terça-feira, 24 de novembro de 2009

Atualizando Kardec

Por Carlos de Brito Imbassahy

Desde minha adolescência sempre vi e ouvi diversos participantes do movimento espírita dizerem que era preciso atualizar Kardec, cada qual usando um argumento diferente.

É claro que, se o codificador do Espiritismo definiu esta doutrina como sendo de natureza científica com conclusões filosóficas (ver preâmbulo do livro “O Que é o Espiritismo”), como ciência, ela precisa estar se atualizando com as novas descobertas, principalmente, em se levando na conta de que a codificação data de meados de século XIX e atualmente muitos conceitos científicos usados àquela época foram devidamente alterados.

Mas, na verdade, o que tenho visto são verdadeiras aberrações e, para ilustrar esta afirmativa cito o caso em que, numa Sala espírita da Internet estudávamos o livro “O Céu e o Inferno” cuja segunda parte, toda, Kardec dedica à invocação de Entidades espirituais. Um dos participantes afirmou que Kardec estava errado porque Emmanuel, lembrando Paulo aos Hebreus – versículo que condena a evocação dos mortos –, diz que “o telefone só toca de lá para cá”. Sem comentários.

No caso, a maioria dos que querem reformular a obra de Kardec, na verdade, deixam-se levar pelos seus próprios pensamentos, alguns ligados a tradições cristãs e outros admiradores de obras mediúnicas, nem sempre coerentes com o pensamento do mestre lionês.

Até então, ainda não me deparei com nenhum espírita que, de fato, proponha a atualização da linguagem, porque, a não ser os que militam nas áreas científicas, os demais também não estão a par da nova terminologia empregada, como no caso do termo “fluido” que, na época da codificação, abrangia tudo o que não fosse sólido, inclusive as energias, como a elétrica. Hoje, apenas os líquidos e os gases são considerados como fluidos. Assim, os técnicos da linguagem, usam o conceito de “eflúvios” para definir aquilo que seria o aludido fluido psíquico ou espiritual.

E outras coisas mais neste sentido.

O estudo da Mecânica Quântica, por exemplo, inteiramente desconhecida dos médiuns e mensageiros espirituais que estão transformando o Espiritismo no Brasil em mais uma seita cristã, traz-nos novas idéias que, se analisarmos o que foi dito à época da codificação, podemos, perfeitamente, adaptar aos novos conceitos, desde que atualizemos nossas linguagens, mas, justamente isso é que não interessa aos evangelizadores das igrejas que migraram para o movimento espírita porque teriam que reformular suas antigas posições em vez de alterar os conceitos espíritas como vêm a ser seus desejos, para adaptá-los às suas velhas tendências.

Kardec não podia, à sua época, falar em coisas que só foram descobertas mais de um século após seu falecimento, pois isto seria antecipar os conhecimentos humanos e ele seria considerado um visionário, como o foi Jules Verne.

Assim mesmo, muita coisa antecipada em suas obras foi tida como pura imaginação de crenças espirituais! Calculemos, se ele afirmasse que o mundo material compreendia apenas 27% do Universo e que o resto era a provável Espiritualidade, que Deus não podia ser aquele apresentado pela Bíblia e que a Terra não era sua obra prima! Naquela época, ninguém tomaria conhecimento da sua obra.

O que temos que levar em conta é que, de fato, o Espiritismo foi codificado num tempo em que o conhecimento científico relativo ao que já sabemos era por demais precário e que se supunha que o homem, segundo a Bíblia estaria condenado a viver preso ao planeta, não se admitindo que ele se tornasse um astronauta capaz de sair da nossa atmosfera impunemente e voltar sem que tenha sido castigado por obra e graça divina. Até hoje, várias Igrejas cristãs garantem que tudo é mentira e armação dos americanos, pois, pela Bíblia, o homem não pode sair da Terra.

Todavia, os novos adeptos do movimento espírita, ainda calcados nos conceitos evangélicos de suas antigas seitas, acham (doutrina do “achismo”) que o Espiritismo precisa exatamente se transformar em mais um movimento cristão para que Jesus olhe por nós e não nos abandone. Como se os Espíritos superiores fossem mesquinhos como os humanos vulgares.

E ainda é a grande influência da Igreja e de Entidades ligadas a ela que dita esse desejo de transformar o Espiritismo em mais uma seita cristã, o que, em vez de atualizá-lo, fa-lo-ia regredir aos antigos e impróprios conceitos religiosos.

Além disso, se a finalidade da doutrina espírita é a de levar os ensinamentos e a doutrina de Jesus aos cientistas sem lhes atacar o fundamento da razão, fazendo com que a codificação se torne em mais um movimento cristão, o que se vai obter, justamente, é o resultado contrário. Além disso, com as novas descobertas dos documentos do mar Morto, tudo aquilo que a Igreja impôs como evangélico está sob suspeita de não ser verdade. Por que, então continuar insistindo em tal erro, em vez de pautar o Espiritismo pelos fundamentos que Kardec estabeleceu, principalmente na obra que ele próprio considerou como básica para os estudos doutrinários? Mas, “O Que é o Espiritismo” justamente, vem a ser o livro que os evangélicos excluem de seus estudos. Pudera!

Atualizar Kardec, pois, não é alterar seu pensamento, mas colocá-lo na linguagem atual esclarecendo o possível significado das suas afirmativas com a coerência do que se conhece pelas novas concepções estabelecidas.

O que não se pode, também, é negar as pesquisas que os parapsicólogos fazem – já que os espíritas são omissos –, servindo-se da linguagem atualmente considerada arcaica, usada pelo codificador.

E principalmente: reconhecer que ele não podia ter sido mais claro e preciso do que fora, ante os conhecimentos de sua época.

Atualizar é uma coisa, modificar é outra.

Fonte: Revista Harmonia - Edição nº 167

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Por que a imprensa insiste em manter equívocos?

Por Alamar Régis Carvalho

Que não fique entendido, por esta matéria, que o seu autor ou qualquer outro espírita consciente, queiram que a grande imprensa, revista VEJA, Rede Globo, Bandeirantes, SBT, Folha de São Paulo etc... façam propagandas do Espiritismo, por duas razões:

Primeiro porque o Espiritismo não precisa nunca de propaganda, já que não depende de número de adeptos, uma vez que não faz comércio religioso muito menos mercantilização da fé, adotando dízimos, ofertas e aquelas obrigações financeiras que determinadas religiões adotam, sob a argumentação de que os seus fiéis estão dando para JE$U$.

Segundo porque seria um abuso querer que os veículos de comunicação utilizassem dos seus espaços para fazerem propaganda de graça.

Porém, levando em consideração que o papel de qualquer jornalista íntegro, honesto, ético e decente é levar as coisas ao grande público como elas são e não como eles ou os seus informantes acham que são, creio que com esta matéria eu vou conseguir levar alguns profissionais do jornalismo a algum momento de reflexão, certo de que nesse universo existe muita gente que tem consciência, bom senso e compromisso de honestidade para consigo mesmo.

É o caso de se perguntar:

Por que a imprensa brasileira, que procura estar tão bem informada sobre vários assuntos da cultura geral, não se interessa em saber também o que é o Espiritismo, pelo menos nos seus fundamentos básicos, já que tem tanta gente que se interessa por ele, antes de reportar sobre este assunto?

Por que, a cada grande matéria que sai nos grandes jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão vêm sempre repetidos os mesmos equívocos, colocados sempre da mesma forma?

Observemos algumas colocações, citações, pontos de vistas e idéias sempre presentes nas grandes reportagens, quando resolvem falar sobre Espiritismo, Reencarnação, Comunicação com “mortos” e coisas ligadas à espiritualidade.

1) Convites insistentes em ouvir o Padre Quevedo

No Brasil existem milhares de padres e bispos, em um universo onde encontramos nomes altamente respeitáveis, cultos, brilhantes e sobretudo honestos, que além de tudo são altamente comunicativos, didáticos e agradáveis, que nunca são convidados pelos grandes programas das televisões e das rádios brasileiras, bem como pelas revistas.

Insistem apenas no Quevedo, que não consegue ser agradável nem para o público católico.

Já imaginou se no universo da Cardiologia, por exemplo, ouvissem apenas o Adib Jatene, embora seja um homem de uma dignidade extraordinária, e desconhecessem a existência de inúmeros outros profissionais competentes na mesma área?

Será possível que a imprensa brasileira ainda não percebeu que o senhor Oscar Gonzalez Quevedo, esse que diz que nada “ecziste”, odeia o Espiritismo, é inimigo declarado do Espiritismo e que está provado pela Psicologia que nenhuma pessoa que é inimiga de alguém ou de alguma coisa pode ter credibilidade para falar sobre esse alguém ou sobre essa coisa?

A imprensa investigativa brasileira, que já investigou tantos assuntos e trouxe tantas verdades à tona, desmascarando muita gente e muitos conceitos, por que em relação ao Quevedo ela não procura se aprofundar na verdade, sobretudo na sua relação para com a Parapsicologia?

Uma prova da sua fraude já está bem evidente, quando ele manda as pessoas estudarem Parapsicologia através dos seus livros, quando o mundo inteiro, a Europa, os Estados Unidos e todos os países que conhecem o assunto, sabem que a base de estudo dessa Ciência são os livros do J. B. Rhine.

Tem hora que imagino como seria eu presunçoso e “cara de pau” se, por também ser escritor e ter um montão de fãs por este Brasil afora, resolvesse escrever uns livros sobre Espiritismo, à minha moda, conforme a minha cabeça, e orientasse o povo que me vê pela televisão aprender o Espiritismo pelos meus livros e não pelos do Allan Kardec. Não seria um absurdo? Que nível de espíritas eu formaria? Que inteligência teria esse público, sem competência de perceber uma fraude dessa?

Repetidas vezes o Quevedo afirmou na imprensa que os seus livros são considerados os melhores livros de Parapsicologia do mundo?

Ora, amigo leitor, por que a nossa imprensa, que é tão bem preparada, não faz a ele uma pergunta óbvia: “Considerados os melhores do mundo, por quem, Padre Quevedo?”.

Naturalmente ele deve ter algumas pessoas amigas dele, que gostam dele, que são suas fãs em alguns lugares da Europa, dos Estados Unidos etc. que de fato gostam dos seus livros. Isto aí ninguém discute. Mas daí a dizer que o mundo inteiro o considera o melhor, há uma diferença muito grande.

Eu também tenho pessoas que me adoram em vários países. Em Portugal, por exemplo, em 1998, fazendo uma palestra em um auditório super lotado em Lisboa, Portugal, aproximadamente umas duas mil pessoas, por ocasião do 2º Congresso Espírita Mundial, eu fui interrompido por oito vezes, em aplausos calorosos, e ao final da minha palestra fui aplaudido de pé, com palmas por um tempo muito além do normal.

Uai, por causa disso vou sair por aí afirmando que sou considerado na Europa um dos maiores conferencistas brasileiros?

Nos Estados Unidos, também fiz palestras, várias vezes, em New York, em New Jersey, Miami e outras cidades da Flórida e outros Estados, inclusive sendo aplaudido de pé diversas vezes. Inclusive fui o apresentador da primeira Semana Espírita de New York e também expositor do primeiro Congresso Espírita dos Estados Unidos.

Por causa disto, vou sair dizendo que sou destaque, como palestrante pelos americanos?

Na realidade, as platéias para as quais eu falei eram constituídas em maioria por brasileiros que moram lá, pessoas que já me conheciam. Poucos, mas muito poucos mesmo, eram os americanos presentes.

Sou um mero desconhecido e insignificante pelo americano.

Será que a imprensa brasileira não consegue perceber uma coisa dessa?

Existem inúmeros verdadeiros Parapsicólogos no Brasil, que têm as suas formações com base em J. B. Rhine, o verdadeiro e autêntico pai da Parapsicologia. Por que a grande imprensa nunca mostrou nenhum deles?

Que diabo de inteligência é essa?

Já que querem um padre, eu posso indicar o Padre José Linhares Pontes que, além de ser também Parapsicólogo, é um homem que possui 8 cursos superiores, fala 9 idiomas, é ex-mestre na Sourbone, doutor de verdade e não um simples doutorzinho em Teologia, respeitado no mundo inteiro... este sim, verdadeiramente é conhecido..., porque é convidado sempre a falar em várias Universidades da Europa, e acima de tudo é um “gentleman”, educado, fino, um fantástico comunicador e tem competência para enfrentar qualquer um em debate, sem utilizar de deboches.

Você já percebeu quanta presunção do senhor Quevedo, em querer que os seus conhecimentos científicos sejam superiores aos conhecimentos científicos de vários médicos, nas mais diversificadas especializações que a medicina moderna se apresenta, que os biólogos, também em diversas especialidades, que a Psiquiatria, a Psicologia e a Psicanálise de um modo geral, de uma abrangência gigantesca no estudo do psiquismo, da engenharia, também nas suas mais diversificadas especialidades da eletrônica, da mecânica, da química etc. dos astrofísicos, da Física Quântica etc... só porque se auto rotula como formado em Teologia?

Gente! Que diabo de ciência é a Teologia, senão um estudo de Deus, conforme a visão de uma determinada religião, no caso dele, o catolicismo? Como é que um homem com conhecimento apenas de teologia, à moda da sua confissão religiosa, quer se igualar a outros praticantes de Ciências tão abrangentes?

Por favor, senhores jornalistas, Parapsicologia é uma coisa, Quevedologia é outra!

2)Sempre confundem Espiritismo com feitiçaria, cartomantes e outras coisas

Toda pessoa de bom senso sabe que qualquer informação sobre qualquer coisa, com maior fidelidade, deve ser obtida na fonte. Jamais tirar conclusões definitivas com base em disse-me-disse, “conheço uma senhora que diz ser espírita”, “tem um funcionário aqui na casa que diz ser espírita” e coisas parecidas. Isto é um absurdo e caracteriza uma verdadeira ingenuidade, irresponsabilidade e até leviandade.

Em centro espírita nenhum do Brasil, por mais que existam alguns dirigentes que também fazem o que chamo de “espiritismo à moda da casa”, pratica-se matança de animais, sacrifícios, acendimento de velas, defumações, advinhações, obrigações e essas coisas. Mas a imprensa, quando fala disso, mete o nome do Espiritismo pelo meio.

Que diabo o Espiritismo tem a ver com isso?

Por que não procuram pesquisar, com seriedade e responsabilidade, para saberem o que verdadeiramente é praticado em um Centro Espírita?

Não estou aqui pedindo para nenhum jornalista se converter ao Espiritismo não, primeiro porque o Espiritismo não pratica esse tipo de coisa, segundo porque acho este procedimento uma tremenda falta de educação e desrespeito às convicções alheias. Jamais faria isto.

A proposta é apenas para que eles conheçam a verdade, como a coisa realmente é, já que todos eles querem se pautar pela verdade.

Não é preciso aderir, elogiar e nem aceitar, para retratar a verdade.

Por que a gente não vê, nunca, uma reportagem mostrando ao grande público o que o Espiritismo pratica e o que ele não pratica? Não seria uma boa oportunidade para a imprensa esclarecer à cultura popular?

3) A concepção deles sobre as reuniões mediúnicas

Conforme todos tiveram oportunidade de ler na recente matéria publicada pela VEJA, embora conduzissem a matéria com elegância e sem faltar com respeito e consideração aos espíritas, ainda imaginam que os espíritas são um monte de bobos, irracionais, que se reúnem em torno de uma mesa, na cor branca... impressionante com falam nessa tal de mesa branca... chamando por espíritos para lhes dar conselhos, ordens e dizer o que eles devem e não devem fazer, e que todo mundo obedece, direitinho, como se fossem ordens de Deus.

E ainda botam para falar, entre aspas, pessoas que viram o galo cantar e não sabem onde.

Tá certa uma coisa dessa?

Por que esse pessoal não procura se informar melhor?

Sei que não é fácil. Imagino a situação da redação da VEJA em identificar quem verdadeiramente tem condições de falar sobre o Espiritismo com conhecimento, sem enxertos, sem masoquismo do tipo “sofrer é bom, meus irmãos”, falsa humildade e evolução espiritual de aparência. É difícil, sim, mas com um pouco de esforço dá para identificar.

Todos nós, espíritas, sabemos o quanto somos exigentes, e até chatos, em muitas ocasiões até intolerantes, em relação a comunicações mediúnicas. No movimento espírita existe até excesso quanto aquela recomendação da doutrina que nos alerta que é preferível recusarmos nove verdades, em dez comunicações, do que aceitar uma mentira.

A imprensa não sabe, inclusive, e deveria saber, que no movimento espírita há até debates e sérias divergências porque há um grande segmento que vem insistindo em fazer Espiritismo sem espíritos, haja vista a responsabilidade com que tratamos a questão do intercâmbio mediúnico.

Como é que ainda vêm, em pleno terceiro milênio, insistir em afirmar achismos tão primários acerca dessa questão?

Atenção senhores jornalistas, editores, apresentadores de televisão e rádio!

O diálogo dos espíritas com os espíritos é absolutamente igual ao de duas ou mais pessoas “vivas”, como vocês entendem. Espírito nenhum, por mais que se diga evoluído, costuma vir aqui dar ordens pra ninguém não, porque eles sabem que o espírita não é trouxa, estuda técnicas para identificar os espíritos, tem critérios, ética, sensatez e responsabilidade.

Aliás, espírito verdadeiramente evoluído jamais se apresenta como tal.

Já os espíritos mais atrasados, não conseguem nem falsificar as suas comunicações, porque são facilmente identificados.

Do mesmo jeito que as nossas polícias terrenas se aperfeiçoaram na técnica de identificar autorias de crimes, pelo uso do DNA, dos microscópios, das impressões digitais, de um simples fio de cabelo deixado no local do crime e de uma série de meios, o movimento espírita também vem estudando e evoluindo, ao longo dos tempos, para identificar os malandros espirituais, através de muitas técnicas.

4) As inúmeras obras sociais espíritas, pelo país inteiro

Por que a grande imprensa não consegue nunca enxergar isso? Será que eles despertariam para fazer alguma reportagem em uma dessas instituições, apenas se algum fato policial acontecer em uma delas?

Será que nenhum jornalista se interessa em saber qual é o segmento religioso filosófico que mais dá atenção e trata com muito carinho milhares de hansenianos (leprosos, na linguagem deles), de Norte a Sul do País, segmento populacional esse altamente relegado ao abandono e à própria sorte pelos católicos e pelos protestantes?

5) Espiritismo é ou não é Cristão
Não é preciso o espírita responder isto não. Basta que eles consultem a própria obra básica do Espiritismo, onde verá que as instruções dos Espíritos recomendam aos espíritas que o maior modelo e guia a ser seguido por todos nós é o próprio Jesus.

O que eles querem mais?

É este Jesus que os espíritas seguem, pelo aspecto moral do seu Evangelho. Ou melhor, é ele que representa o espelho nós fazemos um esforço enorme para refletir.

Porém, torna-se necessário que eles tenham a inteligência de saber discernir entre os que verdadeiramente procuram seguir Jesus como modelo e guia e os que apenas utilizam o rótulo de Cristãos, mas vivem absolutamente em contradição com os ensinamentos básicos do Mestre, perseguindo a crença dos outros, praticando inquisições, intolerâncias, discriminações etc.

6) Sucessor de Chico Xavier
Foi uma tremenda maluquice, aquela postura da imprensa, quando Chico Xavier morreu. Todo mundo falando em sucessor, como se o Espiritismo tivesse Vaticano, capela sistina, cardeais e coisas parecidas. Por que a imprensa tem que compará-lo sempre com outras religiões, mais intensamente com a Igreja Católica? É algo que precisa ser revisto, gente. Nâo tem sentido.

Apontaram muito o nome de Divaldo Franco, como sucessor do Chico. Tremendo absurdo. Divaldo nunca quis isto, não existe isto no Espiritismo, não tem chefe, não tem dono, apesar de alguns dirigentes de centros espíritas se portarem como donos dos centros, e que adoram dar ordens, estabelecer determinações, em absoluta contradição com a doutrina, embora digam que o fazem em nome da disciplina..

7) As autoridades “científicas” que costumam convidar

Você já deve ter percebido que sempre, na maioria das vezes, que um programa de televisão ou uma reportagem de uma grande revista, convida algum elemento geralmente de alguma Universidade, que aparece na foto como cientista, entendido no assunto... agora veja só, se é possível existir na Terra alguém que conheça absolutamente tudo o que é científico... invariavelmente esses vem para fazerem afirmativas de que determinadas coisas não existem, não são possíveis e não serão nunca, quando, se fossem verdadeiramente honestos e coerentes para consigo mesmos, diriam: “Na minha opinião, conforme o meu nível de conhecimento, eu ACHO que determinada coisa não existe, que determinada coisa não é possível”.

Mas o orgulho, a vaidade excessiva e a presunção não deixam.

Toda vez que eu me vejo diante de uma dessas “sumidades”, na televisão, ou nas páginas das revistas, fico pensando na quantidade enorme de pessoas altamente qualificadas, cultas, experientes, muitos deles doutores com doutorados e mestres com mestrados que existem no movimento espírita, que sequer a grande imprensa interessa em saber quem são.

Impressionante como pode a imprensa não saber que os estudos, as experimentações e as pesquisas espíritas não se resumem apenas a reuniões de “rezações” em torno de mesas, como eles imaginam... brancas, é claro, como eles supõem... e são praticadas em laboratórios sofisticados, com instrumentos diversos, inclusive microscópios, telescópios e outros de alta precisão.

Por que a imprensa não se interessou, ainda, em conversar com aquele grupo de médicos, altamente qualificado, que há muito tempo se reúne em estudos, no bairro da Aclimação, em São Paulo, colocando eletroencefalógrafos nas cabeças de médiuns, quando da realização do transe mediúnico?

Será que eles sabem da existência do Dr. João Alberto Fiorini, da polícia científica do Paraná, com suas pesquisas impressionantes e extremamente sérias no campo da reencarnação?

Ou será que os inúmeros doutores e mestres, que são Espíritas, médicos, biólogos, psiquiatras, psicólogos, astrônomos, engenheiros de várias áreas... alguns deles com pós graduações e doutorados nas mais importantes universidades do mundo, são todos analfabetos e inconseqüentes?

CONCLUSÃO

Apelamos aos senhores jornalistas, em nível de colaboração, que reavaliem os seus conceitos acerca não apenas sobre o Espiritismo mais em relação a muitas coisas sobre as quais falam, em nome da preservação das suas credibilidades.

Sobre o Espiritismo, saibam também que em um país, onde o número de livros “per capta” lidos por ano, é de no máximo 3, o número de livros lidos pelos espíritas, “per capta”, é de 9. Simplesmente três vezes mais. Será que isso não significa nada, em termos culturais?

Será que a esse público não deveria ser dado um outro tipo de atenção?

Será que uma doutrina filosófica, que alguns querem qualificar como religião, que não tem nenhuma mancha moral na sua história, porque nunca assassinou ninguém, nunca torturou ninguém por motivos de modo de pensar, nunca se envolveu em briga religiosa, nunca se incomodou e muito menos tentou cercear o direito de ninguém manifestar a sua crença da forma como acha que deve, não mereceria uma atenção maior exatamente por parte de um segmento da sociedade que também sofreu durante anos, por razões de censuras, que é o segmento jornalístico?

Preservemos a credibilidade do jornalismo deste País.

OLE - O Materialismo

147. Por que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que se aprofundam nas Ciências Naturais são freqüentemente levados ao materialismo?

— O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que tudo crêem saber, não admitindo que alguma coisa possa ultrapassar o seu entendimento. Sua própria ciência os torna presunçosos. Pensam que a Natureza nada lhes pode ocultar.

148. Não é estranho que o materialismo seja uma conseqüência de estudos que deveriam, ao contrário, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se concluir que esses estudos são perigosos?

— Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. É o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode abusar de tudo, mesmo das melhores coisas. O nada, aliás, os apavora mais do que eles se permitem aparentar, e os espíritos fortes são quase sempre mais fanfarrões do que valentes. A maior parte deles são materialistas porque não dispõem de nada para preencher o vazio. Diante desse abismo que se abre ante eles, mostrai-lhes uma tábua de salvação, e a ela se agarrarão ansiosamente.

Comentário de Kardec: Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão no funcionamento dos órgãos; viram-na extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio, e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava, e como não encontraram mais do que a matéria inerte, não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria, e que. portanto, após a morte, o pensamento se reduz ao nada. Triste conseqüência, se assim fosse, porque então o bem e o mal não teriam sentido; o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser generalizadas; pode-se mesmo dizer que estão muito circunscritas, não constituindo mais do que opiniões individuais, porque em parte alguma foram erigidas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essa base traria em si mesma os germes da dissolução, e os membros se despedaçariam entre si, como animais ferozes.

O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba para ele com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a idéia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a idéia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e ao mesmo tempo dizer: — Qual! Depois de mim, nada, nada, nada mais que o nada; tudo se apagará da memória dos que sobreviverem a mim; dentro em breve nenhum traço haverá de minha passagem pela terra; o bem mesmo que eu fiz será esquecido pêlos ingratos a quem servi; e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!

Este quadro não tem qualquer coisa de horroroso e de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão o confirma. Mas uma existência futura, vaga e indefinida, nada tem que satisfaça o nosso amor do positivo. E é isso que, para muitos, engendra a dúvida. Está certo que tenhamos uma alma; mas o que é a nossa alma? Tem ela uma forma, alguma aparência? É um ser limitado ou indefinido? Dizem alguns que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha; outros, uma parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que é que tudo isso nos oferece? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde com a imensidade, como as gotas d’água no oceano? A perda da nossa individualidade não é para nós o mesmo que o nada? Diz-se ainda que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial não pode ter proporções definidas, e para nós equivale ao nada. A religião nos ensina também que seremos felizes ou desgraçados, segundo o bem ou o mal que tenhamos feito. Mas qual é esse bem que nos espera no seio de Deus? E uma beatitude uma contemplação eterna, sem outra ocupação que a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou apenas um símbolo? A própria Igreja as compreende nesse último sentido; mas. então, que sofrimentos são esses? Onde se encontra o lugar de suplício? Em uma palavra, o que se faz e o que se vê nesse mundo que nos espera a todos?

Ninguém costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém é um erro e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não e mais uma presunção uma probabilidade sobre a qual cada um pinta à vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem. E a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitir-nos assistir, por assim dizer a todas as peripécias da sua nova vida, e, por esse meio, nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos delitos Há nisso alguma coisa de anti-religioso? Bem pelo contrário, pois os incrédulos aí encontram a fé e os tíbios, uma renovação do fervor e da confiança. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião. E se assim acontece é porque Deus o permite, e o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos conduzir ao caminho do bem, pelas perspectivas do futuro.

Fonte: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução e comentários de José Herculano Pires.

Educação para a Vida

Por Antônio Luís

Fomos educados para a morte.

Foi-nos incutido o medo de um dia encontrarmos o nada. De repente tudo deixaria de fazer sentido. Tudo quanto fizemos, tudo quanto construímos, as pessoas que amamos, aquelas que detestamos, tudo isso acabaria. Foi essa a noção de vida que nos foi dada, e claro, acreditamos, apesar de não fazer grande sentido, pois estes valores põem em causa o Amor preconizado por Jesus. Mas, à primeira vista, parece não haver outra solução que não acabar tudo abruptamente.

É uma cultura, são estilos de vida, que vêm dos nossos antepassados.

No entanto, Jesus, querendo nos consolar, disse: “Não se turve teu coração!”.

Que quis ele dizer com isso?

Teria sido uma simples expressão? – Não nos parece.

Uma profundidade, bem grande, tem essa advertência.

Há que parar para pensar um pouco. Às vezes também nos é exigido pensar!

Então não deixemos que se perturbe o nosso pensamento.

Fará sentido que tudo acabe?

- Uns preferem pensar que sim. É-lhes mais fácil, pois acham-se no direito de extravasar as suas emoções, atitudes, acabando, na maioria das vezes, por prejudicar os outros, pois afinal há que aproveitar a vida ao máximo mesmo usurpando quem está por perto.

- Nós espíritas, sabemos que não é assim.

Se assim fosse, Jesus ter-nos-ia enganado, prometendo a Terra como esperança de uma vida melhor.

A Doutrina Espírita assenta em 3 vertentes: Ciência, Filosofia e Moral.

Como ciência investiga os fenômenos espíritas dando-lhes credibilidade, demonstrando, dentre outras coisas, que a reencarnação é um fato e que assim vida após vida vamos reaparecendo neste globo, cada vez mais conhecedores dos grandes fenômenos da vida.

Graças a essa lei, hoje é-nos permitido o crescimento quer intelectual, moral e espiritual.

Somos hoje o somatório das nossas vidas pretéritas. Trazemos no nosso inconsciente, o conhecimento de que a vida não cessa. Não interessa se acreditamos ou não: sabemo-lo no nosso íntimo que continua.

Chegou o tempo de não deixarmos que a dúvida e o medo nos perturbem. Abramos os olhos, e mais que isso, abramos nosso coração.

A vida continua sim, não restam dúvidas, pois são os próprios espíritos (as almas que outrora animaram o Homem) que nos vêm confirmar isso mesmo, dizendo que não morreram e que se encontram tão vivos quanto nós.

Eis a imortalidade da alma, um dos princípios básicos da Doutrina Espírita.

Com estes conhecimentos estamos a ser educados para a vida, não havendo mais lugar para aquela ideia do vazio.

Formemos as crianças, incutindo-lhes os valores da esperança, pois elas serão os homens do amanhã, e assim a pouco e pouco, vamo-nos despojando das crenças e firmando o conhecimento na certeza do porvir.

Educação para a vida SIM!

O Espiritismo na era digital, uma realidade irreversível

Por Jorge Hessen

A Era Digital tem ampliado e facilitado a vida humana em face do rápido acesso à informação. Nesse contexto, a Internet é a maior rede mundial, ligando muitos milhões de computadores de grande, médio e pequeno portes, com enorme quantidade de pessoas de interesses variados, seja nos negócios, nas pesquisas, no lazer, na comunicação, e tantas outras áreas quanto se possa imaginar. Destarte, a divulgação na Internet deve ser democrática, porém, aqueles que querem divulgar o Cristianismo devem ter a consciência da responsabilidade, procurando sempre saber as finalidades da divulgação e as suas conseqüências, porque a Internet não é só um excelente foro de debates, mas, sobretudo, bastante vasto e influente, atingindo proporções globais, colocando as idéias e imagens face a face com outras realidades sociais, políticas e culturais.

Há um site de vídeos que prega os ensinamentos cristãos, engrossando a disseminação religiosa na Internet. Porém, em meio às divergências veiculadas, chegam a gerar disputas virtuais entre comunidades virtuais. Com cerca de 4,8 mil vídeos, por exemplo, o GodTube (Broadcast Him!), segue o estilo do popular YouTube, e afirma utilizar a tecnologia Web para conectar cristãos com a finalidade de promover e disseminar o Evangelho no mundo. Porém, o site potencializa uma tendência de levar, para a Internet, a discussão de temas religiosos ortodoxos, que, em alguns casos, já chegou a causar problemas em alguns países árabes.

Recentemente, a mídia divulgou que o Governo do Paquistão bloqueou o acesso a sites, principalmente de vídeos, cujos conteúdos de suas páginas considera ofensivos ao Islã. Outros países, também, já bloquearam o acesso ao YouTube, como a Turquia e a Tailândia, gerando, logicamente, um estado de grande irritação por parte dos usuários, apesar de os provedores nada poderem fazer diante da imposição dos Governos fundamentalistas. Todavia, ao inverso dessa medieval intolerância, a Rainha Rania, da Jordânia, de forma inteligente, tem utilizado sites de vídeos contra o preconceito. A esposa do Rei Abdullah acredita que o mundo está passando por intensas mudanças, principalmente aquelas movidas pela força do instinto, em que a violência substitui o diálogo e a compaixão perde para o ódio. Ela sustenta a tese de que a Internet é um canal de comunicação de extrema importância entre Ocidente e Oriente e, por isso mesmo, decidiu usar o site de compartilhamento de vídeos para acabar com os estereótipos ligados aos árabes e ao Islã no Ocidente.

A Rainha jordaniana não é a única figura pública a se aproveitar da popularidade da Internet, e particularmente dos sites de vídeos, pois outros políticos e monarcas, ao redor do mundo, também se utilizam desse inigualável instrumento de comunicação, mas, obviamente, na condição de uma árabe de renome, usa a Internet para se relacionar com o Ocidente e promover o Islã moderado, sobressaindo-se às demais personalidades mundiais. A comunicação virtual é tão poderosa que a rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra lançou seu próprio canal em website (um site de vídeos), onde mensagens, com sons e imagens, são compartilhadas. Ela afirmou que o novo meio de comunicação tem tornado a sua mensagem mais pessoal e direta. No YouTube, por exemplo, já há canais exclusivos do gabinete britânico e do Presidente da França, Nicolas Sarkozy.

A rigor, pela rede mundial de computadores, temos excelente meio de divulgação de idéias e informações, "em face da sua facilidade, versatilidade, abrangência, interatividade e baixo custo. "Pela Internet, consegue-se atingir, também, uma população anônima que não pode ou nem sempre vai a uma Casa Espírita. Portanto, o uso da tecnologia, em geral, e, especificamente, da tecnologia da informação dentro da Casa Espírita, e na Divulgação Interna e Externa da Doutrina dos Espíritos, é um recurso de real importância e de profunda utilidade nos trabalhos espíritas, sempre apoiados na razão, e respaldados na Ciência, na Filosofia e na Religião. Até porque, estamos vivendo tempos de globalização da informação, que tramita numa velocidade impressionante, com tendência a aumentar mais ainda." (1) Para a divulgação do Espiritismo, essa tecnologia avançada significa tempo ganho sobre o que teríamos a despender, repetindo, continuamente, as mesmas coisas, muito embora, a publicação de livros espíritas, sem dispensá-los, obviamente, vem contribuindo, significativamente, com a aceleração progressiva do movimento espírita.

Em entrevista para Revista O Consolador, de Londrina, Divaldo afirma: "a Internet, como tudo que o homem toca e corrompe infelizmente, tornou-se veículo de informações incorretas, de agressões, de desmoralizações, de infâmias, de degradação e de crime... mas também de grandiosas realizações que dignificam o gênero humano e preparam a sociedade para dias mais belos e mais felizes". (2) Allan Kardec previa, no século XIX, que "uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até as localidades mais distantes, o conhecimento das idéias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral." (3) Como se observa, a divulgação em grande escala se consegue, atualmente, através da rede de computadores, o que permite a troca de informações dos mais variados assuntos, enviar mensagens, conversar com milhões de pessoas ou, apenas, ler as informações de qualquer parte do planeta. Em face disso, cremos que ela tem o papel mais importante na divulgação do Espiritismo contemporâneo, apoiado no que Emmanuel ensina: "O Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade - a caridade da sua própria divulgação". (4)

Nos dias de hoje, existem inúmeros grupos de estudo e discussões sobre temas espíritas, na Internet, com um conteúdo magnífico. Não há dúvida de que é um excelente instrumento de divulgação, especialmente, pelo fato de atingir longas distâncias, e, até mesmo, outros países, onde a Doutrina Espírita, ainda, é pouco conhecida. Cremos que nós, os espíritas, não devemos resistir aos avanços da tecnologia, temos que nos acostumar com isso, e estarmos sempre atualizados, porque a geração que já se aproxima dominará essa linguagem e, se pudermos facultar a aquisição do conhecimento espírita a esses jovens do futuro, será um extraordinário projeto espiritual para a sociedade contemporãnea. "a Internet elimina as barreiras físicas e estabelece a ligação que permite que as notícias corram rapidamente o mundo, que novas idéias sejam apresentadas e debatidas, que exemplos sejam conhecidos e seguidos, que resultados sejam checados e validados. Nela estamos todos próximos, todos em condição de conhecer o que se passa nos vários cantos deste nosso mundo."(5)

Nesta Era Digital, os estímulos de fraternidade, entre as diversas instituições espíritas em nível mundial, serão factíveis pelo intercâmbio que poderá ser mantido e pela possibilidade de se elaborar cursos interativos, por exemplo, uma discussão da obra de André Luiz, apontando links relevantes entre os deferentes textos, e com comentários feitos por autores reconhecidos. Pela rede de computadores, surge uma nova Era para o movimento espírita, sobretudo, na diretriz dada por Ismael ao Brasil. Há dois mil anos, Paulo de Tarso teve que andar a pé, cerca de 500 mil quilômetros, para divulgar a Boa Nova. Hoje, Deus nos oportuniza, do conforto da nossa casa, participar de estudos interativos em "salas espíritas" - a exemplo do uso do Paltalk - e, com isso, espalharmos a Terceira Revelação aos mais longínquos recantos da Terra.

Por essas razões, o orador Divaldo Franco afirma "que se Allan Kardec estivesse reencarnado, nestes dias, utilizar-se-ia da Internet com a mesma nobreza com que recorreu à imprensa do seu tempo na divulgação e defesa do Espiritismo, diante dos seus naturais adversários" (6), e acrescenta: "comovo-me diante deste excelente recurso que diminui distância, ainda mais por sentir, participando deste nosso convívio, alguns benfeitores espirituais que estão a todos nos envolvendo em ondas de paz e vibrações de saúde, entre os quais, os Espíritos Eurípedes Barsanulfo, Cairbar Schutel, Joanna de Ângelis e Vinícius, igualmente felizes, abençoando a tecnologia e a informática utilizadas para o bem". (7)

Por essas relevantes razões, "é interessante que as Casas Espíritas busquem os recursos tecnológicos como retroprojetores, datashows, áudios, vídeos, filmes, microfones, caixas de som e todo ferramental disponível que seja útil e aplicável para o aprendizado das Verdades da Vida, mas, principalmente, através desse imenso e irreversível universo de utilização da Informação por meios eletrônicos." (8)

FONTES:

(1) Macedo, Reinaldo. Espiritismo e Tecnologia da Informação (palestra realizada em 25.08.08 por ocasião da 44ª. Semana de Confraternização dos CEs do Méier e Adjacências no CENMC - RJ). Reinaldo é o Webmaster do site http://jorgehessen.net - ver este estudo no ítem 44 de 2008.
(2) Franco Divaldo. Entrevista para Revista Eletrônica O Consolador, disponível em http://www.oconsolador.com.br/51/entrevista.html
(3) Kardec ,Allan. Obras Póstumas -Projeto 1868, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
(4) Xavier, Francisco Cândido. Estude e Viva, Ditada pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, Cap. 40.
(5) Bernardo ,Carlos Alberto Iglesia. Espiritismo e a Internet, Artigo publicado no Boletim GEAE Número 282, de 3 de março de 1998.
(6) Franco. Entrevista para Revista Eletrônica O Consolador, disponível em http://www.oconsolador.com.br/51/entrevista.html
(7) Franco, em palestra virtual realizada dia 17/03/2000
(8) Macedo, Reinaldo. Espiritismo e Tecnologia da Informação (palestra realizada em 25.08.08 por ocasião da 44ª. Semana de Confraternização dos CEs do Méier e Adjacências no CENMC - RJ). Reinaldo é o Webmaster do site http://jorgehessen.net - ver este estudo no ítem 44 de 2008.

Os sonhos no Espiritismo e na neurociência

Por João Alberto Vendrani Donha

Quando, em artigo anterior, eu disse que o Espiritismo trouxe a primeira e mais completa teoria científica sobre os sonhos, reconheço que pareceu ufanismo de crente. Naquela oportunidade, eu o estava comparando à contribuição freudiana e afirmei que o Espiritismo admitia os sonhos como sendo desde manifestação puramente cerebral, passando pela identificação do sonho como realização do desejo (LE 405,406) e, ampliando sobremaneira seu conceito quando desvenda o desprendimento do espírito durante o sono e suas atividades extra-corpóreas. Deteve-se, preferencialmente, como bem o sabemos, nestes últimos, os "sonhos profundos". Agora, a divulgação de recente trabalho no campo da neurobiologia, permite-me continuar acreditando no pioneirismo espírita.

Durante quase todo o século XX os sonhos foram encarados como propriedade quase exclusiva da psicanálise; apesar disso, os neurocientistas nunca abandonaram as pesquisas e os resultados que sugerem seja o sonho conseqüência direta das alterações do funcionamento do cérebro durante o sono. Assim é que o artigo publicado em 01.03.03, no Le Monde, dando conta de uma pesquisa aparentemente aproximativa entre as duas ciências, tem como título: "Pode-se sonhar sem Freud?". O artigo, assinado por Catherine Vincent, traz, ainda, como subtítulo: "Os sonhos poderiam nascer do despertar. Esta abordagem recente da neurobiologia não contradiz a psicanálise".

A pesquisa citada é da neurobióloga Sophie Schwartz, da Universidade College de Londres, publicada em outubro de 2002 na revista "Sciences et Avenir", e que tentaremos resumir a seguir.

No período de sono, o córtex cerebral funciona na ausência de dois tipos de controles: o controle sensorial externo (o que vemos, o que ouvimos), e o controle "neuromodulador" de uma certa categoria de neurônios, encarregados, no estado de vigília, de hierarquizar a atividade das áreas cerebrais. A atividade do córtex durante o sono depende, pois, estreitamente das memórias constituídas nos períodos de vigília. Em outros termos, do funcionamento analógico do sistema nervoso central (no cérebro adulto, existiriam dois modos de estocagem das informações: um modo rápido, chamado analógico, onde a informação é tratada e registrada em algumas centenas de milissegundos sem que se tenha disso consciência, e um modo lento, dito cognitivo, onde a informação é analisada conscientemente antes de ser estocada).

E o que têm os sonhos com isso? Os neurocientistas respondem. As fases regulares de sono são entrecortadas de períodos muito curtos de "micro-despertamentos", que duram poucos segundos e podem se repetir uma dezena de vezes durante a noite. Ora, o estudo experimental tem demonstrado que esses micro-despertamentos estão associados à entrada em atividade dos neurônios moduladores. Daí a conclusão do subtítulo: os sonhos nasceriam do despertar!

Quando estamos em vigília estável, o modo de funcionamento cognitivo do nosso cérebro dá permanentemente uma coerência aos nossos atos e aos nossos pensamentos. Mas, quando ocorre um desses micro-despertamentos, a reativação abrupta dos neurônios moduladores provoca a entrada em forma consciente do conteúdo das memórias recém-ativadas. Como esta operação ocorre em algumas centenas de milissegundos, a censura, ativa em estado de vigília, não apareceria aqui. Daí as características bizarras do sonho: escala aberrante dos objetos, pessoas conhecidas com rostos estranhos, confusão de imagens, etc.

Mas, ainda segundo o artigo, os psicanalistas poderiam retorquir: esta hipótese permite explicar porque eu sonho com um cão gigantesco, mas não esclarece porque eu sonho com um cão! A neurobióloga reconhece que, com efeito, durante o sono, as memórias de nosso cérebro não seriam ativadas de maneira aleatória. Teriam mais chances de serem ativadas aquelas que possuíssem mais importância, maior carga emocional, sejam as dos primeiros anos da vida ou as dos dias que precedem o sonho. Enfim, continuaria sobrando muito interesse e material para análise.

Pois bem, o Espiritismo também não é contradito por esta pesquisa: a teoria espírita dos sonhos, revelada (não o podemos negar) com século e meio de antecedência, aborda essa relação entre sonho e despertar! Na questão 425 de "O Livro dos Espíritos", respondendo a uma pergunta de Kardec sobre a relação entre o sonambulismo natural e o sono, os Espíritos dizem, entre outras coisas: "Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a despertar. Recebem imperfeitamente as impressões produzidas por objetos ou causas externas e as comunicam ao Espírito, que, então, também em repouso, só experimenta, do que lhe é transmitido, sensações confusas e, amiúde, desordenadas, sem nenhuma aparente razão de ser, mescladas que se apresentam de vagas recordações, quer da existência atual, quer de anteriores". (LE 425; mas não conferir pela tradução do Herculano, que está incompleta).

O Espiritismo, como filosofia destinada a "marcar uma nova era na vida da humanidade" (E.I.8), aborda os problemas humanos de forma genérica. A Ciência, com outro desiderato, pesquisa, experimenta, detalha. Mas, o pesquisador espírita encontraria muitas "dicas" na leitura atenta daquelas generalidades filosóficas.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Batismo para salvar-se

"SE VOCÊS, ESPÍRITAS, NÃO SÃO BATIZADOS, COMO É QUE PODERÃO SALVAR-SE?"

Por Celso Martins

Esta pergunta me foi feita por um amigo. Já houve quem me dissesse que o espírita deve batizar-se, sim, porque até Jesus o foi. A esta pessoa, baseando-me numa argumentação do médium e orador espírita José Raul Teixeira, respondi que João Batista batizou Jesus nas águas do rio Jordão; no entanto, Jesus a ninguém batizou. Demais, nós espíritas devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens porque, senão, neste descompassado, dentro em breve estaremos pregando em nosso semelhante uma cruz com uma coroa de espinhos!

Outros alegam que o batismo evita que se morra pagão. Ouvi muito esta afirmativa quando eu era criança. Aproveito a para explicar que a palavra vem do latim paganus e não designava, em absoluto, o morador do Pagus.

Quem informa é o ilustre catedrático paulista Silveira Bueno, católico convicto. Designava aquele que, para não servir na romana, fugia das cidades, ia residir nos campos longe de Roma. Quando o Cristianismo triunfou com a aliança dos líderes políticos com os líderes religiosos, ao tempo de Constantino, século III depois de Cristo, deu-se à palavra paganus uma nova semântica, um novo significado. Desde então pagão seria todo aquele que não desejasse servir nas milícias celestiais, todo aquele que não quisesse pertencer ao Catolicismo.

O batismo é um ritual muito mais antigo do que comum ente se pensa. Vem dos povos mais antigos, dos gregos, dos egípcios e dos hindus. As religiões tradicionalistas, ainda hoje, às panas do século XXI, insistem em conservá-lo, no que nada temos que ver. E um direito que elas têm e não seremos nós, os espíritas, que iremos cercear o lívre-arbítrio de quem quer que seja, desde que não haja prejuízo alheio. Só que a Doutrina Espírita pura e simplesmente dispensa este ritual. Ou qualquer outro ritual também como preces especiais, casamentos religiosos, oferendas ou coisas do gênero. Perdão se me torno repetitivo, porém penso como Napoleão, segundo o qual a mais importante figura da retórica é a repetição.

O meu missivista, como ia dizendo, indagava como é que o espírita iria salvar-se pois que não fora batizado. E porque talvez algum leitor amigo se defronte com esta mesma questão, atrevo-me sumariar a resposta enviada a ele. Devemos sempre fazer o devido esclarecimento espírita do assuntos que nos são apresentados.

Bem, pessoalmente, para usar de sinceridade, eu não aprecio esta palavra salvação, não. Prefiro a expressão redenção ou libertação espiritual, salvação, a meu ver, no que posso até estar errado, porque sou míope para longe e para perto, seria o oposto de perdição. Como não aceito a idéia de que Deus, definido por Jesus como Amor, deixe perder-se para sempre um de seus filhos, dou preferência à redenção ou libertação espiritual.

Mesmo porque Jesus declarou: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará."(João, cap. 8 vers. 32) O que liberta a criatura do sofrimento, decorrente da violação às leis divinas, é a prática genuína e desinteressada do BEM. É a vivência espontânea da fraternidade. É a vontade ardente de ver no semelhante um seu irmão para progredir, daí ser merecedor de melhores demonstrações de estima e consideração.

Neste contexto, cabem duas palavras acerca do preconceito. Do preconceito racial, por exemplo. Determinado confrade fez um teste com um grupo de espíritas. Cada um dos componentes daquela brincadeira deveria fechar os olhos e imaginar-se sendo assaltado. O leitor amigo poderá dizer qual foi a cor do assaltante imaginado pelos confrades espíritas envolvidos naquela experiência brejeira, porém, muito significativa !

O que liberta a criatura é a prática da CARIDADE, que, segundo uma definição do Irmão X, escrevendo pelo médium Chico Xavier, é servir sem descanso, é cooperar espontaneamente nas boas obras da comunidade, sem aguardar o convite ou o agradecimento dos outros, é não incomodar aquele que trabalha, é suportar sem revolta as limitações alheias, auxiliando o próximo a superá-las.

O que liberta a criatura da ignorância é a leitura de livros que nos dizem porque vivemos, para onde iremos depois da morte do corpo físico (se é que ele morre) pois em verdade até ele simplesmente se transforma). Contudo, não basta a leitura. É necessária a sua reflexão. Impõe-se a vivência dos seus ensinos. Pois como já reconhecia Daudet, quanta gente há, em cuja poder-se-ia escrever "para uso externo", como nas garrafas das farmácias. Quer dizer, ler por ler simplesmente não vale a pena. Mister se faz modificar o comportamento, ampliar o horizonte cultural, aprofundar a análise do porquê da vida e sobretudo, repito, vivenciar o que os bons livros nos ensinam em termos de crescimento moral e espiritual.

O que liberta a criatura de suas imperfeicões é o seu desejo de despojar-se de seus vícíos morais como a inveja, a cobiça, o ciúme, a ira, forcejando por ser mais paciente, mais humilde, mais prudente, mais humano diante das dores alheias, mais tolerante diante das falhas da outra pessoas, sem cair na alienação dizendo amém a tudo e a todos, com esta atitude muito cômoda concordando com erros que não podem de jeito nenhum contar com a nossa anuência.

O que liberta a criatura não é o batismo que recebeu em criança ou já adulto ao aceitar esta ou aquela seita religiosa. Não. O que liberta a criatura de seus erros do passado e de suas limitações atuais é este esforço diuturno de observar, na vida diária, tudo quanto o Cristo nos ensinou através da força do exemplo!

Fonte: Jornal Espírita - janeiro/08

A má fé dos novos tradutores da Bíblia

"A NEURA PARA TUDO ISSO É A NÃO ACEITAÇÃO DA COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS".

Por Altamirando Carneiro

Há dias recebi um e-mail interessante sobre as falsas traduções da Bíblia, perpetradas por aqueles que se dizem seus modernos tradutores, pretensos estudiosos, que cometem o erro infantil de dar falsos conselhos contra o Espiritismo, verdadeira infâmia, pois o Espiritismo surgiu no século 19, muito tempo deepois das traduções iniciais da Bíblia.

Tal atitude desmente a afirmação desses religiosos que têm a Bíblia como sua regra de fé e prática, de que os referidos textos estão em conformidade com os textos originais.

O texto do e-mail enfatiza: "É certo que as alterações começaram pelos próprios gregos, mas se para a maioria, os textos são fiéis aos originais, por que as casas publicadoras vivem fazendo correções? Estarão consertando os erros de Deus ou ajeitando o texto propositadamente, segundo interesses pessoais?

A neura para tudo isso é o diálogo com os Espíritos, que na cabeça dessas pessoas é um erro. E a passagem do Velho Testamento a que se apegam é o Deuteronômio, 18:10-11 (a respeito da proibição de consultar os mortos), onde cada casa publicadora coloca o que quer, no intuito de atacar o Espiritismo.

Como sabemos, na lei mosaica, há duas parrtes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moiisés. A primeira é invariável e a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.

Uma dessas leis foi a proibição de conversar com os Espíritos, por haver muita banalidade nas comunicações e a tentativa do próprio Moisés tentar implantar o monoteísmo, pois o povo acreditava que os Espíritos que se manifestavam eram deuses.

Segue a análise das recomendações citadas nessa passagem:

10 - que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia (tradução da Bíblia de Jerusalém) - católica.

10 - Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoreiro, nem feiticeiro (tradução de João Ferreira de Almeida) - protestante.

Bíblias católicas - (11)

Bíblia de Jerusalém: ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos.

Barsa: que consulte Píton, adivinhos, nem quem indague dos mortos a verdade.

Ave Maria: Espiritismo - à advinhação - à evocação dos mortos.

Paulinas: consulte aos nigromantes - adivinhos - indague dos mortos a verdade.

Santuário: Espiritismo - aos sortilégios - à evocação dos mortos.

do Peregrino: Espiritistas - adivinhos - nem necromantes.

Vozes: que consulte médiuns, que interrogue espíritos, evoque os mortos.

Pastoral: consulte espíritos - adivinhos - invoque os mortos.

Bíblias protestantes: (11)

SBB: nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos.

Novo Mundo: alguém que vá consultar um médium espírita - um prognosticador profissional de eventos - consulte os mortos.

Mundo Cristão: Necromante - mágico - consulte os mortos.

Há um episódio que os pastores e padres não citam, mas que consta em todas as traduções da Bíblia. Está no livro Números, 11: 26 a 29, sobre a reunião dos setenta médiuns na tenda, para a manifestação de Jeová.

Eldad e Medad haviam ficado no campo. E lá foram tomados e profetizaram, isto é, deram comunicações de Espíritos. Um jovem denunciou o fato a Josué, que pediu a Moisés que proibisse as comunicações.

A resposta de Moisés é uma chicotada aos detratores do Espiritismo e da mediunidade (que não é um privilégio dos espíritas):

Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de lahweh fosse profeta, dando-lhe lahweh o seu Espírito! (Bíblia de Jerusalém); Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes de mim? Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito! (Tradução de João Ferreira de Almeida) - protestante.

No livro Visão espírita da Bíblia (Edições Correio Fraterno), Herculano Pires comenta a explicação do professor Romeu do Amaral Camargo, que foi diácono da I Igreja Presbiteriana de São Paulo e autor do livro espírita De cá e de lá:

"Médium de extraordinárias faculdades, Moisés sabia que Eldad e Medad não eram mercenários nem mistificadores, não procuravam comunicar-se com o mundo invisível, mas eram procurados pelos Espíritos".

Fonte: Jornal Espírita - setembro/09


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Aqui é um Centro Espírita?

Por David Bianchini

Aqui é um Centro Espírita?

Paulo silenciou por alguns instantes. A pergunta, que sempre tivera uma resposta automática, agora o levava a profundas reflexões. Aquelas paredes, as reuniões e todas aquelas pessoas que vinham em busca de auxílio...

Lembrou-se de como tudo começara. Fora a vontade de ajudar uma senhora, carinhosamente chamada de Naná por todos que a conheciam, já idosa e de cabelos brancos, portadora de interessantes dons mediúnicos, que o levou a reunir um grupo de amigos, alugar uma casa e iniciar um trabalho mais organizado de ajuda aos que vinham buscar, naqueles dons, lenitivo para suas dores.

E eram muitos os que chegavam e que ajudados partiam, voltando outras vezes com outros pedidos ou com amigos também desesperados. Muitos, multidões. Esses mesmos é que chamaram o lugar de Centro Espírita. Talvez, porque acontecesse o aconselhamento aos desesperados, por Espíritos que falavam com os recursos de Dona Naná, ou por causa da água que depois da prece parecia curar as dores de alguns, ou mesmo da paz que todos levavam de volta a seus lares quando partiam...

Mas, cismava Paulo, seria ali um Centro Espírita?

De início, ele sempre sorria e afirmava confiante que ali era o Centro Espírita da Dona Naná. Aceitara sem questionar a afirmação, até que lhe perguntaram o que significava a palavra "espírita"? Percebendo sua ignorância, e como era um dos responsáveis pelo lugar, saiu à procura do conhecimento. Então descobriu Kardec, a Codificação e se pôs a estudar e a refletir... Percebeu que os fenômenos mediúnicos aconteciam desde há muito tempo e em diversas escolas religiosas.

Exemplos claros de mediunismo se percebem nos cultos afro-brasileiros, na manifestação do "espírito santo" que cura nos cultos evangélicos, assim como estiveram presentes nas pitonisas e adivinhos nas religiões do passado.

O fato de ser uma casa onde se manifestam os Espíritos, portanto, não bastaria para que o local fosse denominado ou credenciado como "Centro Espírita". Outros locais também prestavam socorro aos necessitados. Sem conotações religiosas, muitos homens de boa vontade se organizam na prática da solidariedade, objetivando minimizar o sofrimento humano.

São tantas outras "casas e centros" não religiosos que reequilibram socialmente as pessoas que batem às suas portas, em busca de apoio e orientação, e que trabalham para uma vida social mais justa e harmoniosa. Tão só ministrar essa ajuda solidária não caracteriza uma casa como Centro Espírita, mesmo que um "bom Espírito" esteja na orientação dessas atividades caridosas.

Paulo compreendeu que nem mesmo a junção das duas características acima seriam suficientes para caracterizar corretamente o Centro Espírita. Recordou que as palavras Espiritismo e espírita (ou ainda espiritista) só passaram a figurar dos dicionários a partir do instante em que Allan Kardec criou esses termos para designar a Doutrina que codificara e os seus seguidores.

O senso comum, presente no povo, a tudo dava uma feição generalizada e simplória. Mas os dirigentes e semeadores da Terceira Revelação - percebeu Paulo - não podem equivocar-se quanto aos princípios e os postulados básicos dessa Doutrina, pois serão cegos a conduzir outros cegos!

O papel do Centro Espírita transcende o auxílio material e o serviço solidário. Em primeiro lugar, é escola da alma. No Centro Espírita compreendemos o significado da existência, o porquê das vicissitudes que enfrentamos em nossa jornada terrena. Nele, bebemos as lições que o Espírito de Verdade veio trazer à Terra, revelando-nos uma nova visão de Deus e ensejando-nos o entendimento ampliado das leis que regem a vida em todos os cantos do universo.

Antes do conforto material dispensado ao carente, antes da cura de uma enfermidade, o Centro Espírita é caminho para o entendimento do Evangelho de Jesus. É o ponto de luz, o farol a clarear a senda escura de quem procura a Verdade. Aí reside sua maior finalidade: educar o ser humano, no sentido mais profundo do termo, para ultrapassar os limites temporais da existência corpórea e enxergar-se como Espírito imortal, viajante no tempo, herdeiro de suas ações e construtor do seu amanhã.

Tem o Centro Espírita, por missão, libertar a criatura dos condicionamentos psicológicos a que foi acorrentada, durante séculos, pelas igrejas dogmáticas, que tanto medo infundiram nas massas com um Deus impiedoso ameaçando as consciências culpadas com as labaredas do fogo eterno...

O Centro Espírita, que educa o ser, constrói a consciência, fortalece a vontade para o bom combate. Falamos da luta travada contra as próprias imperfeições, a luta contra o orgulho e o egoísmo.

Para que um Centro possa ser verdadeiramente Espírita, será preciso, portanto, que assuma primeiramente esse papel de condutor de almas. Do contrário, poderá reduzir-se a um posto distribuidor de víveres ou fornecedor de passes, água energizada, aconselhamentos e paparicos, correndo assim mesmo o risco de ouvir as queixas da ingratidão.

Ensinemos, por isso, aos que mendigam a luz, o caminho do autoconhecimento e da transformação moral. Ao pão do corpo, acrescentemos o alimento para a alma, que está no Evangelho de Jesus, desdobrado no conhecimento espírita. E, em vez do passe compulsório, apontemos o serviço da caridade, em favor de si mesmo e do semelhante.

Agindo assim, poderá o dirigente responder com segurança à indagação, dizendo: Sim, aqui é um Centro Espírita.

Extraído do jornal Alavanca - jan/98

"Para que um Centro possa ser verdadeiramente Espírita, será preciso, portanto, que assuma primeiramente esse papel de condutor de almas..."

(Jornal Mundo Espírita de Março de 1998)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Comunicações mediúnicas: um esclarecimento indispensável

Por Roni Couto

Está certo que alguns artigos, sites e boletins já haviam questionado o caos das comunicações mediúnicas. Inclusive nós, ao comparar o correio eletrônico com o mediúnico, concluímos sobre a dificuldade em se identificar com segurança o autor. Porque, conforme garantiu o mestre Kardec, se uma pedra for evocada em uma reunião mediúnica, podemos ter certeza de que ela irá responder.1

Tendo chegado a um momento delicado, em que espíritos mantêm até blogs (!!) para a divulgação de ideias bizarras, que espalham-se sob a assinatura de nomes respeitáveis do movimento espírita, é mais que oportuna a mensagem de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada em abril deste ano por Divaldo Pereira Franco. Em “Advertência aos médiuns”, publicada na revista Reformador (julho de 2009), Philomeno explica o que está cada vez mais claro: diversos médiuns estão orientando sua atividade mediúnica pela vaidade, autopromovendo-se e divulgando intensamente pretensas novas revelações. A consequência dessa fascinação, para os médiuns, instrumentos voluntários da confusão, não é tão somente a ilusão do aplauso e a frustração de falhar na mais importante tarefa de suas atuais encarnações. Terão de responder por maiores estragos, que têm alcançado a divulgação e o movimento espíritas de forma nociva. Médiuns que detêm suas próprias editoras dão livre curso a ideias bizarras e personalistas, que nada têm a ver com o Espiritismo, mas que são estrategicamente organizadas para que o erro se misture com o acerto. Quanto ao fundo, são ideias que desfiguram o Espiritismo, forçam uma permissividade com relação à manifestação mediúnica e fazem das lições transformadoras do Evangelho uma coleção confusa de regras, à maneira da autoajuda, o que já faz com que certos agrupamentos tenham todo o aspecto de uma seita, que seguem um líder - o médium - e não a doutrina que, em última análise, não está presente.

Esse é o contexto para o qual Manoel Philomeno intenta alertar, com a autoridade que lhe cabe no assunto.

As críticas, é claro, não têm sido muito bem recebidas por médiuns e simpatizantes das novas “revelações”. E isso é muito estranho, porque deveríamos nos importar com a Verdade – com letra maiúscula –, ou seja, com o conhecimento da realidade, e não com a adequação das teorias segundo nossas preferências. Afinal, deve ser triste acreditar na mentira. Porém, algo faz com que a crença em uma ideia ou teoria torne-se parte da emoção do seguidor. Por isso, ir contra suas ideias tem o mesmo efeito de questionar suas emoções.

O esclarecimento é necessário e urgente. O espírita tem a obrigação de refletir sobre o que lê e ouve, buscando também conhecer as análises que são feitas sobre as novidades mediúnicas, porque, caso contrário, poderá estar sob forte engano, o que será uma grande perda de tempo.

Médiuns sob perigo

O médium sincero, escreve Philomeno, está sempre em perigo, mais do que qualquer outro trabalhador da seara. Torna-se inimigo gratuito de espíritos inferiores, dedicados ao mal, contrários a todos que “lhes pareçam ameaçar a situação em que se encontram”.

Desde os primeiros estudos na mocidade espírita ouvíramos que o médium não é um imã, um atrator de espíritos errantes. Não é mesmo. O que atrai espíritos é a semelhança de pensamentos e sentimentos, seja qual for a qualidade. Portanto, todos atraímos espíritos. Entretanto, Philomeno refere-se à situação oposta, em que o médium é atraído para as armadilhas que poderão atrapalhar sua atividade mediúnica. Nesse caso, o médium é o alvo e o instrumento da perturbação.

Sobre as atuais “revelações”, que não resistem a uma simples análise, Philomeno afirma:

“Examinar com cuidado as comunicações de que se faz portador, evitando a divulgação insensata de temas geradores de polêmica, a pretexto de revelações retumbantes, e defendê-los, constitui inadvertência e presunção, por considerar-se como o vaso escolhido para as informações de alto coturno, que o mundo espiritual libera somente quando isso se faz necessário”.

Embora a euforia e a “paixão” que o assunto tem gerado, é preciso refletir e analisar, o que os “novos reveladores” também não deixam de aconselhar.

Estamos todos vivendo sob o risco do erro, do engano ou da perda de tempo. Inclusive quem escreve essas linhas pode também tropeçar, assim como acredita que há erro nas ideias de determinados espíritos. Deve haver liberdade para a aceitação ou a rejeição.

Para uns e outros, porém, não haverá desculpas, a advertência está no ar.

1 O Livro dos Médiuns, capítulo XXV (Das Evocações), item 283.