segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Espiritismo e as Curas Espirituais

Por Maria Ribeiro

Seria compreender muito pouco o propósito real da Doutrina Espírita o pensar que curas espirituais são uma de suas especialidades, desobedecendo a uma irrevogável ordem natural de coisas.

A busca pelo bem estar é um princípio do instinto de conservação, que é uma lei natural. Portanto não existe nada mais justo que procurar-se recursos capazes de restaurar a saúde, entrando esta em estado de debilidade.

O que se propõe é uma reflexão mais racional a respeito do tema.

É considerável o número de indivíduos que, ao longo dos tempos, tiveram, uns mais, outros menos, o poder de curar. Um deles, claro, é o nosso Mestre Jesus, profundo conhecedor de todas as ciências, não o seria menos quanto à ciência do magnetismo.

“A faculdade de curar pela influência fluídica é muito comum e pode desenvolver-se mediante o exercício; porém, a de curar instantaneamente pela imposição das mãos é mais rara, e seu apogeu pode ser considerado como excepcional. Entretanto, tem sido observada em diversas épocas, e em quase todos os povos têm surgido indivíduos que a possuíam em grau elevado. Nestes últimos tempos, tem-se visto diversos exemplos notáveis, cuja autenticidade não pode ser contestada. Dado que estas espécies de curas repousam sobre um princípio natural, e que o poder de produzi-las não é um privilégio, é que elas não saem da natureza e apenas têm de  miraculosa, a aparência.” (A Gênese, capítulo XIV – Curas).

Esta declaração kardequiana traz o entendimento de que esta, como todas as faculdades humanas não se desenvolvem de outra forma. Kardec faz que se remeta à vida eterna do Espírito, onde as aquisições paulatinas de encarnação em encarnação, com o trabalho constante no Bem purificam os fluidos constituintes do Ser, que tem seus recursos aumentados para que possa promover o auxílio que se faça necessário.

“...A faculdade de curar instantaneamente pela imposição das mãos é mais rara” porque é preciso um grau de pureza que não se faz sequer uma idéia aproximada.  Domiciliados no planeta Terra, que segundo os Espíritos Superiores é um lugar ainda apropriado a receber seres imperfeitos, como esperar certos prodígios? O estado moral atrasado representa óbice para tal. Embora nada impeça que a Providência Divina se manifeste através de homens imperfeitos que buscam sinceramente se reajustarem com as Leis Maiores, não se pode desprezar que haja fatores que determinam que tal evento ocorra ou não.

Neste caso específico, Kardec enfatiza tratar-se de um tipo de faculdade mediúnica rara, e previne contra as ciladas que possam aparecer.(O Livro dos espíritos- 556)

O item 18 do mesmo capítulo, ainda em A Gênese, Kardec deixa evidente: “O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluidos espirituais como também o dos Espíritos desencarnados; transmite-se de Espírito a Espírito, pela mesma via, e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos circundantes.” Em outras palavras, é através do pensamento que os fluidos são manipulados e dirigidos de uma pessoa para outra, estejam encarnadas ou não. Isto quer dizer que os fluidos dos Espíritos não são mais poderosos do que os dos encarnados pelo simples fato de serem Espíritos. E que os fluidos são emitidos de todo o Ser, da mesma forma que são recebidos, e não necessariamente pelas mãos, conforme crença vigente. Estas declarações confirmam que gesticulações e sincronismos, posturas ainda tão freqüentes, devem diminuir à medida que se compreendam a inutilidade das formas. Por enquanto é bom que se fique atento ao que mais possa surgir.  

É sabido que no passado houve companheiros no labor mediúnico que se utilizaram de formas materiais, e até bizarras, para realizar curas e cirurgias espirituais. Caíram no gosto de Espíritas entusiasmados, que criam ser estas práticas o que havia de mais extraordinário que a Doutrina podia oferecer. Mais do que proporcionar aos pacientes o alívio de seus males, aquelas práticas provaram que as Entidades desencarnadas agem verdadeiramente através de um médium com o qual se afinizam. Resta saber se isto provocou avanços morais em alguém, uma vez que as manifestações por si mesmas não tornam um ser mau em bom, nem um ignorante em sábio.

Quando a terapia do Passe não oferece os efeitos esperados, costumam-se recorrer a outras, que se podem contar às dezenas, mas que não têm vínculo doutrinário. Assim, tem-se incorporado cromoterapia, florais, pirâmides, reike e outras como “menu” doutrinário-espírita.

Analisando-se a terminologia da locução – cura espiritual – pode-se entender CURA DO ESPÍRITO, muito embora se deseje a cura do corpo, pois é ele que se sente massacrado, torturado e combalido. Quando se é chamado ao testemunho da enfermidade, são poucos os que não murmuram, esquecidos da resignação, do conceito de causa e efeito, da vida futura.

Admitindo-se – CURA POR ESPÍRITOS - recorra-se ao último parágrafo do comentário da questão 70 de O Livro dos Espíritos que diz que “O fluido vital se transmite de um indivíduo para outro. Aquele que tem o bastante pode dá-lo àquele que tem pouco e, em certos casos, restabelecer a vida prestes a se apagar.” Kardec assinala, assim, que a solidariedade é um bem que deve permear entre os seres, uns amparando os outros, na medida de suas forças. O desejo e a boa vontade de servir e de ser útil estabelecem a harmonia necessária para a engrenagem do universo íntimo, que se expande a distâncias que não se ousa mensurar. No parágrafo anterior, ele diz que este “fluido se renova pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm.” O indivíduo precisa não somente absorver, mas assimilar as substâncias que contêm este fluido. Isto quer dizer que podem ser absorvidos, mas não necessariamente assimilados, ou seja, tornarem-se compatíveis com os fluidos próprios do receptor, para que ajam beneficamente. É o que ocorre no organismo humano em relação às proteínas de origem animal: elas sofrem processos de “quebra” até atingirem formas que são assimiláveis pelo organismo humano.

Entretanto, deve-se, pois, perceber que a cura espiritual é um processo individual que escapa ao controle de outrem. O corpo adoece por razões morais-espirituais relacionadas à história de cada um, portanto é de responsabilidade individual e intransferível a cura efetiva, que aliás é o que se espera. “A tua fé te salvou”, disse Jesus. Os mecanismos de transformar os fluidos malsãos para fluidos salutares estão em cada indivíduo. A Gênese, tratando do assunto, diz que “os fluidos não têm qualidades sui generis, mas sim as que adquirem no meio onde são elaborados; modificam-se pelos eflúvios desse meio...Os fluidos ...trazem a impressão dos sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme,...da benevolência, do amor, da caridade...” . O desejo ardente de trazer um alívio para um irmão sofredor, ou para si mesmo, representa um apelo fortíssimo para as Entidades Benfazejas. O auxílio magnético terá sempre um efeito, segundo circunstâncias que bastas vezes não estão sob domínio da compreensão humana. Na narrativa de Lucas 9, vs11, encontra-se: “...E ele os recebeu, e falava-lhes do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura”, ou seja, Jesus reconhecia os que se curariam, pois Ele não veio derrogar Leis Divinas: Ele sabia que muitos ainda necessitavam permanecer enfermos. A necessidade é então algo relativo: uns necessitam da cura para a franca realização de projetos idealizados durante o processo de doença; enquanto outros necessitam continuar doentes, porque o Espírito não atingiu a consciência do seu estado real.

Há pessoas dotadas do dom de curar, segundo a Codificação, com um toque, com um simples olhar. Kardec os diferencia dos magnetizadores, mas o que ele pretende é deixar claro duas ordens de coisas oriundas do mesmo princípio. O tratamento magnético comum segue em sessões continuadas, metódicas, e não requer que o magnetizador seja necessariamente médium, mesmo porque este processo é anímico; enquanto que com um médium curador ocorre espontaneamente, com a intervenção de Espíritos somada ao apelo através da prece. (O Livro dos Médiuns – cap.XIV – 175)

No item 32 do capítulo XIV de A Gênese o sábio francês esclarece que “os efeitos da ação fluídica sobre os doentes são extremamente variados, segundo as circunstâncias; esta ação é algumas vezes lenta, e reclama um tratamento seguido, como no magnetismo comum; outras vezes é rápida como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam sobre certos doentes curas instantâneas por uma só imposição das mãos ou mesmo por um só ato de vontade. Entre os dois pólos extremos de tal faculdade, há infinitas variações. Todas as curas desse gênero são variedades do magnetismo e não diferem senão pela potência e a rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo; é o fluido que desempenha o papel de agente terapêutico, e cujo efeito é subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais.” No item seguinte Kardec especifica cada uma das ações magnéticas, a saber: magnetismo humano, magnetismo espiritual e magnetismo humano-espiritual. 

Curas instantâneas por um simples gesto, ou por um olhar, são formas para que se compreendam mecanismos que ocorrem, não exatamente por causa do olhar ou do gesto, que são materiais. Mas pelas disposições íntimas do Ser que se propõe doar algo bom de si mesmo, secundado por Entidades Benfeitoras, esteja com ou sem o conhecimento disso. Há uma prática denominada de “passe de coluna” que mais se aproximaria realmente de aplicações magnéticas não contivesse uma pitada de ritual e palavras sacramentais.(O Livro dos Médiuns – cap. XIV- item 176, 9). Existe também uma proposta conhecida por “passe de sopro”, que deixa dúvidas sobre seu fundamento. Os Evangelistas não citaram nenhuma passagem onde Jesus tivesse curado alguém através do sopro; a Codificação também não falou sobre o assunto. O que se pretende é continuar mantendo as formas de se fazer as coisas, e formas são materiais, não são essenciais. Jesus se utilizou de alguns recursos materiais para realizar algumas curas; mas certamente não foi com o propósito de fazer com que se tornassem elementos de superstição. Mas também realizou benefícios curadores à distância. De maneira alguma pretendeu que se substituísse o necessitado por um interventor, transmitindo fluidos a este para que o doente os receba. Afinal a intervenção é puramente mental.

É razoável que se reconheça o quanto a Medicina terrena tem aumentado cada vez mais os recursos de tratamento e prevenção de doenças. Os Benfeitores Espirituais também têm se reencarnado com o propósito de manifestar materialmente, claro que dentro dos limites que o planeta oferece, os recursos necessários para minimizar as mazelas humanas, pois isto representa oportunidades de trabalho no Bem e crescimento moral-espiritual e intelectual também para eles. As suas descobertas atendem não a um número limitado de indivíduos, mas a uma coletividade inteira. O trabalho no Plano Espiritual não se restringe a estas facetas tacanhas às quais o homem se acostumou a crer. Ou será que a magnânima atividade Divina está circunscrita aos “templos sagrados”?!

A cura espiritual se dá, entenda-se bem, quando o Ser Imortal estiver se depurado de suas imperfeições por ter compreendido melhor as Leis Imutáveis da natureza.

sábado, 10 de setembro de 2011

Chiquismo - a doença infantil do Espiritismo

Por Randolfo*

O título é uma paródia a uma grande obra de crítica ao esquerdismo em detrimento do socialismo. E também nem guarda real proporção, pois o Espiritismo não gera nenhuma doença - os espiritualistas que se dizem espíritas é que fazem isso.

Temos observado a derivação do movimento dito "espírita" no Brasil na direção contrária às recomendações da codificação e mesmo as particulares de Kardec. O Espiritismo no Brasil não se orienta, na prática, pelas obras codificadoras e sim pelas obras de um único autor - Chico Xavier.

Infelizmente, esse autor não prezou pelos aspectos cientificos ou filosoficos do Espiritismo, preferindo enveredar por um caminho roustanguista fácil, o do religiosismo místico. E como a FEB privilegiou esse autor que tão bem serviu aos seus propósitos (vide "Conscientização Espirita", de Gélio Lacerda).

Nós temos um companheiro que costuma dizer que o problema não é o que se lê e sim o que se faz com o que se lê. A derivação religiosista, visando implementar uma verdadeira instituição religiosa no meio espírita, é mais fácil de ser seguida e compreendida, pois não requer maiores reflexões, tanto como também não estimula investigações, aferições. Mas, a culpa é de quem lê e não compara com a codificação, pois a codificação tem "linguagem dificil", ou é "muito complicada", nos dizeres de muitos que se dizem "espíritas".

Foi instituida, então, uma ditadura no meio espírita - o "chiquismo". É uma ditadura, pois foi massificada e assimilada pela maiora e absolutamente quase não há foruns de debate sobre ela. Nota-se: em lugar NENHUM, seja congresso, seminário, simposio que sejam "espiritas", abre-se espaço para se questionar NENHUMA obra de Chico Xavier. Muito pelo contrário - quem contesta esse autor é segregado, atacado e humilhado.

Não há como deixar de avaliar que o chiquismo possui instrumentos próprios para sua manutenção: tem base literária, coerência com seus principios místico/religiosa e uma vasta rede de instituições, tanto como editoras e midia que o suporta.

Conforme verificamos que o eixo de compreensão do Espiritismo, segundo esse movimento, move-se exclusivamente na direção das obras de Chico Xavier e considerando o detrimento em que passa a se situar a codificação espirita, tanto quanto as clarissimas contradições existentes, eis que temos, agora, de fato, a instituição de uma religião. Mas, não se chama Espiritismo, pois não se torna uma religião o que não se é.

Inaugura-se no Brasil o "Chiquismo", uma religião sincrética, que por mera questão de marketing intelectual assume as feições do Espiritismo, sem o ser.

Nota-se que mesmo os autores que seguem essa tendência são sempre ofuscados pela pressão desse grupo, que substituiu Roustaing (que a maioria estranhamente alega nem conhecer...) por Chico Xavier. Kardec ficou absolutamente em segundo plano.

Nota-se como no meio espirita se homenageia o citado autor, como se lhe enchem de julgamentos morais, enquanto o codificador do Espiritismo jaz esquecido. Nunca é citado como exemplo moral (alguém mais notou isso?), nunca é citado como exemplo intelectual (também notou-se isso?). Aliás, Kardec nunca é citado como modelo de espírita. Para os chiquistas, modelo de espírita é quem contradisse o Espiritismo - Chico Xavier.

Nós, defensores do Espiritismo, precisamos amadurecer e aceitar os fatos: há uma religião, ela é majoritária e o culto à personalidade é prepondeante. E não se pode ignorar a comparação com os iniciantes anos do cristianismo: os ensinamentos de Jesus foram logo deturpados e ele, que não fundou religiao nenhuma, viu seu nome ser utilizado para desvios absolutos, que culminaram até na perda de vidas.

E hoje Kardec é utilizado apenas de fachada para agredir-se justamente quem defende seus ideais...

A realidade impõe aos espíritas (uma classe bem mais minoritária do que imaginamos) não o combate a essa seita chiquista, mas o esclarecimento ao nosso povo.

A função do Espiritismo é o esclarecimento. Nosso dever é prosseguir nisso. E como se faz? Divulgando a codificação e fazendo principalmente o que Chico Xavier nunca fez, nem tampouco seus defensores: BUSCAR A VERDADE.

Enquanto assistimos a essa nova seita afirmar que os dizeres desse autor são verdades absolutas, não assistimos à busca pela verdade, mas seremos cumplices se ficarmos parados.

A luta pelo propriedade da expressão "Espiritismo" não existe e nem pode existir. A luta pela verdade, sempre.

Queremos a verdade, queremos as obras mediunicas submetidas a aferição, queremos a investigação dos fenomenos espirituais, queremos fazer novas perguntas para obtermos novas e verdadeiras respostas dos espíritos superiores. Queremos o Espiritismo nos ESCLARECENDO e isso somente se dá por meio de informações fideldignas. O fanatismo em prol de uma unica pessoa, um unico espirito, um único autor continua possuindo as mesmas caracteristicas em todas as eras e momentos históricos. Quem seguia Hitler, por exemplo, o considerava infalível...

O Chiquismo não precisa ser combatido. É mais uma religião e nada mais, perdida no meio de tantas outras - e a mais inexpressiva, pelo número de pessoas que a adotam. Enquanto evangelicos, que eclodiram somente a partir dos anos 60 no Brasil, hoje são metade da população do país, o Chiquismo, essa doença infantil fruto da idolatria, que conta com a mesma idade, possui pífios 1% de nossa população. O Chiquismo, então, só possui importancia para os chiquistas - não para a imensa maioria do povo brasileiro.

Urge que façamos diferente e levemos o Espiritismo verdadeiro a esse povo, carente de esclarecimento e do consolo que só vem pela verdade.

*Randolfo é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A figura de Rivail perante a Codificação

Por Maria Ribeiro

Muito se fala em Allan Kardec como codificador do Espiritismo, porém é muito pouco levada em consideração a história precedente desta personalidade, e são quase nulas as reflexões a respeito de sua individualidade como Espírito reencarnado. Existe um sem número de pessoas que ignoram fatos importantes de sua vida, acreditando que se tratava de um intelectual francês que um dia dá início a uma conversação com uma mesa, que depois ele descobre estar sob o comando de “espíritos”, o que culmina no aparecimento de uma série de livros e muita discussão.

Allan Kardec foi um sacerdote druida que viveu no século I a.C, na região das Gálias, atual França, mesmo período em que viveu Júlio César. Da sabedoria celta, herdou conceitos como reencarnação e inexistência de penas eternas. Os druidas ocupavam várias funções, além a de guardiões da sua cultura, como também a de médicos, professores e conselheiros, no que compartilhavam com as druidesas. Por causa da perseguição do Imperador, suas práticas que se davam ao ar livre, passaram a se realizar de forma oculta. Aceitaram as idéias cristãs, porém, com o surgimento do catolicismo e perseguições acirradas de ambos os lados, acabaram desaparecendo*.

Hippolyte Leon-Denizard Rivail nasceu na França dezenove séculos depois; estudou dos 10 aos 18 anos na Suíça sob os cuidados de outro grande mestre, o Sr John Heinrich Pestalozzi. Dada sua inteligência singular, por várias vezes substituiu o mestre Pestalozzi na instituição de ensino. Contrariou a tradição familiar de magistratura, optando pelas ciências e filosofia. Oferecia cursos gratuitos em sua própria casa de diversas disciplinas. Publicou inúmeras obras, todas voltadas para a educação, sendo seu foco, democratizar a educação. E somente após os cinqüenta anos de idade, é que terá notícias de certas mesas girantes, o que, de início, não o impressiona, visto conhecer profundamente o magnetismo e lhe atribuir esses efeitos. Os relatos entusiasmados de um amigo, mais lhe aumentam as dúvidas do que de convencimento. (“Minha primeira iniciação no Espiritismo” – Obras póstumas).

Algum tempo depois abordado outra vez, desta, por um antigo amigo, na verdade um reencontro com o Sr. Fortier, em casa de amigos comuns, Rivail testemunha os fenômenos pela primeira vez. O Sr. Fortier era um magnetizador que vinha desenvolvendo experiências com a Sra Roger, uma sonâmbula. Rivail ouviu de pessoas muito lúcidas a respeito dos fenômenos que se davam, imprimindo-se na sua inteligência aguçada e precavida, dose de intenso interesse.

Era maio de 1855, e, a partir de então, aquelas reuniões jamais seriam as mesmas. Cerca de um ano depois, recebe a revelação de que tinha uma missão: ser ”o obreiro que reconstruirá o que foi demolido”.

Há dois mil anos, nas palavras de João, Jesus nos traz a promessa do Consolador, disse que este estaria eternamente conosco, nos ensinando todas as coisas... Então nem de longe se pode supor ser Rivail este consolador, mas com a mesma certeza se pode afirmar ser ele o mais capacitado, o mais apto dentre todos para ser o receptor do Paracleto. O que desperta ciúmes em algumas pessoas até hoje...

Jesus intencionou que cada um construísse dentro de si mesmo um “reino” a partir do conceito de Amor que Ele próprio ensinou, da forma mais pura possível. Trouxe para os homens uma forma aprimorada de enxergar o mundo, ao demonstrar que existia uma outra opção. Demonstrou que através da simplicidade, que é uma expressão do Amor, o homem consegue penetrar seu mundo interior e melhorá-lo, obtendo recursos para disseminar à sua volta idêntica parcela de entendimento, o que culmina num bem estar social generalizado.

Só que a ambição de alguns homens transgrediu por longo tempo a lei do progresso, fazendo a humanidade permanecer na ignorância, da qual se servia para manipular, ultrajar e coagir.

Solidária e atenta, a Espiritualidade Superior esteve presente, enviando de tempos em tempos, mensageiros sob nomes que muitas vezes permaneceram no anonimato, e outros que se destacaram por razões que desconhecemos, sendo registrados pela História como figuras idealistas que dedicaram suas vidas em prol de uma causa que julgavam justa. Anônimos ou ilustres, tinham em comum o ideal da Verdade e por ele viveram e morreram.

De acordo com estudos contidos na obra Meu novo nome, do escritor Sérgio Aleixo, Rivail esteve encarnado na Terra em momentos muito decisivos para o desencadear do progresso necessário do planeta. Deu testemunhos dolorosos da verdade que o coroariam para sempre, na personalidade de Jan Huss. Anteriormente, esteve sob nomes como João Batista, Allan Kardec, como já referido, Elias e Josué. Este último foi discípulo de Moisés, que representa a primeira revelação. João Batista, o precursor, presente na segunda revelação. Elias foi um grande profeta, que estava sempre em intercâmbio com Iahweh, permanecendo admirado e se tornando referência ainda muitos séculos após.

Após aquela noite de maio, foram certamente muitas e muitas outras, quiçá madrugadas adentro, em investigações e análises, das informações chegadas do plano espiritual, até compilar a primeira edição de O Livro dos Espíritos, vindo a público em abril de 1857. Sob a recomendação de um guia espiritual, adota o pseudônimo de Allan Kardec, sua antiga identidade, com o propósito de não se confundirem seus trabalhos didáticos com a Doutrina Espírita. Seguidamente, outras obras compuseram o nosso velho “conhecido” Pentateuco Espírita: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O céu e o inferno e A Gênese. Obras complementares de muita importância também são O que é o Espiritismo, Viagens Espíritas, os 12 volumes de A revista Espírita e Obras póstumas.

Dos Espíritos que comporiam “as vozes do céu”, uns reencarnaram, porque seria um contra-senso afirmar que os Espíritos poderiam realizar um evento desta natureza sozinhos, e prescindir da participação humana. Neste número, encarnaram-se, então, cientistas, filósofos, intelectuais e também, inclusive médiuns; cada um cooperando de acordo com a evolução de que dispunha. 

O fato de Rivail estar encarnado à época do advento do Espiritismo, para muitos, infelizmente, tira-lhe ao menos metade do mérito, pois para estes, a grandeza está nas manifestações, e em revelações inéditas que vez ou outra teimam em penetrar nas nossas bibliotecas. Têm verdadeira paixão por Espíritos, dando-lhes toda a credibilidade, esquecidos das recomendações de todos os missionários quanto ao perigo que o excesso de confiança pode representar. Pois para estes, diz-se muito convictamente: Sem Rivail não existiria Doutrina Espírita, não com a coerência que lhe é intrínseca. Aliás seria menoscabar demais o Espiritismo conjeturar-se que o Consolador enviado pelo Cristo, estando Este à frente de sua elaboração e execução, tivesse como responsável encarnado alguém de superioridade remota à  de si próprio. De idêntica forma, é nula a possibilidade de Espíritos outros estarem de posse de Verdades comparáveis às contidas no Pentateuco Kardequiano. Seria esperado que ao menos a comunidade Espírita demonstrasse-lhe o mínimo de gratidão.

O século XIX trouxe novamente à Terra este Ser de grandeza moral-espiritual superior. Houve uma previsão de retorno para o século XX, que parece não ter sido levado a efeito, por razões ignoradas. Porém, de forma ou de outra, trata-se de um Ser revelando suas conquistas individuais ao mundo, realizadas ao longo de muitos séculos, a custo de muita abnegação, muito embora a idéia de uma santificação súbita através de “uma graça divina” ainda persista entre nós. 

Rivail é apontado como o missionário responsável por esta reconstrução do Cristianismo que fora desnaturado e a razão leva a concluir ser a Doutrina Espírita a mensagem viva do Cristo. Compilar algo de tão grande porte requer Espíritos fortes, austeros, racionais. Não se trata apenas de organizar informações, mas, sobretudo saber avaliá-las, julgando-as sem o entusiasmo passional que poderia obscurecer o real objetivo. Muitas foram descartadas por se encontrarem destoantes da proposta colimada. Recebendo o título de “mestre” pelos próprios Espíritos codificadores, e de “companheiro de antanho”, pelo Espírito de Verdade, não se pode sonhar um Rivail falível, desprovido do Conhecimento Maior que caracteriza um Espírito realmente Superior. 

*(Portal do Espírito - espírito.org.br)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Acción del Hombre sobre Los Espíritus Infelices

Por Léon Denis

Clique aqui para ler a versão em português.

Nuestra indiferencia para las manifestaciones espiritistas no nos privaría solamente del conocimiento del porvenir de ultratumba; nos quitaría al mismo tiempo la posibilidad de obrar sobre los espíritus desgraciados, de suavizar su suerte, haciéndoles más cómoda la reparación de las faltas cometidas. Los espíritus retrasados, teniendo más afinidad con los hombres que con los espíritus puros, a causa de su constitución fluídica todavía grosera, son precisamente por eso más asequibles a nuestra influencia. Entrando en comunicación con ellos podemos cumplir una generosa misión, instruirles, moralizarles y, al mismo tiempo, mejorar, sanear el ambiente fluidico en que vivimos todos. Los espíritus desgraciados atienden nuestras llamadas y nuestras evocaciones. Nuestros pensamientos simpáticos les envuelven como una corriente eléctrica, les atraen hacia nosotros y nos permiten conversar con ellos valiéndonos de los médiums.

Lo mismo ocurre con toda alma que abandona el mundo.

Nuestras evocaciones despiertan la atención de los fallecidos y facilitan su separación corporal. Nuestras oraciones ardientes, semejantes a chorros luminosos o a vibraciones armoniosas, les iluminan y dilatan su ser. Les resulta agradable pensar que no están abandonados a sí mismos en la inmensidad, que existen aún sobre la tierra seres que se interesan por su suerte y desean su felicidad. Aunque ésta no pueda ser obtenida en ningún caso mediante esas oraciones, no por eso dichas oraciones dejan de ser saludables para el espíritu, al que arrancan a la desesperación y al que dan las fuerzas fluídicas necesarias para luchar contra las influencias perniciosas y salir de su ambiente.

No hay que olvidar, sin embargo, que las relaciones con los espíritus inferiores exigen cierta seguridad de opiniones, tacto y firmeza. Todos los hombres no son aptos para obtener de estas relaciones los buenos efectos que son de esperar. Hay que poseer una verdadera superioridad moral para dominar a estos espíritus, reprimir sus desvíos y dirigirles por el camino del bien. Esta superioridad sólo se adquiere con una vida exenta de pasiones materiales. En este caso, los fluidos purificados del evocador dominan cómodamente a los fluidos de los espíritus retrasados.

Se necesita, además, un conocimiento práctico del mundo invisible, a fin de poderse guiar con seguridad en medio de las contradicciones y de los errores en que abundan las comunicaciones de los espíritus ligeros. Como consecuencia de su naturaleza imperfecta, éstos sólo poseen conocimientos muy restringidos. Ven y juzgan las cosas de diferente modo. Muchos conservan sus opiniones y sus prejuicios de la tierra. La sabiduría y la clarividencia son, pues, indispensables para dirigirse por entre semejante dédalo.

El estudio de los fenómenos espiritistas y las relaciones con el mundo invisible presentan muchas dificultades, y a veces hasta peligros, para el hombre ignorante y frívolo que se preocupe poco de la parte moral de la cuestión. El que, despreocupándose de estudiar la ciencia y la filosofía de los espíritus, penetra bruscamente en el dominio de lo invisible y se entrega sin reserva a las manifestaciones, se encuentra desde un principio en contacto con millares de seres y sin ningún medio de comprobar sus acciones y sus palabras.

Su ignorancia le entrega desarmado a su influencia, toda vez que su voluntad vacilante e indecisa no podría resistir a las sugestiones de que sería objeto. Débil y apasionado, su imperfección atrae a los espíritus semejantes a él, los cuales le sitian y no tendrán escrúpulo alguno en engañarle. No sabiendo nada acerca de las leyes de lo oculto, aislado en el umbral de un mundo donde la alucinación y la realidad se confunden, podrá temerlo todo: la mentira, la ironía, la obsesión.

La intervención de los espíritus inferiores en las manifestaciones espiritistas fue considerable en un principio, y ello tenía su razón de ser. En un ambiente material como el nuestro, sólo las manifestaciones ruidosas de los fenómenos de orden psíquico podían conmover a los hombres y arrancarlos a la indiferencia hacia todo lo que no se refiriese a sus intereses inmediatos. Esto es lo que justifica el papel de las mesas rotativas, de los golpes y de las casas frecuentadas por espíritus. Estos fenómenos vulgares, producidos por espíritus todavía sometidos a la materia, eran apropiados a las exigencias de la causa y al estado mental de aquellos cuya atención se quería despertar. No podía atribuírseles a los espíritus superiores, que no se manifiestan sino ulteriormente y por procedimientos menos groseros, sobre todo con la ayuda de los médiums escritores, auditivos, de incorporación, etc.

Después de los hechos materiales, que se dirigían a los sentidos, los espíritus hablaron a la inteligencia, al sentimiento y a la razón. Este perfeccionamiento gradual de los medios de comunicación pone de manifiesto la multitud de recursos de que disponen las potencias invisibles y las combinaciones variadas y profundas que saben poner en juego para estimular al hombre en el camino del progreso y en el conocimiento de sus destinos.

Livro: Depois da Morte

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Ação do Homem sobre os Espíritos Infelizes

Por Léon Denis

A nossa indiferença para com as manifestações espíritas não nos privaria somente do conhecimento do futuro de além-túmulo, pois nos desviaria também da possibilidade de agir sobre os Espíritos infelizes, de amenizar-lhes a sorte, tornando-lhes mais fácil a reparação de suas faltas. Os Espíritos atrasados, tendo mais afinidade com os homens do que com os Espíritos puros, em virtude de sua constituição fluídica ainda grosseira, são, por isso mesmo, mais acessíveis à nossa influência. Entrando em comunicação com eles, podemos preencher uma generosa missão, instrui-los, moralizá-los e, ao mesmo tempo, melhorarmos, sanearmos o meio fluidico em que todos vivemos. Os Espíritos sofredores ouvem o nosso apelo e as nossas evocações. Os nossos pensamentos, simpáticos, envolvendo-os como uma corrente elétrica e atraindo-os a nós, permitem que conversemos com eles por meio dos médiuns. O mesmo dá-se com as almas que deixam este mundo. As nossas evocações despertam a atenção dos Espíritos e facultam-lhe o desapego corpóreo; as nossas preces ardentes são como um jato luminoso que os esclarece e vivifica.

É-lhes agradável perceber que não estão abandonados a si próprios na Imensidade, que há ainda na Terra seres que se interessam pela sua sorte e desejam a sua felicidade. E, quando mesmo esta não possa ser alcançada por preces, contudo elas não deixam de ser salutares, arrancando-os ao desespero, dando-lhes as forças fluídicas necessárias para lutarem contra as influências perniciosas e ajudando-os a subirem mais alto.

Não devemos, entretanto, esquecer que as relações com os Espíritos inferiores exigem uma certa segurança de vistas, de tato e de energia; daí os bons efeitos que se podem esperar. É preciso uma verdadeira superioridade moral para dominar tais Espíritos, para reprimir os seus desmandos e dirigi-los ao caminho reto; e essa superioridade não se adquire senão por uma vida isenta de paixões materiais, pois, em tal caso, os fluídos depurados do evocador atuam eficazmente sobre os fluídos dos Espíritos atrasados. Além disso, é necessário um conhecimento prático do mundo invisível para nos podermos guiar com segurança no meio das contradições e dos erros que pululam nas comunicações dos Espíritos levianos. Em conseqüência da sua natureza imperfeita, eles só possuem conhecimentos muito restritos; vêem e julgam as coisas diferentemente; muitos conservam as opiniões e os preconceitos da vida terrena. O critério e a clarividência tornam-se, portanto, indispensáveis a quem se dirigir nesse dédalo.

O estudo dos fenômenos espíritas e as relações com o mundo Invisível apresentam muitas dificuldades e, mesmo, perigos ao homem Ignorante e frívolo, que pouco se tenha preocupado com o lado moral da questão. Aquele que, descuidando-se de estudar a ciência e a filosofia dos Espíritos, penetra bruscamente no domínio do Invisível, entregando-se, sem reserva, às suas manifestações, desde logo se acha em contacto com milhares de seres cujos atos e palavras ele não tem meio algum de aferir. Sua ignorância entregá-lo-á desarmado à Influência deles, pois a sua vontade vacilante, Indecisa, não poderá resistir às sugestões de que se fez alvo. Fraco, apaixonado, sua imperfeição faz com que atraia Espíritos Iguais a si, que o assediam sem o menor escrúpulo de enganar. Nada sabendo sobre as leis morais, insulado no seio de um mundo onde a alucinação e a realidade confundem-se, terá tudo a temer: a mentira, a Ironia, a obsessão.

A princípio, foi considerável a parte que os Espíritos inferiores tomaram nas manifestações, e isso tinha sua razão de ser. Em um meio material como o nosso, só as manifestações ruidosas, os fenômenos de ordem física poderiam impressionar os homens e arrancá-los à Indiferença por tudo que não diga respeito aos seus interesses imediatos. É isso que justifica o predomínio das mesas giratórias, das pancadas, das pedradas, etc. Esses fenômenos vulgares, produzidos por Espíritos submetidos à Influência da matéria, eram apropriados às exigências da causa e ao estado mental daqueles de quem se queria despertar a atenção. Não se os deverá atribuir aos Espíritos superiores, pois estes só se manifestaram ulteriormente e por processos menos grosseiros, sobretudo com o auxílio de médiuns escreventes, auditivos e sonambúlicos.

Depois dos fatos materiais, que se dirigiam aos sentidos, os Espíritos têm falado à inteligência, aos sentimentos e à razão. Esse aperfeiçoamento gradual dos meios de comunicação mostra-nos os grandes recursos de que dispõem os poderes invisíveis, as combinações profundas e variadas que sabem pôr em jogo para estimular o homem no caminho do progresso e no conhecimento dos seus destinos.

Livro: Depois da Morte

Infancia Magica de Jesús

Por José Herculano Pires

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“Cuando María, siendo Jesús en apariencia pequeño, le daba el pecho, la leche era desviada por los espíritus superiores que lo rodeaban, de una forma bien sencilla: en vez de ser absorbida por el niño, que de ella no precisaba, era restituida a la masa de sangre  por una acción fluídica que se ejercía sobre María, inconscientemente de ella”.

“Es lo que hizo Jesús  en los tres días que estuvo en Jerusalén. Al abrirse el templo, entraba con la multitud y con la multitud salía cuando el templo se cerraba. Una vez fuera y lejos de las miradas de los humanos, desaparecía, despojándose de su envoltorio fluidico tangible  y de los vestidos que lo cubrían, los cuales, confiados  al cuidado  de los espíritus encargados para ese efecto,  eran transportadas  para lejos de las vistas  y del alcance de los hombres. Volviendo para las regiones superiores donde  moraba y mora aun, en las alturas  de los esplendores celestes, como espíritu protector y gobernador de la Tierra. Al abrirse el templo, reaparecía entre los hombres, retomando el periespiritu tangible y los vestidos que lo hacían pasar por un hombre  a los ojos de los humanos”.

(Los cuatro Evangelios  - Tomo I, cap. 2.º - Jesús en el Templo)


La infancia mágica de Jesús, cuenta en la obra de Roustaing, hace recordar ciertos Evangelios apócrifos que describieron la vida del niño a través de increíbles peripecias.  En los trechos  arriba mencionados  vemos la descripción anecdótica de la amamantamiento aparente de Jesús. María, una vez más continuaba iludida. El niño fingía mamar. La transformación de la sangre en leche es un acto de magia, digno de figurar en las  historias para adolescentes.

La permanencia de Jesús en Jerusalén, los tres días en que estuvo perdido para los padres, cabria en un enredo de aventuras infantiles. Los “ministros de Dios” que dieron la nueva revelación crearon una nueva categoría angélica: la de los ángeles guarda-ropas. Sería difícil imaginar una manera más adecuada de ridicularizar el Espiritismo  a los ojos de las personas de buen sentido. La aceptación de una obra  como esta  por los espiritas y su divulgación solo puede explicarse por la falta de discernimiento.

Roustaing es el anti-Kardec. Si Kardec es el buen sentido, Roustaing es la falta de sentido
. A estas alturas del examen de los textos ya  no se puede permanecer en actitud neutral ante los absurdos que surgen a cada paso. Estamos en pleno más de la imaginación, fluctuando al sabor de las olas. Más hay una intención evidente – la de lanzar  al Espiritismo al ridículo.

Cuando hablamos de magia no estamos refiriéndonos  a magia natural que proviene de las funciones mediúmnicas, más si a la magia primitiva o anímica, bien definida por Malinowski, que tanto existe en las selvas como en los medios más civilizados. Es ese el tipo de magia que constituye la esencia del Roustainguismo, en la misma línea del pensamiento mitológico que generó la teoría griega del cuerpo fluídico de Jesús en la era apostólica, contra la cual se irguieron los apóstoles, como vemos en las epístolas de PEDRO Y Juan.

La anécdota del amamantamiento de Jesús ejemplifica bien ese tipo de magia. Jesús niño  no aparece allí como un ser real, más si como un ser artificial, un dios mitológico que se disfraza en una criatura humana, como lo hacían los dioses griegos y romanos para eludir a los hombre o la transustanciación s   y predicar sus engaños. Usando el poder mágico de la transmutación (alquimia) o la transustanciación  (teología) el niño mitológico (y, por tanto, anticristiano) cambiaba la leche  (alquimia)  materna en sangre y la devolvía a la circulación en el cuerpo de María. Es una adaptación al espiritismo del dogma católico de la eucaristía.

Se puede alegar que esto sería posible por medio de la acción mediúmnica. El  caso de la transformación del agua en vino, citado en el Evangelio, podría justificar esa teoría. Más no podemos olvidar   las siguientes diferencias: cuando Jesús operó la transformación del agua, no lo hizo para iludir a nadie, más si para demostrar sus poderes y despertar la fe en los que debían oírlo; fue, por tanto, una acción moralmente licita,  como todas sus acciones; esa transformación (química y no alquímica) no fue una puesta en escena, más si un hecho real, aun hoy constatable en la actividad mediúmnica. La transmutación de la leche de Maria implica problemas morales inadmisibles en una personalidad espiritual elevada, tanto más  que por tras de ella se encuentra todo complejo fantasioso y absurdo del nacimiento fingido. Estaríamos ante esta contradicción que minaría los alicientes del cristianismo y de todo concepto espiritual: la Verdad revelada a través de la mentira.

No podemos separar los principios éticos del contexto de ningún problema espiritual. Se alega también que Jesús enseñaba  por parábolas. Más las parábolas no son  mentiras, son formas alegóricas, simbólicas de transmisión de la Verdad.  La propia Psicología  materialista constato esa necesidad de ser más verdaderos en las enseñanzas  de las cosas más mundanas, condenando las explicaciones fantasiosas del nacimiento de los niños.  Si la leyenda ingenua de la cigüeña es un mal  por ser una mentira, qué decir del mito absurdo del nacimiento fingido de Jesús? El uso de la alegoría es valido  y prepara el advenimiento de la verdad, más el uso del fingimiento es propio  de los mistificadores, de los embusteros, de las criaturas falsas y no de espíritus esclarecidos.

Lo mismo  se aplica al episodio ridículo de la permanencia de Jesús niño en Jerusalén. El niño no era niño, más si un espíritu adulto disfrazado de niño. Engañaba a los doctores de la ley con sus respuestas astutas y engañaba al pueblo con sus fugas para el Cielo, dejando las ropas en manos de los ángeles  que lo ayudaban en la mistificación. ¿Y por qué todo eso? porque en Jerusalén, justifican los “ministros de Dios” era difícil encontrar lugar para un niño permanecer tres días solo. Disculpa tola, como se ve,  que solo tiene una justificativa: una mentira puja a la otra.

Bien precario seria el poder divino si estuviese sometido a la condición de recurrir al Ardiles humano, a los ingenios  comunes de los  contrabandistas de cuentos del vicario, para poder trazar la Verdad  en la tierra. No son los maestros espirituales  los que se sirven de esas formas groseras  de mistificación, más si de los espíritus mistificadores, los vulgares embusteros. Se justifica, pues, el ardor de Juan, el evangelista,  y de Pedro, el apóstol, al repeler la teoría del cuerpo fluidico, también como el ardor de Paulo  al advertirnos contra las fabulas que desfiguran la Doctrina de Cristo.

La frase del ultimo trecho citado arriba: “Volvía para las regiones superiores donde moraba  y mora aun…” encierra  una malicia diabólica. Afirmando que Jesús retornaba a los esplendores celestes, como espíritu protector y gobernador de la Tierra, ella  pretende encubrir con esa declaración enfática el ridículo de la destreza del niño. Los corazones ingenuos se conmueven con esa falsa abnegación de un dios mitológico, obligado a participar entre los hombres con una pantomima celeste, y el raciocinio engañado justifica el mito.

Fuente:  El Verbo y la Carne

El Cuerpo Fluídico de Jesús

Por José Herculano Pires

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La teoría de Roustainguismo es la del cuerpo fluídico de Jesús, que no  poseyó cuerpo carnal como nosotros. Veamos cómo se explica en los textos [de Los Cuatro Evangelios] la formación de ese cuerpo:

“Jesús habría podido, únicamente  el acto exclusivo de su voluntad,  atrayendo  hacia si los fluidos ambientes necesarios, constituir el periespiritu o cuerpo fluídico tangible que  vistió para surgir en vuestro mundo  bajo aspecto de un niño. María, sin embargo, antes de su encarnación, pidió, por devoción y por amor, la gracia  de participar en la obra de Jesús, atrayendo, por la emanación de sus fluidos periespiritico, los fluidos ambientes necesarios  para la constitución de aquel periespiritu”.

“De esa manera se tenía que verificar su cooperación,  más de forma para ella inconsciente,  por cuanto el estado de encarnación humana  no le permitía acordarse. Así, al aproximarse el momento final de su gravidez a los ojos de los hombres, ella, inconscientemente, más ardiendo en el deseo de cumplir la misión que el Señor  le revelara por intermedio del ángel o espíritu superior que le fue enviado, estableció, por la emanación de los fluidos de su periespiritu, una irradiación  simpática que atrajo los fluidos necesarios  para la formación del cuerpo fluídico de Jesús”.

Ningún efecto, entretanto, habría producido la acción inconsciente de María, sin la intervención de la voluntad de aquel que iba a descender a vuestro mundo. Jesús, pues , constituyo, el mismo, por la acción de su propia voluntad, el periespiritu tangible  y casi material en que se torno, teniéndose en vista el planeta que habitáis, un cuerpo relativamente semejante al vuestro”.

 (Tomo I – cap. I – Anunciación)


Este pequeño trecho revela  una ingenuidad asustadora. ¿Qué hizo Maria en ese episodio? Se encarnó en la Tierra para fingir de madre,  se olvidó del papel que iba a desempeñar – pues era médium  inconsciente … - más actuó inconscientemente atrayendo los fluidos  en la esperanza de representarlo. Entretanto, en el momento decisivo, Jesús tuvo que intervenir y constituir el mismo su cuerpo fluídico, pues solo el podía hacer tal cosa. Solo restó a Maria, en todo el drama, un “consejo”  a Hollywood para la entrada en escena de la falsa gravidez.

En el punto culminante de la revelación, lo que nos es revelado es el papel de tonta desempeñado por la falsa  madre del Mesías.  Se tiene la impresión de un artista piadoso admitiendo una joven inexperta a su lado  parta no disgustarla. El artista no precisaba de la joven, más acepto su pretendido concurso y acabo haciendo todo por si mismo. El público no percibió nada.  Y la joven mucho menos. Más adelante  la veremos siendo lograda  por el niño experto que succiona  la leche de su pecho sin ensuciarla.

Podríamos cerrar aquí nuestro análisis. No hay nada más que analizar.  La revelación de la revelación abortó en ese episodio lirico –burlesco, aun en las primeras páginas del primer tomo de la obra roustainguistas  de dos mil páginas. Más acontece que Roustainguismo es una creencia  y sus adeptos no aceptaran nuestra conclusión. Precisamos de paciencia y coraje. Iremos más allá…

Por cierto, que además de ese acto lirico solo nos resta, en el trecho de arriba, constatar el rastreo de la teoría del periespiritu  que Roustaing observo en la lectura de El Libro de los Espíritu de Kardec. Leemos arriba que el periespiritu es un cuerpo fluídico tangible. La expresión cuerpo fluídico es de Kardec. Más Kardec muestra  que ese cuerpo fluídico puede tornarse tangible  en el fenómeno de las apariciones tangibles. Roustaing mezclo las cosas y formó “aparentemente” esa nueva expresión.

Otro aspecto curioso de utilización de las teorías kardecianas es el  del trecho medio de la transcripción anterior, cuando Roustaing (O sea, los espíritus que dictaron la obra dicen que María produjo una irradiación simpática de su periespiritu para atraer los fluidos necesarios. Es esa la teoría explicativa  de las manifestaciones mediúmnicas. El espíritu comunicante produce irradiaciones de su periespiritu que afectan al periespiritu del médium, provocando el fenómeno semejante  en forma de reacción. La mezcla de los fluidos espirituales del espíritu con los fluidos materializados del médium produce  el elemento necesario, semi material, que permite la acción del espíritu en el plano material.

Estamos prácticamente ante un acto de apropiación indebida. No hay nada de nuevo en todo eso,  a no ser falso el empleo de la teoría.

Más vamos a otro trecho básico, relativo a la gravidez de Maria. Y añadamos a ´el el trecho referente al parto. Veámoslo:

“La gravidez de María fue obra del espíritu santo, porque fue obra de los Espíritus del Señor, y. como tal, aparente y fluídica, de manera  a producir la ilusión, para hacer creer  en una gravidez real”.

“Los espíritus propuestos  para la preparación del aparecimiento del Mesías en la Tierra  reunieron alrededor de Maria fluidos apropiados  que le operaron la distensión del abdomen  y lo hincharon. Aun por la acción de los fluidos empleados la menstruación paro durante el tiempo preciso de una gestación, contribuyendo ese hecho para la apariencia de una gravidez,  por la hinchazón   y por las incomodidades causadas. Maria, bajo la inspiración de su guía  y ante esos resultados, que para ella eran el cumplimiento de la anunciación que le hiciera   el ángel o espíritu enviado, creyó en la realidad de su estado”.

“Su parto fue igualmente obra del espíritu Santo, porque también fue obra de los Espíritus del Señor, y solo se dio en apariencia, tal como la gravidez, por eso mismo  que resultaba de esta, que fuera simplemente aparente.  Tanto como la gravidez, Maria tuvo la ilusión del parto, en la medida que era necesario, a fin de que acreditase, como debía acontecer, en un nacimiento real”.


Aquí la intención del ridículo se torna clara. El episodio lirico-burlesco pierde todo el lirismo. El análisis paraliza ante lo absurdo, pues el absurdo no puede ser analizado. Tenemos que saltar por encima del abismo y encarar el texto por otro ángulo. Los espíritus reveladores emplean en este momento los ingredientes de la magia para fascinar al lector. Estamos en el plano de lo irracional. Más no nos engañemos. Tras de las escenas  están  estirados y activos los cordeles de la mágica  teatral. El embuste es evidente. No se trata de magia natural, más si artificial. En una palabra: del ilusionismo mal intencionado. No es para nada que el texto incluye la expresión: “de manera  a producir ilusión”. ". Los ilusionistas, los seguros de los efectos de su truco, no duden en utilizar las palabras adecuadas.

Todos cargamos con nosotros los residuos del animismo tribal, de la magia primitiva que antecedió a la religión. La magia  del teatro excita en nosotros esos residuos que suben del inconsciente al consciente y determinan la regresión psicológica. Regresamos a la tribu, al tabú, al totemismo, al animismo de los principios. Eso puede acontecer con el hombre rudo y simple  o con el hombre ilustrado e ingenuo. Y solo esa regresión puede explicar la aceptación de las teorías roustainguistas   por las criaturas que llevan el barniz de la civilización. Es el mismo caso de los residuos mágicos de nuestras religiones llamadas positivas. La fe ingenua de la selva despierta en el corazón del hombre actual  y lo lleva a aceptar, emocionado, los dogmas de lo absurdo.

A pesar de esa explicación, podemos preguntar como admitirse la utilización de esos truques o pases de magia por los Espíritus Superiores. Como aceptar  el papel de Jesús, bajo la permisión, por lo menos, de Dios, en ese proceso de engaño espiritual en nombre de la verdad? Si Descartes ya no hubiese aniquilado el Genio Maligno en sus reflexiones del Discurso  del Método, aun podríamos recurrir a el. Más en esta altura de los tiempos ya no nos sobra más esa posibilidad.

Fuente:  El Verbo y la Carne

sábado, 27 de agosto de 2011

El Karma en el Espiritismo

Por José Herculano Pires

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Este término no debe ser utilizado en el Espiritismo, por no encontrarse en ninguna de las obras de Allan Kardec. La palabra carma fue “introducida” recientemente en el Espiritismo a través de las llamadas obras subsidiarias, o sea, los libros psicografiados “escritos por espíritus a través de médiums”, más no es utilizado en ningún momento en las obras de Kardec. La palabra carma (en sanscrito Karma o Karman en pali Kamma) utilizada en la India y por muchas corrientes filosóficas religiosas, significa en primera instancia “acción”, “trabajo” o “efecto”. En el sentido secundario, el efecto de una acción, o si preferimos, la suma de los efectos de acciones (vidas) pasadas reflejándose en el presente.

En el concepto hindú, carma quiere decir “destino” determinado o fijo, o sea, aquellos cuyos actos fueron correctos, después de muertos renacieron a través de una mujer bramana (virtuosa), al paso que aquellos cuyos actos fueron malos, renacieron de una mujer paria (castas inferiores) y sufrieron muchas desgracias, acabando como simple esclavos. Inclusive una persona nacida en una casta impura (un barrendero de calle, un auxiliar de crematorio, por ejemplo) debe permanecer en la profesión heredada. Cumpliendo lo mejor posible y de manera ordenada su función, tornarse un perfecto y virtuoso miembro de la sociedad. Por otro lado, al interferir en las tareas de otras personas, el será culpado de perturbar el orden sagrado… (…), aun mismo la prostituta, que dentro de la jerarquía de la sociedad es alguien desvirtuada dueña de la casa, podrá participar, en el caso cumpla con perfección el código de su despreciable profesión - - El poder sobrehumano transindividual y sagrado que se manifiesta en el cosmos. Ella puede hasta hacer milagros que desconcierten a reyes y santos.

Sabemos, por orientación de los Espíritus, que cuando reencarnamos no escogemos un destino y si un genero de prueba que cabe a cada uno enfrentar o rechazar. De esta forma, no debemos usar la palabra Carma dentro del Espiritismo y si Causa y Efecto, porque los detalles de los acontecimientos de la vida están en dependencia de las circunstancias que el hombre provoca, con sus actos. Si encaramos el carma como un fin total e irreductible, tendremos un problema serio cuando hablamos de existencia y sufrimiento.

El carma fue “inventado” por los arianos, cuando estos invadieron la India por el rio Indo, trayendo consigo su religiosidad y “creando” las castas para diferenciarse de los parias y rebajarlos a posiciones subalternas. Si pensáramos en el carma como un fin último estancamos el hombre, de la misma forma cuando aprobamos o aceptamos la salvación apenas por la justificación de la fe o a través de la predestinación. El carma en la época surgió para los indianos como una posibilidad de explicar y entender el mundo, el hombre y su existencia. ¿Si realmente existen los dioses o un Dios bueno, porque algunas personas nacen genios y otras idiotas? ¿Cómo los dioses juzgaran en un supuesto juicio final a los hombres que no tuvieron oportunidad de conocerlos? Si Dios es omnisciente y omnipresente, entonces no poseemos libre albedrio, estamos atrapados en una predestinación o carma. Si no utiliza su omnisciencia no puede ser Dios. Estas son preguntas simples que cualquier sentido laico ya se hizo, o aun se hace, de su existencia.

Fueron estas y muchas otras preguntas mucho más elaboradas que el sistema carma vino a “resolver” o intentar explicar. Explicar el mal y encontrar el medio de hacer que los hombres acepten, si no con alegría, por lo menos con la paz del espíritu, han sido la tarea de la mayor parte de las religiones. Para los occidentales la palabra carma no debe ser llevada al pie de la letra, más si de una forma como entender que el individuo pasa por situaciones difíciles y su futuro es de su responsabilidad. En Brasil pocas corrientes filosóficas utilizan la palabra carma como los indianos, o sea, un fin en sí mismo. Los esotéricos y los místicos, en este punto, no se encuadran en los pensamientos esotéricos y místicos judíos, cristianos o islámicos, a pesar de algunos filósofos de este pensamiento aceptaran o discutieran la posibilidad de la reencarnación. Los pensamientos cármicos están más próximos de las enseñanzas esotéricas y místicos por seguir y utilizar buena parte de las enseñanzas y de la filosofía indiana, como es el caso de Shnkya, de Vedanta, de Yoga y algunos otros, o similares como es el caso de los pensamientos de Blavatsky que posee gran influencia en el medio esotérico y teosófico.

Traducción: Mercedes Cruz

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Carma no Espiritismo

Por José Herculano Pires

Este termo não deve ser utilizado dentro do Espiritismo, por não se encontrar em nenhuma das Obras de Allan Kardec. A palavra carma foi “introduzida” recentemente no Espiritismo através das chamadas obras subsidiárias, ou seja, os livros psicografados “escritos por espíritos através de um médium”, mas não é utilizado em nenhum momento nas obras de Kardec. A palavra carma (em sânscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas religiosas, significa em primeira instância “ação”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma ação, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de ações (vidas) passadas se refletindo no presente.

Na concepção hindu, carma quer dizer “destino” (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascerão através de uma mulher brâmane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos atos foram maus, renascerão de uma mulher pária (castas inferiores) e sofrerão muitas desgraças, acabando como simples escravos. Inclusive uma pessoa nascida numa casta impura (um varredor de ruas, um auxiliar de crematório, por exemplo) deve permanecer na profissão herdada. Cumprindo o melhor possível e de maneira ordenada a sua função, tornar-se-á um perfeito e virtuoso membro da sociedade. Por outro lado, ao interferir nas tarefas de outras pessoas, ele será culpado de perturbar a ordem sagrada. (...), mesmo a prostituta, que dentro da hierarquia da sociedade está aquém da virtuosa dona de casa, pode participar – caso cumpra com perfeição o código de sua desprezível profissão – do supra-humano e transindividual Poder Sagrado que se manifesta no cosmo. Ela pode até fazer milagres que desconsertam reis e santos.

Sabemos, por orientação dos Espíritos, que quando reencarnamos não escolhemos um destino e sim um gênero de prova que cabe a cada um enfrentar ou recuar. Desta forma, não devemos usar a palavra Carma dentro do Espiritismo e sim Causa e Efeito, porque os detalhes dos acontecimentos da vida estão na dependência das circunstâncias que o homem provoca, com os seus atos. Se encararmos o carma como um fim total e irredutível, teremos um problema sério quando falamos de existência e sofrimento.

O carma foi “inventado” pelos arianos, quando estes invadiram a Índia pelo rio Indo, trazendo consigo sua religiosidade e “criando” as castas para se diferenciarem dos párias e rebaixá-los a posições subalternas. Se pensarmos no carma como um fim último estagnamos o homem, da mesma forma quando aprovamos ou aceitamos a salvação apenas pela justificação da fé ou através da predestinação. O carma na época surgiu para os indianos como uma possibilidade de explicar e entender o mundo, o homem e sua existência. Se realmente existe os deuses ou um Deus bom, por que algumas pessoas nascem gênios e outras idiotas? Como os deuses julgarão em um suposto juízo final os homens que não tiveram oportunidade de conhecê-los? Se Deus é onisciente e onipresente, então não possuímos livre-arbítrio, estamos encurralados em uma predestinação ou carma. Se não utiliza sua onisciência não pode ser Deus. Estas são perguntas simples que qualquer senso laico já se fez, ou ainda faz, de sua existência.

Foram estas e muitas outras perguntas muito mais elaboradas que o sistema carma veio “resolver” ou tentar explicar. Explicar o mal e encontrar o meio de fazer que os homens o aceitem, se não com alegria, pelo menos com paz de espírito, têm sido a tarefa da maior parte das religiões. Para os ocidentais a palavra carma não deve ser levada ao pé da letra, mas de forma a entender que o indivíduo passa por situações difíceis e seu futuro é de sua responsabilidade. No Brasil poucas correntes filosóficas ou religiosas utilizam a palavra carma como os indianos, ou seja, um fim em si mesmo. Os esotéricos e os místicos, neste ponto, não se enquadram nos pensamentos esotéricos e místicos judeus, cristãos ou islâmicos, apesar de alguns filósofos destes pensamentos aceitarem ou discutirem a possibilidade da reencarnação. Os pensamentos cármicos estão mais próximos dos ensinos esotéricos e místicos por seguirem e utilizarem boa parte dos ensinos e da filosofia indiana, como é o caso do Shankya, do Vedanta, do Yoga e alguns outros, ou similares como é o caso dos pensamentos de Blavatsky que possui grande influência no meio esotérico e teosófico.

Fonte: O Verbo e a Carne

O Homem Como Ser Único

Por Jaci Régis

O título desta crônica é o de uma palestra desenvolvida no Centro Espírita Allan Kardec, em Santos-SP.

A princípio questionei a partícula “único”. Por que único? O que denota exclusividade? Certamente não podia ser aplicado ao ser individual, que é multiplicado na população terrena.

Mas é possível analisar o ser humano enquanto “único” num mundo diversificado, considerando sua individualidade e também enquanto gênero.

O ser humano, pela teoria espírita, é o resultado de um longo processo de maturação de um princípio espiritual que evoluiu da simplicidade e da ignorância para o estágio da razão e do sentimento. Essa tese, no aspecto físico e ambiental, está mais ou menos conforme a teoria darwiniana da seleção das espécies, embora sob um novo ângulo.

Mas difere substancialmente das crenças espiritualistas e religiosas que atribuem à criação divina o surgimento do homem e depois da mulher, como seres acabados, mais ou menos na forma atual.

Já a ciência, descompromissada com a ideia de Deus, atribui a existência do ser humano a uma combinação aleatória de fatores genéticos, na cadeia de mamíferos.

Sociológica e politicamente, o ser humano vem caminhando em alternativas de criação, recriação, reformulação de sistemas econômicos, políticos e sociais, alcançando etapas progressivas, com desníveis consideráveis no conjunto da sociedade humana, matizada por ideologias, crenças religiosas, superstições e disputa pelo poder.

Examinando esse “ser único”, podemos dizer que ele é, simultaneamente, um ser do ser, um ser físico e um ser psicológico, mantendo-se, todavia, uno.

O ser do ser é a essência do ser em si mesmo e define sua estrutura íntima, reduzida à sua natureza natural. Ou seja, em relação ao ser humano, é o Espírito em si mesmo, sem nenhuma designação, nome ou forma. Isso pode, sob certas condições, aplicar-se também ao animal que, sendo um princípio espiritual em transição para tornar-se um Espírito é, também, um ser do ser.

O ser físico é a condição da relação do ser do ser, ou Espírito ou princípio espiritual, com formas orgânicas e corporais, no desencadeamento de seu desenvolvimento.

Já o ser psicológico é uma condição exclusiva do ser humano.

Entendemos como “psicológico” o conjunto de qualificações humanas relativamente à razão e ao sentimento. Aí temos a formação de uma tríade ou triângulo, em que os lados se completam, formando uma unidade.

Examinando as exclusividades humanas, temos que destacar duas posições importantes.

O ser humano é único na sua solidão.

O ser do ser, embora trabalhado pelo processo que o transforma de um princípio num Espírito é, por sua natureza, solitário. Ou seja, as emoções, pensamentos, ideias que lhe habitam a mente são exclusivas, intrínsecas e imperscrutáveis.

As relações eu/tu, que definem a natureza social, estabelecem um elo, um liame de comunicação, mas não eliminam a natureza solitária da pessoa. Esta solidão é atenuada quando as ligações são afetivamente compensatórias, seguem para uma completude, uma parceria e uma cumplicidade, descobrindo caminhos semelhantes, idênticos, ao nível das vibrações específicas no campo da integração mente a mente.

Mas isso é um processo que, na etapa evolutiva atual, nem todos conseguem. Ainda assim, permanece a intimidade indevassável da pessoa, na sua estrutura que, segundo a Psicanálise, ela mesma desconhece.

Mas existe outra condição em que o ser humano é único.

Trata-se da sua exclusiva competência e necessidade de estabelecer e desenhar o próprio destino.

Nos reinos anteriores o princípio espiritual segue, na sua condição de ser físico, uma linha determinística inexorável, tipificada pela repetição de comportamentos e formas de atuação no ambiente.

Mas quando o ser do ser atinge o nível humano, conquista o livre-arbítrio, que o torna capaz de utilizar de forma racional e consciente os recursos que já possui no campo dos automatismos comportamentais e de apreender, ordenar, utilizar e concluir sobre novas experiências vivenciais.

Na verdade, o livre-arbítrio é a condição básica sem a qual seria impossível haver o “ser psicológico”.

Nesse sentido, não é possível desconhecer o gênio de Freud ao propor uma estrutura para o ser psicológico. De um lado, com o conjunto do id, representando o acervo pulsional, instintual do ser, o ego, sua atuação no mundo real, na busca da relação com o outro e o superego, que é a sua imersão no mundo moral, dos valores e que o torna um ser psicológico. De outro lado, o inconsciente, depósito de emoções recalcadas, porém vivas, o pré-consciente, sede da memória e o consciente, a face atual da pessoa na sua relação com o ambiente.

Essa complexidade de situações é que tornam o ser humano único, porque tem condições de lidar com uma multiplicidade de pressões, realizar operações mentais simultâneas e atuar no ambiente de forma positiva, transformando-o.

Os fatores que se combinam, na medida de avanço de sua ascensão, usando seu livre-arbítrio, detém-se nos valores morais que, a partir de um dado momento, decidem sua felicidade ou infelicidade, dentro de um quadro diverso e, não raro, conflitante.

Mas esses fatores, que parecem muitas vezes adversos e imprevisíveis, são justamente os que lhe garantirão, no desenrolar de sua vida imortal, o equilíbrio básico que chamamos de perfeição, palavra que, entretanto, não qualifica exatamente o que será alcançado, pois são condições que escapam ao nosso conhecimento e sentimentos atuais.

Continua obscuro o objetivo da criação humana, sob o ponto de vista de sua destinação. Claro que a existência das criaturas humanas é justificada pela sua atuação no ambiente, modificando-o e também, pelo relativo progresso constantemente alcançado pelo uso da inteligência, criatividade e engenhosidade.

Mas qual o objetivo da Divindade ao criar o universo, dotá-lo de condições de agasalhar seres vivos cada vez mais avançados até a criatura humana, prossegue incógnito.

Por fim, parece justo também afirmar que o ser humano é único na possibilidade de sobreviver ao corpo físico, mantendo sua identidade e voltar a encarnar-se sem perder seu acervo evolutivo, embora se submetendo a um novo processo vivencial, diferenciado do anterior e assim sucessivamente.

Fonte: Jornal de cultura espírita “Abertura”, julho de 2001, ano XIV, nº 160 - Santos-SP.

Retirado do site Pense - http://viasantos.com/pense/arquivo/1343.html

¿Espiritismo: Filosofía, Ciencia O Religión?

Por Maria Ribeiro

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Aun hoy actualmente, hay dudas entre los adeptos del Espiritismo en cuanto a su real naturaleza. ¿Al fin de cuentas, el Espiritismo es religión, ciencia o filosofía?

Sin pretensiones poco razonables, nos gustaría examinar las Letras Espiritas, con la finalidad de buscar la luz para tal, callejos sin salida.

En el capítulo I, Ítem, 17 de La Génesis, Kardec elucida que “Todas las ciencias se encadenan y se suceden en un orden raciona; ellas nacen una de las otras; a medida que encuentran un punto de apoyo en las ideas y conocimientos anteriores.”

Ya en el ítem anterior, el lucido maestro lionés hizo paralelo entre los objetos de estudio de ambos, la ciencia ordinaria y el espiritismo, siendo el primero el de las leyes del principio material y el segundo, el de las leyes del principio espiritual. Es del conocimiento general que, para constituirse una ciencia es necesario que haya un objeto de estudio. El espiritismo, bajo este aspecto investigativo, es, por tanto, Ciencia, con sus propios métodos y postulados explorando al máximo el uso de la observación, de la lógica, de la racionalidad.

Se entiende que la ciencia espirita da proseguimiento a investigaciones que la ciencia está imposibilitada de actuar. Al menos por los mismos medios, pues, dentro de su campo de acción, también participa de la gran obra divina, que es trazar informaciones y disponibilidades en las más diversas áreas para los hombres. Son palabras del magno codificador en Obras Póstumas, en el capítulo titulado “Preguntas y Problemas”: “… (El espiritismo) no repudia ninguno de los descubrimientos de la ciencia, teniendo en vista que la ciencia es la recopilación de las leyes de la naturaleza, y que, siendo esas leyes de Dios, repudiar la ciencia seria repudiar la obra de Dios.”

¡Y mientras tanto las ciencias han progresado! En todos los sectores, las mejoras están surgiendo con nuevos ropajes para hacernos creer que son creaciones inéditas. Los avances en la medicina nos dejan en la expectativa del surgimiento de curas, o al menos tratamientos más eficaces y al mismo tiempo menos agresivo, para las enfermedades como el cáncer y aun mismo para el AIDS. La tecnología contribuyo creando mecanismos y aparatos cada vez más modernos en prácticamente todos los niveles. No se puede negar en cuanto al progreso que ha promovido mayor bienestar para la vida humana.

El Espiritismo es una doctrina filosófica que tienen consecuencias religiosas, como toda doctrina espiritualista”. Encontramos en la Doctrina Espirita los más elevados valores que desde tiempos inmemoriales vienen siendo predicados por diversas personalidades que visitaron el planeta. Muchas veces considerados como locos, agitadores y subversivos, tuvieron sus grandezas de almas reconocidas, solamente después que desencarnaron.

Con este corto periodo, Kardec no deja espacio para la separación del Espiritismo, filosofía y religión, una vez que la Filosofía es que dio origen a las religiones y a las ciencias. Por eso, es incomprensible la forma de ver el Espiritismo sin Filosofía, sin ciencia. Y sin religión, ya que el texto Espirita nos sugiere ser la Doctrina la fusión armónica de un trió que, por causa de la ignorancia de los hombres, estuvo disperso por largos siglos.

Hay, obviamente, que considerar, en como los hombres constituyeron sus creencias, organizándolas según un entendimiento limitado perfectamente inteligible. Surgiendo disidencias, lo que puede parecer natural, surgen también nuevas formas de adoración al ser superior, nuevos dogmas, nuevos rituales, y otra vez nuevas disidencias, formando grupos muy heterogéneos solamente en determinados aspectos. La Doctrina Espirita no se compara a nada de eso, porque no es una disidencia de ninguna otra, más si, la suma de todas las verdades contenidas esparcidamente en las diversas expresiones religiosas, nada menos que el consolador prometido por Cristo. “Más aquel consolador, el Espíritu santo, que el Padre enviara en mi nombre, os enseñará todas las cosas, y os hará recordar todo cuanto os tengo dicho” (Juan, 14, 26).

Ahora, Jesús habla de "todas las cosas" – os enseñará todas las cosas. si reconocemos el Espiritismo como el cumplimiento de esta promesa de Jesús, es necesario atribuirle el merito que el merece. No pude ser reducido a una u otra esfera de acción. Examinemos lo que el ítem XIII de la introducción de El Libro de los Espíritus asevera: “Por tanto, no nos engañemos: el estudio del Espiritismo es inmenso, toca en todas las cuestiones de la metafísica y de la orden social, y es todo un mundo que se abre ante nosotros.” en otras palabras, no es lo mismo que Jesús pronunció? En todos los aspectos – científico, filosófico y religiosos, precisa ser investigado, comprendido y divulgado, bajo pena de reforzar la ya existente idea de que Espiritismo es diferente de religión, que es diferente de ciencia. Una cosa es utilizar formas didácticas para mejor comprensión de su compleja transcendencia, otra es querer deturpar palabras y esclarecimientos de Espíritus que están mucho más allá de nosotros, como el propio Codificador, apenas para entender una fracción de audaz orgullo.

Por otro lado, “el Espiritismo, esencialmente positivo en sus creencias, repele todo misticismo”, conforme señala Kardec, (Obras Póstumas, Preguntas y problemas). Y, sin saber aun si felizmente o infelizmente, existe una vertiente para este lado, más sin sombra de duda, es anti doctrinario. Lo que puede haber de errado en una persona al ofrecer o recibir una aplicación de Reiki, o de hacer tratamientos cromoterapia, o de someter las terapias con cristales, pirámides y florales? ¿Será que es errado el que alguien tome un baño de sal gruesa, o encender inciensos y velas o practicar cosas afines? Ciertamente que errado no es, teniendo en vista las buenas intenciones con que son hechas, más sustentar que eso tiene que ver con el Espiritismo es un error grave, pues entre ambos van una distancia galáctica.

Siendo, esencialmente positivo en sus creencias, el espiritismo está basado en los hechos y en la experiencia; es un objeto de carácter práctico y objetivo. Dirige la fe del hombre para el raciocinio. De ahí no parecer racional creer que la quema de incienso sea capaz de espantar los malos Espíritus y fluidos “cargados”, olvidando el ítem 13 del noveno capítulo de El Libro de los Médiums. También es alarmante ver la confianza que se deposita en el tratamiento de las tales flores, que garantizan interferencias benéficas según algunos, en el periespiritu, cuando se sabe que sin reformulaciones de valores llevados a efecto cotidianamente, no existe otra forma de adquirirse el bienestar físico o psíquico.

La reflexión que se hace importante es que el respeto por las diversas formas de creencias es preciso que exista, ya que somos parte de un grupo heterogéneo de Espíritus en diferentes grados evolutivos. De ahí, el concluirse que, entre los Espíritas habrá aquellos en estado de transición, donde la total convicción aun no surgió y solo la hará gradualmente, como es natural. Entretanto, no será por causa de eso que se dejará de esclarecerlos, preservando siempre y a todo costo, la pureza doctrinaria.

Bajo la identificación de Un espíritu, un compañero de la patria espiritual nos elucida aun en la Obras Póstumas, en el capitulo cuyo título es “El futuro del espiritismo”: “El Espiritismo está llamado a desempeñar un papel inmenso sobre la Tierra; será el que reformará la legislación tan frecuentemente contraria a las leyes divinas; será el que rectificará los errores de la historia; será el que reconducirá a la religión de Cristo que, en las manos de los sacerdotes, se torno un comercio y un vil tráfico; instituirá la verdadera religión, la religión natural, la que parte del corazón y va directo a Dios, sin detenerse en las franjas de una sotana, o en las escaleras de un altar(…)

El Hermano habla de una “religión de Cristo”, de una religión natural que parte del corazón y va directo a Dios, removiendo en nosotros cualquier pensamiento de alguna forma ligado a la cuestión religiosa, resucitando su real significado.

Lo que se entendió por religión, en realidad, jamás lo fue. Del latín religar asume significación diversa. El “religar” el hombre a Dios jamás puede hacer entender practicas externas acosadas por una caprichosa superstición, abstracción hecha para los hombres aun de entendimiento elementales, y a los abusos que se registraron, principalmente en el periodo dantesco de la Edad Media.

La Doctrina Espirita vino a restaurar el cristianismo que a lo largo de la historia sufrió deturpación, mutilaciones y abusos de toda suerte. ¿Cómo eximirla de cualquiera de sus aspectos, sin repetir los mismos errores del Pasado?

Es una necesidad urgente que los espiritas asuman pronto su papel, ya que tantas responsabilidades están reservadas al espiritismo, que solo actuará mediante la acción efectiva de sus adeptos. Estos parecen esperar que acontezca algo extraordinario por si mismo, mientras pequeñas divergencias amenazan intimidar verazmente difundiendo las ideas espiritas. Afortunadamente el codificador garantizo:”Qué importan, más allá, de algunas disidencias que están más en la forma que en el fondo! Observad que los principios fundamentales son los mismos por todas partes y deben uniros en un pensamiento común: el amor a Dios y la práctica del bien. Cualquiera que sean, por tanto, el modo de progresión que se admita, o las condiciones normales de la existencia futura, el objetivo final es el mismo: hacer el bien; ahora, no hay dos maneras de hacerlo. “ (El Libro de los Espíritus – Conclusión ítem, IX)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Infância Mágica de Jesus

Por José Herculano Pires

“Quando Maria, sendo Jesus na aparência pequenino, lhe dava o seio, o leite era desviado pelos espíritos superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser sorvido pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica que se exercia sobre Maria, inconsciente dela”.

“Eis o que fez Jesus nos três dias que esteve em Jerusalém. Ao abrir-se o templo, entrava com a multidão e com a multidão saía quando o templo se fechava. Uma vez fora e longe dos olhares humanos, desaparecia, despojando-se do seu invólucro fluídico tangível e das vestes que o cobriam, as quais, confiadas à guarda dos espíritos prepostos a esse efeito, eram transportadas para longe das vistas e do alcance dos homens. Voltava para as regiões superiores onde pairava e paira ainda, nas alturas dos esplendores celestes, como espírito protetor e governador da Terra. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o perispírito tangível e as vestes que o faziam passar por um homem aos olhos dos humanos”.
(Os Quatro Evangelhos - Tomo I, cap. 2.° – Jesus no Templo)

A infância mágica de Jesus, contada na obra de Roustaing, faz lembrar certos Evangelhos apócrifos que descreveram a vida do menino através de incríveis peripécias. Nos trechos acima vemos a descrição anedótica da amamentação aparente de Jesus. Maria, mais uma vez, continuava iludida. O menino fingia mamar. A transformação do sangue em leite é um ato de magia, digno de figurar nas estórias para adolescentes.

A permanência de Jesus em Jerusalém, nos três dias em que esteve perdido para os pais, caberia num enredo de aventuras infantis. Os “ministros de Deus” que deram a nova revelação criaram uma nova categoria angélica: a dos anjos guarda-roupas. Seria difícil imaginar-se maneira mais adequada de ridicularizar o Espiritismo aos olhos das pessoas de bom senso. A aceitação de uma obra como esta pelos espíritas e a sua divulgação só pode explicar-se pela falta de discernimento.

Roustaing é o anti-Kardec. Se Kardec é o bom senso, Roustaing é a falta de senso. A esta altura do exame dos textos já não se pode permanecer em atitude neutra diante dos absurdos que surgem a cada passo. Estamos em pleno mar da imaginação, flutuando ao sabor das ondas. Mas há uma intenção evidente – a de lançar o ridículo sobre o Espiritismo.

Quando falamos de magia não estamos nos referindo à magia natural que decorre das funções mediúnicas, mas sim da magia primitiva ou anímica, bem definida por Malinowski, que tanto existe nas selvas como nos meios mais civilizados. É esse o tipo de magia que constitui a essência do Roustainguismo, na mesma linha do pensamento mitológico que gerou a teoria grega do corpo fluídico de Jesus na era apostólica, contra a qual se ergueram os apóstolos, como vemos nas epístolas de Pedro e João.

A anedota da amamentação de Jesus exemplifica bem esse tipo de magia. Jesus menino não aparece ali como um ser real, mas como um ser artificial, um deus mitológico que se disfarça numa criatura humana, como o faziam os deuses gregos e romanos para iludirem os homens e pregar-lhes as suas peças. Usando o poder mágico da transmutação (alquimia) ou transubstanciação (teologia) o menino mitológico (e, portanto, anticristão) mudava o leite materno em sangue e o devolvia à circulação no corpo de Maria. É uma adaptação ao Espiritismo do dogma católico da eucaristia.

Pode-se alegar que isto seria possível por meio da ação mediúnica. O caso da transformação da água em vinho, citado no Evangelho, poderia justificar essa teoria. Mas não podemos es-quecer as seguintes diferenças: quando Jesus operou a transformação da água, não o fez para iludir ninguém, mas para demonstrar os seus poderes e despertar a fé nos que deviam ouvi-lo; foi, portanto, uma ação moralmente lícita, como todas as suas ações; essa transmutação (química e não alquímica) não foi uma encenação, mas um fato real, ainda hoje constatável na atividade mediúnica. A transmutação do leite de Maria implica problemas morais inadmissíveis numa personalidade espiritual elevada, tanto mais que por trás dela encontra-se todo o complexo fantasioso e absurdo do nascimento fingido. Estaríamos diante desta contradição que minaria os alicerces do Cristianismo e de todo conceito espiritual: a Verdade revelada através da mentira.

Não podemos separar os princípios éticos do contexto de nenhum problema espiritual. Alega-se também que Jesus ensinava em parábolas. Mas as parábolas não são mentiras, são formas alegóricas, simbólicas de transmissão da Verdade. A própria Psicologia materialista constatou essa necessidade de sermos verdadeiros no ensino das coisas mais corriqueiras, condenando as explicações fantasiosas do nascimento das crianças. Se a lenda ingênua da cegonha é um mal por ser mentirosa, que dizer do mito absurdo do nascimento fingido de Jesus? O uso da alegoria é válido e prepara o advento da verdade, mas o uso do fingimento é próprio dos mistificadores, dos embusteiros, das criaturas falsas e não de espíritos esclarecidos.

O mesmo se aplica ao episódio ridículo da permanência de Jesus menino em Jerusalém. O menino não era menino, mas um espírito adulto disfarçado em criança. Enganava os doutores da lei com suas respostas astuciosas e enganava o povo com suas fugas para o Céu, deixando as roupas em mãos dos anjos que o ajudavam na mistificação. E por que tudo isso? Porque em Jerusalém, justificam os “ministros de Deus” era difícil encontrar lugar para um menino permanecer três dias sozinho. Desculpa tola, como se vê, que só tem uma justificativa: uma mentira puxa a outra.

Bem precário seria o poder divino se estivesse submetido à condição de recorrer aos ardis humanos, às espertezas comuns dos passadores de conto do vigário, para poder trazer a Verdade à Terra. Não são os mestres espirituais que se utilizam dessas formas grosseiras de mistificação, mas os espíritos mistificadores, os embusteiros vulgares. Justifica-se, pois, o ardor de João, o evangelista, e de Pedro, o apóstolo, ao repelirem a teoria do corpo fluídico, bem como o ardor de Paulo ao nos advertir contra as fábulas que desfiguram a Doutrina do Cristo.

A frase do último trecho acima citado: “Voltava para as regiões superiores onde pairava e paira ainda...” encerra uma malícia diabólica. Afirmando que Jesus retornava aos esplendores celestes, como espírito protetor e governador da Terra, ela pretende encobrir com essa declaração enfática o ridículo da esperteza do menino. Os corações ingênuos se comovem com essa falsa abnegação de um deus mitológico, obrigado a participar entre os homens de uma pantomima celeste, e o raciocínio enganado justifica o mito.

Fonte: O Verbo e a Carne