allan Kardec se apoderou desta expressão para aplicá-la à nossa obra.

"Vamos responder a essa pretensão, a essa insinuação que, se não é intencional. Prova que o autor do sistema preconcebido (Kardec!) não conhecia a doutrina dos Docetas, pois que a considerava semelhante à nossa.

"A revelação feita pelos Espíritos Superiores, tendo em vista a obra dos "Quatro Evangelhos" explicados em espírito e verdade, está de conformidade com as modernas descobertas da ciência, com todas as asserções dos investigadores que vimos de citar. Allan Kardec ignorava esse fato ou o conhecia superficialmente, assim como não sabia bem o que era 0 "Docetismo". pág. 49

Observe-se que Roustaing chamou Kardec de ignorante por identificar as teorias de Roustaing com o Docetismo, segundo ele "doutrina errônea, falsa e condenada". E acusou Kardec, sem piedade, de apropriar-se de expressão de Philalétès sobre o Docetismo e ainda deu a Kardec o título pejorativo de "autor do sistema preconcebido".

Para não nos alongarmos nas ofensas a Kardec, que pululam no extenso "Prefácio", citemos apenas mais este trecho:

"É a esse homem (Roustaing), de coração simples e de espírito humilde, que Allan Kardec acusa, sem dúvida inconscientemente, de fazer do Cristo encarnado pelo espírito um "agênere", e, como o Sr. Philalétès, de cujas palavras se apropriou, de ressuscitar o "Docetismo". Nem um nem outro havia lido Roustaing, ambos eram ignorantes e não culpados, mas espalharam escritos errôneos, o que constitui grande falta. (Nota dos discípulos franceses de Roustaing)." (pág. 52)

Nas edições de " Os Quatro Evangelhos " de Roustaing, que se sucederam à de 1920, a FEB excluiu o "Prefácio" contundente a Kardec, mas, lamentavelmente, custa-nos dize-lo, não o fez por respeito à memória de Kardec e sim, tão somente, para que ela, a FEB, não se enforcasse com a sua própria corda.

Eis os motivos que levaram a Federação Espírita Brasileira a não mais publicar o citado "Prefácio" altamente ofensivo a Kardec:

No livro "Elos Doutrinários", de Ismael Gomes Braga, edição FEB, sempre reeditado, cujos conceitos ali expandidos refletem o pensamento dos diretores da Federação Espírita Brasileira, o "Docetismo" é retirado dos porões infetos do navio, onde foi colocado por Roustaing, e instalado num camarote de 1ª classe.

Confira-se:

"O Professor de Escritura Sagrada, Arendzen, de uma das Universidades inglesas, num estudo do Docetismo, anota um renascimento de idéias docéticas em círculos espiritistas, embora—diz ele—menos fantásticas e extravagantes que as do passado. Sim, confirmamos nós outros, a obra de Roustaing ressuscitou o pensamento fundamental do Docetismo—o corpo fluídico de Jesus.

"Cumpriu, destarte, o Paracleto uma das facetas do seu infindo programa esclarecedor e, realmente, sem qualquer extravagância." (3ª edição, pág. 148).

Aí está, caro leitor: a Federação Espírita Brasileira excluiu os comentários insultuosos a Kardec, não para desagravar a memória deste, que ela denegriu, mas tão s6 para salvar a sua própria pele, uma vez que a FEB, hoje, como vimos acima, reconhece que "Os Quatro Evangelhos" de Roustaing ressuscitaram o Docetismo, conforme afirmou Allan Kardec!

Fonte: Conscientização Espírita

sábado, 7 de maio de 2011

NEFCA - Núcleo Espirita de Filosofia e Ciências Aplicadas

Por Randy*

NEFCA é a sigla de "Núcleo Espirita de Filosofia e Ciências Aplicadas", uma entidade cientifico/filosófica fundada em São Paulo em 14/11/2010.

Tal entidade reune pessoas de todo o país e tem as caracteristicas da Sociedade Parisiense. O acesso como associado é restrito às pessoas que comungam de seus interesses.

O objetivo do NEFCA é prosseguir as pesquisas cientificas sobre a fenomenologia espiritual e estimular as digressões filosóficas iniciadas com a codificação espírita por Kardec e outros que o seguiram.

Podemos dizer que este objetivo se desenvolverá em duas frentes:

1) Investigação científica - onde serão utilizadas metodologias cientificas acadêmicas através do estabelecimento de convênios com as instituições de pesquisa governamentais e privadas. A intenção é comprovar ou não diversos axiomas contidos na Doutrina Espírita que resultam em fenomenos descritos pela literatura: mediuindade, magnetismo, efeitos físicos, etc. Para tanto, a entidade utilizará o Método Científico acadêmico para impor o viés da neutralidade em experimentos e observações.

2) Aplicação do CUEE - por meio de seus diversos núcleos regionais criados e a serem criados e também por meio de aliança com outros grupos espíritas de diversas interpretações, a intenção é submeter algumas questões fundamentais e não respondidas ao critério do Controle Universal dos Ensinos dos Espiritos. Esta frente segue unicamente a metodologia descrita na codificação e será realizada unicamente por entes espíritas.

A primeira frente terá seus resultados publicados para todo o público. Já a segunda frente terá vazão restrita ao público interno espírita. E isso se explica: não se pode expor resultados do CUEE a um publico cético que questiona a própria existencia da mediunidade. NO futuro, quando a mediunidade for comprovada cientificamente, os resultados do CUEE pertencerão a toda a humanidade.

Importante frisar que somente são Associados Efetivos aqueles espiritas que comungam do mesmo pensamento contido na nossa Carta de Principios. Associado Aspirante será aquele que pretenda consolidar sua posição no quadro social participando do trabalho e evoluindo internamente como membro eficiente.

Contudo, o NEFCA abre espaço para a participação de pessoas não espiritas por meio de seu Conselho Técnico Consultivo, ou CTA. A função deste organismo é o de gerenciar o sistema cientifico da entidade e para tanto prevê-se a participação de cientistas, pesquisadores e outras demais pessoas interessadas e aplicadas historicamente ao método científico acadêmico. Também poderão fazer parte do CTA quaisquer outras pessoas que se revelem importantes em sua capacidade analítica, gerencial e provedora no campo da pesquisa cientifica.

Como linha estratégica, o NEFCA pretende se consolidar como entidade empreendedora em seu primeiro momento e estender a participação de qualquer outro ente que comungue o desejo de manter a pesquisa e estimular a filosofia. A participação de instituições espiritas externas que consigam assimilar a metodologia não está descartada.

O NEFCA é entidade privada, associação civil espirita independente e não se submete a qualquer outra instituição espirita, senão perante o que determina a lei.

Em seu cronograma, o NEFCA não faz proposta de apresentação de resultados finais. Toda a programação cientifica será gestada pelo CTA e aplicada por sua Diretoria e os prazos a serem obedecidos serão somente aqueles que o CTA designar.

Vale lembrar que, embora tenha nascido no Orkut, o NEFCA faz parte da realidade e o Orkut hoje é mero instrumento adicional, não essencial.

Site: www.nefcateste.com/novo/

*Moderador da Comunidade "Eu Sou Espírita - Espiritismo" - Orkut

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Fantasia Espírita

"Não sou a causa de todos os males dos quais me acusam"
Por Riviane Damásio

Vejo que alguns espíritas vivem num mundo de realismo fantástico. Além de seus mentores lhe enviarem até ajuda para trocar o pneu furado, costumam travar diálogos cotidianos com os espíritos, de modo muito informal e freqüente, eu diria que "desrespeitoso" até... enxotando-os de perto de si com gracejos, quando estão atrapalhando o sono ou chegaram em momentos inadequados...

A relação "amigo-invisível" lembra em muito os relatos infantis, quando a criança com seu amiguinho invisível, conversa, brinca, ri e divide seu lanche.

A questão é que este convívio tão fácil, vulgar e estreito não está relatado desta forma nem na Doutrina Espírita nem mesmo na quase-doutrina (espiritismo à moda da casa). Ouve-se isto nos diálogos, nos causos, nas biografias de médiuns "famosos", etc...ou seja, nos "offs" da vida.

Somado a isto, vem aquela idéia de que tudo é fenômeno espiritual, não no sentido do fenômeno espírita sério, mas TUDO mesmo.

A luz que apaga de repente foi detonada por energias carregadas do pobre coitado que passou sob o poste. O cão ameaçador que voltou e estancou de repente foi parado pelo mentor que deu um “stop” espiritual (embora diariamente milhares de pessoas sejam vitimadas por assaltos, balas perdidas, mordeduras de cães - e tudo sem a ajudinha básica de espíritos de plantão). O despertar súbito às 3 da madrugada... nossa, uma hora bem significativa, que deve ter um sentido oculto! A dor de cabeça é coisa do obsessor... Se bocejar no Centro Espírita, a coisa está brava.

Se a pressão cair então, fica logo internado no Pronto Socorro espiritual.

Caiu a panela, foi espírito; o telefone tocou e parou, foi espírito; tinha uma manchinha na foto, era um espírito; briga na família, é espiritual, no trabalho, idem; sensação de “deja vu”, não pode ser estresse, são vidas passadas.

O acidente foi reajuste, o vendaval também, até o bolo que murchou no forno foi a lei da "ação e reação".

Cheiro de flores? Não foi o vento que trouxe, foram os espíritos, a página abriu justamente naquele capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo que se encaixa... com o que, mesmo? Ufa!

A água do Evangelho no Lar deu bolinhas, então os espíritos intervieram. Foram eles também que induziram aquele sonho esquisito que deve ter sido uma visita assistencial ao Umbral (quem sonha com o lendário Umbral, está sempre fazendo trabalho solidário, nunca vai visitar amigos), ou então uma colônia desenvolvidíssima que fica às margens de Saturno (deu até para ouvir a música que vinha da casa daquele compositor famoso).

Nada disso isolado, me soa surpreendente, mas tudo junto me parece mais uma viagem de Dorothy ou de Alice ao país das maravilhas espirituais... e o pior, a maioria nem médium "ostensivo" é, e vive nestas fantasias encarnatórias (plagiando as fantasias da erraticidade que nos brindou Iso Jorge).

É tanto fenômeno junto cercando algumas pessoas, que não dá para entender o porque de terem encarnado, pois nesta altura, o véu do esquecimento já foi arrancado há muito tempo e vivem numa verdadeira nudez espiritual que se mescla com a vida terrena.

Eu confesso, tenho muito medo de fantasia espiritual. Dizem que pega e a vacina se chama Kardec, mas aqui no Brasil, deixaram de utilizar...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Os Quatro Evangelhos ", de J. B. Roustaing

Por Gélio Lacerda da Silva

Propusemo-nos analisar partes dos livros de Jean Baptiste Roustaing intitulados "Os Quatro Evangelhos", denominados também "Revelação da Revelação" e "Espiritismo Cristão", editados pela Federação Espírita Brasileira e por ela adotados para estudo, ininterrupto, desde a sua fundação.

Apontar todos os conceitos antidoutrinários dos quatro grossos volumes seria necessário escrever outros tantos livros.

Aos títulos acima se sucedem as palavras "Seguidos dos mandamentos explicados em espírito e verdade pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés". Tradução de Guillon Ribeiro (ex-presidente da FEB). Temos a 5ª edição, 1971.

De início, uma "Nota da Editora" enaltecendo as qualidades intelectuais do tradutor Guillon Ribeiro e informando que ele foi presidente da Federação Espírita Brasileira durante 26 anos consecutivos, desencarnado em 26 de Outubro de 1943.

Na folha seguinte há uma "RECOMENDAÇÃO":

"Para que o leitor melhor possa compreender e assimilarás ensinamentos contidos nesta obra, necessário se torna que primeiramente leia as seguintes obras de Allan Kardec:

"O Livro dos Espíritos"

"O Livros dos Médiuns"

A EDITORA."

Esclareça-se, desde já, que Roustaing transplantou para os seus livros a terminologia espírita dos livros de Kardec, motivo por que a FEB faz essa recomendação. Tão só, porque, com relação à essência da doutrina espírita, Roustaing modificou-a completamente, como adiante se verá, introduzindo assim o primeiro cisma no Espiritismo.

Nas páginas 9 à 12, sob o título "DUAS PALAVRAS", o tradutor se revela deslumbrado com a obra de Roustaing e se confessa "muito aquém do encargo recebido".

Eis pequena mostra das "DUAS PALAVRAS", que ocupam quatro páginas do livro:

"De nenhum modo pretendemos realçar aqui, em duas palavras, o valor e a importância verdadeiramente extraordinários desta obra incomparável, única até hoje no mundo, onde, dia a dia, à medida que for sendo calmamente estudada e meditada, avultarão a sua grandiosidade e a sua profundeza. Para o fazermos, talvez nada menos de um volume houvéramos de escrever, quando nos não faltasse capacidade".

Note-se o fascínio do tradutor, julgando necessário escrever pelo menos um volume, a título de prefácio da obra de Roustaing, se não Ihe faltasse capacidade. Se realizasse o seu intento, estaria apenas seguindo o estilo prolixo do seu mestre Roustaing, já mencionado por Kardec, quando este, na sua crítica a "Os Quatro Evangelhos" de Roustaing, afirmou que "a obra poderia ter sido reduzida a dois, ou mesmo a um só volume e teria ganho em popularidade." ("Revista Espírita", Edicel, junho/1866).

E acrescenta o tradutor:

"Nela se encerra toda uma revelação de verdades divinas que ainda em nenhuma outra fora dado ao homem entrever. Ela nos põe sob as vistas, banhados numa claridade intensíssima, que por vezes ainda nos ofusca os olhos tão pouco acostumados à luminosidade das coisas espirituais, esse código de sabedoria infinita que se há de tornar o código único dos Homens - os Evangelhos de Jesus. Tanto basta para que a sua preciosidade assinalada fique."

O tradutor, por certo, conhecia os livros de Kardec, mas o seu fascínio pelos livros de Roustaing dá a medida exala do pouco ou nada que para ele representaram os ensinos da Codificação Kardequiana. Diante da "claridade intensíssima" da obra roustainguista, que Ihe ofuscou os olhos, vemos o tradutor imitando Paulo quando, na estrada de Damasco, ficou temporariamente cego pela luminosidade de Jesus.

Concluindo o resumo das "Duas Palavras":

"Se, apesar dessa assistência e dessa misericórdia, ficamos muito aquém do encargo recebido, como é nossa convicção, que nos perdoem os que lerem esta tradução da obra imorredoura dos "Quatro Evangelhos explicados em espírito e verdade"..."

Por questão de respeito, não diremos que a "verdade" roustainguista é uma grosseira mentira, mas afirmamos, convicto, e o leitor constatará, que a verdade de Roustaing não é a verdade espírita.

É curioso ressaltar que, nos livros de Roustaing, o tradutor enaltece apaixonadamente a obra. No "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, edições FEB, também traduzido por Guillon Ribeiro, este não escreve sequer uma palavra sobre o livro. Em lugar disso, na 77ª edição, por exemplo, lêem-se elogios da Federação Espírita Brasileira à erudição do tradutor.

No seu "Prefácio", às páginas 57/67, Roustaing explica o porquê de "Os Quatro Evangelhos":

"Li o Livro dos Espíritos. Nas páginas desse volume encontrei: uma moral pura, uma doutrina racional, de harmonia com o espírito e progresso dos tempos modernos, consoladora para a razão humana; a explicação lógica e transcendente da lei divina ou natural, das leis de adoração, de trabalho, de reprodução, de destruição, de sociedade, de progresso, de igualdade, de liberdade, de justiça, de amor e caridade, de aperfeiçoamento moral, dos sofrimentos e gozos futuros.

"Em seguida, deparei com explicações judiciosas acerca da alma no estado de encarnação e no de liberdade; do fenômeno da morte, da individualidade e das condições de individualidade da alma após a morte; do que se chamou anjo e demônio; dos caminhos e meios, dos agentes secretos ou ostensivos de que se serve Deus para o funcionamento, o desenvolvimento, o progresso físico dos mundos; do progresso e desenvolvimento físico, moral e intelectual de todas as suas criaturas.

"Encontrei ainda a explicação racional da pluralidade dos mundos; da lei do renascimento presidindo, pelo progresso incessante não só da matéria como da inteligência, à vida e à harmonia universais, no infinito e na eternidade.

"Compreendi, mais do que nunca, diante da pluralidade dos mundos e das humanidades, assim como de suas hierarquias; da pluralidade das existências e da respectiva hierarquia, que os homens, no nosso planetas são de uma inferioridade moral notória; de uma inferioridade intelectual acentuada relativamente às leis a que estão sujeitos na Terra os diversos reinos da Natureza e às leis naturais a que obedecem os mundos e as humanidades superiores, por meio das quais aquelas leis se conjugam na unidade e na solidariedade.

(- - -)

"Li em seguida o Livro dos Médiuns..., consultei a História,... Per lustrei os livros das duas revelações, o Antigo e o Novo Testamento...

"Mas, se por um lado a moral sublime do Cristo resplandeceu a meus olhos em toda a sua pureza, em todo o seu fulgor, como brotando de uma fonte divina, por outro lado, tudo permaneceu obscuro, incompreensível e impenetrável à minha razão, no tocante à revelação sobre a origem e a natureza espirituais de Jesus, sobre a sua posição espírita em relação a Deus e ao nosso planeta, sobre os seus poderes e a sua autoridade.

"Quanto à revelação sobre uma origem, uma natureza ao mesmo tempo humanas e extra-humanas de Jesus, sobre o modo de sua aparição na Terra, tudo, como antes, se conservou igualmente obscuro, incompreensível e impenetrável à minha razão.

" .. senti a impotência da razão humana para penetrar as trevas da letra e, desde então, a necessidade de uma revelação nova, de uma revelação da Revelação "

( )

Como se vê, "Os Quatro Evangelhos" foram ditados a Roustaing para atendê-lo nas suas dúvidas quanto à origem e natureza de Jesus. Os espíritos mistificadores, contudo, foram além da expectativa de Roustaing: satisfizeram-no com a teoria de um Jesus de natureza extra-humana, não gerado por Maria, enfim, um agênere, ressuscitando a ideologia docetista do corpo aparente de Jesus, surgida logo após a sua morte, que o apóstolo João denunciou de "Anticristo" (João, lª Ep. Univ., 4: l a 3, e 2ª Ep., 1:7), e ainda, nesses livros de Roustaing, a falange de espíritos embusteiros contesta vários ensinos espíritas contidos nos livros de Allan Kardec.

Há, também, no 1° volume de "Os Quatro Evangelhos" de Roustaing, uma "Introdução" por ele escrita, da pág. 69 à 126: são 58 páginas com repetidas referências ao "corpo fluídico" de Jesus ou à sua "natureza extra-humana", e à "virgindade de Maria", expressões que se estendem, exaustivamente, ao longo dos quatro grossos volumes.

O deslumbramento de Roustaing pela tese docetista "de que Jesus não veio em carne", condenada pelo apóstolo João, é de tal monta que, enquanto o Espiritismo diz "Fora da Caridade não há Salvação", Roustaing coloca como pedra angular de sua doutrina "a natureza extra-humana de Jesus". Se o espiritismo se preocupa com a essência dos ensinos de Jesus, Roustaing se fascina com a teoria do Jesus de apenas "corpo fluídico".

*Retirado do livro "Conscientização Espírita"

André Luiz existiu?

Por Randy*

O famoso e suposto autor espiritual André Luiz, que dispensa apresentações, nos é apresentado por Francisco Xavier como um espirito inferior que, sem mais nem menos, o movimento espirita elevou à categoria de espírito puro.

Sim, espirito puro, pois aos espiritos puros é dado tudo saber e André Luiz aparenta ter respostas para tudo. Mas, somente sob o seu unico ponto de vista, sem consolidação nenhuma com nenhum tipo de aferição ou consolidação.

E quando uma informação não é aferida e quando não há o menor interesse em aferi-la, somos obrigados, por plena compreensão do conteúdo do Livro dos Médiuns, a questionar a própria identidade do espírito.

Não há provas - nenhuma - da identidade desse espirito. Estranhamente, quando Kardec compilou a codificação, os espiritos comunicantes faziam questão de se identificar - e com nomes que utilizaram encarnados e que eram plenamente conhecidos. A lista é grande e extremamente significativa. Claro que os nomes em si não dizem nada, mas o conjunto de informações com identidade também auxiliam na credibilidade de uma informação após, é claro, aferida pelo CUEE.

Mas... quem era André Luiz?... Qual sua importância para a história da construção do pensamento filosófico? Vamos apelar - qual sua importância para a construção do pensamento cristão? Que grande cientista teria sido para aprimorar a ciência espírita? Que lastro intelecto/moral ele possuía para, mesmo sem considerar o CUEE, alguém lhe dar crédito?

Não sabemos. O que sabemos são as estranhas palavras de Waldo Vieira, co-autor de diversos livros assinados por André Luiz, no sentido de que Chico Xavier fraudou comunicações. Isso é grave e isso é muito sério. Temos ainda comprovações de plágio de obras cientificas em sites de análise cética. E temos pareceres de cientistas destruindo as fantasiosas teorias cientificas daquele suposto autor espiritual.

Então, esse suposto espirito, realmente existiu?

Que provas temos disso? Basta a palavra de UM médium? O mesmo acusado de fraude por seu parceiro?

Surgiram lendas de que seria um médico brasileiro famoso. Até quadros já foram pintados. Mas... onde a comprovação? Se um Erasto chega para um medium e dita um compendio de gloriosos axiomas cientifico/morais e diz: sou Erasto, por que o suposto espírito mais lido do país nunca disse: sou fulano?

Vamos nos lembrar que esse mesmo suposto espirito, segundo as proprias palavras de seu suposto autor encarnado, acabava de sair do inexistente Umbral. Bem, se saiu de lá, era inferior... Afinal, embora seja possivel evoluir no plano espiritual, a reencarnação é compulsória para essa evolução. Então, um suposto espirito sai do Umbral e logo em seguida vira um sábio com milhares de seguidores encarnados?

De onde teria saido, então, S. Agostinho, S.Luiz, Erasto?

E esse mesmo suposto espirito, saido do Umbral, dita impiedosamente uma nova doutrina simulando ser Espiritismo e... as pessoas seguem??? Então, estamos a seguir imperfeitos e os superiores são deixados ao lado?

Vamos fazer outras indagações, todas sem resposta:

- Por que Francisco Xavier nunca recebeu comunicação de um espirito da codificação?

- Por que este mesmo autor jamais recebeu uma unica comunicação de Kardec?

- Por que jamais se leu a partir dele uma unica comunicação do Espirito de Verdade?

- Quais, de fato, foram as comunicações de espiritos de fato superiores recebidos por este autor?

- E por que, afinal de contas, as pessoas em geral não tentam responder a essas perguntas sem a paixão da idolatria?

Quem é André Luiz, então? Teria mesmo existido? Ou foi apenas o fruto de animismo de seu autor encarnado - acusado de fraude por seu sócio?

OBS: estamos totalmente abertos à contestação destas idéias, desde que devidamente embasadas. Afinal, são perguntas. Talvez nós mesmos desconheçamos respostas importantes. Vamos ver... Sempre tem alguém que responde. Quando não é aqui**, são as maricotas de outros lugares que não tiram os olhos daqui pelo ibope pessoal...

*Randy é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut. ** O autor refere-se à citada comunidade do Orkut.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O porvir e o nada

Por Allan Kardec

(Fonte: O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo)

1. - Vivemos, pensamos e operamos - eis o que é positivo. E que morremos, não é menos certo.

Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente, ou tudo se aniquilara de vez? É uma tese, essa, que se impõe.

Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar, de amar e ser feliz. Dizei ao moribundo que ele viverá ainda; que a sua hora é retardada; dizei-lhe sobretudo que será mais feliz do que porventura o tenha sido, e o seu coração rejubilará.

Mas, de que serviriam essas aspirações de felicidade, se um leve sopro pudesse dissipá-las?

Haverá algo de mais desesperador do que esse pensamento da destruição absoluta? Afeições caras, inteligência, progresso, saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaçado, tudo perdido! De nada nos serviria, portanto, qualquer esforço no sofreamento das paixões, de fadiga para nos ilustrarmos, de devotamento à causa do progresso, desde que de tudo isso nada aproveitássemos, predominando o pensamento de que amanhã mesmo, talvez, de nada nos serviria tudo isso. Se assim fora, a sorte do homem seria cem vezes pior que a do bruto, porque este vive inteiramente do presente na satisfação dos seus apetites materiais, sem aspiração para o futuro. Diz-nos uma secreta intuição, porém, que isso não é possível.

2. - Pela crença em o nada, o homem concentra todos os seus pensamentos, forçosamente, na vida presente.

Logicamente não se explicaria a preocupação de um futuro que se não espera.

Esta preocupação exclusiva do presente conduz o homem a pensar em si, de preferência a tudo: é, pois, o mais poderoso estimulo ao egoísmo, e o incrédulo é conseqüente quando chega à seguinte conclusão: Gozemos enquanto aqui estamos; gozemos o mais possível, pois que conosco tudo se acaba; gozemos depressa, porque não sabemos quanto tempo existiremos

Ainda conseqüente é esta outra conclusão, aliás mais grave para a sociedade: Gozemos apesar de tudo, gozemos de qualquer modo, cada qual por si: a felicidade neste mundo é do mais astuto.

E se o respeito humano contém a alguns seres, que freio haverá para os que nada temem?

Acreditam estes últimos que as leis humanas não atingem senão os ineptos e assim empregam todo o seu engenho no melhor meio de a elas se esquivarem.

Se há doutrina insensata e anti-social, é, seguramente, o niilismo que rompe os verdadeiros laços de solidariedade e fraternidade, em que se fundam as relações sociais.

3. - Suponhamos que, por uma circunstância qualquer, todo um povo adquire a certeza de que em oito dias, num mês, ou num ano será aniquilado; que nem um só indivíduo lhe sobreviverá, como de sua existência não sobreviverá nem um só traço: Que fará esse povo condenado, aguardando o extermínio?

Trabalhará pela causa do seu progresso, da sua instrução? Entregar-se-á ao trabalho para viver? Respeitará os direitos, os bens, a vida do seu semelhante? Submeter-se-á a qualquer lei ou autoridade por mais legitima que seja, mesmo a paterna?

Haverá para ele, nessa emergência, qualquer dever?

Certo que não. Pois bem! O que se não dá coletivamente, a doutrina do niilismo realiza todos os dias isoladamente, individualmente.

E se as conseqüências não são desastrosas tanto quanto poderiam ser, é, em primeiro lugar, porque na maioria dos incrédulos há mais jactância que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção - possuindo eles mais medo do nada do que pretendem aparentar - o qualificativo de espíritos fortes lisonjeia-lhes a vaidade e o amor-próprio; em segundo lugar, porque os incrédulos absolutos se contam por ínfima minoria, e sentem a seu pesar os ascendentes da opinião contrária, mantidos por uma força material.

Torne-se, não obstante, absoluta a incredulidade da maioria, e a sociedade entrará em dissolução.

Eis ao que tende a propagação da doutrina niilista. (1)

Fossem, porém, quais fossem as suas conseqüências, uma vez que se impusesse como verdadeira, seria preciso aceitá-la, e nem sistemas contrários, nem a idéia dos males resultantes poderiam obstar-lhe a existência. Forçoso é dizer que, a despeito dos melhores esforços da religião, o cepticismo, a dúvida, a indiferença ganham terreno dia a dia.

Mas, se a religião se mostra impotente para sustar a incredulidade, é que lhe falta alguma coisa na luta. Se por outro lado a religião se condenasse à imobilidade, estaria, em dado tempo, dissolvida.

O que lhe falta neste século de positivismo, em que se procura compreender antes de crer, é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por fatos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência. Dizendo ela ser branco o que os fatos dizem ser negro, é preciso optar entre a evidência e a fé cega.

(1) Um moço de dezoito anos, afetado de uma enfermidade do coração, foi declarado incurável. A Ciência havia dito: Pode morrer dentro de oito dias ou de dois anos, mas não irá além. Sabendo-o, o moço para logo abandonou os estudos e entregou-se a excessos de todo o gênero.

Quando se lhe ponderava o perigo de uma vida desregrada, respondia: Que me importa, se não tenho mais de dois anos de vida? De que me serviria fatigar o espírito? Gozo o pouco que me resta e quero divertir-me até ao fim. Eis a conseqüência lógica do niilismo.

Se este moço fora espírita, teria dito: A morte só destruirá o corpo, que deixarei como fato usado, mas o meu Espírito viverá. Serei na vida futura aquilo que eu próprio houver feito de mim nesta vida; do que nela puder adquirir em qualidades morais e intelectuais nada perderei, porque será outro tanto de ganho para o meu adiantamento; toda a imperfeição de que me livrar será um passo a mais para a felicidade. A minha felicidade ou infelicidade depende da utilidade ou inutilidade da presente existência. É portanto de meu interesse aproveitar o pouco tempo que me resta, e evitar tudo que possa diminuir-me as forças. Qual destas doutrinas é preferível?

4. - É nestas circunstâncias que o Espiritismo vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura.

Todos somos livres na escolha das nossas crenças; podemos crer em alguma coisa ou em nada crer, mas aqueles que procuram fazer prevalecer no espírito das massas, da juventude principalmente, a negação do futuro, apoiando-se na autoridade do seu saber e no ascendente da sua posição, semeiam na sociedade germens de perturbação e dissolução, incorrendo em grande responsabilidade.

5. - Há uma doutrina que se defende da pecha de materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria: é a da absorção no Todo Universal.

Segundo esta doutrina, cada indivíduo assimila ao nascer uma parcela desse princípio, que constitui sua alma, e dá-lhe vida, inteligência e sentimento.

Pela morte, esta alma volta ao foco comum e perde-se no infinito, qual gota dágua no oceano.

Incontestavelmente esta doutrina é um passo adiantado sobre o puro materialismo, visto como admite alguma coisa, quando este nada admite. As conseqüências, porém, são exatamente as mesmas.

Ser o homem imerso em o nada ou no reservatório comum, é para ele a mesma coisa; aniquilado ou perdendo a sua individualidade, é como se não existisse; as relações sociais nem por isso deixam de romper-se, e para sempre.

O que lhe é essencial é a conservação do seu eu; sem este, que lhe importa ou não subsistir?

O futuro afigura-se-lhe sempre nulo, e a vida presente é a única coisa que o interessa e preocupa.

Sob o ponto de vista das conseqüências morais, esta doutrina é, pois, tão insensata, tão desesperadora, tão subversiva como o materialismo propriamente dito.

6. - Pode-se, além disso, fazer esta objeção: todas as gotas d'água tomadas ao oceano se assemelham e possuem idênticas propriedades como partes de um mesmo todo; por que, pois, as almas tomadas ao grande oceano da inteligência universal tão pouco se assemelham? Por que o gênio e a estupidez, as mais sublimes virtudes e os vícios mais ignóbeis? Por que a bondade, a doçura, a mansuetude ao lado da maldade, da crueldade, da barbaria? Como podem ser tão diferentes entre si as partes de um mesmo todo homogêneo? Dir-se-á que é a educação que a modifica? Neste caso donde vêm as qualidades inatas, as inteligências precoces, os bons e maus instintos independentes de toda a educação e tantas vezes em desarmonia com o meio no qual se desenvolvem?

Não resta dúvida de que a educação modifica as qualidades intelectuais e morais da alma; mas aqui ocorre uma outra dificuldade: Quem dá a esta a educação para fazê-la progredir? Outras almas que por sua origem comum não devem ser mais adiantadas. Além disso, reentrando a alma no Todo Universal donde saiu, e havendo progredido durante a vida, leva-lhe um elemento mais perfeito. Dai se infere que esse Todo se encontraria, pela continuação, profundamente modificado e melhorado. Assim, como se explica saírem incessantemente desse Todo almas ignorantes e perversas?

7. - Nesta doutrina, a fonte universal de inteligência que abastece as almas humanas é independente da Divindade; não é precisamente o panteísmo.

O panteísmo propriamente dito considera o principio universal de vida e de inteligência como constituindo a Divindade. Deus é concomitantemente Espírito e matéria; todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a Divindade, da qual são as moléculas e os elementos constitutivos; Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas; cada indivíduo, sendo uma parte do todo, é Deus ele próprio; nenhum ser superior e independente rege o conjunto; o Universo é uma imensa república sem chefe, ou antes, onde cada qual é chefe com poder absoluto.

8. - A este sistema podem opor-se inumeráveis objeções, das quais são estas as principais: não se podendo conceber divindade sem infinita perfeição, pergunta-se como um todo perfeito pode ser formado de partes tão imperfeitas, tendo necessidade de progredir? Devendo cada parte ser submetida à lei do progresso, força é convir que o próprio Deus deve progredir; e se Ele progride constantemente, deveria ter sido, na origem dos tempos, muito imperfeito.

E como pôde um ser imperfeito, formado de idéias tão divergentes, conceber leis tão harmônicas, tão admiráveis de unidade, de sabedoria e previdência quais as que regem o Universo? Se todas as almas são porções da Divindade, todos concorreram para as leis da Natureza; como sucede, pois, que elas murmurem sem cessar contra essas leis que são obra sua? Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira senão com a cláusula de satisfazer a razão e dar conta de todos os fatos que abrange; se um só fato lhe trouxer um desmentido, é que não contém a verdade absoluta.

9. - Sob o ponto de vista moral, as conseqüências são igualmente ilógicas. Em primeiro lugar é para as almas, tal como no sistema precedente, a absorção num todo e a perda da individualidade. Dado que se admita, consoante a opinião de alguns panteístas, que as almas conservem essa individualidade, Deus deixaria de ter vontade única para ser um composto de miríades de vontades divergentes.

Além disso, sendo cada alma parte integrante da Divindade, deixa de ser dominada por um poder superior; não incorre em responsabilidade por seus atos bons ou maus; soberana, não tendo interesse algum na prática do bem, ela pode praticar o mal impunemente.

10. - Demais, estes sistemas não satisfazem nem a razão nem a aspiração humanas; deles decorrem dificuldades insuperáveis, pois são impotentes para resolver todas as questões de fato que suscitam. O homem tem, pois, três alternativas: o nada, a absorção ou a individualidade da alma antes e depois da morte

É para esta última crença que a lógica nos impele irresistivelmente, crença que tem formado a base de todas as religiões desde que o mundo existe.

E se a lógica nos conduz à individualidade da alma, também nos aponta esta outra conseqüência: a sorte de cada alma deve depender das suas qualidades pessoais, pois seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem, como a do homem perverso, estivesse no nível da do sábio, do homem de bem. Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus atos, mas para haver essa responsabilidade, preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal; sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.

11. - Todas as religiões admitiram igualmente o principio da felicidade ou infelicidade da alma após a morte, ou, por outra, as penas e gozos futuros, que se resumem na doutrina do céu e do inferno encontrada em toda parte.

No que elas diferem essencialmente, é quanto à natureza dessas penas e gozos, principalmente sobre as condições determinantes de umas e de outras.

Daí os pontos de fé contraditórios dando origem a cultos diferentes, e os deveres impostos por estes, consecutivamente, para honrar a Deus e alcançar por esse meio o céu, evitando o inferno.

12. - Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens: estes, assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores.

Por muito tempo essas fórmulas lhes satisfizeram a razão; porém, mais tarde, porque se fizesse a luz em seu espírito, sentindo o vácuo dessas fórmulas, uma vez que a religião não o preenchia, abandonaram-na e tornaram-se filósofos.

13. - Se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais.

O homem quer saber donde velo e para onde vai. Mostrando-se-lhe um fim que não corresponde às suas aspirações nem à idéia que ele faz de Deus, tampouco aos dados positivos que lhe fornece a Ciência; impondo-se-lhe, ademais, para atingir o seu desiderato, condições cuja utilidade sua razão contesta, ele tudo rejeita; o materialismo e o panteísmo parecem-lhe mais racionais, porque com eles ao menos se raciocina e se discute, falsamente embora. E há razão, porque antes raciocinar em falso do que não raciocinar absolutamente.

Apresente-se-lhe, porém, um futuro condicionalmente lógico, digno em tudo da grandeza, da justiça e da infinita bondade de Deus, e ele repudiará o materialismo e o panteísmo, cujo vácuo sente em seu foro intimo, e que aceitará à falta de melhor crença.

O Espiritismo dá coisa melhor; eis por que é acolhido pressurosamente por todos os atormentados da dúvida, os que não encontram nem nas crenças nem nas filosofias vulgares o que procuram. O Espiritismo tem por si a lógica do raciocínio e a sanção dos fatos, e é por isso que inutilmente o têm combatido.

14. - Instintivamente tem o homem a crença no futuro, mas não possuindo até agora nenhuma base certa para defini-lo, a sua imaginação fantasiou os sistemas que originaram a diversidade de crenças. A Doutrina Espírita sobre o futuro - não sendo uma obra de imaginação mais ou menos arquitetada engenhosamente, porém o resultado da observação de fatos materiais que se desdobram hoje à nossa vista -congraçará, como já está acontecendo, as opiniões divergentes ou flutuantes e trará gradualmente, pela força das coisas, a unidade de crenças sobre esse ponto, não já baseada em simples hipótese, mas na certeza. A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro ponto de contacto dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.