segunda-feira, 19 de março de 2012

Magnetismo nos tempos modernos - O Passe


Por Maria Ribeiro

À medida que o homem se intelectualiza, sua vaidade pelo muito saber o torna orgulhoso de si mesmo; então passa a negar tudo e, da mesma forma cega que antes aceitava as crenças mais absurdas, o faz repelir agora ideias sem exame e sem critérios.

Passe é nome dado ao procedimento de transmissão energética, que sob o nome de magnetismo, foi estudada pelo eminente cientista Mesmer, cujos efeitos são conhecidos desde tempos remotos por várias crenças. Conhecido em outras correntes espiritualistas, não necessariamente obedecendo às mesmas dinâmicas, diz-se que o passe é um poderoso método terapêutico. 

Esta transmissão energética se dá através do que Kardec chamou de magnetismo comum, onde tanto pode ocorrer um efeito rápido quanto lento exigindo algumas aplicações durante sessões continuadas. Esta é a maneira comumente empregada nas salas de passe. Nas entrelinhas, Kardec diz que todos têm este poder, chama-o magnetismo humano cuja ação depende da potência e da qualidade imprimida aos fluidos do magnetizador, ou na linguagem geralmente utilizada - do médium passista, ou simplesmente passista.

A segunda forma descrita por Kardec é o magnetismo espiritual, ou seja, fluido dos Espíritos, cuja atuação é “direta e sem intermediário sobre um encarnado, seja para curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer” , e as qualidades destes fluidos dependem das do Espírito atuante.

O magnetismo misto, ou semi-espiritual ou humano-espiritual trata-se da mistura dos fluidos dos Espíritos com os da pessoa que faz as vezes de magnetizador.

Kardec ainda esclarece que é possível desenvolver a faculdade de curar pela influência fluídica; e ainda acentua “que estas espécies de curas repousam sobre um princípio natural”( item 34 – cap. XIV)

No capítulo seguinte o insigne Mestre lionês trata dos milagres descritos nos Evangelhos, e o subtítulo - Curas - se repete, desta vez para ilustrar com exemplos práticos o que anteriormente descrevera teoricamente. 

Sobre a cura da mulher hemorroíssa ele conclui: 

“A irradiação fluídica normal foi suficiente para operar a cura”, não tendo ocorrido magnetização nem imposição de mãos, ou seja, a energia não foi conscientemente dirigida para aquela mulher, mas ela mesma a atraiu. “ O fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para reparar, pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador ou atraído pelo desejo ardente, a confiança, numa palavra, a fé do doente.(...) a fé não é a virtude mística, como certas pessoas entendem, mas uma verdadeira força atrativa...” 

Em outras palavras, o enfermo desejoso de restaurar a saúde, cria para si um campo receptivo para fluidos que o possam beneficiar. Os mecanismos por que isto se opera fogem à observação, uma vez que não se tem uma ciência espírita. Os equipamentos atuais de diagnóstico por imagem talvez pudessem auxiliar se houvesse grupos interessados em captar processos como o que se descreveu, aí poder-se-ia comprovar cientificamente o que apenas por deduções mais ou menos lógicas se arrisca a afirmar.*

A visão do cego de Betsaida foi restituída gradualmente, não porque Jesus não pudesse fazê-la espontânea, mas talvez por causa das circunstâncias, ou porque quisesse fazer observar que nem tudo ocorre no tempo que a criatura quer, pois precisa aprender a esperar e esperar com paciência e a mesma fé ardente, sem esmorecer. 

Curas existem, é fato comprovado pela Doutrina Espírita nas sábias palavras do seu Codificador. Se a Medicina ainda não reúne objetos que possam corroborar com a teoria Espírita, é necessário aguardar que o tempo lhe amadureça as sementes.

Bem, dizer que é possível realizar curas através das ações magnéticas é diferente de acreditar que elas possam ocorrer a todo o momento e com todas as pessoas. Se assim fosse, a justiça Divina estaria impedida de atuar, já que independentemente das circunstâncias, sempre haveria cura para qualquer mal físico, desde o resfriado até a aids. Só a ingenuidade e a superstição, somadas ao desconhecimento do Espiritismo, depositam fé neste frenesi.

Procedimentos como: pedir que a pessoa que vai receber o passe estenda as mãos (geralmente sobre os joelhos); pedir que feixe os olhos ou que se concentre, ou que pense em Jesus; oferecer indiscriminadamente a água fluida após o passe; realizar manobras extravagantes como crepitar de dedos; excessivo sincronismo entre os passistas, só tornam uma medida que é toda natural, num espetáculo perfeitamente dispensável.

Analise-se: as pessoas que se submetem a entrar na sala de passe devem ser previamente advertidas que o barulho interfere na concentração. Pressupõe-se que os que queiram receber algum benefício certamente vão pensar em Jesus e pedir com fervor intimamente. Benefício que virá independente da posição em que estejam as mãos; se não vier, será por outras razões. O fato de os passistas iniciarem ao mesmo tempo faz com que algum deles fique esperando que os outros terminem; o objetivo é que  as pessoas saiam ao mesmo tempo diminuindo o tumulto.(?) Mexer os dedos como se expulsasse os “maus fluidos” ou “fluidos pesados” é materializar demais a coisa. Oferecer água fluida a todo mundo após o passe, além de banalizar algo muito sério, evidencia que nem todos conseguem se libertar facilmente dos ritualismos. 

Acrescente-se a isto, a recomendação da abstenção de alimento animal, com ênfase para a carne, pois, dizem, ela interfere negativamente nos fluidos do doador. Bem, por ser um entendido na questão do magnetismo, Kardec revelou mais interesse em se ocupar com detalhes realmente importantes, preferiu optar pela lógica – fluido é fluido, matéria é matéria, e deixou para os Espíritos zombeteiros a tarefa de brincar com a fé deslumbrada dos incautos.

Diante do exposto, percebe-se que o estudo sério e continuado da Doutrina dos Espíritos têm estado ausente no movimento espírita. É possível constatar que pretensos estudiosos incorrem em erros primários sobre muitos pontos, inclusive sobre este, e teimam em querer impor visão particular desprovida de respaldo doutrinário, o que acaba fazendo que adquiram discípulos, tão mal informados quanto eles mesmos.


Artigo baseado nos capítulos XIV e XV de A Gênese.

Magnetización en los Tiempos Modernos - El Agua Fluidificada


Por Maria Ribeiro

Nadie puede negar las  dañinas  influencias desde el nacimiento del Espiritismo que quisieron imponerse, siendo muchas de ellas, infelizmente, asimiladas y defendidas, hasta aun mismo por esas personas respetables, dado a la invigilância  en la que muchos se dejan envolver. Además, de que las circunstancias del globo facilitan las interferencias nada deseables y solo a mucho costo se consigue divisar  la maravillosa luz de la Verdad que apunta e invita para nuevas perspectiva.

Se pregunta como de una ciencia perfectamente positiva puede surgir creencias  tan tacañas que insultan a la razón más superficial, que la mínima sensatez es capaz de disuadir.

En contrapartida, la excesiva precaución generó  el extremo opuesto,  y palabras y expresiones de la Codificación son utilizadas para contradecirse a sí mismas, con el torpe propósito de almacenar vanidosas suposiciones  particulares.

Hablando en sí de Espiritismo no se puede despreciar la contribución de otras ciencias, tomando por base el ítem 17  del primer capítulo de La Génesis que dispara:

Todas las ciencias se encadenan y se suceden en un orden racional; ellas nacen unas de las otras a la medida que encuentran un punto de apoyo en las ideas y conocimientos anteriores.”

El conocimiento de la Química auxilia en el entendimiento de algunos puntos que acabaron por tornarse en el medio espirita. Uno de ellos dice respecto a las incomprendidas  acciones del magnetismo. Si bien es cierto que la luz ingenua leve al principio de ls superstición, de los ritualismos y de los dogmatismos, no se puede por eso crear una barrera que niega definitivamente cualquier idea, sin antes haber buscado la refutación. Más allá de eso esta es una recomendación esencialmente doctrinarias, olvidada por los extremistas temerosos en la postura anticientífica.

El desconocimiento de las cosas torna al hombre esclavo de la superstición, y aunque el Espiritismo  de todo hable sin rodeos, hay siempre quien quiere permanecer aun en el  escalón de la  fantasía. Cuando se  trata del asunto en cuestión – el magnetismo – no es diferente, siendo perfectamente  observables hechos inconvenientes para no decir ridículos.

En el movimiento espirita dos procedimientos que envuelven al magnetismo se tornaron  muy comunes: el pase y la fluidificación del agua. Hay los que desconocen  ser el pase un método terapéutico, analizado por Kardec y ahí los que creen  ser algo  meticuloso, y por eso mismo,  lo rodean de formas ritualistas, con dichos extravagantes en número determinado  de veces, Etc. el mismo se da con el agua  fluidificada o magnetizada.  Hay los adeptos que unen ambos, ritual izando el procedimiento: un pequeño vaso de agua fluidificada  y después el pase. 

El asunto en pauta, sin embargo, dice respecto exclusivo al agua. Entonces, se recuerda  de una observación de la Química que esclarece que la molécula de agua  es de los cuerpos más susceptibles de absorber energías dependiendo de la frecuencia ambiente. Ahora, si la molécula  de agua tiene esta propiedad, parece que la  fluidificación, o aun, la energizaciòn de la misma puedan de hecho ocurrir, no teniendo nada de anti-doctrinario, es un hecho químico. A menos que se admita la inexistencia de la energía,  o de los fluidos. Y así también, se derrumbaría una premisa  de una ciencia tan positiva como la propia Doctrina Espirita. De este modo, se está delante de un hecho puramente natural.

Si el agua tiene esta propiedad en el más alto grado, se deduce que otros cuerpos la tengan en menor grado, variando al infinito. Más aquí es necesario observar las circunstancias que podrían ocurrir estas absorciones, pues nadie es tonto lo bastante para no creer en las peculiaridades individuales de cada uno de los cuerpos de la naturaleza, inclusive tratándose de los seres vivos, como el hombre.

Kardec en el capitulo XIV de La Génesis describe los fluidos como sustancia desprovista de cualidades propias, capaces de adquirirlas conforme el medio ambiente, o por otra, conforme aquellas formadas por el tenor de los pensamientos y sentimientos  que dominen.  Siguiendo esta línea de raciocinio, no parece muy irreal que el agua, obedeciendo a una ley natural, absorba los fluidos que puedan proporcionar  un alivio orgánico o un confort moral para aquellos que ansían por este resultado. Una cuestión suscitada: ¿Si el agua absorbe energías, por qué no podría ser esta energía saludable?

De ahí, se sigue que: primero – comprobadamente el agua tiene la propiedad de absorber energía; segundo – esta energía puede ser algo benéfico. Al ser bebida, este líquido entrará en contacto con otros líquidos corpóreos, se indaga: ¿en esta interacción, es o no posible que estos líquidos corpóreos también absorban las energías del líquido que fue ingerido? ¿Si esto es posible, también no sería si, una vez entrando para la circulación, si concentrasen en un órgano enfermo, así como hacen los remedios? Esta es una cuestión, como tantas otras, que precisa de respuesta. No una respuesta basada  en una opinión particular, más si basada  en una positividad científica. ¿Al final, con base aun en el magnetismo, no será creíble que, hasta cierto punto, un órgano enfermo “cree” en a su alrededor  un campo de atracción, obviamente, para todo lo que fuera contrario a su estado de debilidad? En verdad, no el órgano, más si la Mente es la que haría que se “crease” un campo magnético en torno del órgano o de la estructura que precisase reajuste, pues el organismo busca  todo el tiempo su equilibrio, siempre creando mecanismos de defensa, de lucha y de reparo.

Analizando las curas del Maestro Jesús, en el capitulo XV de la  obra anterior, Kardec didácticamente encuadra algunos  casos, según lo que juzgo por  fenómenos parecidos. Se citan dos casos para ilustrar:

A respecto del paralitico de la piscina, Kardec  admite que posiblemente las aguas de aquel pozo tuviesen propiedades curativas.  Así el Maestro francés expone:

“Según la creencia vulgar, ese movimiento era el más favorable de las curas; tal vez , en realidad, en el momento de su emisión, el agua tuviese una propiedad más activa, o que la agitación producida por el agua hiciese venir a la superficie de la vasa beneficiosa para ciertas enfermedades. tales efectos son muy naturales y perfectamente conocidos en la actualidad…

A respecto de la cura del ciego de nacimiento, estudiada en los ítems 24  y 25, Kardec explica:

“En cuanto al medio empleado para curarlo, es evidente que la especie de lama hecha con la saliva y la tierra no podía tener virtud sino por la acción del fluido curador del cual ella estaba impregnada;  es así que las sustancias las más insignificantes, el agua, por ejemplo, pueden adquirir cualidades poderosas y eficientes bajo la acción del fluido espiritual o magnético al cual ellas sirven de vehículo, o s quisieran, de reservatorio.”

Kardec también trata en este mismo capítulo, por la misma vía magnética, sobre la cura de las obsesiones, las resurrecciones y otros hechos que pasaron por milagros. 

“Es también por el bien que practica, que el Espiritismo prueba su misión providencial. El cura los males físicos, más cura sobretodo las molestias morales  y ahí están los mayores prodigios  mediante los cuales el se afirma… “Con este habla, Kardec actualmente advierte a los adeptos para que pongan frenos en sus intentos de querer explicar todo a su propia manera. El estudio del espiritismo hace al hombre conocedor de sus poderes psíquicos, y espera que estos sean puestos al servicio de la causa cristiana, sin los preconceptos que la mente humana es capaz de engendrar. 

El Libro de los espíritus –cometario de la cuestión 70; La génesis – capítulos XIV y XV; el Evangelio Según El Espiritismo- cap. XIX, cap. XCXVII, ítems 9, 10 y 11

Tradução: Mercedes Cruz

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Visión Correcta del Espiritismo


Por Nazareno Tourinho

Es innegable que el Espiritismo, esencialmente, como hecho natural, como ley de vida, es  de todos los tiempos, se encuentra aunque de un modo difuso o velado en el aliciente de  todas las creencias inmortales, razón por lo que debe ser concebido  no como una secta particular y si como elementos capaz de fortalecer las diversas religiones y abrir camino para que ellas se encuentren con las variadas ciencias, llevando al hombre a cumplir de manera integral su destino en este mundo, a través  del desenvolvimiento tanto de las potencialidades sentimentales como intelectivas. Siendo así, nada impide que un católico, un teósofo, un amante de la Umbanda o del esoterismo sea también espirita, cara al carácter universalista, cósmico, del Espiritismo, y quien quisiera defender esta posición ciertamente descubrirá  algunas frases de Allan Kardec para apoyarse. Con todo, solamente será espirita en parte, y no de un modo completo, pues es igualmente indiscutible que la verdadera Doctrina Espirita está en la enseñanza que los Espíritus dieron (“El Libro de los Espíritus”, introducción, ítem XVIII), y tal enseñanza  es suficientemente clara cuando establece los fundamentos de una filosofía racional (ídem, Prolegómenos) que incompatibiliza la teoría y práctica del Espiritismo  con todo aquello que tiene sabor a místico y es destituido de contenido lógico. De ahí porque nadie puede ser fiel a la causa espirita  si dejará de actuar con buen sentido.

No basta obtener la tarjeta en el Club de la Pureza Doctrinaria para servir con eficiencia en el espiritismo. Lo importante es tener una visión correcta y el buen sentido indica que, para eso, el primer cuidado  es no ser radicales. En la historia  de todos los movimientos que han surgido  para alargar los horizontes mentales del ser  humano siempre fueron las concepciones extremistas las que estragaron todas… Son ellas las fuentes generadoras  de la ortodoxia  y toda ortodoxia es fechadura dogmatica  atrancando las ventanas  del libre análisis, sin el cual se torna imposible el progreso. Acontece que tanto hay una ortodoxia excesivamente conservadora, dedicada para sustentar el tradicionalismo, como hay una ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeta, ni aun mismo los valores fundamentales e imprescindibles  para la identidad de un pensamiento filosófico. La primera produce  la inmovilidad  por la fe ciega  y la segunda  va tan lejos que destruye  cualquier fe, aunque nazca del conocimiento bien construido. Es lamentable, más aun no aprendimos una gran lección de la Antigüedad clásica: la Virtud esta en el medio…

Con el debido aprecio a los que luchan por fijar el espiritismo únicamente en el plano científico o exclusivamente en la esfera religiosa,  y aun con la justa consideración  a aquellos que desean conservarlo en su rasgo primitivo o modernizarlo por completo, osamos afirmar que la providencia básica para tener una óptica sino perfecta, por lo menos razonable, del Espiritismo, consiste  en abandonar la presunción de sabiduría infusa  y estudiar con inteligente humildad la obra de Kardec, donde son límpidamente expuestos los principios incuestionables de nuestra Doctrina y los puntos sobre los cuales ella misma recomienda reflexión, pesquisa y debate para la madurez de las ideas.

Lo malo es que, en vez de examinar sin premeditación los libros del maestro lionés, recurrimos a ellos  con el deliberado ánimo de captar escasos argumentos alimentadores de nuestras tendencias ideológicas, sin admitir que, como las demás personas, estamos sujetos a limitaciones perceptivas. Ora, como todos nos situamos en grados  de evolución diferenciados, cada uno ve el Espiritismo de una forma  distinta, resultando de ahí las insanas divergencias de opinión. Si sabemos administrarlas, cultivándolas con equilibrio y moderación, todavía podremos convivir  en régimen de trabajo solidaridad y tolerancia, en consonancia a la divisa, o lema, de la Codificación. Si caemos en el radicalismo, terminamos siendo nocivos  y no útiles al ideal común.  Es lo que parece, salvo mejor juicio…

Fuente: Reformador nº 2000 de Noviembre de 1995

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Tradução: Mercedes Cruz

El Espiritu del Fuego


Por Riviane Damásio

Otoño de 1961, día 09 del mes de Octubre, Barcelona España.

Era media mañana  de un día claro, los paisajes estaban verdosos y el clima ameno y aun mismo oscilando en los altos y bajos del día, no ultrapasaba los 27 grados  e invitaba a la gente del lugar  a un espectáculo más de la vida! el presagio era de la felicidad cotidiana…

En una plaza de la ciudad, Plaza de Quemadero, cerca de ocho hombres en sus diferentes papeles, cumplían, con sus emociones casi imperceptibles, ordenes de la autoridad religiosa local, que condenaba al fuego inquisidor, cerca de 300 libros que “renegaban” la fe vigente en el poder  y estaban intactos, diseminar sus ideas apócrifas por el país. Los libros hablaban de moral, de fe, de fenómenos espirituales, de ciencia, de mediúmnidad, de una nueva doctrina (que según algunos supuestamente podría virar la cabeza de los hombres) y hablaban de Dios.

El mirar del padre de la comitiva quemó por unos instantes los ojos de un hombre entre  los muchos que lo miraban de aquella multitud enfurecida que asistía al improbable espectáculo. El hombre desvió la mirada del religioso  y posó en la cruz que el cargaba en sus manos  y que sarcásticamente  simbolizaba otra quema de ideas cometida  hacia 1961 años antes y pensó: ¿Hasta cuándo nos repetiremos?

El escribiente de  las actas del caluroso espectáculo se colocó cautelosamente en una posición apartada del fuego, que era alimentado por tres sirvientes de la  aduana sudorosa por el calor y por la energía de indignación que venía del pueblo que gritaba sus pareceres a aquella arremetida de inquisición.

En breve el humo de los fuegos se iba esparciendo en el aire, recordando a todos que era la hora de volver. No sin antes, muchos revisar en los escombros de la violencia  y cargar consigo páginas amarillentas, más salvadas del espíritu del fuego.

Verano del 2012, día 11 del mes de Marzo, Río de Janeiro, Brasil.

Al final de la tarde de un domingo soleado de fin de verano, pocas nubes en el cielo, la temperatura  excedía los 31 grados y la gente del lugar ya caminaba en dirección a los bares, playas y otras direcciones. 
El preludio era de una noche estrellada.

En una casa espirita de la ciudad, cerca de tres mujeres, equipadas  de sus autoridades  de bibliotecarias del local, son sus facciones impasibles, colocaban en una estantería de hierro  muchos libros romanceados donados por un colaborador. En los lugares de destaque y más accesibles de las estanterías, ellos fueron colocados en orden cronológico y adhesivos blancos con letras rojas fueron colocados señalizando los autores.  En la última estantería, casi en el suelo, traducciones  de aquellos libros quemados en España, se agrupaban  en buen estado, sin embargo polvorientos  y prodigados  por las miradas  de los que pasaban por allá. Y era como si hiciesen eco  en el local  de la constatación de que el fuego no consigue destruir ideas, más si el espíritu destruidor de la ignorancia del hombre puede apagarlas.

El Espíritu del Fuego solo habita en el carácter del hombre encarnado, que hace de él, el hierro que forzosamente formula convicciones.

Puede nuestro fuego interior quemar apenas la inercia, incongruencias, paradigmas  y falacias…

Que nuestro fuego espiritual siga encendido para iluminar mentes  y su calor sea acogedor y seguro.


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Tradução: Mercedes Cruz

quarta-feira, 14 de março de 2012

A Esperteza Abominável

Por Nazareno Tourinho

Terminamos o escrito anterior comentando uma peremptória sentença da obra de Roustaing que entra em choque frontal com  a obra de Kardec, no tocante a este ponto básico da nossa doutrina: a necessidade da encarnação, e a consequente lei da reencarnação, para o Espírito (princípio inteligente) evoluir até alcançar pelo próprio mérito, exercitando o livre arbítrio, todo conhecimento e toda virtude, o que significa o seu aperfeiçoamento máximo.

A sentença rustenista por nós comentada ao fim do texto precedente, contida na página 317 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos (6ª edição da FEB) é esta:

“Não; a encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo, já o dissemos”.


Além da flagrante contradição teórica entre Roustaing e Kardec que acabamos de comprovar, demonstrando por onde o partidário da tese do corpo fluídico de Jesus tentou infiltrar a teologia católica na filosofia espírita (para a teologia católica DEUS castiga, daí o seu Inferno, penas eternas etc.), há ainda um fato gravíssimo a ser denunciado: na delicada questão em foco Roustaing assumiu a postura de contestador de Kardec, e o fez da maneira mais maquiavélica possível.

Como?

Copiando logo a seguir (PP. 317/318), entre aspas, a opinião do Codificador do Espiritismo sobre o assunto, sem identificá-lo, isto é, sem informar quem emitira tal opinião, a fim de ser a mesma refutada pelos seus “guias”, como foi em termos enfáticos. Adiante, à página 320, repetiu o golpe baixo, aético.

Esta atitude de Roustaing, fornecendo traiçoeiramente munição para os seus “guias” atirarem contra o pensamento kardequiano (e ainda vêm agora os dirigentes da FEB nos dizer que a mistificação rustenista complementa a codificação de Kardec como obra auxiliar...), é tão surpreendente, pelo caráter mesquinho, que talvez o leitor duvide da veracidade desse nosso registro. Felizmente estamos em condições de eliminar a sua dúvida, como verá um pouco à frente.

Teria Roustaing a coragem, ou melhor, a covardia, de se valer de palavras de Kardec, citando-as entre aspas sem mencionar o autor, para conduzir os inventores da chamada “Revelação da Revelação” ao combate de um postulado fundamental da Doutrina Espírita?

Pois nós declaramos que ele fez isto!

Declaramos porque lendo tais palavras, postas entre aspas nas páginas 317/318 e 320 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos, pensamos:

- Pelo estilo estas expressões saíram da caneta do codificador do Espiritismo. Quando e onde foram escritas? De que lugar o inimigo as pinçou para utilizá-las tão cavilosamente?

Decidimos averiguar. Fizemos uma releitura de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo, volumes que haviam sido publicados bem antes de Roustaing dar lume a sua obra (O Céu e o Inferno saiu pouco antes, em 1865). Encontramos até em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo IV, item 25), a afirmativa de que a encarnação é uma necessidade para todos os Espíritos e não um castigo, mas não defrontamos as frases postas entre aspas pelo antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux. Resolvemos então, já quase sem esperança de lograr êxito na pesquisa, vasculhar a Coleção da Revista Espírita editada por Allan Kardec no período de 1858 a 1666, ano do lançamento de Os Quatro Evangelhos de J.B. Roustaing, e eis que, ante o número de junho de 1863, no artigo de abertura, do codificador, intitulado DO PRINCÍPIO DA NÃO-RETROGRADAÇÃO DO ESPÍRITO, localizamos exatamente as expressões aspeadas por Roustaing nas páginas referidades de sua ovra – elas constituem os parágrafos 5º e 6º do aludido texto kardequiano. Quem não acreditar nisso vá às fontes conferir.

Aí está, portanto, mais uma prova de que, em matéria de Espiritismo, ou de Doutrina Espírita, a obra de Roustaing representa apenas um cisma, aliás de triste memória pela forma moralmente condenável como foi articulado.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

Magnetização nos tempos modernos - A água fluidificada


Por Maria Ribeiro

Ninguém pode negar que danosas influências desde o nascedouro do Espiritismo quiseram se impor, sendo muitas delas, infelizmente, assimiladas e defendidas, até mesmo por pessoas respeitáveis, dada a invigilância em que muitos se deixam envolver. Aliás, as atuais circunstâncias do globo facilitam as interferências nada desejáveis e só a muito custo consegue-se enxergar que a luz maravilhosa da Verdade aponta para novas e convidativas perspectivas.

Pergunta-se como que de uma ciência perfeitamente positiva pôde surgir crenças tão tacanhas que insultam a razão mais superficial, que a mínima sensatez é capaz de dissuadir.

Em contrapartida, a excessiva precaução gerou o extremo oposto, e palavras e expressões da Codificação são utilizadas para contradizerem-se a si mesmas, com o torpe propósito de embasarem vaidosas suposições particulares.

Em se falando de Espiritismo não se pode desprezar a contribuição de outras ciências, tomando por base o item 17 do primeiro capítulo de A Gênese que dispara: 

“Todas as ciências se encadeiam e se sucedem numa ordem racional; elas nascem umas das outras à medida que encontram um ponto de apoio nas idéias e conhecimentos anteriores.”

O conhecimento da Química auxilia no entendimento de alguns pontos que acabaram por se tornar polêmicos no meio espírita. Um deles diz respeito às incompreendidas ações do magnetismo. Embora seja fato que a ingenuidade leve ao precipício da superstição, dos ritualismos e dos dogmatismos, não se pode por isso criar uma barreira que negue definitivamente qualquer ideia, sem antes ter buscado a contraprova. Aliás, esta é uma recomendação essencialmente doutrinária, esquecida pelos extremistas teimosos na postura anti-científica. 

O desconhecimento das coisas torna o homem escravo da superstição, e embora o Espiritismo de tudo fale sem rodeios, há sempre quem queira permanecer ainda no degrau da fantasia. Quando se trata do assunto em questão – o magnetismo – não é diferente, sendo perfeitamente observáveis fatos inconvenientes para não dizer ridículos. 

No movimento espírita dois procedimentos que envolvem o magnetismo se tornaram muito comuns: o passe e a fluidificação da água. Há os que desconhecem ser o passe um método terapêutico, analisado por Kardec* e há os que acreditam ser algo miraculoso, e por isso mesmo, o rodeiam de formas ritualísticas, com dizeres extravagantes em número determinado de vezes, etc. O mesmo se dá com a água fluidificada ou magnetizada. Há os adeptos que unem ambos, ritualizando o procedimento: um copinho de água fluidificada após o passe. 

O assunto em pauta, porém, diz respeito exclusivo à água. Então, recorde-se de uma observação da Química que esclarece que a molécula de água é dos corpos o mais suscetível de absorver energia dependendo da freqüência ambiente. Ora, se a molécula de água tem esta propriedade, infere-se que a fluidificação, ou ainda, a energização da mesma possa de fato ocorrer, nada tendo de anti-doutrinário, é um fato químico. A menos que se admita a inexistência da energia, ou dos fluidos. E também assim, derrubar-se-ia uma premissa de uma ciência tão positiva quanto a própria Doutrina Espírita. Deste modo, está-se diante de um fato puramente natural.

Se a água tem esta propriedade no mais alto grau, deduz-se que outros corpos a tenham em graus menores, variando ao infinito. Mas aqui é necessário observar as circunstâncias que poderiam ocorrer estas absorções, pois ninguém é tolo o bastante para não crer nas peculiaridades individuais de cada um dos corpos da natureza, inclusive em se tratando dos seres vivos, como o homem.

Kardec no capítulo XIV de A Gênese descreve os fluidos como substância desprovida de qualidades próprias, capazes de adquiri-las conforme o meio ambiente, ou por outra, conforme aquelas formadas pelo teor dos pensamentos e sentimentos que dominem. Seguindo esta linha de raciocínio, não parece muito irreal que a água, obedecendo a uma lei natural, absorva os fluidos que possam proporcionar um alívio orgânico ou um conforto moral para aqueles que anseiam por este resultado. Uma questão é suscitada: Se a água absorve energia, porque não poderia ser esta energia algo salutar?l

Daí, segue-se que: primeiro – comprovadamente a água tem propriedade de absorver energia; segundo - esta energia pode ser algo benéfico. Ao ser bebida, este líquido entrará em contato com outros líquidos corpóreos, indaga-se: nesta interação, é ou não é possível que estes líquidos corpóreos também absorvam as energias do líquido que foi ingerido? Se isto é possível, também não seria se, uma vez entrando para a circulação, se concentrassem num órgão doente, assim como o fazem os remédios? Esta é uma questão, como tantas outras, que precisa de resposta. Não uma resposta baseada numa opinião particular, mas baseada na positividade científica. Afinal, com base ainda no magnetismo, não será crível que, até certo ponto, um órgão doente “crie” em torno de si um campo de atração, obviamente, para tudo o que for contrário ao seu estado de debilidade? Na verdade, não o órgão, mas a Mente é que faria que se “criasse” um campo magnético em torno do órgão ou da estrutura que precisasse de reajuste, pois o organismo busca a todo o tempo o seu equilíbrio, sempre criando mecanismos de defesa, de luta e de reparo.

Analisando as curas do Mestre Jesus, no capítulo XV da obra supracitada, Kardec didaticamente enquadra alguns casos, segundo o que julgou por fenômenos parecidos. Citar-se-á dois casos para ilustrar. 

A respeito do paralítico da piscina, Kardec admite que possivelmente as águas daquele poço tivessem propriedades curativas. Assim o Mestre francês se expõe: 

“Segundo a crença vulgar, esse movimento era o mais favorável às curas; talvez, na realidade, no momento de sua emissão, a água tivesse uma propriedade mais ativa, ou que a agitação produzida pela água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas moléstias. Tais efeitos são muito naturais e perfeitamente conhecidos na atualidade...”

A respeito da cura do cego de nascença, estudada nos itens 24 e 25, Kardec explica: 

“Quanto ao meio empregado para o curar, é evidente que a espécie de lama feita com a saliva e a terra não podia ter virtude senão pela ação do fluido curador do qual ela estava impregnada; é assim que as substâncias as mais insignificantes, a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e eficientes sob a ação do fluido espiritual ou magnético ao qual elas servem de veículo, ou se quiserem, de reservatório.”

Kardec também trata neste mesmo capítulo, pela mesma via magnética, sobre a cura das obsessões, as ressurreições e outros fatos que passaram por milagres. 

“É também pelo bem que pratica, que o Espiritismo prova sua missão providencial. Ele cura os males físicos, mas cura sobretudo as moléstias morais e aí estão os maiores prodígios mediante os quais ele se afirma...” Com esta fala, Kardec atualmente adverte os adeptos para que ponham freios em seus intuitos de tudo quererem explicar à própria maneira. O estudo do Espiritismo faz o homem conhecedor dos seus poderes psíquicos, e espera que estes sejam postos a serviço da causa cristã, sem os preconceitos que a mente humana é capaz de engendrar .

*O Livro dos Espíritos – comentário da questão 70; A Gênese – capítulos XIV e XV; O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. XIX item 5, cap. XXVII itens 9,10 e 11.

terça-feira, 13 de março de 2012

Visão Correta do Espiritismo

Por Nazareno Tourinho

É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido não como uma seita particular e sim como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante da umbanda ou do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar. Contudo, somente será espírita em parte, e não de modo completo, pois é igualmente indiscutível que a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram (“O Livro dos Espíritos”, introdução, item XVII), e tal ensino é suficientemente claro quando estabelece os fundamentos de uma filosofia racional (idem, Prolegômenos) que incompatibiliza a teoria e prática do Espiritismo com tudo aquilo que tem sabor místico e é destituído de conteúdo lógico. Daí porque ninguém pode ser fiel à causa espírita se deixar de agir com bom senso.

Não basta tirarmos carteirinha no Clube da Pureza Doutrinária para servirmos com proficiência ao Espiritismo. Importa termos a sua visão correta e o bom senso indica que, para isso, o primeiro cuidado é não sermos radicais. Na história de todos os movimentos que hão surgido para alargar os horizontes mentais do ser humano sempre foram as concepções extremistas que estragaram tudo... São elas as fontes geradoras da ortodoxia e toda ortodoxia é fechadura dogmática trancando as janelas da livre análise, sem a qual torna-se impossível o progresso. Acontece que tanto há uma ortodoxia excessivamente conservadora, vocacionada para sustentar o tradicionalismo, quanto há uma ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeita, nem mesmo os valores fundamentais e imprescindíveis à identidade de um pensamento filosófico. A primeira produz por imobilismo a fé cega e a segunda vai tão longe que destrói qualquer fé, ainda que nascida do conhecimento bem construído. É lamentável, mas ainda não aprendemos uma grande lição da Antiguidade clássica: virtude está no meio...

Com o devido apreço aos que lutam por fixar o Espiritismo unicamente no plano científico ou exclusivamente na esfera religiosa, e ainda com a justa consideração àqueles que de sejam conservá-lo em sua feição primitiva ou modernizá-lo por completo, ousamos afirmar que a providência básica para termos uma ótica senão perfeita, pelo menos razoável, do Espiritismo, consiste em abandonarmos a presunção de sabedoria infusa e estudarmos com inteligente humildade a obra de Kardec, onde são limpidamente expostos os princípios inquestionáveis de nossa Doutrina e os pontos sobre o quais ela própria recomenda reflexão, pesquisa e debate para amadurecimento das idéias.

O mal é que, ao invés de examinarmos sem premeditação os livros do mestre lionês, recorremos a eles com o deliberado ânimo de catar argumentos esparsos alimentadores de nossas tendências ideológicas, sem admitir que, como as demais pessoas, estamos sujeitos a limitações perceptivas. Ora, como todos nos situamos em graus de evolução diferenciados, cada um vê o Espiritismo de uma forma distinta, resultando daí as insanáveis divergências opiniáticas Se sabemos administrá-las, cultivando-as com equilíbrio e moderação, ainda dá para convivermos em regime de trabalho solidariedade e tolerância, consoante a divisa, ou lema, da Codificação. Se caímos no radicalismo, terminamos sendo nocivos e não úteis ao ideal comum. É o que parece, salvo melhor juízo...

Fonte: Reformador nº 2000 de Novembro de 1995

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sexo Y Sexualidade - El Asunto Prohibido


Por Maria Ribeiro

Como hombres los Espíritus asumen  uno u otro género  con el propósito de mejorarse en las diversas experiencias que ambos ofrecen. No teniendo sexo conforme comprendemos, los Espíritus  no se prenden a una forma para sus adquisiciones intelecto morales reencarnan según las pruebas que deben soportar.

Ya en León Denis  en la obra titulada El Problema del Ser y del Destino y del Dolor, es posible comprobar que el asunto fue muy mal comprendido. En el capitulo XIII de la segunda parte, el autor expone así:

“En cuanto a la elección de sexo, es también el alma la que, de antemano, elige. Puede hasta vararlo de una encarnación  para otra por un acto de su voluntad creadora, modificando las condiciones orgánicas del periespiritu. Ciertos pensadores  admiten  que la alternación de los sexos es necesaria para adquirir  virtudes especiales, dicen ellos, una de las mitades del género humanos; por ejemplo, en el hombre, la voluntad, la firmeza, el coraje; en la mujer, la ternura, la paciencia, la pureza.”

“Creemos de preferencia, de acuerdo con nuestros Guías, que el cambio de sexo, siempre posible  para el Espíritu, es, en principio, inútil y peligrosa. Los Espíritus elevados la desaprueban.”

Nadie en su conciencia puede admitir  que los Espíritus más elevados que aquellos que estuvieron con Kardec en la Codificación, se pueden prestar  a dar instrucciones tan particulares tan contradictorias en un espacio corto de tiempo, con la falsa intención de colaborar con la Doctrina  o complementarla

Nacido el hombre o mujer, el objetivo del Espíritu deberá ser alcanzado por medio de sus esfuerzos personales, aunque sea  sabido que los Amigos Espirituales están siempre  par a suscitarlo al buen camino, concurriendo con las influenciaciones  de los Espíritus  aun desconocedores del bien,  sumadas a las resistencias del propio individuo.

Una criatura debidamente educada en las bases cristianas se encuentra  más preparada  para enfrentar las luchas por delante, se sentirá más fuerte para resistir  las malas inclinaciones, y a la influencias maléficas exteriores. Cuando, sin embargo, se habla de la necesidad de introducirse  el asunto sobre el sexo  en las evangelizaciones,  principalmente  en la infanta juvenil, se siente  que el tabú aun persiste. O sea, no se habla de sexo en las Casas Espiritas, porque parece que las personas creen que pueda haber algún tipo de estimulo. Y los niños y los jóvenes continúan  obteniendo informaciones a respecto con los viejos y dañinos métodos  de antiguamente;  o guardando temerosos, sus dudas y deseos. El sexo es confundido con conductas menos dignas, y véase bien: en las Casas Espiritas, siendo el Espiritismo  lo que hay de más moderno.

Hay obras que abordan el tema, más el problema es que los coordinadores  de los estudios se sienten tímidos o incapaces de abordarlo y conducirlo. Los padres también no encuentran subsidios en los estudios para tratar con naturalidad el asunto con los hijos. Y sería el caso de preguntar, si esos padres tienen conciencia de la grave situación que el asunto representa, por eso deben procurar por si mismos informaciones correctas, o sea, desprovistas de cualquier preconcepto prevenido del falso moralismo, para que se posicionen de una forma adecuada. Sea como fuera, las Casas Espiritas no pueden excluirse de las obligaciones que les está reservada, y dejar la responsabilidad solamente  a los padres o escuelas.

La situación es de inmensa gravedad, pues los niños y los jóvenes espiritas también están sujetos a los mismos dilemas, trastornos que los no espiritas. ¿Cómo explicar, por ejemplo, la masturbación entre los críos que aun no saben nada sobre el sexo? ¿Se debe proceder conforme dice la Psicología común  que prohíbe la prohibición  a fin de no causar problemas mayores en el futuro?

Es sabido que en algunos casos, la masturbación para el niño  tiene la misma significación que tiene para el adulto. ¿Más, si los propios adultos no tuvieran, como aun no tienen lo que se podría llamar de “educación sexual” como querer que eduquen  sexualmente  a sus hijo? 

En los estudios y conferencias muy raramente  uno o el otro se arriesga a tocar  el asunto muy superficialmente, tan superficialmente que no despierta el deseo de nadie  con un cuestionamiento para que se ponga el tema en discusión.

La sexualidad humana no puede quedar restringida solamente a las características físicas del individuo, pues se situa más allá de los órganos genitales. También el sexo no puede ser visto apenas como el contacto de los genitales y maniobras de los cuerpos. Sexo es también una forma de expresarse los seres, sea consigo mismo, sea  con el otro. La liberación sexual fue lo que dio inicio al sexo sin responsabilidad: surgieron los anticonceptivos y con esto el control de la procreación; así la perspectiva  totalmente nueva, porque un individuo puede perfectamente hacer sexo con otra  persona sin asumirla, no hay compromiso, y así las personas  se ven, no como personas, como sujeto, más si apenas como objeto.

Al abordar la cuestión pasa no por el acto en sí mismo, pues este está en la naturaleza de los seres, más si  en toda la esfera en que el acto sexual se contextualiza: el sexo biológico; el aparecimientos de las características sexuales secundarias; los problemas cromosómicos que interfieren en la apariencia del individuo, como hermafroditismo y otros síndromes; la masturbación; los diversos trastornos sexuales; la eyaculación precoz; el orgasmo; el planeamiento familiar; el uso  de preservativos y/ contraceptivos; el aborto; las dolencias sexualmente transmisibles; el enamoramiento; la menopausia y andropausia; la sexualidad en la tercera edad; etc. concienciar que se deben respetar a homosexuales y prostitutas, por ejemplo, es disciplina de la educación sexual.

El preconcepto sobre el sexo no tiene razón de ser, visto que emanan de la Creación Divina. Clasificarlo  con predicados inferiores es afirmar que Dios es inferior, imperfecto, feo, sucio, que tiene que quedar  escondido. El empleo  que los hombres le dan es sórdido, más porque los hombres son sórdidos, y consiguen embrutecer cualquier sentimiento o cualquier concepto cuando de el toman posesión.

Es preciso que se creen medios de abordar tales cuestiones en las evangelizaciones, disminuyendo la timidez de los coordinadores, y aumentándoles la capacidad cognitiva  de esta manera, con el propósito de formarse los adultos más conscientes, más responsables, más comprometidos  con la causa cristiana.

 Cuestión 200 a 202 de El Libro de los Espíritus

Tradução de Mercedes Cruz
Para ler o artigo original em português, clique aqui.

Sexo e Sexualidade – o assunto proibido


Por Maria Ribeiro

Como homens os Espíritos assumem um ou outro gênero com o propósito de aprimorarem-se nas diversas experiências que ambos oferecem. Não tendo sexo conforme compreendemos, os Espíritos não se prendem a uma forma para suas aquisições intelecto-morais, pois se reencarnam segundo as provas que devem suportar.¹

Já em Léon Denis na obra intitulada O problema do ser do destino e da dor,* é possível comprovar que o assunto foi muito mal compreendido. No capitulo XIII da segunda parte, o autor assim se expõe: 

"Quanto à escolha do sexo, é também a alma que, de antemão, resolve. Pode até variá-lo de uma encarnação para outra por um ato de sua vontade criadora, modificando as condições orgânicas do perispírito. Certos pensadores admitem que a alternação dos sexos é necessária para adquirir virtudes mais especiais, dizem eles, a cada uma das metades do gênero humano; por exemplo, no homem, a vontade, a firmeza, a coragem; na mulher, a ternura, a paciência, a pureza.”

“Cremos de preferência, de acordo com os nossos Guias, que a mudança de sexo, sempre possível para o Espírito, é, em princípio, inútil e perigosa. Os Espíritos elevados reprovam-na.”  

Ninguém em sã consciência pode admitir que Espíritos mais elevados do que aqueles que estiveram com Kardec na Codificação, possam se prestar a dar instruções tão particulares e tão contraditórias num espaço curto de tempo, com o falso intuito de colaborar com a Doutrina ou complementá-la. 

Nascido homem ou mulher, o objetivo do Espírito deverá ser alcançado por meio de seus esforços pessoais, embora seja sabido que os Amigos Espirituais estão sempre a suscitá-lo para o bom caminho, concorrendo com as influenciações dos  Espíritos ainda desconhecedores do bem somadas às resistências do próprio indivíduo. 

Uma criatura devidamente educada nas bases cristãs se encontra mais preparada para enfrentar as lutas que virão, se sentirá mais forte para resistir às más inclinações, e às influências maléficas exteriores. Quando, porém, se fala da necessidade de se introduzir o assunto sobre sexo nas evangelizações, principalmente na infanto-juvenil, sente-se que o tabu ainda persiste. Ou seja, não se fala de sexo nas Casas Espíritas, porque parece que as pessoas acham que vai haver algum tipo de estímulo. E aí as crianças e os jovens continuam obtendo informações a respeito com os velhos e danosos métodos de antigamente; ou então guardam temerosos, suas dúvidas e anseios. Sexo ainda é confundido com condutas menos dignas, e veja-se bem: nas Casas Espíritas, sendo o Espiritismo o que há de mais moderno.

Há obras que abordam o tema, mas o problema é que os coordenadores de estudos se sentem tímidos ou incapazes de abordá-lo e conduzi-lo. Já os pais também não encontram subsídios nos estudos para tratar com naturalidade o assunto com os filhos. E seria o caso de se perguntar, se esses pais têm consciência da grave empreitada que o assunto representa, por isso devem procurar por si mesmos informações corretas, ou seja, desprovidas de qualquer preconceito remanescente do falso-moralismo, para que se posicionem de maneira adequada. Seja como for, as Casas Espíritas não podem se excluir da obrigação que lhes está reservada, e deixar a responsabilidade somente aos pais e/ou às escolas.

A situação é de imensa gravidade, pois as crianças e jovens espíritas também estão sujeitos aos mesmos dilemas, traumas, transtornos que as não espíritas. Como explicar, por exemplo, a masturbação entre crianças que ainda nada sabem sobre sexo? Deve-se proceder conforme diz a Psicologia comum que proíbe a proibição a fim de não se causar problemas maiores no futuro? 

É sabido que em alguns casos, a masturbação para a criança não tem a mesma significação que tem para o adulto. Mas, se os próprios adultos não tiveram, como ainda não têm o que se poderia chamar de “educação sexual”, como querer que eduquem sexualmente seus filhos?

Nos estudos e palestras muito raramente um ou outro se arrisca a tocar no assunto muito superficialmente, tão superficialmente que não desperta o desejo de ninguém com um questionamento para que se ponha o tema em discussão.

A sexualidade humana não pode ficar restringida somente às características físicas do indivíduo, pois se situa muito além dos órgãos genitais. Também o sexo não pode ser visto apenas como o contacto dos genitais e manobras de corpos. Sexo é também uma forma dos seres se expressarem, seja consigo mesmo, seja com o outro. A liberação sexual foi o que deu início ao sexo sem responsabilidades: surgiram os contraceptivos e com isto o controle da procriação; assim a perspectiva da sexualidade passou a ser outra: a atividade sexual ganhou uma roupagem totalmente nova, porque um indivíduo pode perfeitamente fazer sexo com outra pessoa sem assumi-la, não há compromisso, e assim as pessoas se vêem não como pessoas, como sujeito, mas apenas como objeto.

Tratar sobre a questão envolve, não o ato em si, pois que este está na natureza dos seres, mas toda a esfera em que o ato sexual se contextualiza: o sexo biológico; o aparecimento das características sexuais secundárias; os problemas cromossômicos que interferem na aparência do indivíduo, como hermafroditismo e outras síndromes; a masturbação; os diversos transtornos sexuais; a ejaculação precoce; o orgasmo; o planejamento familiar; o uso de preservativos e/ou contraceptivos; o aborto; as doenças sexualmente transmissíveis; o namoro; a menopausa e andropausa; a sexualidade na terceira idade; o tal do “ficar”, etc. Conscientizar que se devem respeitar homossexuais e  prostitutas, por exemplo, é disciplina da educação sexual. 

O preconceito sobre o sexo não tem razão de ser, visto dimanar da Criação Divina. Classificá-lo com predicados inferiores é afirmar que Deus é inferior, imperfeito, feio, sujo, que tem que ficar escondido. O emprego que os homens lhe dão é sórdido, mas porque os homens são sórdidos, e conseguem embrutecer qualquer sentimento ou qualquer conceito quando dele tomam posse. 

É preciso que se criem meios de abordar tais questões nas evangelizações, diminuindo a timidez dos coordenadores, e aumentando-lhes a capacidade cognitiva desta matéria, com o propósito de se formarem adultos mais conscientes, mais responsáveis, mais comprometidos com a causa cristã.

¹ questões 200 a 202 de O Livro dos Espíritos.

O Espírito do Fogo


Por Riviane Damásio


Outono de 1861, dia 09 do mês de outubro, Barcelona, Espanha.

Meio da manhã de um dia claro, as paisagens estavam verdejantes e o clima tão ameno que mesmo oscilando nos altos e baixos do dia, não ultrapassava 27 graus e convidava a gente do lugar a mais um espetáculo de vida! O prenúncio era de felicidade cotidiana...


Numa praça da cidade, Praça de Quemadero, cerca de oito homens em seus diferentes papéis, cumpriam, com suas emoções quase imperceptíveis, ordens da autoridade religiosa local, que condenava ao fogo inquisidor, cerca de 300 livros que “renegavam” a fé vigente no poder e poderiam se intactos, disseminar suas idéias apócrifas pelo país. Os livros falavam de moral, de fé, de fenômenos espirituais, de ciência, de mediunidade, de uma nova doutrina (que segundo alguns, supostamente poderia virar a cabeça dos homens) e falavam de Deus.


O olhar do padre da comitiva queimou por alguns instantes os olhos de um homem dentre os muitos que o miravam daquela multidão enfurecida que assistia ao improvável espetáculo. O homem desviou o olhar do religioso e pousou na cruz que ele carregava em suas mãos e que sarcasticamente simbolizava outra queima de idéias cometida há 1861 anos antes e pensou: Até quando nos repetiremos?


O escrevente da ata do caloroso espetáculo se colocou cautelosamente numa posição afastada do fogo, que era alimentado por três serventes da alfândega suados pelo calor e pela energia de indignação que vinha do povo que gritava seus “abaixos” àquele arremedo de inquisição.


Aos poucos a fumaça dos fogões vai se espalhando no ar, lembrando a todos que já era hora de voltar. Não sem antes, muitos revirarem os escombros da violência e carregarem consigo páginas amarelecidas, mas salvas do espírito do fogo.


Verão de 2012, dia 11 do mês de Março, Rio de Janeiro, Brasil.


Final da tarde de um domingo ensolarado de fim de verão, poucas nuvens no céu, a temperatura não excedia os 31 graus e a gente do lugar já caminhava em direção aos bares, praias e outras direções. O prenúncio era de noite estrelada.


Numa casa espírita da cidade, cerca de três mulheres, munidas de suas autoridades de bibliotecárias do local, com suas feições impassíveis, arrumavam na estante de ferro muitos livros romanceados doados por um colaborador. Nos lugares de destaque e mais acessíveis das prateleiras, eles foram arrumados em ordem cronológica e adesivos brancos com letras vermelhas foram colados sinalizando os autores. Na última prateleira, quase no chão, traduções daqueles livros queimados na Espanha, se agrupavam em bom estado, mas empoeirados e poupados dos olhares dos que passavam por lá. E era como se ecoasse no local a constatação de que o fogo não consegue destruir idéias, mas o espírito destruidor da ignorância do homem pode abafá-las.


O Espírito do Fogo só habita no caráter do homem encarnado, que faz dele, o ferro que forçosamente formata convicções.


Possa nosso fogo interior queimar apenas a inércia, incongruências, paradigmas e falácias...


Que nosso fogo espiritual siga aceso para iluminar mentes e seu calor seja acolhedor e seguro.

sábado, 10 de março de 2012

Médium "universalista" diz receber mensagens de deus grego

Por Artur Felipe Azevedo

"Muitas comunicações há, de tal modo absurdas, que, embora assinadas com os mais respeitáveis nomes, o senso comum basta para lhes tornar patente a falsidade. Outras, porém, há, em que o erro, dissimulado entre coisas aproveitáveis, chega a iludir, impedindo às vezes se possa apreendê-lo à primeira vista. Essas comunicações, no entanto, não resistem a um exame sério. (...) De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa." (Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns")

Na Antiguidade, os povos não possuíam meios de explicar os fenômenos naturais e emprestaram a esses fenômenos nomes de deuses, considerando-os como tais. O trovão inspirava um deus, a chuva outro. O céu era um deus pai, e a terra uma deusa mãe, sendo os demais seres seus filhos. Originaram-se, a partir daí, histórias e aventuras que explicavam de forma poética o mundo que os rodeava. Esses núcleos arquetípicos mitológicos recebem o nome de "mitologemas". A um conjunto de mitologemas de mesma origem histórica dá-se o nome de "mitologia".

A Mitologia Grega, especificamente falando, "é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos" (Wikipedia), e advém de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.

O estudo da genealogia e filiação das divindades cultuadas pelos gregos chama-se "teogonia", o mesmo nome da obra do poeta Hesíodo, escrita possivelmente no século VIII a.C.

Segundo a teogonia imaginada pelos gregos, toda a desordem universal teria sido posta em ordem por Zeus e se desenvolve por seis gerações sucessivas de deuses. Zeus, em determinado momento, casa-se com Maia, uma das setes filhas de Atlas e Pleione, filha de Oceano. Zeus, para que Maia e sua irmãs escapassem do gigante Órion, transformou-as no aglomerado estelar das Plêiades, integrante da constelação de Touro. Com Zeus, Maia teve Hermes, o belo mensageiro dos deuses. E é justamente sobre Hermes, essa figura mitológica que só existiu nas narrativas dos gregos antigos, que iremos tratar daqui por diante.

Segundo a Encyclopaedia Britannica – Volume XI, Hermes Trismegisto "é uma divindade complexa, com múltiplos atributos e funções. Hermes foi no início um deus agrário, protetor dos pastores e dos rebanhos. Um escrito de Pausânias deixa bem claro esta atribuição do filho de Maia: 'Não existe outro deus que demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e para com o seu crescimento'. Mais tarde, os escritores e os poetas ampliaram o mito, como por exemplo, Homero, nos seus poemas épicos Ilíada e Odisseia. Na Odisseia, por exemplo, o deus intervém como mago e como condutor de almas (nas Rapsódias X e XXIV)."

Segundo ainda a farta literatura sobre o assunto, Hermes é também o deus das estradas. Nas encruzilhadas, para servir de orientação, os transeuntes amontoavam pedras e colocavam no topo do monte a imagem da cabeça do deus. A pedra lançada sobre um monte de outras pedras, simbolizava a união do crente com o deus ao qual elas estavam consagradas. Considerava-se que nas pedras do monte estavam a força e a presença do divino.

Para os gregos, Hermes regia as estradas porque andava com incrível velocidade, por usar as sandálias providas de asas. Deste modo, tornou-se o mensageiro dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Conhecedor dos caminhos, não se perdendo nas trevas e podendo circular livremente nos três níveis (Hades ou infernos, Terra ou telúrico e Paraíso ou Olimpo), Hermes tornou-se um deus condutor de almas.

A astúcia, a inventividade, o poder de tornar-se invisível e de viajar por toda a parte, aliados ao caduceu com o qual conduzia as almas na luz e nas trevas, são os atributos que exaltam a sabedoria de Hermes, principalmente no domínio das ciências ocultas, que se tornarão, na época helenística, as principais qualidades do deus.

A partir deste ponto, Hermes se converteu no patrono das ciências ocultas e esotéricas. É ele quem sabe e quem transmite toda a ciência secreta. O feiticeiro Lúcio Apuléio declara em seu livro de bruxaria (de magia) que invocava Mercúrio – o Hermes dos romanos – como sendo aquele que possuía os segredos da magia e do ocultismo.

Hermes Trismegistos é o nome grego dado ao deus egípcio Thoth, considerado o inventor da escrita e de todas as ciências a ela ligadas, inclusive a medicina, a astronomia e a magia. Segundo o historiador Heródoto, já no séc. V a.C. Thoth era identificado e assimilado a Hermes Trismegisto, i.e., ao Três Vezes Poderoso Hermes.

No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trismegisto se converteu num deus cujo poder varou os séculos. Na realidade, Hermes Trismegisto resultou de um sincretismo com o Mercúrio latino e com o deus egípcio Thoth, o escrivão no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris, e patrono de todas as ciências na Grécia Antiga.

Em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e no neopitagorismo. Esse vasto conjunto de escritos que se acham reunidos sob o nome de "Corpus Hermeticum", coleção relativa a Hermes Trismegisto, é uma fusão de filosofia, religião, alquimia, magia e astrologia, e tem muito pouco de egípcio.

Hermes Trismegisto foi, na Mitologia Grega, o deus que reuniu os atributos que todos os grandes pensadores e iniciados desejaram transmitir às futuras gerações.

O Hermetismo foi estudado durante séculos pelos árabes e, por seu intermédio, chegou ao Ocidente, onde influenciou homens como Albertus Magnus. Em toda a literatura Medieval e do Renascimento são frequentes as referências a Hermes Trismegistos e aos Escritos Herméticos, estudados e aprofundados, principalmente, pelos Alquimistas e pelos Rosacruzes. Para os Rosacruzes, Hermes Trismegistos foi um sábio. O Dr. H. Spencer Lewis, escritor e Grande Mestre da Ordem Rosacruz, se referia a Hermes como uma pessoa real.

É justamente baseado e confiante neste enorme engano que o médium ramatisista Roger Bottini afirma que, - pasmém os queridos leitores -, psicografa mensagens de Hermes Trismegisto (cujo sobrenome aparece erroneamente grafado em seus livros), o deus da mitologia grega! Segundo o referido médium, já citado aqui nos artigos "Saint Germain, Novo 'Governador do Planeta' ou apenas um Bon Vivant?", "Universalismo Crístico ou Misticismo anti-espirítico?" e "Insistindo nos mesmos erros", Hermes Trismegisto é seu espírito protetor e, certa feita, o levou, em desdobramento, a uma cidade astral chamada "O Império do Amor Universal" ("A História de um Anjo" - Editora do Conhecimento). Ali Roger Bottini teria conhecido um anjo chamado Gabriel, que o leva a uma visita ao "Templo da União Divina", onde assiste a espetáculos de música, teatro, e danças. Daí conhece Danúbio, espírito de suposta alta hierarquia que diz ser o protetor responsável por sua encarnação na Terra. Em uma reunião de confraternização, o médium relata, no mesmo livro já citado, ter visto Jesus e recebido do próprio uma benção pelo seu trabalho literário em benefício da humanidade.

Vemos aí, claramente, que o médium não se faz de rogado e, sem qualquer timidez e ao mesmo tempo fingindo modéstia, coloca-se sempre acompanhado de sumidades do além, entre eles o próprio Jesus Cristo, que ainda o elogia por sua elevada missão. Nada que nos surpreenda, já que o médium Roger Bottini declara ter sido, também, como já comentamos em artigos anteriores, filho de Allan Kardec em outras encarnações.

Em meio a narrativas onde comparecem faraós egípcios e habitantes da mitológica Atlântida, surgem "dragões" e "magos negros", "ditadores do abismo" e "senhores da escuridão", onde fica evidenciado que o autor, em linhas gerais, pega carona nos textos da sofrível obra de R.A. Ranieri conhecida como “O Abismo”, no livro “Erg, O Décimo Planeta” de Roger Feraudy (que aponta o auge dos eventos catastróficos na Terra para o ano 2036), além dos não menos fantasiosos livros “Legião”, “Senhores da Escuridão” e “A Marca da Besta”, de Robson Pinheiro. Todos esses autores, por sua vez, parecem ter se inspirado no livro "Os Exilados de Capela", de Edgard Armond, que até hoje é confundido como sendo autenticamente espírita. Para completar, as obras de Hercílio Maes/Ramatis servem para dar o cunho sincrético e místico, assim como corroboram as profecias de destruição do planeta por conta da aproximação de um suposto "astro intruso".

Nesse conjunto de tolices e absurdos, que bem poderiam ser apresentados como meros frutos de uma imaginação hiperexcitada, o que mais causa tristeza e indignação é o de atribuírem tais ludíbrios ao Espiritismo, fazendo-se passar seus autores como "espíritas", e seus conceitos como inteiramente de acordo com a magna Doutrina Espírita. Além disso, fica evidente a faceta mercantilista, onde editoras sem o menor compromisso ético e doutrinário logo se assanham em patrocinar tais empreitadas devido ao grande número de leitores ávidos por consumirem fantasias espirituais, mas pouco interessados em realmente se esclarecerem.

Por conta disso tudo, acaba caindo o Espiritismo na total falta de credibilidade perante boa parte da opinião pública, sendo que a Doutrina se coloca clara e frontalmente contrária a essa postura caricata, sensacionalista e mercantilista.

São mais do que atuais os ensinamentos espíritas, inclusive as próprias instruções de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores acerca das mistificações:

“Se é desagradável ser enganado, mais desagradável ainda é ser mistificado; esse é, aliás, um dos inconvenientes de que mais facilmente nos podemos preservar.
“Consultando os Espíritos sobre esse tema (“mistificações), eis as respostas que nos deram:

Pergunta de AK: “As mistificações constituem um dos escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático; haverá um meio de nos preservarmos deles?

Resposta: “Parece-me que podeis achar a resposta em tudo quanto vos tem sido ensinado. Sim, certamente, há um meio simples: o de não pedirdes ao espiritismo senão aquilo que ele vos pode e deve dar-vos; sua finalidade é o melhoramento moral da humanidade; tanto assim que, se não vos afastardes desse objetivo, jamais sereis enganados, porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, ou seja, a moral que todo homem de bom-senso pode admitir.

“O papel dos Espíritos não é o de vos informar sobre as coisas deste mundo,
mas o de vos guiar seguramente no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a este (mundo dos homens) diz respeito, é que o julgam necessário, mas não para dar resposta a uma solicitação vossa. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então, sim, é certo que sereis enganados.

Pergunta de AK: - "Mas, há pessoas que nada perguntam e que são indignamente enganadas por Espíritos que vêm espontaneamente, sem serem chamados".

Resposta: – "Se elas não perguntam nada, é porque se comprazem em ouvir o que eles dizem, o que dá no mesmo. Se acolhessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do espiritismo, os Espíritos levianos não as tomariam tão facilmente por enganados".

Pergunta de AK: - "Por que permite Deus que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo de boa-fé, sejam mistificadas? Não poderia isto ter o inconveniente de lhes abalar a crença?"

Resposta: – "Se isto lhes abalar a crença, é porque a fé que demonstram ter não é muito sólida; as que renunciassem ao espiritismo, por um simples desapontamento, provariam não o terem compreendido e não se apegaram à parte séria. Deus permite as mistificações, para experimentar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que do Espiritismo fazem objeto de divertimento”. (Espírito da Verdade em "O Livro dos Médiuns", cap. XXVII da Segunda Parte, nº 303).

Cabe aos espíritas sinceros darem um basta nessas ardilosas imposturas, através do esclarecimento constante e da denúncia bem fundamentada. Caso contrário, em breve teremos um Movimento Espírita completamente dominado por esses autênticos falsos profetas, sejam eles encarnados ou da erraticidade. Tal chamamento nos foi trazido por Erasto, com o qual concluímos o presente estudo:

"É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro. Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus". - Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862)

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Bibliografia consultada sobre Hermes Trismegisto:
Hermes Trismegisto - Ensinamentos Herméticos AMORC Grande Loja do Brasil - Dr. H. Spencer Lewis; Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan; La Franc-Maçonnerie Rendue Intelligible à Ses Adeptes – Oswald Wirth; Encyclopaedia Britannica – Volume XI; O Vale dos Reis – O Mistério das Tumbas Reais do Antigo Egito; – John Romer; A Doutrina Secreta – Volume V – H.P.Blavatsky; Odisseia - Homero

Comentários adicionais:


(1)Hercílio Maes/Ramatis, como era também ligado ao Rosacrucianismo, incluiu no livro "O Sublime Peregrino" (cap. I) o seguinte comentário: "Assim, em épocas adequadas, baixaram à Terra instrutores espirituais como Antúlio, Numu, Orfeu, Hermes, Crisna, Fo-Hi, Lao Tsé, Confúcio, Buda, Ma-harshi, Ramacrisna, Kardec e Ghandi, atendendo particularmente às características e aos imperativos morais e sociais do seu povo." Vemos aí, mais uma vez, que Hercílio Maes "importa" do rosacrucianismo diversas concepções, possivelmente colocando-as na boca de um espírito, como já vimos no artigo investigativo "Ramatis pode nem existir". Confiram.

(2) No trecho acima mencionado, Orfeu também é mencionado como figura real, enquanto, na verdade, também não passa de uma personagem da mitologia grega, filho de Apolo e da Musa Calíope.