quarta-feira, 26 de agosto de 2009

No Templo Espírita

Por Salvador Gentile

O Centro Espírita deve ser, essencialmente, um templo de estudo e de trabalho; nestas condições, quem deseje engajar-se em suas fileiras deve estar sinceramente disposto a aprender e a servir.

Considerando que a Mensagem Espírita se dirige ao povo, desde as camadas mais humildes, o centro Espírita, conquanto guardando todas as instalações indispensáveis, não deve se revestir de pompa, nem incentivar privilégios pessoais, sendo um dos imperiosos deveres dos seus freqüentadores, qualquer que seja sua posição social ou cultural, aprender a viver com todos, igual a todos, com alegria e proveito.

Em razão de uma lei natural, os grupos resultam da reunião de pessoas afins, não só quanto à sua natureza interior, mas também quanto às suas condições exteriores; por isso, por mais precário seja o nível espiritual, ou social, que lhes transpareça, as pessoas que os integram convivem em relativa paz e com proveito, em nada importando suas limitações. Em face disso, antes de se definir por este ou aquele Centro Espirita onde se integrar, é mister examinar o problema fundamental da afinidade, a fim de que não se venha a experimentar contrariedades ou perturbar os que poderiam estar vivendo bem.

Do mesmo modo que na família, onde os laços afetivos são poderosos, cada pessoa precisa ceder um pouco de si mesma em razão dos defeitos e limitações de que somos ainda portadores; no Templo Espírita, onde as pessoas se refluem na qualidade de irmãos diante da Vida, o nosso comportamento necessita de um índice maior de sociabilidade. Por isso, quem queira se integrar na sua vida comunitária, precisa não perder de vista os imperativos da compreensão, da paciência e da tolerância, que os outros naturalmente, também estarão exercitando a seu respeito.

Todo trabalho de equipe, para que resulte em alta produtividade, pede ordem e participação integral. O Templo Espírita autêntico deve abrigar um grupo de pessoas trabalhando em equipe, e que lhe é sangue a vitalizar todos os departamentos da organização. Assim, pois, quem faça parte dessa equipe espírita-cristã de estudo e de trabalho, deve levar em linha de conta que, se falhar, fugindo aos impera­tivos da ordem e da participação integral, o trabalho conjunto pode se perder, da mesma forma que um simples den­te quebrado de uma engrenagem leva a máquina à inércia.

Cada homem e una mundo cm si mesmo e, por isso, difere dos demais. Inevitavelmente, assim, todo grupo, por mais homogêneo, é formado de indivíduos diferentes entre si, mas ligados por afinidade quanto às qualidades mais gerais, não estando, em conseqüência, isento de divergência ou mesmo de disputas, entre seus membros. O Templo Espírita que se estrutura num grupo, não foge à regra. Contudo aquele que detém a responsável qualidade de espírita, não pode olvidar que, se os remédios para essa perturbação passageira, que são a compreensão, a tolerância e a paciência, nos outros são virtudes, para ele fazem parte do dever, já que a base fundamental da instituição é o amor ao próximo.

Conquanto pareça um paradoxo, há espíritas excessivamente egoísta: são os que apenas estudam a mensagem dos Espíritos para si mesmos no recesso e na tranqüilidade do lar. Não há se negar que, conhecendo profundamente os princípios da vida eterna, já percorreram metade do caminho ou que sejam espiritas pela metade. Isto porque sendo o Espiritismo uma mensagem de verdade e de amor, necessita de cérebro para discernir e de coração para atuar, ou seja, é necessário que a verdade, contida na cabeça, caia coração e o transforme em fonte inesgotável de recursos para a efetivação do amor, desse amor cristão que se evidencia nas suas manifestações exteriores. Assim. ninguém guarde a ilusão de ser espírita porque conhece Espiritismo; espírita é aquele que conhece e trabalha, sendo o Templo Espírita a sua oficina, onde estuda e serve, aprende e ama.

Sendo o Templo Espírita um posto avançado da fraternidade humana na Terra, todas as suas atividades devem extravasar amor e proveito permanentemente, sendo justo que, com a sucessão dos indivíduos e o decurso do tempo, ele se aperfeiçoe cada vez mais no seu mister de ensinar e de servir. Em assim sendo, cada um deve fazer o melhor hoje, dentro do possível ao seu alcance, relegando ao tempo a solução das deficiências que, certamente, sempre existirão, consciente de que, se todos são passíveis de crítica diante da perfeição, cada um é credor pelo que sabe e faz cumprindo o seu dever.

Depois de ter contribuído decisivamente para a consolidação da Doutrina Espírita, a mediunidade ainda é o seu melhor instrumento de ação, uma vez que permite o intercâmbio com o mundo espiritual e o recolhimento de todas as bênçãos que é permitido aos Espíritos derramarem em beneficio do homem. Podemos distinguir duas ordens de mediunidades: a que fornece provas espetaculares da ação dos Espíritos com fenômenos extraordinários, e a que simplesmente revela os Espíritos em ação, no socorro aos indivíduos. Geralmente, a primeira, que entusiasma e deslumbra, conquanto deixe saldo favorável pelo abalo que causa às criaturas, é como a chuva pesada cuja enxurrada desgasta o solo, carreando-lhe os recursos de fertilidade, deixando atrás de si marcas profundas de erosão. A segunda, que consola, liberta e cura, é como chuva fertilizante que, ao invés de tirar, enriquece o solo em que se derrama. Quem se disponha, pois, a analisar o trabalho mediúnico no Templo Espírita, não pode perdem de vista que, com a mediunidade que socorre e ajuda, ele estará sempre regorgitante de gente em busca de amor, e, com o simples fenômeno, por mais espetacular que seja, extinguindo-se este, ele fenecerá também, porque os curiosos não vivem e não vibram sem as grandes emoções...

A descoberta da imprensa, que permitiu a vulgarização dos conhecimentos através do livro, não dispensou a existência de escolas, que ministram o estudo sistemático; muito pelo contrário, estimulou a sua proliferação. Que ninguém, se engane, pois, que o problema do saber se resolve com a existência do livro, pois se assim fora, há séculos, não teríamos mais escolas no Planeta; nem que a existência da escola dispensa a presença do livro, pois, se assim fora, à medida que surgiram as escolas, os livros teriam desaparecido, o que não é verdade, tendo sucedido exatamente o contrário.

O Espiritismo, como toda religião, está nos livros; o livro, no entanto, ainda aqui, não dispensa a existência de escolas e cursos, de estudo sistemático, que lhes analise o conteúdo dentro de métodos adequados. Por isso, se o Templo Espírita deve erigir-se em escola, ministrando os cursos que forem possíveis, não pode, no entanto, deixar de estimular a divulgação e a distribuição do livro espírita, pois, da mesma forma que nos outros ramos do saber, a presença do livro valorizará a escola e ampliará sua eficiência.

Anuário Espírita 1976

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Espiritismo

Por Paulo da Silva Neto Sobrinho

Existe uma diferença substancial entre a Doutrina Espírita e determinadas correntes religiosas.

Não é no aspecto dos princípios filosóficos que estamos falando, mas na maneira de encarar e conviver com as outras religiões.

Primeiro: nunca dizemos que as outras religiões não prestam ou que sejam obras de satanás. Segundo: não procuramos impor nossa maneira de pensar a quem quer que seja, respeitamos a todos para poder merecer de todos o devido respeito. Terceiro: não estamos à procura dos que não pensam como nós para tentar convencê-los enviando e-mails, cartas, revistas, etc, ou até mesmo pessoalmente para mudar a cabeça dos outros. Quarto: quando encontramos algum escritor Espírita falando de alguma coisa de determinada religião é porque teve o cuidado de pesquisar sobre o assunto, não dando ouvidos ao que os outros dizem, como é comum vermos nos que combatem à Doutrina Espírita.

Não raro encontramos afirmações de ser “Espiritismo” todos os lugares onde ocorrem as manifestações de espíritos. Se não for por pura ignorância é má-fé mesmo, pois somente poderá ser considerado Espiritismo os que seguem rigorosamente a codificação feita por Kardec.

A maneira com que encaramos a Bíblia é outro ponto em que há discordância entre nós e as outras correntes religiosas que se fundamentam neste livro.

Só para se ter uma idéia do que passam aos seus profitentes a respeito de como ler a Bíblia colocamos, a seguir, alguns exemplos do que consta nas Bíblias como norma de interpretação:

1. Bíblia Sagrada, Edição Barsa:

1. Uma vez que as S. Escrituras foram inspiradas por Deus, não contêm erro algum, assim pois, qualquer interpretação que aceite um erro ou contradição entre passagens bíblicas, não pode ser verdadeira.
2. Uma vez que a Igreja recebeu a promessa de contar com a ajuda do Espírito Santo (Jo 14, 16), não se pode aceitar uma interpretação que seja contrária a alguma de suas definições.
3. Sendo a tradição parte integrante da revelação divina, não se pode admitir nenhuma interpretação que vá contra a opinião unânime dos Santos Padres ou Doutores da Igreja primitiva.

2. Bíblia Anotada:

“Aceite o sentido normal, natural e costumeiro das palavras. É assim que falamos e lemos outros tipos de literatura, e é assim que Deus pretendeu que fosse lida e entendida a Sua Palavra”.

“Não fique tentado, todavia, a descobrir significados “profundos” ou a encontrar idéias ocultas que ninguém jamais percebeu! Não invente “mensagens” que não estão no texto para justificar alguma idéia pessoal ou ação que planeje executar. No sentido normal do texto há farto material para que o Espírito Santo fale a você e satisfaça suas necessidades espirituais. Além disso, quanto mais você estudar, tanto maior será o “reservatório” de verdades bíblicas acumuladas das quais o Espírito pode Se valer para corrigi-lo, fortalecê-lo e guiá-lo””.

Como se vê “os donos da verdade” são as únicas pessoas que receberam de Deus a inteligência para compreender e interpretar a Bíblia.

Entretanto, por puro atavismo, não percebem que os livros da Bíblia foram escritos por seres humanos, que nela colocaram além das revelações divinas, muitas coisas que são apenas reflexos do pensamento do próprio escritor ou da cultura do povo hebreu. Nela, também, encontramos coisas que tiveram aplicabilidade somente naquela época, não podendo prevalecer para os nossos dias. Não raro encontramos coisas que serviram puramente de leis sociais ou religiosas que não podem ter sido emanadas de Deus.

Assim aos que ainda pensam que a Bíblia é a mais pura verdade, perguntamos:

Considerando que Deus após formar o homem do barro da terra e inspirar-lhe nas narinas um sopro de vida (espírito) e que forma a mulher da costela tirada do homem, poderemos pressupor que a mulher não tem espírito?

Considerando que Deus disse que a serpente seria maldita entre todos os animais, por que Jesus nos diz para sermos prudentes como ela?

Considerando que Deus disse à mulher que iria multiplicar das dores do parto, por que motivos os animais também parem com dor?

Considerando que Deus disse especificamente ao homem (Adão) tu és pó e ao pó hás de tornar, por que as mulheres, os animais e as plantas morrem?

Por que Deus disse: Eis que o homem se tornou como um de nós, será que existem vários Deuses?

Por que Deus coloca querubins armados para guardar o caminho da árvore da vida, já que estes seres na época eram seres da mitologia babilônica, metade homens, metade animais, de quatro patas, com asas, guardas dos portais de templos e palácios, ou seja, não tinham a concepção moderna de serem anjos? Onde estavam naquele dia Seus anjos?

Sabendo que Deus estabeleceu o tempo de 120 anos como a permanência do homem na carne, por que várias pessoas viveram além deste tempo? Será que as leis divinas não são para todos? Onde está a justiça?

Por que mesmo sendo onisciente Deus não teve a menor idéia de que o homem se tornaria mal, e arrependido de havê-lo criado, resolve exterminá-lo da face da terra?

Deus coloca o arco-íris nas nuvens para se lembrar da aliança que fez com Noé, será que é porque achava que se não colocasse um sinal poderia esquecer dessa aliança?

Moisés diz ter falado com Deus face a face, Jacó diz ter visto Deus face a face, entretanto Jesus diz que ninguém viu a Deus face a face. Como pode ser isso?

Apesar da adivinhação ser abominável a Deus, por que José fazia adivinhação através de uma taça?

Considerando que a magia era abominável a Deus, como Moisés transforma uma vara em serpente, mesma coisa faz Aarão só que a vara é transformada em crocodilo?

Considerando que entre os Dez Mandamentos da Lei de Deus existe um que diz: Não matarás, como se diz que Deus manda matar: quem trabalha aos sábados, quem ferir mortalmente um homem, quem ferir o pai ou a mãe, quem seqüestrar uma pessoa, quem amaldiçoar o pai ou a mãe, os que cometerem adultério, as feiticeiras, quem tiver relações com um animal, os filhos rebeldes e desobedientes (apedrejados) entre tantas decretações de morte?

A determinação de não cobiçar a mulher do próximo é de origem divina ou fruto da sociedade machista da época?

Estamos dando somente uma ligeira idéia do que contêm a Bíblia, que insistem em afirmar ser a palavra de Deus.

Talvez o problema maior do Espiritismo realmente não seja a questão da comunicação com os mortos, a reencarnação ou não aceitar a divinização de Jesus, estamos nos convencendo de que na realidade o nosso maior problema é justamente o de não aceitar a Bíblia como verdade absoluta, sem o mínimo erro. Sabe por que? Porque infelizmente ela é usada justamente para manter sob domínio de certos líderes religiosos o pobre povo, que pela sua ignorância bíblica aceita tudo o que eles dizem. Acabam aceitando a idéia que é se dando é que se recebe. Entretanto, vergonhosamente distorcem o dar, para lhes incutirem que apenas os que dão dízimo ou os que dão “espontaneamente” muito dinheiro irão receber recompensa de Deus.

Achamos, pois urgente a necessidade de aprofundarmos mais na Bíblia para lhe ressaltar as contradições e incoerências, deixando evidenciado o que realmente poderia ser de Deus, para que fique bem claro que ela está sendo usada para subjugar o povo.

Apesar de que em várias passagens se afirma que Deus não faz acepção de pessoas, dizem que somente os que seguem a suas religiões é que irão para o céu (desde que paguem por isso, é claro).

Algumas vezes encontramos pessoas que dizem que irão orar para nós, para que possamos nos converter. Diremos a eles, só você é pouco coloquem todos os que pensam como você para orar, mas vamos logo lhe dizendo será muito difícil, porque não vou abrir mão do meu direito de questionar e pensar, o que nunca encontraremos nas religiões dogmáticas. Como no Espiritismo temos plena liberdade, ficamos por aqui. E afirmamos não iremos para o inferno, visto ele não existir. Se Jesus disse que o reino dos céus não está aqui ou acolá que ele se encontra dentro de nós, por conseqüência também o inferno estará dentro de nós, ou seja, é apenas um estado de consciência. Como desenvolvemos todos os esforços para amar ao próximo como a nós mesmos, para encontrarmos a nossa felicidade, conseqüentemente estamos fazendo o que é necessário para entrar no reino dos céus.

E por derradeiro, “A convicção que tens, guarda-a só contigo e aos olhos de Deus. Feliz o homem que não se julga culpado pela decisão que toma” (Romanos 14, 22).

Bibliografia:

Bíblia Sagrada – Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo, com notas e um completo Dicionário Prático por Mons. José Alberto L. de Castro Pinto, Edição Barsa, 1965.

A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible /Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie, Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, - São Paulo, Mundo Cristão, 1994.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

[ESPÍRITOS] - Joanna de Ângelis

Joanna de Ângelis é o nome dado pelo médium espírita brasileiro Divaldo Franco ao espírito a que atribui a autoria da maior parte de suas obras psicografadas. Esse espírito é tido também por Divaldo Franco como sua orientadora espiritual.

A obra mediúnica atribuída a ela é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas, versando sobre temas existenciais, filosóficos, psicológicos e transcendentais. Sua Série Psicológica, composta por mais de uma dezena de obras, contém análises baseadas numa visão cristã, espírita e transpessoal.

Sucessivas encarnações

Segundo Divaldo Franco, em sua primeira manifestação, a 5 de dezembro de 1945, Joanna de Ângelis se apresentou com o epíteto "um Espírito amigo", que por muitos anos teria sido um pseudônimo utilizado por ela.

Na obra A veneranda Joanna de Ângelis (Salvador: LEAL, 1987), os autores Celeste Santos e Divaldo Franco defendem que esse Espírito teria sido, em uma de suas encarnações, Joana de Cusa - uma das mulheres que acompanhavam Jesus no momento da crucificação.

Atribuem-se ainda a ela as seguintes personalidades históricas: Santa Clara de Assis que viveu no século XIII, seguidora de São Francisco de Assis e fundadora da Ordem das Clarissas, sóror Juana Inés de La Cruz (pseudônimo religioso da poetisa mexicana Juana de Asbaje, que viveu durante o século XVII) e Joanna Angélica de Jesus, também sóror e depois abadessa que viveu no início do século XIX e protagonizou doloroso drama na Independência da Bahia.

Principais obras

Dentre os livros psicografados por Divaldo que trazem a assinatura de Joanna de Ângelis, sobressaem:

* Dimensões da Verdade - 1965 (conceitos evangélicos e doutrinários)
* Messe de Amor - 1964 (mensagens, dedicadas ao centenário de O Evangelho Segundo o Espiritismo)
* Leis Morais da Vida - 1976 (análises sobre as Leis Divinas)

Da intitulada Série Psicológica

* Jesus e a atualidade- 1989
* O homem integral- 1990
* Plenitude - 1991
* Momentos de Saúde - 1992
* O Ser Consciente- 1993
* Autodescobrimento - 1995
* Desperte e seja feliz- 1996
* Vida: Desafios e Soluções - 1997
* Amor, imbatível amor- 1998
* O Despertar do Espírito- 2000
* Jesus e o evangelho a luz da psicologia profunda- 2000
* Triunfo Pessoal - 2002

Fonte: Wikipedia

[ESPÍRITOS] - Emmanuel

Emmanuel é o nome dado pelo médium espírita brasileiro Chico Xavier ao espírito a que atribui a autoria de boa parte de suas obras psicografadas. Esse espírito era apontado por Chico Xavier como seu orientador espiritual.

Há também um livro homônimo de Chico Xavier que leva a assinatura de Emmanuel, publicado em 1938.

A obra mediúnica atribuída a Emmanuel é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas. São romances históricos, livros de aconselhamento espiritual, obras de exegese bíblica, etc.

Um espírito, que se identifica como "Emmanuel", assina uma mensagem ditada em Paris em 1861, intitulada "O egoísmo", publicada no item 11 do capítulo XI do Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, cuja primeira edição veio a público em abril de 1864.

O seu nome popularizou-se no Brasil pela psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, que assim descreveu o primeiro contato de ambos, em 1931, enquanto psicografava Parnaso de Além-Túmulo, a sua primeira obra mediúnica.

"Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz."

Ao ser questionado sobre a sua identidade, o espírito teria respondido:

"Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espírita. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos..."

Segundo declarações do médium mineiro, em vidas anteriores, Emmanuel fora um senador romano contemporâneo de Jesus, chamado Públio Lentulus Cornelius.

De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium as suas impressões, revelando-nos o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em vida anterior, Públio Lentulus Sura, no romance "Há dois mil anos". Públio luta pela sua Roma, não admitindo a corrupção e demonstrando integridade de caráter. Ao mesmo tempo, sofre durante anos a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama. Tem a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, escolhe a segunda. Desencarnou em Pompéia, no ano de 79, vítima das cinzas do Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus.

Na obra "Cinquenta anos depois", o personagem renasce em Éfeso, em 131, com o nome de Nestório. De origem judaica, é escravizado por romanos que o conduzem ao país de sua anterior existência. Nos seus 45 anos presumíveis, mostra em seu porte um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também fora escravizado, volta a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde tinha a responsabilidade da palavra. Cristão desde a infância, é preso e, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à morte. Com os demais, ante o martírio, canta, de olhos postos no Céu e, no mundo espiritual, é recebido pelo seu amor de outrora, Lívia.

Ainda segundo o médium, em participação no programa "Pinga Fogo", da extinta TV Tupi, em 1971[1], Emmanuel teria sido, numa antiga encarnação, o padre português Manuel da Nóbrega. O deputado Freitas Nobre, teria declarado, em programa na mesma rede de televisão, na noite de 27 de julho de 1971, que, ao escrever um livro sobre o padre José de Anchieta, teve oportunidade de encontrar e fotografar uma assinatura de Manoel da Nóbrega, como "E. Manuel". Segundo o seu entendimento, o "E" inicial se deveria à abreviatura de "Ermano", o que, ainda de acordo com o seu entendimento, autorizaria a que o nome fosse grafado Emanuel, um "m" apenas e pronunciado com acentuação oxítona[2].

Em entrevista, Chico Xavier disse certa vez: "Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que me tolera as falhas e pela bondade com que repete as lições que devo aprender"[3].

Notas

1. Jaci Régis. Chico Xavier - Mudou a visão do Espiritismo. Acessado em 12 mar. 2008.
2. Expoentes da Codificação Espírita. Curitiba: Federação Espírita do Paraná, 2002. p. 41
3. Centro Espírita Seara dos Pobres.Emmanuel. Acessado em 13 mar. 2008.

Ligações externas

* Centro Espírita Emmanuel
* Análise crítica sobre os posicionamentos de Emmanuel

Fonte: Wikipedia

domingo, 23 de agosto de 2009

02 meses de "O Blog dos Espíritas"

Por Fabiano Vidal

"O Blog dos Espíritas" está completando 02 meses ininterruptos de atividades, buscando sempre o que há de melhor sobre a Doutrina Espírita. Até o momento, são 132 posts (sem contar este, comemorativo), com os melhores artigos, vídeos e reportagens sobre o Espiritismo disponibilizados pela Internet.

Não tem sido um trabalho fácil, mas sim, muito prazeroso, pois ao mesmo tempo em que pesquisamos, aprendemos cada vez mais sobre o Espiritismo através de artigos de especialistas como José Herculano Pires, Dora Incontri, Léon Denis, Allan Kardec e tantos outros que dedicaram sua vida e estudos à Terceira Revelação.

Aqueles que quiserem contribuir com o crescimento do blog e da Doutrina Espírita, não se acanhe. Mande sua colaboração para nosso e-mail, oblogdosespiritas@gmail.com , que analisaremos com muito carinho sua contribuição e a postaremos no blog.

Já dizia Allan Kardec que o Espiritismo não se impõe a ninguém, as pessoas devem aceitá-lo por livre e espontânea vontade. Esperamos que o trabalho realizado por este blog, com a devida ajuda de seus leitores e seguidores, ajude a pessoas que se definem como "simpatizantes" do Espiritismo a esclarecerem suas dúvidas e posteriormente a seguirem esta doutrina consoladora transmitida pelos Espíritos Superiores e devidamente codificada e organizada por Allan Kardec.

Vida longa ao nosso blog e à Doutrina Espírita!

A identidade jamais revelada do Espírito de Verdade

Por Marcelo Borela de Oliveira

A primeira manifestação ostensiva do Espírito de Verdade ao professor Hippolyte Léon Denizard Rivail ocorreu em sua casa no dia 25/3/1856 através de pancadas. O relato que se segue se baseia nas próprias palavras do Codificador do Espiritismo.

A 25 de março de 1856 estava Allan Kardec em seu escritório, trabalhando no preparo d' O Livro dos Espíritos, quando ouviu ressoarem pancadas repetidas na parede. Ele procurou, sem sucesso, a causa dos ruídos e voltou ao trabalho. Sua mulher, Amélie, entrando cerca das 10 horas no escritório, ouviu os mesmos ruídos. De novo, procuraram localizar a causa do barulho, sem nenhum resultado, e as coisas foram se repetindo de tal modo que bastava Kardec voltar à tarefa e as pancadas se faziam ouvir em diferentes pontos da sala.

No dia seguinte, na reunião que se realizava na casa do sr. Baudin, Kardec pediu aos Espíritos explicação para o fato.

Eis como ele mesmo transcreveu em "Obras Póstumas" o diálogo que então se verificou:

"– Ouvistes o fato que acabo de narrar. Podereis dizer-me a causa dessas pancadas que se fizeram ouvir com tanta insistência?

– Era o teu Espírito familiar.

– Com que fim vinha ele bater assim?

– Queria comunicar-se contigo.

– Podereis dizer-me o que queria ele?

– Podes perguntar a ele mesmo, porque está aqui.

– Meu Espírito familiar, quem quer que sejais, agradeço-vos terdes vindo visitar-me. Quereis ter a bondade de dizer-me quem sois?

– Para ti chamar-me-ei Verdade, e todos os meses, durante um quarto de hora, estarei aqui à tua disposição.

– Ontem, quando batestes, enquanto eu trabalhava, tínheis alguma coisa de particular a dizer-me?

– O que eu tinha a dizer-te era sobre o trabalho que fazias. O que escrevias me desagradava e eu queria fazer-te parar.

– A vossa desaprovação versava sobre o capítulo que eu escrevia, ou sobre o conjunto do trabalho?

– Sobre o capítulo de ontem: faço-te juiz dele. Torna a lê-lo esta noite e reconhecerás os erros e os corrigirás.

– Eu mesmo não estava muito satisfeito com esse capítulo e o refiz hoje. Está melhor?

– Está melhor, mas não muito bom. Lê da 3a à trigésima linha e reconhecerás um grave erro.

– Rasguei o que tinha feito ontem.

– Não importa. Essa inutilização não impede que subsista o erro. Relê e verás."

Jobard e Sanson vêem o Espírito de Verdade – Dois anos depois, Kardec anotaria em uma de suas obras: “Tendo eu interrogado esse Espírito, ele se deu a conhecer sob um nome alegórico (eu soube, depois, por outros Espíritos, que fora o de um ilustre filósofo da Antiguidade).”(Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Edicel, pp. 227 e 228.)

A respeito do assunto, vale a pena consultar o volume da Revista Espírita de 1862, pp. 72 e 172, bem como o livro “Kardec, Irmãs Fox e Outros”, de Jorge Rizzini, pp. 11 e 12, após o que será fácil concluir, com apoio no que o próprio Codificador registrou:

1o. O Espírito de Verdade não é Jesus, mas um Espírito familiar de Allan Kardec. Como sabemos, a expressão “Espírito familiar” está definida com clareza na obra da codificação, que nos ensina, na questão 514 d´O Livro dos Espíritos, que o Espírito familiar é alguém da família espiritual, é “o amigo da casa”.

2o. O Espírito de Verdade foi um filósofo na Antiguidade, cujo verdadeiro nome terreno ele não quis declinar, provavelmente porque sua divulgação não traria à obra em curso nenhum proveito. Lembremos também que o Codificador, ao assinar suas obras espíritas, ocultou seu verdadeiro nome, entendendo que usá-lo não traria vantagem ao trabalho e poderia mesmo prejudicá-lo.

3o. O Espírito de Verdade não é uma plêiade, uma falange, uma reunião de Espíritos superiores, mas uma individualidade espiritual, o que pôde ser comprovado quando Jobard e Sanson, então desencarnados, afirmaram tê-lo visto no recinto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Aliás, reportando-se a esse Espírito, Kardec escreveu: “A qualificação de Espírito de Verdade não pertence senão a um só, e pode ser considerada como um nome próprio. Está especificada no Evangelho. Aliás, esse Espírito se comunica raramente e apenas em circunstâncias especiais” (Revista Espírita de 1866, pág. 221).

4o. Kardec jamais entendeu ou deu a entender que esse Espírito fosse o próprio Jesus, um equívoco que tem sido repetido por autores e palestrantes espíritas, sem nenhum fundamento. Para os que duvidam do que ora dizemos convidamos a que leiam o comentário que Kardec fez a propósito da comunicação atribuída a Jesus, inserta no item IX do cap. XXXI d´O Livro dos Médiuns.

O Espírito de Verdade em pessoa na Sociedade Espírita de Paris

Com respeito à individualidade do Espírito de Verdade, tema que jamais foi motivo de dúvida entre Kardec e seus seguidores, é interessante recordar os depoimentos de dois amigos do Codificador, expressos em reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Depois de sua desencarnação, o Sr. Jobard, confrade e amigo íntimo de Kardec, comunicou-se várias vezes na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de cujas sessões participava então com freqüência, na condição agora de Espírito liberto das vestes físicas.

Em 11 de novembro de 1861, em resposta a uma pergunta de Kardec: “Vedes os Espíritos que aqui estão conosco?”, Jobard, valendo-se da médium Sra. Costel, respondeu o que segue:

“Vejo, principalmente, Lázaro e Erasto; depois, mais afastado, o Espírito de Verdade, planando no espaço; depois uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam, agradecidos e benevolentes”. (Revista Espírita de 1862, pág. 72.)

Praticamente seis meses depois, em 2 de maio de 1862, o Sr. Sanson, amigo e companheiro de Kardec na Sociedade Espírita de Paris, recentemente desencarnado, também descreveria, a pedido do Codificador, o ambiente espiritual da Sociedade no momento das reuniões. Eis parte do diálogo que então se registrou:

Kardec: – Entre os Espíritos que aqui se acham vedes o nosso presidente espiritual São Luís?

Sanson: – “Está sempre ao vosso lado e, quando se ausenta, sabe sempre deixar um Espírito superior, que o substitui.”

Kardec: – Não vedes outros Espíritos?

Sanson: – “Perdão: o Espírito de Verdade, Santo Agostinho, Lamennais, Sonnet, São Paulo, Luís e outros amigos que evocais estão sempre nas vossas sessões.” (Revista Espírita de 1862, pág. 172.) (M.B.O.)

O Espírito de Verdade segundo Jorge Rizzini

A competência e a autoridade intelectual do confrade Jorge Rizzini, autor de inúmeras obras de grande importância para os estudiosos da Doutrina Espírita, não é preciso ser aqui lembrada. Dele é o excepcional livro Kardec, Irmãs Fox e Outros, que a EME Editora publicou em 1994.

Composta de 17 capítulos, a obra dedica parte do capítulo primeiro ao assunto de que ora tratamos, que é ali desdobrado em três partes: a questão da denominação da Entidade, a discussão da idéia de que o Espírito de Verdade seja uma falange de Espíritos e, por fim, a identidade do Espírito.

Espírito Verdade ou Espírito de Verdade?

1o. – No tocante ao pseudônimo que o Espírito de Verdade preferiu utilizar por ocasião da codificação do Espiritismo, Jorge Rizzini segue a opinião da maioria, que prefere grafá-lo “Espírito de Verdade”, diferentemente de Canuto Abreu, que lhe chamava simplesmente “Espírito Verdade”, omitindo a preposição “de”, assunto de que já tratamos neste jornal em julho último. É bom lembrar que Kardec também usava a forma preferida por Rizzini: L´Esprit de Vérité, como podemos ver na edição francesa de 1866 d´O Evangelho segundo o Espiritismo, tanto no prefácio como no cap. VI.

Escreveu então Jorge Rizzini (obra citada, pág. 11): “Preferimos a tradição evangélica: ´Espírito de Verdade´. Além da tradição histórica, acrescentemos este fato decisivo: em uma das mensagens em língua francesa dirigidas a Allan Kardec o pseudônimo da Entidade crística aparece com a preposição, ou seja, Espírito de Verdade, de conformidade com o Novo Testamento”.

Espírito de Verdade é o nome de uma falange?

2o. – Rizzini não aceita a idéia, que vez por outra ouvimos no meio espírita, de que o Espírito de Verdade seja uma falange, uma plêiade, uma reunião de Espíritos.

Eis o que ele escreveu (obra citada, pág. 12): “O insigne Espírito de Verdade é uma individualidade! Lembremo-nos de que em sua primeira mensagem (psicografada em 1856 em Paris pelas irmãs Baudin) a Entidade afirmou, dirigindo-se a Allan Kardec: ´ – Para ti, eu me chamarei A VERDADE...´

“Note-se que a Entidade não escreveu: ´Nós` e, sim, conforme se lê em ´Obras Póstumas`: ´Eu me chamarei A VERDADE`.

“Outra prova da sua individualidade está no fato de que seu pseudônimo aparece nos prolegômenos de ´O Livro dos Espíritos` entre os nomes de Sócrates, Platão, Fénelon, Santo Agostinho, Erasto etc. Oferecemos, ainda, outra prova que reputamos, também, inquestionável. Abramos o livro ´O Céu e o Inferno`, edição da Edicel, página 167. Em uma sessão mediúnica dirigida por Allan Kardec e realizada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas manifestou-se o Espírito Jobard, o qual fora presidente honorário daquela instituição e amigo particular do próprio Kardec. A certa altura do diálogo com Jobard perguntou Kardec:

– Vedes os Espíritos que aqui se encontram conosco?

– Vejo, sobretudo, Lázaro e Erasto. Depois, mais distanciado, o Espírito de Verdade que paira no espaço.”

Jesus e o Espírito de Verdade são a mesma pessoa?

3o. Com respeito à idéia de que o Espírito de Verdade seja o próprio Cristo, Jorge Rizzini é categórico (obra citada, pág. 12):

“Não. Se fosse, jamais teria dito aos apóstolos: ´... eu rogarei ao Pai e Ele vos enviará outro Consolador, para que fique eternamente convosco: o Espírito de Verdade.”

Os que pensam de forma contrária apóiam-se principalmente na semelhança de linguagem que se nota entre algumas comunicações assinadas pelo Espírito de Verdade e as palavras de Jesus constantes do Evangelho.

Esclarece então Jorge Rizzini:

“A semelhança de personalidade, e até de linguagem (uma é reflexo de outra), explica-se pelo fato de que a evolução de ambos pode apresentar o mesmo nível ou quase o mesmo. Recordemos que Jesus não disse que enviaria o Espírito de Verdade; o que o Mestre disse, e com ênfase, é que rogaria a Deus e o Pai, então, enviaria o Espírito de Verdade à Terra. O Espírito de Verdade foi um ilustre filósofo da Antiguidade. E, por ser puro, é que o insigne Espírito foi porta-voz do Cristo ao trazer para nosso planeta o Espiritismo...”

Com relação à notícia de que a mencionada Entidade fora um ilustre filósofo da Antiguidade, Rizzini faz a seguinte observação:

“Dissemos que o Espírito de Verdade é um filósofo da Antiguidade. Essa informação encontra-se em uma obra de Kardec publicada em 1858 e que o Codificador jamais reeditou. Refiro-me ao livro ´Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas`. Examine o leitor as páginas 227-228 do volume ´Iniciação Espírita`, das Obras Completas de Allan Kardec (1a edição) lançada pela Edicel Ltda., ou a página 91 da 2a edição de ´Instruções Práticas` publicada pela Livraria O Clarim, então sob a direção de Cairbar Schutel. Eis aí a revelação que Allan Kardec nos deu sobre o Espírito de Verdade: ´Tendo eu interrogado esse Espírito, ele se deu a conhecer sob um nome alegórico (eu soube, depois, por outros Espíritos, que fora o de um ilustre filósofo da Antiguidade)´.”

BIOGRAFIA - Leopoldo Cirne - 31/04/1870

"Exerceu com verdadeiro amor evangélico e dentro daquele espírito de sincera humildade de que o Cristo nos deu edificante exemplo."

Leopoldo Cirne exerceu o cargo de Presidente da Federação Espírita Brasileira durante o período de 1900 a 1914. Nasceu em 31 de Abril de 1870, na Paraíba do Norte, criando-se, porém, na cidade do Recife. Desencarnou no Rio de Janeiro, na manhã de 31 de Julho de 1941. Desde cedo, nele se revelou acentuado pendor pelos estudos e, favorecido por viva inteligência, avançava, com real proveito, em seu curso de humanidades. Dificuldades financeiras obrigaram-no a abandonar os estudos e a ingressar no comércio, quando contava onze anos de idade.

Os comerciários atualmente desfrutam regalias e liberdades que aos de seu tempo não eram concedidas. Mal despontava a aurora, até às caladas da noite , estava o empregado no serviço ativo. Só uma pequena parte do Domingo podia o comerciário de então respirar mais livremente e dispor da sua vontade. Quis, porém, o destino que o nosso biografado, apenas de ter a alma cheia de belos sonhos, se visse na contingência de enfrentar, ainda menino, as lutas e a rude disciplina comercial, sacrificando, assim, seus mais caros ideais de formação intelectual!

Ignoramos se em aqui chegando, pelo ano de 1891, trazia já sua crença firmada na Terceira Revelação. O certo, porém, é que em pleno desabrochar da sua juventude, pois contava mais ou menos vinte e dois anos de idade, já ao lado do inolvidável Bezerra de Menezes trabalhava tão sincera e entusiasticamente a prol do Espiritismo, que desde logo granjeou a confiança de seus confrades que lhe sufragaram, em 1895, o nome para Vice-Presidente da Federação Espírita Brasileira.

Despontava o dia 11 de Abril de 1900 e a família espírita brasileira, os pobres, os pequeninos, os ignorados que o espírito de Adolfo Bezerra de Menezes, o grande Presidente da Federação Espírita Brasileira, partira para as regiões sublimes do Além!

Foi, pois, a uma personalidade dessas que coube a Leopoldo Cirne substituir na suprema direção da Casa de Ismael. E a sua atuação nesse alto posto foi tão marcante que, por cerca de catorze anos, o exerceu com verdadeiro amor evangélico e dentro daquele espírito de sincera humildade de que o Cristo nos deu edificante exemplo. Em começo dissemos que se vira ele obrigado a interromper seu curso de humanidades; todavia, com esforço próprio conseguiu Leopoldo Cirne ser um dos mais puros vernaculistas, deixando-nos artigos e obras que até hoje deixando-nos artigos e obras que até hoje merecem a nossa admiração.

A sua perseverante força de vontade e de confiança na misericórdia do Alto, deve a Federação Espírita Brasileira a sede na Avenida Passos, inaugurada no dia 10 de Dezembro de 1911.

Consagrou-se no campo da literatura filosófico-religiosa como um dos grandes pensadores do Movimento Espírita do País, sendo mesmo cognominado - o Léon Denis brasileiro.

Conhecia profundamente a Bíblia e tinha de cor muitos trechos da Imitação do Cristo. As melhores obras de religião, filosofia, ciência, arte e literatura em geral lhe eram familiares.

Traduziu vários livros para o nosso idioma, entre eles “No Invisível“e “Cristianismo e Espiritismo“, ambos de Léon Denis, e organizou, em 1904, o opúsculo “Memória Histórica do Espiritismo“.

Fonte: Rede Boa Nova de Rádio

Saiba mais sobre Leopoldo Cirne. Clique aqui.

sábado, 22 de agosto de 2009

A Vidência

Por Carlos Bernardo Oliveira

Allan Kardec recomenda provas positivas aos médiuns videntes.

Segundo Allan Kardec, os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Há os que gozam dessa faculdade em estado normal, perfeitamente acordados, guardando lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico ou aproximado ao sonambulismo. Incluem-se na categoria de médiuns videntes todas as pessoas dotadas de dupla vista. A possibilidade de ver os Espíritos em sonho é também uma espécie de mediunidade, mas não constitui propriamente a mediunidade de vidência.

O médium vidente acredita ver pelos olhos, como os que têm dupla vista, mas na realidade é a alma que vê, e por essa razão eles tanto vêem com os olhos abertos ou fechados.

Devemos distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade propriamente dita de ver Espíritos. As primeiras ocorrem com mais freqüência no momento da morte de pessoas amadas ou conhecidas que vêm advertir-nos de sua passagem para o outro mundo. Há numerosos exemplos de casos dessa espécie, sem falar das ocorrências de visões durante o sono. De outras vezes são parentes ou amigos que, embora mortos há muito tempo, aparecem para nos avisar de um perigo, dar um conselho ou pedir ajuda - é sempre a execução de um serviço que ele não pôde fazer em vida ou o socorro das preces.

Essas aparições constituem fatos isolados, tendo um caráter individual e pessoal. Não constituem, pois, uma faculdade propriamente dita. A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos freqüente, de ver os Espíritos que se aproximam, mesmo que estranhos. É esta faculdade que define o médium vidente.

Entre os médiuns videntes há os que vêem somente os Espíritos evocados, podendo descrevê-los com minuciosa exatidão. Conseguem descrevê-los nos menores detalhes dos seus gestos, da expressão fisionômica, os traços característicos do rosto, as roupas e até mesmo os sentimentos que revelam. Há outros que possuem a faculdade em sentido mais geral, vendo toda a população espírita do ambiente ir e, poder-se-ia dizer, entregue a seus afazeres.

Kardec, ainda em "O LIVRO DOS MÉDIUNS", relata o seguinte e singular episódio:

Assistimos, certa noite, à representação da ópera Óberon ao lado de um excelente médium vidente. Havia no salão grande número de lugares vazios, mas muitos estavam ocupados por Espíritos que pareciam escutar as suas conversas. No palco se passava outra cena; por trás dos atores muitos Espíritos joviais se divertiam em contracená-los, imitando-lhes os gestos de maneira grotesca. Outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores, esforçando-se por lhes dar mais energia. Um desses mantinha-se junto a uma das principais cantoras. Julgamos as suas intenções um tanto levianas e o evocamos após o baixar das cortinas. Atendeu-nos e reprovou o nosso julgamento temerário. - Não sou o que pensas - disse -sou o seu guia protetor; cabe-me dirigi-la. Após alguns minutos de conversação bastante séria, deixou-nos dizendo: -Adeus. Ela está no seu camarim e preciso velar por ela;

Evocamos depois o Espírito de Weber, autor da peça, e lhe perguntamos o que achava da representação. - Não foi muito má - respondeu -, mas fraca. Os atores cantam, eis tudo. Faltou inspiração. Espera - acrescentou - vou tentar insuflar-lhes um pouco do fogo sagrado! Vimo-lo, então, sobre o palco, palrando acima dos atores. Um eflúvio parecia se derramar dele para os intérpretes, espalhando-se sobre eles. Nesse momento verificou-se entre eles uma visível recrudescência da energia.

Kardec conta, em seguida, outro caso:

Assistíamos a uma representação teatral com outro médium vidente. Conversando com um Espírito espectador, disse-nos ele: - Estás vendo aquelas duas senhoras sozinhas num camarote de primeira? Pois bem, vou me esforçar para tirá-las do salão. Dito isso, dirigiu-se ao camarote das senhoras e começou a falar-lhes. Súbito as duas, que estavam muito atentas ao espetáculo, se entreolharam, parecendo consultar-se, e a seguir se foram, não voltando mais. O Espírito nos fez, então, um gesto gaiato, significando que cumprira a palavra. Mas não o pudemos rever para pedir-lhe maiores explicações.

Muitas vezes somos assim testemunhas (visuais) do papel que os Espíritos exercem entre os vivos. Observamo-los em diversos lugares de reunião: em bailes, concertos, sermões, funerais, núpcias etc., e em toda parte os encontramos atiçando as más paixões, insuflando a discórdia, excitando as rixas, motivando os apetites sexuais e rejubilando-se com suas proezas. Outros, pelo contrário, combatem essa influência perniciosa, mas só raramente são ouvidos... A faculdade de ver os Espíritos é uma dessas faculdades cujo desenvolvimento deve processar-se naturalmente, sem que se provoque.

Os médiuns videntes, finaliza Kardec, são raros e deve-se ter muitas razões para submetê-los ao crivo da observação. E prudente não lhes dar fé senão mediante provas positivas. Não nos referimos - sentencia Kardec - aos que alimentam a ridícula ilusão dos Espíritos-glóbulos.

1. A vidência propriamente dita independe dos olhos material, porque é uma visão anímica, a alma vê fora do corpo. É o que a Parapsicologia chama de percepção extrasensorial'. A dupla vista se manifesta sempre como um desdobramento da visão norma.
2. O exame de alguns efeitos óticos deram origem ao estranho sistema dos Espíritos-glóbulos. Esses efeitos óticos são considerados, por algumas pessoas, Espíritos. Afirmam que eles as acompanham: vão para a direita e para a esquerda, para cima e para baixo, conforme elas movem a cabeça.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo - O Clarim - Junho 1998

Para que somos imortais

Por Amílcar Del Chiaro Filho

Já nos perguntaram: o que o Espiritismo fez de bom para a humanidade? A nossa resposta foi simples. Perguntamos, por nossa vez, se a pessoa disporia de tempo para ouvir o relato que tínhamos a fazer. Ela disse que não, por isso queria um resumo do que pretendíamos dizer. Começamos falando das consolações extraordinárias aos sofredores, aos quem perdem um ente querido, para depois falar da imortalidade.

Dissemos, então: o Espiritismo veio trazer a imortalidade ao homem. Nosso amigo protestou dizendo que todas as religiões pregam a imortalidade, ao que respondemos: a Doutrina Espírita não prega, ela prova que somos imortais, e mais ainda, para que somos imortais, porque isso faz toda a diferença.

Ser imortal para sofrer os tormentos do inferno ou os gozar no paraíso, às vezes, separados dos que amamos, é irracional. O Espiritismo demonstra a imortalidade racional, dinâmica. Somos imortais para crescer, evoluir, alcançar a perfeição, e isto será conseguido através das reencarnações.

Nosso amigo argumentou: ora, a reencarnação não é para pagar as dívidas, os pecados?

Não! Embora seja também para isso, a sua finalidade primeira é o aperfeiçoamento do ser. Deus criou-nos simples e ignorantes, mas propensos a aprender o bem e o mal. Através da extraordinária jornada "palingenésica", ou seja, das reencarnações, partimos deste ponto e miramos o alvo que é a perfeição. Nada prova melhor a imortalidade do que duas coisas, as comunicações dos espíritos dos homens que viveram na Terra, e a reencarnação.

O Espiritismo foi o primeiro a penetrar nesse mundo coberto pelo pano negro do luto, e vedado pelos mistérios das religiões oficiais. Por meio da mediunidade, que é um instrumento tão importante quanto o telescópio é para a astronomia e o microscópio para a medicina, os pesquisadores, a começar por Allan Kardec, adentraram esse mundo invisível, conversaram com os seus habitantes e construíram uma ponte por onde podemos passar para lá, e os espíritos podem vir até nós e comunicarem-se por meios físicos ou inteligentes.

É grande a quantidade de espíritos desconhecidos que não podem provar quem foram, quando viveram na Terra e o que fizeram. Contudo é inumerável a quantidade dos que provaram as suas existências como seres encarnados, com detalhes íntimos irrecusáveis.

Quanto à reencarnação, ela é provada cientificamente, com as investigações de cientistas renomados, como De Rochas, no final do século XIX, Banerjí, Ian Stevenson , Puarick e aqui no Brasi, Hernani Guimarães Andrade. Confirmam eles que a reencarnação está em plena harmonia com as leis da natureza.

Filosoficamente o Espiritismo é que tem as respostas para as perguntas: quem somos? Por que e para que estamos na Terra? De onde viemos? Para onde vamos? Como harmonizar liberdade com responsabilidade?

Moralmente, ou religiosamente, só a reencarnação explica a dor, a infelicidade, o sofrimento, as injustiças, as desigualdades e os males que afligem a humanidade. Por tanto é o Espiritismo que pode impulsionar a reforma moral dos indivíduos, e a transformação social da humanidade.

Nosso amigo disse, basta, porque se não, começarei a me perguntar: por que não sou espírita?

Simplicidade e Grandeza do Espiritismo

Por Orson Peter Carrara

A Doutrina Espírita, por seus fundamentos e desdobramentos próprios de seu conteúdo doutrinário, é grandiosa por várias razões. Entre elas, destacam-se os benefícios diretos do esclarecimento à mente humana, embasados na mais perfeita lógica e bom senso, além do conforto ao coração pelo consolo próprio da mensagem totalmente estruturada no Evangelho de Jesus.

Suas respostas aos extensos questionamentos humanos, todas construídas nas bases da ciência, da filosofia e da religião, aliás tríplice aspecto de seus fundamentos, atendem a todos os estágios do intelecto humano, desde que a pessoa se liberte de preconceitos e aceite estudar para conhecer ao menos, ainda que a título cultural, pois que a Doutrina Espírita deseja apenas ser conhecida, nunca imposta.

Suas bases inspiram o amor ao próximo, no amplo sentido da caridade, dispensam quaisquer formalismos ou rituais, convidam à fé racional e estimulam o auto-aprimoramento e o trabalho no bem como ferramentas de conquista do mérito da felicidade acessível a qualquer pessoa.

Por isso, estão distantes da prática espírita as manifestações de vaidade, da autopromoção, da imposição de idéias, dos abusos de qualquer espécie, da exploração da fé e mesmo a obtenção de quaisquer vantagens. E como agora a idéia espírita já encontra ampla aceitação no meio popular, surgem os perigos da infiltração de idéias e posicionamentos estranhos à simplicidade e grandeza da mensagem espírita.

É onde surge o exibicionismo ou a publicação de obras estranhas, com ideologias conflitantes com a pureza dos princípios espíritas, comprometendo a lógica e o bom senso tão bem expressos na genuína literatura espírita. É onde surgem o uso de termos exóticos, de difícil compreensão para o grande público, complicando a simplicidade dos ensinos. Eventos ou promoções inacessíveis à grande massa popular, distanciando o pensamento confortador de Jesus das angústias do povo... E mais os festivais de vaidades que humilham ou exigências descabidas, totalmente incoerentes com a simplicidade dos ensinos do amor trazidos pelo Mestre da Humanidade.

Mas é na literatura e na tribuna, talvez, sem contar as alfinetadas próprias do difícil relacionamento humano, que estamos nos comprometendo mais. É quando não simplificamos os ensinos e desejamos dar demonstrações intelectuais ao invés de nos preocuparmos com a clareza própria do Espiritismo. Temos que “mastigar” os ensinos para a mente popular, temos que fazer chegar a grandeza do Espiritismo no cotidiano das dificuldades que a pessoa está enfrentando para que possa superar seus dramas e angústias.

Ninguém nega, todavia, que há eventos, estudos e literatura específica que exigem mais qualificação e direcionamento específico.

Mas complicar algo tão simples e ao mesmo tempo grandioso, inventar teorias, preocupar-se com opiniões pessoais, desejar projetar-se através de teorias esdrúxulas, estranhas e incoerentes, já é outra coisa que situa-se muito distante da proposta de renovação e aprimoramento trazida pelo Espiritismo.

Que possamos despertar dessa letargia de uma concorrência que tenta sobrepor-se ao próprio Espiritismo para voltarmos a atenção devida e merecida à tarefa que mutuamente assumimos de honrar o conhecimento libertador da extraordinária Doutrina Espírita.

Livros ou teorias estranhas ao Espiritismo, que tentam impor idéias esdrúxulas?

Basta seguir o conselho de Erasto em O Livro dos Médiuns*: “(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que nos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”.

*capítulo XX, item 230

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Morte - Ilusão ou Realidade

Por Adésio Alves Machado

Não só em outubro, mas sempre, devemos voltar nossos melhores pensamentos para a figura invulgar do Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, ou Hippolyte Leon Denizard Rivail, o nome da última personalidade que este Espírito revestiu na terra.

Uma das básicas mensagens do Espiritismo é a nulificação da morte, entre outras tão importantes. Ele conseguiu, porque desmistificou-a, retirou o véu que encobria a sua realidade espiritual, não só corporal. O corpo transforma-se, seus componentes moleculares serão reaproveitados; o Espírito é imortal. Deixou de ser terrificante, a morte, porque era apenas um fenômeno biológico ainda sem maiores e melhores detalhes.

Lemos certa feita que "O maior ato de injustiça de DEUS seria a morte do homem. DEUS não mata seus filhos; corrige-os, educa-os". Podemos aditar: porque os ama.

A morte perdeu toda a sua caracterização apavorante pelo fato de haver trazido à humanidade, seja espírita ou não, a certeza da vida futura, deixando esta de ser mera hipótese para se constituir em pura realidade.

Toda revelação com respeito à vida espiritual, o estado íntimo e exterior da alma depois da morte física não é mais um sistema, mas o resultado de uma observação realizada com todo critério, o mais científico possível, se nos determos numa conceituação tendo como base a metodologia convencional ainda vigente. O mundo espiritual vai aparecendo na sua plenitude, mas sempre obedecendo uma apresentação gradual, respeitando o nosso grau de compreensão. O mais relevante, e que merece ênfase, é que todo conhecimento retido por nós, espíritos espíritas não é resultado de uma engenhosa concepção do homem muitas vezes fantasista e prisioneiro de suas idiossincrasias, mas foram os próprios habitantes de "lá" quem nos trouxeram os detalhes. Variados são os graus da escala espiritual ocupada por eles, nas fases não só de felicidade como de desgraça, disseram.

É de posse de informações, as mais detalhadas possíveis, que vamos nos capacitando a encarar a morte com mais calma, levando-nos à manutenção de uma certa serenidade, variável é verdade, pois tudo depende do grau de compreensão de cada pessoa. Nossos últimos momentos sobre a Terra não será municiado só de esperança, mas de certeza quanto ao porvir, o que não deixa de ser confortador.

Sabemos que a morte nos leva à continuação desta vida, já que deixamos de revestir um corpo carnal fornecido por empréstimo, enquanto no plano físico estagiarmos. As condições da vida espiritual são melhores do que as aqui vividas, dependendo do que fizemos da existência que finda.

Os motivos desta confiança acham-se embasados nos fatos testemunhados, mas se eles concordarem com a lógica, com a justiça de Deus, tudo refletindo as mais legítimas aspirações de todos os humanos.

A alma para nós não é pura abstração, mas algo consistente, com "forma determinada, limitada e constante" (1), formando uma individualidade que preexiste ao nascimento e sobrevive à sua saída do corpo carnal.

A lembrança dos que se afastaram da nossa percepção sensorial terrena não obedece à figuras ilusórias, assim como chamas fugitivas que nada falam ao pensamento. Os espíritos têm forma concreta que nos é mostrada pensamentalmente como seres viventes. Não estão perdidos nas profundezas do espaço infinito, estão bem pertos de nós, ao nosso redor, transmitindo-nos as suas vibrações que refletem seus estados íntimos. Há assim, identificação do mundo material com o espiritual, quando são mantidas as perpétuas relações segundo os preceitos da fraternidade mais legítima quando há amor como liame.

Desaparece a dúvida sobre o futuro, esfumaça-se o temor da morte, e sua aproximação é sentida da mesma forma como a do que aguarda a libertação, após anos de cativeiro.

Procuremos, através da prática do bem, único caminho para chegarmos à verdadeira libertação espiritual, manter, enquanto aqui estivermos, o sentimento de amor ao semelhante pulsante em nosso peito. Façamos a ele o que gostaríamos que nos fizesse, e, assim, com toda certeza teremos uma chegada feliz no mundo das verdades inapagáveis, sendo recebidos com alegria e paz por todos quanto nos amam.

(1) O Livro dos Espíritos, Kardec, Allan, perg. 88, edição da FEB.

ADÉSIO ALVES MACHADO é Escritor, Orador e Radialista.
Autor dos livros: Ser, Crer e Crescer - Elucidações Para uma Vida Melhor;
Diálogo com Deus - Preces de MEIMEI e Verdades que o tempo não apaga.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nova Missão dos Espíritas

Por Alkíndar de Oliveira

[Cap. 8 do livro Aprimoramento Espírita - Editora Truffa - www.editoratruffa.com.br]

“Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação, hábitos, trabalhos, ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco.” — Erasto (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 20 – Os trabalhadores da última hora – Missão dos espíritas)

As palavras do Espírito protetor Erasto não só ressaltam a importância do espírita consciente em divulgar o Espiritismo como nos faz refletir sobre um outro ângulo da necessária divulgação. Leva-nos, as palavras de Erasto, a indagar:

“Será que esse ‘Ide e pregai’ significa pregar as palavras divinas nas Casas Espíritas, apenas?” “Será que Erasto não estava indicando-nos uma amplitude maior, imaginando a importância de pregarmos as palavras divinas não somente nas Casas Espíritas?”

É importante que conscientizemo-nos que é missão dos espíritas divulgar as palavras consoladoras não somente para os espíritas, mas para todas as pessoas. Não teremos dúvida quanto a essa dedução se atentarmos à seguinte frase contida no texto “Missão dos espíritas”: “Certamente falareis com pessoas que não quererão ouvir a palavra de Deus (…)”. Se o Espírito Erasto disse que falaríamos a quem não quer ouvir a palavra de Deus, então não estava referindo-se aos freqüentadores da Casa Espírita. A boa lógica leva-nos a concluir que nossa missão vai além do que hoje estamos fazendo. Precisamos começar uma verdadeira cruzada a favor da divulgação de nossa Doutrina. O culto ao bezerro de ouro precisa ser combatido com todas as forças.

Cruzada?

Combater o culto ao bezerro de ouro?

Ao leitor que se assustou com as palavras “cruzada” e “combater o culto ao bezerro de ouro”, atenção: essas palavras não são do autor deste texto. Elas estão em O Evangelho segundo o Espiritismo, nosso guia de vida. Essas palavras são de Erasto, que disse:

“(…) parti em cruzada contra a injustiça e a maldade. Ide e aniquilai esse culto ao bezerro de ouro, que se expande dia após dia. Ide, Deus voz conduz!”

Talvez o leitor pense: “Será que essas novas atitudes não implicariam em pisarmos em terreno perigoso?”

Caro leitor, Jesus e Kardec, não pisaram em terrenos perigosos? Se Jesus e Kardec foram audaciosos, pisando em terreno “minado”, sendo maltratados, criticados e ultrajados, por que nós espíritas devemos, tranqüilos, continuar sendo levados ao sabor do vento calmo?

Há um grande risco no ar!:

Somos humanos. Isso significa dizer, somos falhos.

E, de repente, ansiosos por seguirmos a sugestão de Erasto, ansiosos por sermos audaciosos, como foram Jesus e Kardec, podemos errar. Podemos colocar os pés pelas mãos. A nossa palavra, não obstante revestida da boa vontade, pode criar polêmicas inúteis. Pode desrespeitar as demais instituições, pode projetar uma imagem negativa do que é ser espírita, e do que é o Espiritismo. Por tudo isso, é importante que saibamos que, para fazer parte do grupo que divulgue o Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita, é preciso que o espírita-divulgador tenha algumas especiais qualidades, dentre elas:

a. seja um profundo conhecedor da Doutrina Espírita;
b. seja espírita praticante;
c. não faça proselitismo;
d. respeite e valorize todas as instituições religiosas;
e. não entre em polêmicas inúteis;
f. faça prevalecer, nas eventuais discussões, o direito de escolha religiosa;
g. aja sempre com brandura e bom senso.

Sabemos que encontrar pessoas que reúnam todas as qualidades acima não é impossível, mas, também, não é fácil. A tendência natural é que acatem essa missão, os espíritas que mais abraçam as palavras do que os atos. E o ideal seria que estivessem à frente dessa cruzada, aqueles espíritas que mais valorizam os atos do que as palavras. E geralmente, obviamente com exceções, falta a esses por demais sensatos e grandiosos espíritas uma qualidade extremamente necessária no mundo de hoje: falta audácia.

Temos aí um dilema! Os que, por direito adquirido (por serem espíritas exemplares), podem cumprir essa missão, tendem a não cumpri-la. Os que ainda não adquiriram o direito de cumprir essa missão querem cumpri-la.

Uma observação: a afirmação de que os espíritas exemplares tendem a não cumprir essa missão, talvez leve a interpretações de que esses não trabalham a favor do Espiritismo. Não é isso. Todos sabemos que cada vez mais os espíritas estão atuando a favor do Espiritismo, que cada vez mais surgem compêndios e livros esclarecedores, que cada vez mais a união e a unificação têm sido metas de muitas Casas Espíritas. Fácil fica entender a afirmação que “os espíritas exemplares tendem a não cumprir essa missão”, se o leitor não esquecer que esse texto faz referência a um outro ângulo da divulgação, que é a missão de levar o Espiritismo para fora da Casa Espírita. Caro leitor, esse texto que você está lendo deixa de ter sentido caso você já tenha visto em sua cidade, por intermédio de cartazes, e também nos principais jornais, bem como no rádio e na televisão, a divulgação de uma palestra espírita, dirigida aos não-espíritas, cujo tema seja (por exemplo): “Conheça o Espiritismo e acabe com seu preconceito”. Aí vem a pergunta: é comum ocorrerem palestras espíritas dirigidas aos não-espíritas de sua cidade? A resposta, quase que geral, é “não”. Se assim é, estamos bem fazendo nossa parte em relação ao “Ide e Pregai”?

Não podemos postergar essa nossa missão de levar o Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita.

O desafio aí está!

Joanna de Ângelis, de forma explícita, também reforça a necessidade de levarmos, a outros cantos, a essência da Doutrina Espírita. Nas páginas 175 e 176 do livro psicografado por Divaldo Franco, Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda (Leal), Joanna de Ângelis diz: “cabem neste momento graves compromissos que não podem nem devem ser postergados”. Essa tão querida educadora espiritual passa-nos os quatro procedimentos que cabem aos espíritas e que, repetindo, “não podem nem devem ser postergados”:

I. proclamar a Era Nova;
II. demonstrar a existência do mundo causal (causa e efeito);
III. demonstrar a anterioridade do Espírito ao corpo; e
IV. demonstrar os incomparáveis recursos saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da ação do bem ininterrupto.

Joanna de Ângelis esclarece que os procedimentos acima devem ser demonstrados “pela lógica e pelo bom senso, assim como através da mediunidade dignificada”. Alerta-nos ainda que esses procedimentos devem ser executados pelos “espíritas conscientes das suas responsabilidades – aqueles mesmo que se equivocaram e agora recomeçam em condições melhores”. E ainda complementa: devemos agir “sem qualquer desconsideração pelos diferentes credos religiosos e filosofias existentes.”

Como espíritas, não nos esqueçamos: de nossa missão, segundo Erasto, e dos nossos graves compromissos, segundo Joanna de Ângelis.

Mãos à obra! Sejamos espíritas audaciosos: sem proselitismo e sem desrespeitar as demais instituições religiosas, levemos, além de nossas quatro paredes, as palavras consoladoras de nossa amada Doutrina.

Alkíndar de Oliveira - Graduado na área de Exatas, é bacharel em Matemática, concluiu cursos de especialização em Didática e Psicologia da Aprendizagem. No meio espírita é palestrante requisitado, dedicando-se com empenho à divulgação doutrinária. Ministra seminários em que se evidencia a conjugação de seus estudos doutrinários com sua vivência na área de treinamento profissional, da qual é especialista renomado.